Poupe suas palavras

AS PALAVRAS que saem da boca de uma pessoa palradora são para as outras como águas que jorram de um grande cano. Parece que nunca acabam. Inundam ouvintes atenciosos e sufocam quaisquer esforços para se continuar uma palestra edificante. A pessoa loquaz despercebe que a palestra envolve dois lados a trocar expressões e que o ouvir é tão importante quanto o falar.

Sócrates, o filósofo grego, disse: “A natureza nos deu dois ouvidos, dois olhos, mas só uma língua, para que ouvíssemos e víssemos mais do que falássemos.” Se inundar seus ouvintes com uma corrente contínua de palavras, quanto poderá aprender deles? Deveras, quanto eles poderão realmente aprender?

Precisa refletir para dizer algo instrutivo e benéfico aos seus ouvintes, mas se ficar esguichando palavras, como poderão elas conter algo que estimule o raciocínio? Taramelar sem parar acerca de problemas, de pontos de vista e de experiências pessoais, dando pormenores desnecessários e cansativos, é desconsideração egoísta para com os interesses e para com o tempo das outras pessoas. Em vez de falar muito sobre sua pessoa, anime outros a falarem de coisas que lhes interessem. Quando se expressarem, ouça o que dizem. Não devaneie descortesmente ou comece a ler alguma coisa. Não poderá iludir as pessoas, balançando ocasionalmente a cabeça ou resmungando hum hum. Elas sabem quando não lhes está prestando atenção. Preste atenção cortesmente no que dizem e talvez aprenda alguma coisa.

Tagarelice injuriosa e até mesmo calúnia podem facilmente escapar sem querer na torrente de palavras que emanam duma língua ativíssima. Esta maneira de falar só pode produzir resultados perniciosos que com o tempo podem voltar-se contra o próprio falador. Ela o faz trair a confiança dos amigos e desconsiderar o conselho de Deus. A Bíblia diz-nos: “Na abundância de palavras não falta transgressão, mas quem refreia seus lábios age com discrição.” “Quem guarda a sua boca e a sua língua está guardando a sua alma das aflições.” — Provérbios 10:19; 21:23.

Embora seja sábio poupar as suas palavras, evitando loquacidade, não é sábio ficar taciturno. Em vez de permanecer em silêncio, deixando que só os outros falem, expresse-se. Faça um esforço para contribuir à conversa, a fim de que outros se beneficiem dos seus conceitos e saibam o que pensa. Quando achar que a palestra se tornou conversa à-toa, tente suscitar uma pergunta, que, com jeito, a conduza para canais mais produtivos. As perguntas são sempre estimuladoras de palestras interessantes.

Antes de falar, pense no que vai dizer para que valha a pena dizê-lo. Se o que vai dizer for desairoso em vez de construtivo, imaginário em vez de real, sensual em vez de edificante, é melhor que não o diga. A reflexão e o bom senso podem produzir palestras edificantes. Está escrito: “Os lábios dos sábios estão difundindo conhecimento.” (Provérbios 15:7) Estes não dominam a conversa, porém, usam as suas palavras com parcimônia, dando a outros uma oportunidade para falar. Mas quando abrem a boca difundem conhecimento. Dizem o que é informativo, o que contribui algo à palestra.

Em vez de deixar que as palavras jorrem da boca como uma desagradável torrente, deixe-as sair como uma chuva suave, intermitente, que é benéfica e bem acolhida. Faça-as ser construtivas, edificantes e instrutivas. Em todas as suas palestras, demonstre consideração para com os seus ouvintes, poupando suas palavras.