Por que a escassez de gasolina?

OS Estados Unidos estão ficando sem gasolina!

Tal declaração parecia irreal há alguns meses. Mas, não agora. Algumas refinarias dispõem dum estoque 20% inferior ao que seria normal no verão setentrional. Devido aos estoques limitados, alguns postos colocam cadeados nas portas. Outros só abrem algumas horas por dia. Sim, é real a escassez de gasolina.

O que lhe significa isso?

Por um lado, significava, nos EUA, que haveria menos gasolina no auge da época em que se usa o automóvel, no verão de lá. Também, talvez ocorresse o racionamento federal da gasolina. Mesmo se as limitações do governo não se materializassem em certas áreas, os concessionários já começaram o racionamento.

Ademais, a gasolina disponível subiu rápido de preço. O preço médio nacional da gasolina regular no início da primavera ali era de US$ 0,37 o galão (pouco menos de Cr$ 0,65 o litro). Os peritos prediziam preços de US$ 0,55 o galão (uns Cr$ 0,95 o litro). E o preço de revenda, segundo se esperava, continuaria subindo. Afirmou o presidente duma companhia petrolífera: “Seria pessoa mais surpresa que anda por aí se não começássemos a pagar US$ 1,25 [uns Cr$ 2,15 o litro] — e muito em breve.”

Os estadunidenses estão, mal acostumados a pensar que os estoques de óleo cru, do qual se fabrica a gasolina, são ilimitados. Qualquer aparente ‘escassez de gasolina’ no passado, aumentou apenas temporariamente os preços. Novas reservas de petróleo foram rapidamente lançadas no mercado, e os custos de novo se estabilizaram.

Mas, agora, acabaram-se os estoques de óleo cru para a produção dos EUA! E, como mostra a tabela neste artigo, os EUA, como algumas das outras principais nações industriais, consomem muito mais petróleo diariamente do que produzem.

A situação do óleo cru para a gasolina dos EUA se agravou com a escassez de óleo combustível no inverno de 1972/73. O petróleo que seria refinado para a gasolina a ser usada no verão setentrional passado foi canalizada para a produção de óleo combustível. Se, por sua vez, demasiado óleo cru entrasse na produção de gasolina no verão passado, em questão de meses aconteceria uma repetição da crise de óleo combustível do inverno setentrional passado.

Mas, por que, poder-se-ia perguntar, não extraem mais petróleo as companhias petrolíferas dos EUA? Elas respondem que os custos agora tornam quase que proibitiva a extração. Não mais se encontra o petróleo em lugares de fácil acesso. Outra coisa: o petróleo doméstico resulta num preço baixo. Isto é dificilmente um incentivo para as companhias manterem extensivas extrações. Por estes motivos, os EUA têm que ir além de suas próprias fronteiras para importar o petróleo.

Fornecedores tradicionais dos EUA, tais como o Canadá e a Venezuela, não conseguem manter-se em dia com as demandas crescentes de petróleo pelos EUA. O país, assim, teve que voltar-se para os países do Oriente Médio, comprando deles cada vez mais petróleo. Mas, mesmo esse passo não solucionou os problemas imediatos do país. Por quê?

Outras nações também querem o petróleo do Oriente Médio, aumentando seu custo. Também, nos anos recentes, os eventos políticos e econômicos no Oriente Médio causaram contínuos aumentos nos preços do petróleo.

Assim, o óleo cru não mais se acha prontamente disponível como uma vez se achava para os EUA; isto contribui grandemente para a escassez de gasolina. Mas, então, há também os problemas de refinação na indústria.

Os EUA não parecem ter a capacidade de refino necessária para produzirem mais gasolina, mesmo se se tornar abundante o óleo cru. E os homens do petróleo afirmam não poderem dar-se ao luxo de construir as novas refinarias necessárias; nenhuma está sendo construída presentemente.

Também apontam para mais um fator que limita a construção de refinarias. Afirma certo porta-voz da Companhia “Sun Oil”: “Toda vez que uma companhia quer construir nova refinaria, outro grupo conservacionista objeta a isso.”

Por outro lado, os críticos contendem que as companhias de petróleo poderiam refinar mais gasolina em suas presentes instalações. Acusam as companhias de propositalmente ‘criarem’ a escassez de óleo e de gasolina para tirar proveito econômico e para silenciar os conservacionistas.

Mas, a escassez de gasolina é mais do que um problema criado pela política internacional e pelas grandes empresas. O público, também, precisa aceitar parte da culpa pela situação atual.

O público, por um lado, insiste em comprar mais e maiores carros. Os estadunidenses agora têm 85 milhões de carros. Muitos modelos recentes, com suas grandes máquinas, fazem menos quilômetros por litro de gasolina do que os modelos anteriores. Sabendo que a gasolina é barata, compraram mais carros e os dirigem mais.

O público, portanto, pode fazer sua parte para aliviar um pouco a escassez de gasolina. O que pode fazer o leitor?

Ao viajar numa estrada, dirija a uns 80 quilômetros por hora, ao invés de a 100; isso consome cerca de 10 por cento menos de gasolina. Evite partidas rápidas, às sacudidelas. Não deixe o motor ligado com o carro parado por muito tempo. Mantenha seu carro em boa condição, o motor bem regulado, os pneus devidamente cheios, e as rodas alinhadas. Evite, quando possível, usar coisas ‘extras’ que consomem energia, como o ar condicionado.

Planeje o uso de seu carro, alistando o várias coisas que pode fazer em uma única saída. Quando possível, use o transporte público. Ou, ande — isso talvez lhe faça bem.

Tais sugestões podem ou não aliviar a escassez geral de gasolina. Mas, quer o façam quer não, podem ajudá-lo pessoalmente a enfrentar a escassez de combustível.

[Foto na página 3]

Não Há Gasolina

[Gráfico na página 3]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

CONSUMO DIÁRIO DE PETRÓLEO

PRODUÇÃO DIÁRIA DE PETRÓLEO

E.U.A

Europa Ocidental

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0 5 10 15

(Milhões de barris)