Os mutirões dão resultados
ASSIM como é verdade que “na multidão de conselheiros há consecução”, assim também se dá com um agrupamento de trabalhadores dispostos: produzem-se bons resultados. Os mutirões, sob a direção perita de pessoas dotadas de discernimento, podem ser tremendamente eficazes. — Provérbios 15:22.
O que se quer dizer exatamente com “mutirão”? Vários dicionários e enciclopédias oferecem as seguintes definições: “Trabalho coletivo de todos, em benefício daquele que, naquele dia, pagará as contas.” (Novo Michaelis, sob muxirão) “Trabalho agrícola de um dia, que os lavradores doam uns aos outros.” (Moderno Dicionário Português-Inglês de McKay) “A reunião de vizinhos para trabalhos em benefício de um deles. . . . Outras vezes, unem-se os vizinhos para serviços de interesse social: construção de igreja ou escola, abertura e limpeza de estiadas ou caminhos”. — Enciclopédia Barsa.
Recente exemplo de limpeza de rua foi visto na histórica localidade de Brooklyn Heights, em Nova Iorque, EUA, onde mais de 50 voluntários, incluindo crianças, numa manhã de sábado, varreram as calçadas, podaram árvores e deram “nova aparência” à movimentada via pública, rua Montague. Seus organizadores declararam que foi um “tremendo sucesso”.
No Brasil, desde o começo da era colonial, os mutirões constituíam uma característica da vida rural. Este costume está se tornando popular agora nos municípios, à medida que as câmaras de vereadores enfrentam cada vez maiores dificuldades em suprir as carências dos subúrbios que rapidamente se expandem, bem como de gigantescos planos habitacionais. O prefeito da alastrante cidade de São Paulo, Mário Covas, mobilizou as administrações regionais com este intuito, e, contando com a cooperação de mais de 50 Sociedades de Amigos dos Bairros, esperava suscitar um espírito comunitário a fim de atacar os muitos problemas que clamam por solução. Uma experiência realizada na região de Pirituba-Perus, em outubro último, produziu resultados positivos, apesar da chuva. De acordo com uma notícia publicada em O Estado de S. Paulo, com a ajuda de 3.965 homens e 1.046 máquinas, cuidaram-se de 268 ruas, construíram-se 16 novas praças, 34 córregos foram desobstruídos e em 30 favelas e 11 creches executaram-se obras de conservação.
Um dos maiores entusiastas dos mutirões é Iris Rezende, governador de Goiás. Embora compreenda que não pode ser uma solução para o problema de moradia, ele estava presente em pessoa quando, no domingo, 16 de outubro, começaram a surgir casas como cogumelos à medida que um formigueiro de 22.000 pessoas se pôs a trabalhar numa área da capital, Goiânia. O resultado foi um conjunto habitacional de 1.000 casas populares, localizadas em 34 ruas totalmente novas. Que nome se deu ao projeto? “Vila Mutirão!” — Veja, 26 de outubro de 1983.
É interessante que, há alguns meses, num mutirão judiciário para exame de processos, um grupo de juízes e advogados passou a examinar cerca de 800 processos na Casa de Detenção de São Paulo. Trabalhando das 9 horas da manhã até às 18 horas, já se tinha feito considerável progresso numa semana, e um bom número de detentos, cujas condições assim o permitiam, foram beneficiados imediatamente com a concessão de prisão-albergue ou a soltura.
As Testemunhas de Jeová já utilizam há muito tempo os mutirões. Antes e depois de seus congressos, realizados em enormes estádios, como o do Pacaembu ou o do Morumbi, em São Paulo, o ginásio do Maracanãzinho, e inúmeros outros por todo o país, literalmente milhares de Testemunhas chegam a tais locais, oferecendo-se para a gigantesca tarefa de limpar estes locais de alto a baixo. Seu asseio e limpeza já se tornaram lendários. Uma característica inerente de tais mutirões é o espírito alegre destes voluntários, e a rapidez com que se executam as tarefas, fazendo-nos lembrar a que assinalou a construção do tabernáculo, nos dias de Moisés. — Êxodo 39:32, 42, 43.
A construção do tabernáculo traz-nos à mente a edificação dos centros de adoração por parte das Testemunhas de Jeová. Nos anos recentes, nos Estados Unidos, idealizou-se um sistema pelo qual um local de reuniões pode ser erguido num fim-de-semana! Chamados afetuosamente de “Salões do Reino de Dois dias” ou, como certo jornal os chamou, Salões do Reino “instantâneos”, o cenário se assemelha a duma verdadeira colmeia. Sob a orientação de pessoal qualificado, todas as Testemunhas — às vezes há até 500 voluntários em ação — cada um em seu lugar, sabendo exatamente o que fazer. Trabalhando em turnos, minuto após minuto, eles tomam refeições a cada seis horas, refeições estas fornecidas pelas congregações vizinhas. O alvo é concluir a tarefa e realizar a primeira reunião naquele fim-de-semana mesmo! Bem mais de 80 Salões do Reino já foram construídos, nos últimos anos, através destes mutirões.
No Brasil, empregando-se o método de construção de alvenaria, centenas de Salões do Reino já surgiram em toda a parte, e planejam-se muitos outros para o futuro imediato. Os mutirões aceleram consideravelmente o trabalho e reduzem as despesas.
Notável exemplo disto foi observado, em data recente, na cidade de Itu, São Paulo. No sábado, 10 de dezembro de 1983, 356 pessoas se reuniram ali para a dedicação de novo e espaçoso Salão do Reino. Construído em 32 dias, mais de 200 pessoas participaram de sua construção, incluindo crianças pequenas e um veterano de 80 anos, que conseguia brandir um enxadão tão bem quanto um jovem. Todos eles ofereceram voluntariamente seus préstimos, contentes de poderem participar de tal empreendimento. (Salmo 110:3) A uns 130 quilômetros dali, em Botucatu, sob o arranjo de mutirão, três lindos Salões do Reino já foram construídos, e um outro está sendo erguido. A vizinha cidade de Pardinho também possui excelente salão, inaugurado no ano passado. As mãos dispostas das Testemunhas locais, junto com as de seus irmãos e irmãs espirituais de cidades grandes e pequenas ao redor, tornaram isso possível.
Não resta dúvida de que os mutirões produzem resultados! Além das tarefas cumpridas, unem as pessoas num vínculo unificador, especialmente quando as pessoas envolvidas são cristãos dedicados, interessados em fazer tudo para a glória de Deus. Com respeito a tais, o salmista expressou-se muito bem: “Eis que quão bom e quão agradável é irmãos morarem (e trabalharem) juntos em união! . . . Pois ali Jeová ordenou que estivesse a bênção.” — Salmo 133:1, 3.