Historiador parcial

● Há algum tempo, o Papa Paulo VI fez uma rara crítica da Reforma protestante do século dezesseis. Queixou-se de que ela havia frustrado as tentativas de realizar a união européia, que ‘conheceram seu tempo de glória antes da Reforma’.

No entanto, a história mostra que só foi um “tempo de glória” para a Igreja Romana, cujo poder político estava no ápice. Por outro lado, a historiadora Barbara Tuchman, vencedora do Prêmio Pulitzer, escreveu no número de dezembro de 1975 da revista “Atlantic” que aquele período era “inquestionavelmente . . . ‘um péssimo tempo para a humanidade’”. Ela observou que era um tempo “diversamente classificado como desconjuntado, em desarranjo moral, de valores decadentes, de luta perpétua, . . . de mau governo”.

Portanto, quando o Papa Paulo falou sobre aquele “tempo de glória” do passado, sem dúvida, teve em mente o progresso político da Igreja em direção a um unificado “Santo Império Romano”, sob o domínio dela. Todavia, este tempo de glória política encontrou a própria Igreja, segundo diz Barbara Tuchman, “sem dúvida, na maré baixa de seu prestígio, de sua credibilidade e (o que mais importa para as pessoas) de sua espiritualidade; daí, a heresia e por fim a Reforma”. De modo que as tentativas da Igreja, de obter glória mundana, rebaixaram-na ao nível do mundo, o resultado certo da violação do princípio de Cristo: “Meu reino não é deste mundo . . . meu reino não é daqui.” — João 18:36, A Bíblia de Jerusalém, católica.