Sinal duma sociedade doentia
● Num item publicado em Advance, da Ilha Staten, N. I., há algum tempo atrás, Colm Brogan aponta várias peças populares como sendo sinal duma sociedade doentia. Escreve ele: “Creio profundamente que as peças de [Arthur] Miller e as peças de Tennessee Williams não são só sintomas duma sociedade gravemente doentia, mas são também causa de tal doença. The Street Car, (Um Bonde Chamado Desejo), Glass Menagerie (A Margem da Vida) e Salesman (O Caixeiro-Viajante) quase que me atemorizaram, porque me fizeram lembrar dos brilhantes filmes produzidos na Alemanha debaixo da República de Weimar. . . . Na minha mente, os filmes alemães e as peças estadunidenses de Miller e Williams têm uma coisa em comum. São engenhosas e às vezes, sutil negação da dignidade do homem, e é o reconhecimento de tal dignidade que constitui a marca duma sociedade cristã livre e o motivo fundamental para a superioridade imensurável dessa sociedade sobre qualquer forma de tirania. Tais peças mostram homens e mulheres reduzidos além do nível de humanidade, derrotados e degradados, não só desprovidos de esperança, mas também desprovidos de resistência, sem até mesmo a nobreza duma resignação digna diante de intolerável destino. Não tenho dúvidas de que os ‘intelectuais’ que foram às pequeninas academias cinematográficas selecionadas para ver ‘O Anjo Azul’ estavam sendo corrompidos inconscientemente por uma forma particularmente degradante de sadismo. Quase que foram convidados a olhar com maligna satisfação para seres humanos rastejantes e degradados. Com igual sinceridade, creio que os efeitos da escola de dramaturgos Miller-Williams são os mesmos. Não acuso a nenhum dos dois homens de intenção positiva de causar dano, mas, afirmo que suas peças fazem um apelo secreto aos mais vis instintos humanos.”