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  • Minha vida de polígamo

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  • Minha vida de polígamo
  • Despertai! — 1970
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Despertai! — 1970
g70 8/12 pp. 13-16

Minha vida de polígamo

Conforme narrado ao correspondente de “Despertai!” em Daomé

COMO menino, cresci no cercado de meu pai em Daomé. Era um cercado bem povoado, pois papai tinha doze esposas e, naturalmente, muitos outros filhos além de mim. A vida era feliz e despreocupada para nós, crianças, pois tínhamos bastantes companheiros de folguedos entre os parentes mais achegados. Meu pai era o chefe do cercado, e exigia o respeito de todos.

Mas, não traz a prática da poligamia muitos problemas à família? — talvez se pergunte. Em resposta, eu responderia que Sim, que realmente traz. E gostaria de lhe poder contar alguns deles. Como vê, eu também me tornei polígamo.

Poderá compreender melhor nossa vida se souber o que é exatamente um cercado. Trata-se deveras dum terreno cercado por alto muro feito de barro vermelho que foi cozido ao sol até ficar duro. Lá dentro há muitas moradas pequenas, construídas de blocos de cimento ou do mesmo barro vermelho. Há uma só cozinha, usualmente de cimento, com duas ou três paredes. Quando o tempo é bom, o que acontece quase sempre, cozinha-se ao ar livre.

À medida que o dono de um cercado aumenta o número de esposas, constrói uma moradia separada, que dá diretamente para o cercado, para cada esposa nova. A vida no cercado é como a vida num povoado pequeno. Ter uma cozinha só não representa muita dificuldade, visto que as refeições não são preparadas em nenhum horário fixo. Simplesmente comíamos quando sentíamos fome, e nem todos sentíamos fome na mesma hora.

Boas Intenções

Por volta do tempo em que atingi a idade de me casar, já havia determinado casar-me com apenas uma esposa. Por quê? Porque em meu próprio cercado já tivera ampla oportunidade de pesar as vantagens e as desvantagens. Parecia haver certas vantagens na poligamia. Muitas esposas e uma família grande eram sinal de riqueza e influência. O chefe de família recebia honra de grande família submissa e era também altamente respeitado na comunidade. O conceito comum era que os deuses-fetiches haviam tornado frutífero tal homem.

Todavia, o cercado às vezes estava longe de ser pacífico. Lembro-me de muitas ocasiões em que surgiram disputas amargas entre as esposas de meu pai. Às vezes parecia que o papai favorecia uma esposa mais do que às outras. Isso poderia significar sérias dificuldades para aquela que obtinha o favor especial. O ciúme da parte das outras esposas podia ser perigoso. Com efeito, ouvira dizer de casos em que as esposas envenenaram sua competidora ou seu marido por causa de grande ciúme.

Assim, foi com as melhores intenções que resolvi que teria só uma esposa. Vivíamos felizes juntos, mas, é triste dizê-lo, ela não me deu nenhum filho. Meu desejo de possuir filhos era fortíssimo. Assim, aconteceu que, depois de dois anos sem ter filhos, eu achei que tinha de procurar uma segunda esposa que me pudesse dar filhos.

Adicionando Mais Esposas

Em ocasiões especiais eram organizadas danças em que todos os aldeões se ajuntavam para festejar e beber. Certo evento poderia durar por diversas noites, durante as quais eram feitas ofertas aos deuses-fetiches a fim de conseguir sua bênção para um ano frutífero. Em uma de tais festas, tive a oportunidade de fazer arranjos para adquirir mais duas esposas, ao invés de uma.

De início, decidi a quem escolher. Daí, segundo o nosso costume, enviei um amigo para fazer os arranjos com os genitores de minhas prospectivas esposas. Isto incluía determinar o dote a ser pago pelos pais das moças. Também, ele tinha de convencê-los das boas qualidades do seu futuro marido. Meus novos sogros, como chefes de suas próprias famílias, incluiriam o genro como ficando sujeito a eles. Além de receber deles o dote, o noivo talvez se veja obrigado a trabalhar para eles e, mais tarde, até sustentá-los, se isso for pedido.

Os arranjos sendo concluídos, fixa-se um dia para a cerimônia final e então os pais podem contar às filhas tudo a respeito. As filhas talvez não saibam nada do assunto até alguns dias antes do casamento. Não fazem objeções, contudo, pois desejam um marido e ter família, e, assim, ficam contentes de que seus pais cuidem de tudo para elas. Nas cidades maiores, este costume está mudando, mas, nos povoados, ainda prevalece. O namoro e os noivados não são costumeiros.

Pouco depois meu lar e meu cercado veio a ser bem parecido com o do meu pai. À medida que granjeei influência e respeito na comunidade, não mas fiquei satisfeito até mesmo com três esposas. Comprei mais duas. E comecei a ver uma repetição das circunstâncias. Agora pude descobrir por mim mesmo quão difícil é tratar com imparcialidade a todas as esposas. Surgiram ciúmes, e havia muita briga devido a coisinhas sem importância em meu cercado.

Por exemplo, quando morria um parente de uma das minhas esposas, eu tinha de comprar um cabrito para oferecer qual sacrifício, segundo o costume. Mas, não devia ser um cabrito melhor do que comprara para o parente de outra de minhas esposas. Se mostrasse apenas um pequeno favor por uma esposa, as outras tornavam insuportável a vida para ela. As contendas e altercações não raro me deixavam irritado. Por causa da falta de paz no lar, comecei a buscar a associação com outras mulheres que não se tornaram minhas esposas. Mais tarde, este proceder se tornaria verdadeiro problema para mim.

