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  • Ecos da guerra de trinta anos da cristandade

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  • Ecos da guerra de trinta anos da cristandade
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g71 22/12 pp. 16-20

Ecos da guerra de trinta anos da cristandade

PARA muitos é dificílimo compreender como os católicos e protestantes podiam lutar uns contra os outros neste século vinte. Se for uma das pessoas que acham difícil de compreender tal coisa, faça um exame de um pouco de história para obter a explicação. Por exemplo, a Guerra dos Trinta Anos que destroçou a Alemanha no século dezessete (1618-1648), é muitíssimo reveladora neste particular.

O Prelúdio

Foi em 31 de outubro de 1517, ou 101 anos antes do início da Guerra dos Trinta Anos, que Martinho Lutero cravou suas noventa e cinco teses à porta duma igreja católica em Wittenberg, Alemanha. Essa Reforma gerou uma série de conflitos que se arrastaram por muitos anos. Por fim, as questões políticas pareciam ter sido resolvidas pelo Tratado de Passau, em 1552, e, daí em 1555, o Tratado de Augsburgo considerou as religiosas. Carlos V, imperador espanhol do Santo Império Romano e amargo inimigo do protestantismo, falhando em seus empenhos de eliminar o luteranismo pela fraude e força, sentiu-se compelido a fazer as concessões que tais tratados representaram.

Entre as concessões obtidas pelos príncipes luteranos no tratado de paz religioso de Augsburgo havia certas liberdades religiosas: cada príncipe poderia escolher a religião para sua própria terra. Qualquer pessoa que não concordasse com a religião de seu príncipe estava livre para mudar-se para uma terra cujo príncipe tivesse a mesma religião que a sua. Também, os luteranos se tornaram membros da corte de justiça imperial. Era proibido o proselitismo, e concordara-se que, quando um bispo ou abade mudasse de religião, a Igreja Católica retinha o direito legal à sua propriedade.

Como resultado deste tratado, em certa área do Reno, as pessoas foram obrigadas a mudar de religião quatro vezes em seguida ou a mudar-se para o território de outro príncipe. Outra deficiência deste tratado era que não continha provisão para os protestantes que não eram luteranos, tais como os calvinistas; falha esta que devia ser atribuída tanto aos católicos como aos luteranos.

Carlos V, que já era imperador desde 1519, retirou-se para um mosteiro em 1556, um ano após o Tratado de Augsburgo, e morreu dois anos depois. Depois dele vieram vários imperadores dos Hapsburgos que não se inclinavam a lutar contra a disseminação do protestantismo. Um deles até parece ter sido bem favorável a ele.

Mas, então, como nos conta a New Catholic Encyclopedia, Vol. 14, p. 98, “os Hapsfurgos austríacos, encorajados pelos jesuítas, capuchinhos, e pelo zelo espanhol, promoveram uma política militante de conquista e conversão religiosa. . . . Em 1618, quando os estados boêmios acusaram o governo imperial de violar seus direitos e privilégios [religiosos] soberanos, lançaram a força para fora os emissários imperiais pela defenestração de Praga, destarte proclamando sua rebelião contra a regência dos Hapsburgos.” O que aconteceu foi o seguinte: Os representantes boêmios atiraram pela janela os mais desprezíveis e imperiosos dos emissários do imperador — uma forma de expressar seu protesto, conhecida como “defenestração”. Embora caíssem duma altura de dezoito ou vinte e um metros, pouco sofreram, pois parece que caíram sobre um monte de estrume macio. Mas, este ato atiçou a Guerra de Trinta Anos na Alemanha, entre os católicos e protestantes.

As Fases Boêmia e Dinamarquesa

Os boêmios se puseram em armas e, de início, foram muito bem sucedidos, derrotando o exército imperial. Até escolheram seu próprio rei, Frederico V — um ato desaconselhável que resultou desastroso. O rei católico, Fernando II, a quem recusaram reconhecer, tornou-se imperador do Santo Império Romano, e isto o habilitou a ajuntar forças que em breve sufocaram a rebelião boêmia. Tinha um temperamento bem adequado para tal guerra, pois fora educado pelos jesuítas. Para ele, a voz dum jesuíta ou dum monge era a voz de Deus, e ele declarou abertamente que preferia antes reger um deserto do que uma terra herege. Como observou certo historiador, quase teve êxito em tornar a Alemanha um deserto, mas não teve êxito em varrer a ‘heresia’. Não perdeu tempo em instituir uma política de “sentenças de morte, encarceramento, e confisco de terra” pela qual “erradicou a oposição rebelde a debilitou a força protestante”. — New Catholic Encyclopedia.a

A fase boêmia durou de 1618 a 1620. A seguir veio o Cristiano IV, rei da Dinamarca, em defesa dos protestantes. Temendo ao mesmo tempo o domínio religioso bem como político pela casa católica dos Hapsburgos, entrou na Alemanha com seus exércitos a fim de opor-se a esta dupla ameaça. Não obstante, como se deu com os boêmios, suas vitórias foram de curta duração. O Conde Tilly, o hábil general que encabeçava os exércitos da Liga Católica (que havia sido formada para opor-se à União Protestante), e o General Wallenstein, pago junto com seus mercenários por Fernando II, conseguiu impor ao Rei Cristiano derrotas tão decisivas que este teve satisfação em pedir a paz e retirar-se para seu próprio país. Esta fase dinamarquesa da Guerra dos Trinta Anos durou de 1625 a 1629.

