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  • O que os registros oficiais do Canadá revelam agora

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  • O que os registros oficiais do Canadá revelam agora
  • Despertai! — 1973
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g73 8/12 pp. 16-25

O que os registros oficiais do Canadá revelam agora

O CANADÁ é considerado um dos países mais livres do mundo. Suas liberdades civis são protegidas por lei, e sua forma de governo é democrática.

O Canadá há muito goza desta reputação entre as nações do mundo. Mas, o que não é tão bem conhecido é como as autoridades governamentais e os cidadãos comuns tiveram de lutar às vezes para manter as coisas assim.

Em duas ocasiões passadas, houve controvérsias quanto à questão da liberdade religiosa. Isto envolvia o direito das testemunhas de Jeová de fazer seu trabalho pacífico quais ministros cristãos. A solução dessa questão resultou em excelentes decisões constitucionais da Suprema Corte do Canadá. Estas fizeram importante contribuição para proteger as liberdades que os canadenses agora usufruem.

Mas, quem foi responsável por questionar os direitos que são hoje prezados como parte das liberdades do Canadá? De que fonte emanaram as pressões para tentar negar a tais cristãos suas liberdades?

As duas ocasiões foram em 1918 e em 1940, durante tempos de guerra. Mas, visto que isso é história passada, por que suscitar tal assunto agora, em 1973? Porque, recentemente, os registros oficiais do governo canadense foram abertos para a inspeção pública na Biblioteca do Arquivo Público na capital, Ottawa. Agora, a verdadeira história de por que a liberdade religiosa foi questionada se acha disponível pela primeira vez, nos próprios arquivos governamentais!

Clero Exigia a Supressão

O primeiro ato de supressão contra as testemunhas de Jeová (então chamadas Estudantes Internacionais da Bíblia), ocorreu perto do fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918.

Naquele tempo, a Canada Gazette, jornal oficial do governo, publicou uma ordem proscrevendo certas publicações das testemunhas de Jeová. Eram o livro O Mistério Consumado e certos números do Mensário dos Estudantes da Bíblia. A simples posse de tais publicações poderia resultar numa multa de uns Cr$ 32.500,00 e em prisão por cinco anos!

Quando se sugeriu que o clero havia promovido esta ordem de censura, negou-se isto. No entanto, a abertura recente dos arquivos oficiais revela que, nesse mesmo tempo, o Chefe da Censura, Cel. Ernest Chambers, tinha em seu arquivo uma carta da Primeira Igreja Congregacional de Vancouver, Colúmbia Britânica. O autor da carta era o ministro da igreja, “Rev.” A. E. Cooke. O clérigo Cooke havia escrito o seguinte ao censor:

“Tenho recebido instruções da Associação Geral Ministerial de Vancouver para trazer à sua atenção um assunto que parece, para nós, ser de considerável importância pública nesta oportunidade. Como está a par, os seguidores do falecido ‘Pastor’ Russell . . . chamam-se de ‘Estudantes Internacionais da Bíblia’ . . .

“Não seria bom também proibir as publicações propagandísticas deste grupo que são publicadas nos Estados Unidos e enviadas ao Canadá para distribuição por parte destas pessoas?”

O censor principal, Cel. Chambers, escreveu em resposta. Em sua carta marcada “Confidencial”, disse ao clérigo Cooke:

“Reverendo e Prezado Senhor: . . . sua comunicação, em que transmite, como o fez, os pareceres de um grupo tão influente como A Associação Geral Ministerial de Vancouver, resultou ser muito útil em se tomar ação neste assunto importantíssimo. . . .

“Considero que os amargos ataques destas publicações contra as Igrejas de todas as denominações, sem distinção, são dignas de atenção, mesmo se as declarações abrangidas nestes ataques não puderem ser descritas como ‘militarmente objetáveis’.”

Assim, tais documentos confidenciais do passado, agora finalmente abertos ao exame público, revelam que o clero deveras provocou a ação de 1918 contra esta minoria de cristãos verdadeiramente sérios. Negou-se às testemunhas de Jeová as liberdades, porque ousaram, como fez Jesus Cristo, em falar a Palavra de Deus sem medo, expondo a hipocrisia do clero.

Mas, porque as igrejas temiam tanto o que as testemunhas de Jeová diziam sobre elas?