Ninguém em nosso povoado jamais pensara na poligamia como sendo imoral. Até mesmo ter relações com outras moças solteiras não era considerado como sendo ruim. Muitas moças já tinham tido um ou dois filhos antes de se casarem. Ao invés de isso as impedir de granjear marido, era não raro uma ajuda, pois os homens podiam ver que elas podiam ter filhos.

Fica pensando no que sucedia a todos esses filhos? Bem, quando a pessoa entende que uma família grande é algo desejável, é fácil ver por que os pais da moça solteira acolhiam bem tais acréscimos à sua própria família. Entretanto, depois de a moça se casar, a situação muda. O marido não tolerará que suas esposas andem com outros homens.

Religião e Poligamia

Havia várias religiões em nossa comunidade. Além de nossa antiga religião fetichista, havia enorme igreja católica e várias seitas protestantes, embora estas fossem bem pequenas. Tais igrejas jamais faziam qualquer menção da poligamia. A maioria dos que as freqüentavam ainda praticavam o fetichismo e a poligamia, e, ainda assim, mantinham-se em boa situação perante a igreja.

De início, jamais freqüentava igrejas, embora sempre reverenciasse a Bíblia. Mas, daí, certo dia, o sacerdote me disse que jamais eu iria para o céu se não me batizasse. Isto me deixou preocupado, de modo que batizei-me qual católico. Durante muitos anos, continuei como bom membro da igreja, embora ainda fosse polígamo e praticante da religião fetichista.

Daí, em 1947, vi pela primeira vez uma das publicações da Sociedade Torre de Vigia. Um de meus amigos havia obtido o livro “A Verdade Vos Tornará Livres”. Visto que ele não mais o desejava, fiz uma troca com ele, pois queria aprender mais sobre a Bíblia. Bem, após ler aquele livro, fiquei convicto de que se achava em harmonia com o ensino da Bíblia. Pude ver que todas as igrejas em nossa comunidade não eram diferentes da religião fetichista, no que tange a fazer o que a Bíblia ordenava.

Deixei de freqüentar a igreja e interessei-me cada vez menos pela religião fetichista. Mas, não fui além disso, pois podia ver que as coisas que aprendia da Bíblia me fariam executar grandes mudanças em minha vida. Não queria afastar-me de todas as amigas que eu tinha. Assim, passaram-se vários anos.

Vem a Verdadeira Liberdade

Daí, certo dia, certas testemunhas cristãs de Jeová trabalhavam de casa em casa em nosso povoado, e foram presas e encarceradas. Isto realmente me impressionou. Eis aqui certamente cristãos verdadeiros, dispostos a suportar a perseguição de modo a pregar a mensagem da Bíblia! Decidi que já era hora de fazer algo, mesmo que significasse grandes transformações em minha vida.

Iniciou-se um estudo bíblico com toda a minha família e, logo depois, em 1960, pus de lado todas, exceto uma de minhas esposas e determinei dedicar minha vida a Jeová. Quando, anteriormente, me havia juntado à igreja católica, não foram feitas perguntas quanto à antiga religião fetichista. Mas, logo verifiquei que tornar-me uma das testemunhas de Jeová era algo inteiramente diferente. Tinha de ajustar minha vida aos requisitos bíblicos. Todavia, a alegria de saber que realmente eu servia ao verdadeiro Deus era fortalecedora.

O que aconteceu com minhas outras quatro esposas? E o que dizer de todos os meus filhos? Sinto-me feliz de dizer que duas de minhas anteriores esposas se tornaram também Testemunhas, dedicando suas vidas a Jeová Deus. Todos os filhos permaneceram comigo, e, agora, dois deles são ministros de tempo integral, ao passo que seis também são dedicados e servem aos interesses do reino de Deus junto à congregação local das testemunhas de Jeová. Também me senti muitíssimo feliz de fazer arranjos para que a mais jovem de minhas anteriores esposas se casasse com um ministro de tempo integral. Atualmente, servem como representantes viajantes da Sociedade Torre de Vigia.

Na verdade, eu me tornei livre. Não mais estou sujeito às superstições ou ensinos religiosos que minam os requisitos bíblicos. Minha consciência está limpa, porque sigo ao conselho de Jesus de ter só uma esposa. (Mar. 10:6-9) Sei que me ajusto ao arranjo do Senhor para os cristãos responsáveis. — 1 Tim. 3:2.

Mais do que isso, verifico, em meu caso, que a promessa do Senhor Jesus em Marcos 10:29, 30 está sendo realmente cumprida. Minha família é muito mais ampla do que eu jamais poderia esperar. Em toda a parte tenho irmãos e irmãs, pais e mães, e também muitos filhos. Como? Porque Jeová Deus me mostrou misericórdia e me tornou parte de Sua grandiosa família terrestre que habita unida em verdadeira paz.

Atualmente, vivo em meu lar com apenas uma esposa. Agora é uma verdadeira alegria voltar para casa, onde há paz — a paz que se deriva de seguir a Palavra de Deus. Na verdade, não mais sou um “grande” homem, tendo grande influência na comunidade. Todavia, a influência que porventura tenha, eu me sinto feliz de usar para ajudar outros a conhecer ao verdadeiro Deus e a servi-lo, e para ganhar a liberdade espiritual.

Encontro grande gozo e paz mental em compartilhar minha felicidade com outros na comunidade. Alguns já começaram a compartilhar esta felicidade de serem parte da grandiosa família de Jeová, em que não há ciúme e nenhuma atitude moral dissoluta. É minha fervorosa esperança de que ainda possa ajudar muitos outros a alcançar genuína liberdade na congregação de Deus, antes que Jeová traga o fim de todos os que se apegam aos costumes que não estão em harmonia com Sua vontade perfeita.

[Foto na página 13]

O polígamo logo descobre quão difícil é tratar com imparcialidade o todas as esposas; surgem ciúmes.

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