Estas vitórias sobre os protestantes encorajaram Fernando II a decretar o Edito da Restituição em 1629. “Esta decisão religiosa ampla”, conta-nos a acima mencionada autoridade católica, “representou o máximo da reação católica”. Privou os protestantes de tudo que haviam arduamente obtido nos prévios oitenta anos. Significava fazer voltar os ponteiros do relógio da liberdade por uma vingança, e foi considerada por Fernando II como passo importante em seu alvo inspirado pelos jesuítas de exterminar a Reforma. No entanto, isto não deixou de ter sua reação contrária. Alguns dos príncipes protestantes, que haviam sido indiferentes para com a causa protestante até então, foram despertados pelo real perigo que os confrontava.

Gustavo Adolfo Vem em Socorro

A seguir, o rei sueco, Gustavo Adolfo, um gênio militar, veio defender a causa do protestantismo alemão nesta guerra, que deveria durar trinta anos. Ele entrou no conflito depois de que durava doze anos, e teria feito isso antes caso não estivesse guerreando os poloneses. Chegou em junho de 1630 com um exército pequeno, mas bem disciplinado, de 15.000 suecos. Em consonância com suas convicções religiosas, ajoelhou-se em oração ao chegar em solo alemão e pediu que seu exército fizesse oração pública duas vezes por dia.

De início, encontrou pouquíssima cooperação, os príncipes alemães o encarando com indiferença, inveja ou temor. Mas, com a queda da cidade de Magdeburgo (que Gustavo poderia ter impedido caso certos príncipes alemães não se opusessem a ele), começou a obter um pouco mais de cooperação. Fernando II, de início, sentia apenas desprezo por Gustavo, referindo-se zombeteiramente a ele como o “Rei da Neve” que se derreteria logo quando alcançasse climas mais quentes, mas, posteriormente, foi obrigado a revisar sua opinião deste “Rei da Neve”. O rei sueco, por motivo de sua perícia militar e exército cabalmente disciplinado, obteve uma vitória após outra. Em uma destas batalhas, o mais hábil general do imperador, o Conde Tilly, foi morto.

Fernando II, havia antes despedido seu general Wallenstein, às instâncias de seus príncipes, que se queixaram sobre a forma com que os mercenários de Wallenstein devastavam suas terras; tais mercenários saqueando as terras tanto dos amigos como dos inimigos. Mas, face aos êxitos de Gustavo, o Imperador Fernando foi obrigado a reconvocar Wallenstein, que agora exigiu tão elevados termos que se diz que ele se tornou o amo, e o imperador seu servo. No entanto, embora Wallenstein fosse bastante hábil, também sofreu derrota diante de Gustavo, mas, numa batalha em seguida, Gustavo perdeu a vida.

O Crime Contra Magdeburgo

Magdeburgo significa literalmente o burgo ou cidade da criada. Era uma cidade de protestantes que se orgulhavam de suas consecuções. Repetidas vezes, haviam resistido a ataques de forças católicas; haviam até mesmo resistido a um cerco de um ano inteiro no reinado do imperador católico Carlos V. Agora, quase um século depois, zombaram das exigências dos generais do imperador para se renderem. Estavam confiantes que Gustavo logo os socorreria. Mas, o General Tilly e Pappenheim fizeram com que suas forças tomassem de assalto a cidade, depois de ter sido cercada por um mês, e ela caiu. No entanto, parece que as condições dentro da cidade mesma tiveram culpa de sua queda.

A respeito da queda de Magdeburgo, o historiador alemão Friedrich Schiller escreveu: “Aqui começou uma cena de horrores para os quais a história não dispõe de linguagem, poesia nem lápis. Nem a infância inocente, nem a velhice desamparada; nem a juventude, o sexo, a categoria, nem a beleza puderam desarmar a fúria dos conquistadores. As esposas foram violadas nos braços de seus maridos, filhas aos pés de seus pais; e o sexo sem defesa foi exposto ao sacrifício duplo da virtude e da vida. . . . Numa única igreja, encontraram-se cinqüenta e três mulheres decapitadas. Os croatas se divertiam atirando crianças às chamas; os valões de Pappenheim em esfaquear bebês nos seios das mães.”

Quando alguns oficiais da Liga Católica, horrorizados com o que viam, lembraram ao General Tilly que ele podia mandar cessar tais atrocidades, ele replicou: “Voltem dentro de uma hora. . . . Verei o que posso fazer; o soldado tem de ser recompensado de algum modo pelos perigos e labutas que enfrenta.” Para limpar as ruas, mais de seis mil corpos foram lançados no rio Elba, e um número muito maior de corpos foi consumido pelas chamas. A pilhagem e a carnificina pararam por motivo das chamas — mas apenas por um tempo. O número total que pereceu é calculado como sendo de 30.000 pessoas.