Igrejas Abandonam a Cristo

Elas abandonaram seu dever de pregar a Palavra de Deus e de seguir o Príncipe da Paz, Jesus Cristo. Ao invés, o clero em todos os países se entregara ao serviço total do deus da guerra. Tentaram pintar a Primeira Guerra Mundial como guerra “santa”, ao invés do que era, brutal luta pelo domínio político do mundo.

A atitude belicosa do clero fez com que muitas pessoas pensantes ficassem com o coração em pedaços. Compreendiam que promover a guerra não era a função correta daqueles que proclamavam representar o Príncipe da Paz. Em outubro de 1914, depois do irrompimento da guerra, o Rabino Wise, de Nova Iorque, fez o seguinte comentário sobre o curso que as igrejas tomaram:

“O fracasso das igrejas e das sinagogas de manter a liderança sobre o povo foi a causa da presente guerra. Entronizaram o demônio da guerra em lugar de Deus. Estão satisfeitos de ser mero item da organização social e de defender seus países e regentes, justos ou injustos.”

Um bem-conhecido canadense que objetou ao que as igrejas faziam foi J. S. Woodsworth. Era ministro metodista ordenado, e, mais tarde, tornou-se Membro do Parlamento. Numa carta a sua esposa, Lucy, publicada mais tarde em sua biografia, disse que fora a um ofício de domingo à noite na igreja em Montreal, em outubro de 1915:

“À noite, fui à Igreja Metodista de S. Tiago, para uma reunião de recrutamento. Realmente, Lucy, se eu não estivesse, por uma questão de princípios, oposto a métodos espetaculares, teria levantado e denunciado o inteiro desempenho como perversão — uma perversão danada, se você preferir — dos ensinos de Jesus, e uma profanação do dia e da casa reservados para a Adoração Divina. . . .

“Atingiu-se o clímax quando o pastor, num apelo apaixonado declarou que, se qualquer rapaz pudesse ir [para a guerra] e não fosse, não era nem cristão nem patriota. Não! O clímax foi o anúncio de que sargentos recrutadores estavam postados às portas da igreja e que qualquer homem de espírito — qualquer amante de seu país — qualquer seguidor de Jesus — devia fazer sua decisão ali mesmo, na hora!”

Woodsworth disse à sua esposa, em conclusão: “Senti a necessidade de fazer algo desesperado — deixar de comparecer à igreja — repudiar minha conexão com a Igreja.” Mais tarde, em 1918, ele fez exatamente isso! Demitiu-se da igreja, declarando:

“Para mim, os ensinos e o espírito de Jesus são absolutamente irreconciliáveis com o advogar a guerra . . . As igrejas se transformaram em mui eficazes agências de recrutamento. O êxito dum ministro parece ser julgado pelo número de recrutas em sua igreja, ao invés de pelo número de conversos.”

Quando terminou a Primeira Guerra Mundial, a mesma Igreja Metodista (então conhecida como Igreja Unida), confessou publicamente que seu proceder no tempo de guerra tinha sido anticristão! Em fevereiro de 1924, seu jornal oficial, The Christian Guardian, declarou:

“Certamente não resta nenhum homem inteligente e civilizado em todo o mundo que ache que haja qualquer virtude ou bondade ou graça salvadora na guerra. E a maioria de nós fomos arrastados para muito além dessa posição negativa para a crença muito positiva e inescapável de que a guerra é, para os nossos dias e nossos tempos, um crime odioso, completamente anticristão e imperdoável.

“E, no que tange a não a considerarmos dessa forma há apenas alguns anos atrás, alguns de nós — muitos de nós — estão prontos a reconhecer nossa falta, na mais genuína humildade, e buscar o perdão por nossa ignorância e nossa falta do Espírito de nosso Mestre.”

Posição das Testemunhas de Jeová

No entanto, que posição assumiram as testemunhas de Jeová nessa questão? Não depois de a guerra terminar, quando seria fácil professar a paz, mas num tempo em que se precisa ter coragem para falar abertamente, as testemunhas de Jeová tornaram conhecido de público a verdade sobre o assunto.

Exemplificando: note o que O Mensário dos Estudantes da Bíblia, publicado pelas testemunhas de Jeová, dissera em setembro de 1917:

“O clero tomou o lado dos reis e disse, em substância: ‘Continuai vossa obra de destruição; Deus está convosco, e oraremos pedindo Suas bênçãos sobre vosso exército.’ Na Alemanha, o Clero ora a Deus para que Ele abençoe seus exércitos e os habilite a destruir os ingleses; na Grã-Bretanha, o Clero ora a Deus pedindo uma bênção para os exércitos britânicos, para que possam exterminar os alemães da face da terra. A que classe do clero ouve Ele? . . .

“As Escrituras apontam que ambos os reis e o clero são responsáveis por esta guerra, mas que o clero é ainda mais responsável, porque era seu dever conhecer o Plano de Deus e falar ao povo sobre ele. Mas, recusou aprendê-lo e deixou de falar sobre ele a outros.”

Foi este proceder das testemunhas de Jeová, que tornavam conhecida a verdade sem rodeios, que era intolerável para o clero. Assim, tentaram eliminar a verdade. Mas, tiveram êxito?

O CLERO DO CANADÁ NÃO CONSEGUE IMPEDIR A DISSEMINAÇÃO DA VERDADE

A tentativa do clero do Canadá de estancar o fluxo da verdade foi tão fútil como tentar varrer de volta as ondas do oceano. Na verdade, acharam ser fácil proscrever certas publicações das testemunhas de Jeová. Mas, tentarem impedir a disseminação da verdade era outro assunto.

Por um lado, a publicidade que a imprensa canadiana fez desta controvérsia ajudou a disseminar a mensagem, ao invés de impedi-la. O censor da imprensa da parte ocidental do Canadá, J. F. B. Livesay, escreveu a respeito da proscrição:

“Esta propaganda consegue hoje mais publicidade gratuita nos diários canadenses do que podia conseguir com o mais profuso dispêndio de dinheiro nas colunas de anúncios.”

Também, um jornal do oeste, The Chinook, observou em editorial sobre a proscrição do livro O Mistério Consumado:

“Quando o governo canadense proscreveu este livro, fez muito para anunciá-lo, e suscitou a curiosidade do povo quanto ao seu conteúdo. Como resultado das ações do governo, milhares de exemplares extras do livro provavelmente entrarão em circulação, e os Estudantes Internacionais da Bíblia farão centenas de novos conversos. . . .

“Os ministros regulares lançaram toda espécie de condenação sobre a cabeça de Russell [primeiro presidente da Sociedade Torre de Vigia] e o resultado foi que os inquiridores membros das igrejas obtiveram algumas publicações de Russell, gostaram delas, e juntaram-se ao movimento. Agora que o Governo canadense está perseguindo os russellitas, poderá esperar rápida disseminação do movimento.”

Produzidas Outras Publicações

Também, ao passo que algumas publicações das Testemunhas foram proscritas, isto não as impediu de produzir outras. Uma proposta publicação, intitulada “O Mensageiro Matutino” foi submetida à aprovação do censor da imprensa do oeste do governo em Winnipeg, J. F. B. Livesay. Ele a aprovou, visto que tratava de tópicos puramente religiosos.

Tal publicação foi então impressa e enviada a diferentes centros por todo o Canadá. Em 10 de junho de 1918, teve uma rápida e maciça distribuição em cada cidade, por parte das testemunhas de Jeová, tudo no mesmo dia.

Ao passo que tal publicação não considerava assuntos relativos ao governo, criticava as igrejas. Como se esperava, o clero reagiu com violência.

Mas, por que aprovou o Sr. Livesay O Mensageiro Matutino? Explicou isto numa carta ao chefe da censura:

“Li a coisa mui cuidadosamente . . . e visto que não tinha nada que ver . . . com o prosseguimento da guerra, não podia ver nenhum jeito de proibi-la à base de que era um ataque contra a religião, não sendo isso, segundo a minha idéia, da conta da Censura à Imprensa.”

O próprio chefe da censura, Cel. Chambers, disse: “Quanto à própria matéria, é verdade, não há nada antibritânico, contra os Aliados, ou pacifista nela.”

Por isso, os arquivos do governo agora abertos ao público em Ottawa, tornam abundantemente claro que as publicações religiosas em questão não eram “da conta da Censura à Imprensa”. Torna-se também claro que o chefe da censura se desviara da condução correta de seu cargo por causa da interferência do clero no governo.