O que o historiador Trench tem a dizer sobre a Guerra dos Trinta Anos se deu especialmente quanto ao crime de Magdeburgo: “A mais amarga ironia de todas foi, deveras, que esta Guerra, que se afirmava no início ter sido travada com os mais elevados objetos religiosos, para a glória de Deus e para os mais altos interesses de sua Igreja, fosse marcada dentro em breve pelo pisoteamento vergonhoso de todas as leis humanas e divinas, desgraçada pelos piores e mais iníquos ultrajes contra Deus, e contra o homem, a imagem de Deus, do que qualquer guerra, provavelmente, que a moderna cristandade tenha visto.”

Cada Vez Mais Política

Gustavo, em questão de dois anos, de 1630 a 1632, teve êxito em virar a maré a favor dos protestantes; depois disso a sua causa não mais estava perdida. Mas, só porque a França católica veio ajudar os protestantes. Como assim? Porque o Cardeal Richelieu, o poder por trás do trono de França, estava determinado a não deixar que a Casa dos Hapsburgos dominasse a Europa. Assim, então, a religião foi para o fundo, e as considerações políticas tomaram cada vez mais a ribalta. Estes anos viram as piores fases da guerra. Ambos os lados dedicaram-se à pilhagem. As fomes se tornaram tão graves que o canibalismo se tornou comum, roubavam-se dos túmulos os recém-sepultados, roubavam-se as vítimas de enforcamentos, crianças e prisioneiros desapareciam misteriosamente. Sobrepondo-se a tudo, a peste grassava pelo país. A guerra não só empobreceu grandemente a Alemanha, mas também reduziu a população de uns 30 para 12 milhões.

Não é de admirar que, tempos a tempos, cada lado ficava cansado da luta e mostrava sinais de disposição para negociar. Tais negociações por fim resultaram no Tratado de Vestfália. A França e a Suécia, tendo resultado mormente vitoriosas, tiveram a palavra final nos termos de paz. A França se certificou de obter certos territórios que cobiçava grandemente, e os suecos, ao passo que obtinham certas vantagens territoriais, estavam principalmente preocupados com os benefícios religiosos. Como principal resultado de seus esforços, o tratado concedia a liberdade religiosa a tantos que não a desfrutavam antes. Assim, os calvinistas e outros protestantes obtiveram os mesmos direitos que os luteranos, direitos que iam bem além dos que lhes foram concedidos pelo Tratado de Augsburgo, e que haviam sido anulados pelo Edito de Restituição de Fernando, em 1629.

A Cristandade É Tão Anticristã Como Antes

Mas será tudo isto simples história interessante? Não, tem que ver com os eventos correntes. Atualmente, em Ulster, Irlanda, há professos cristãos, católicos e protestantes, que odeiam e matam uns aos outros. A revista Time, de 13 de julho de 1970, noticiou: “Um mortuário de ira pairava sobre Ulster na semana passada, depois das batalhas mais cruéis entre os católicos e os protestantes em oito meses. Em adição aos sete mortos, pelo menos 250 pessoas ficaram feridas, as lojas e bares públicos foram alvos de bombas incendiárias e os ônibus foram virados para se transformarem em barricadas.” E U.S. News & World Report, de 26 de outubro de 1970, citou alto oficial de Ulster como dizendo: “Este país é ingovernável. Ninguém concorda quanto ao que deve ser feito. Ulster é um paradoxo — um lugar pequeno e insignificante, mas diabolicamente difícil de governar.” E praticamente todos ali professam ser cristãos, quer católicos quer protestantes!

Por todo o resto do mundo, também, a cristandade desmente, pelos seus frutos, sua pretensão de ser cristã. O crime e a violência que grassam, a corrupção política e a ganância corporativa, o vício de tóxicos e a moral dissoluta se acham evidentes em toda a parte. E, em especial as guerras entre professos cristãos desmentem sua afirmação de serem seguidores de Jesus Cristo. Jesus disse: “Por meio disso saberão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor entre vós.” É patente que todos os que lutam com armas carnais ou físicas não são seguidores de Jesus Cristo, o Filho de Deus. — João 13:34, 35.

[Nota(s) de rodapé]

a Afirma certo historiador: “Vinte e sete dos principais nobres protestantes foram decapitados em Praga em um só dia; milhares de famílias foram despojadas de todas as suas propriedades e banidas; as igrejas protestantes foram dadas aos católicos, os jesuítas se apossaram da universidade e das escolas . . . A fé protestante foi praticamente obliterada de todo o domínio austríaco . . . A propriedade confiscada por Fernando II apenas na Boêmia foi calculada em quarenta milhões de florins!” — History of Nations, Germany — Taylor e Fay, págs. 270, 271.

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