Fracassam os Processos

Tentar estancar o fluxo da verdade resultou ser muitíssimo frustrador para o clero. Quando foram feitos empenhos de processar as Testemunhas por terem publicações banidas em seu poder, o chefe da censura não raro não conseguia que os tribunais o levassem a sério! Relatou seus problemas ao Secretário de Estado canadense:

“Muitas dessas pessoas são pessoas pacíficas que levam vidas limpas e, em geral, gozam de boa reputação de honestidade, etc., nas comunidades em que vivem. . . .

“A ação de alguns magistrados em Manitoba em não dar levianamente nenhum andamento em processos claros contra tais pessoas segundo as declarações que me foram feitas pelas autoridades militares, fez da censura de guerra um objeto de zombaria.”

Imagine só tentar prender “pessoas pacíficas que levam vidas limpas . . . [que] gozam de boa reputação de honestidade”! Quão culpados são os clérigos de pressionar uma autoridade para rotular de criminosos cristãos decentes, honrados, e tentar mandá-los para a cadeia! O Rei Salomão, dos tempos antigos, administrador de grande habilidade, tinha uma palavra a dizer aos clérigos. Disse:

“Quem declarar justo ao iníquo e quem pronunciar iníquo ao justo — sim, ambos são algo detestável para Jeová.” — Pro. 17:15.

Os registros oficiais do Canadá também revelam que a trama do clero contra as Testemunhas não parou com a censura e processos. Enviaram também uma espiã para seus serviços religiosos. Seu nome era Sra. Jeckel. O que ela descobriu? Profunda conspiração para derrubar o governo? O relatório de sua espionagem nos serviços cristãos destes verdadeiros crentes declara o seguinte:

“Ouvi dizer que planejaram algo para a Páscoa, falam disso em suas reuniões, mas não consigo entender o que é, pois, em suas reuniões, falam em linguagem simbólica.”

Até mesmo as crianças sabem que, nas igrejas da cristandade, ‘planeja-se fazer algo na Páscoa’. Ao passo que as testemunhas de Jeová não celebram a Páscoa, comemoram a morte de Jesus Cristo, usando os emblemas do pão e do vinho, a “linguagem simbólica” representando o corpo e o sangue de Cristo. Que tipo de mentalidade transformaria numa trama sinistra tal costume bíblico universalmente reconhecido?

Réplica Cristã

Enquanto todas as pressões estavam sendo aplicadas contra as testemunhas de Jeová, sua sede, situada em Brooklyn, Nova Iorque, estabelecia contatos. Uma carta-aberta foi enviada ao Secretário de Estado canadense. Tal carta, também existente nos arquivos oficiais, dizia em parte:

“V. Excia. está ocupado demais em seus assuntos oficiais nesta época para ler com cuidado estas publicações, e tem dependido de outra pessoa para lhe aconselhar quanto ao conteúdo das mesmas. Quer V. Excia. saiba quer não, certa classe de clérigos do Canadá são os homens que dirigem esta campanha de calúnia e injúria contra as publicações acima. . . .

“Quando Jesus foi injustamente condenado diante de Pilatos, aquele regente não julgava que Jesus fosse culpado, mas foi influenciado em suas ações, condenando-o, pelo clero daqueles dias. A História, em certa medida, se repete. . . .

“A grande maioria do clero, imbuída pelo desejo de ser popular e ter a aprovação dos homens, aparentemente negligenciou por completo os deveres do alto cargo que assume. Ao invés de ajudarem na obra de esclarecer devidamente o povo a respeito dos ensinos da Bíblia, estão lançando mais grilhões sobre a humanidade e mantendo-a ainda mais em ignorância.”

Outra carta foi escrita da sede das testemunhas de Jeová semanas depois. Esta foi remetida ao chefe da censura. Indicava-lhe a injustiça de condenar publicações sem observar o direito elementar de uma audiência aos acusados. A carta declarava:

“Com justiça, antes de uma publicação devotada inteiramente à consideração de perguntas bíblicas ser colocada sob proscrição, as partes responsáveis por sua circulação deveriam receber aviso e obter uma audiência, e ter a permissão de trazer à atenção das autoridades do Governo o verdadeiro motivo por trás disso.”

Tal carta demonstrava a verdadeira atitude cristã de confiança total no Grande Juiz, Jeová Deus, pois também dizia:

“Humildemente levamos a mensagem que o Senhor proveu em Sua Palavra, e chamamos a atenção do povo para ela, e, se aqueles que detêm a autoridade acharem por bem excluí-la do povo, precisam assumir a responsabilidade, e esta responsabilidade é perante Deus, e não perante o homem. E Deus, em Sua sabedoria perfeita lidará com eles de Sua própria boa maneira.”

Vitoriosos os Cristãos

A História mostra como foi solucionada por fim a questão. Após a guerra terminar, em novembro de 1918, pôs-se fim à proscrição contra estes cristãos, para desespero do clero. As autoridades do governo canadense acabaram com sua intervenção nos assuntos governamentais, pois prezavam a liberdade e empenhavam-se conscientemente em preservá-la para todos os canadenses, inclusive as minorias religiosas.

O conceito das testemunhas de Jeová, de que “Deus, em Sua sabedoria perfeita, lidará com elas de Sua própria boa maneira”, era amplamente justificado. Com renovada liberdade de pregar, a obra das testemunhas de Jeová se espalhou rápido pelo Canadá, depois daquele tempo. Sua posição firme a favor dos princípios bíblicos tornou-se um ditado naquele país, obtendo o respeito de muitos cidadãos considerados, inclusive autoridades governamentais. Seu ministério público, anunciando o reino de Deus como a única esperança do homem, trouxe enormes bênçãos e resultou em muitos outros canadenses se juntarem à sua obra.

Esta prosperidade e atividade espirituais começaram a ser notadas, em contraste com a condição do clero e das igrejas. As igrejas de novo procuravam um jeito de suprimir as Testemunhas. Os arquivos de Ottawa deixam claro seu papel. O que foi que aconteceu então?

PROSCRITAS AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

O verão de 1940 foi um tempo obscuro para as nações ocidentais que apoiavam a causa dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Os exércitos de Hitler haviam tomado a maior parte da Europa. A França caíra em questão de semanas.

O colapso do poder dos Aliados na Europa mandou ondas de choque por todo o Canadá. Excitamento, temor e suspeita apoderaram-se do povo.

Nesta atmosfera tensa, o Ministro da Justiça canadense, Ernest Lapointe, católico-romano de Quebec, levantou-se na Câmara dos Comuns, em 4 de julho de 1940, para anunciar:

“Desejo colocar sobre a mesa da casa uma ordem do dia declarando ilegal a organização conhecida como Testemunhas de Jeová.”

Começa a Onda de Perseguição

A proscrição de imediato lançou uma onda de perseguição contra estes cristãos inocentes. No próprio dia seguinte, a Polícia Montada começou a dar buscas em suas casas e salões. As testemunhas de Jeová foram detidas e presas simplesmente por possuírem publicações bíblicas que já tinham em suas bibliotecas pessoais por muitos anos!

Em certas áreas, a perseguição se tornou em verdadeira caça às bruxas. Uma reunião para celebrar a Ceia do Senhor (o que as igrejas chamam de “santa comunhão”), foi interrompida em Quebec. Crianças eram expulsas das escolas e levadas para longe de seus pais tementes a Deus. Muitas Testemunhas foram processadas e presas.

Mas, em toda esta perseguição, tais cristãos não foram acusados de nenhuma ação errada. Foram castigados por simplesmente serem testemunhas de Jeová!

John Diefenbaker, parlamentar de Saskatchewan, trouxe isto à atenção da Câmara dos Comuns, afirmando:

“Creio que tenha havido uns quinhentos processos contra as Testemunhas de Jeová, nenhum dos quais teve que ver com atividades subversivas, a inteira ofensa sendo a de pertencerem a uma organização proscrita sob os regulamentos de defesa do Canadá.”

A proscrição suscitou amarga crítica por parte do público. Era óbvio para muitos cidadãos canadianos, inclusive altas autoridades governamentais, que a virulenta campanha contra estes cristãos humildes era totalmente injusta. Angus MacInnis, parlamentar de Vancouver, disse à Câmara:

“Desejo dizer, com toda sinceridade que possuo, que processar e perseguir as Testemunhas de Jeová, sob os regulamentos de defesa do Canadá, é uma desgraça permanente para este país, para o Departamento de Justiça e para o povo canadense.

“Tenho em meus arquivos uma carta que relata um incidente acontecido em Montreal, numa reunião religiosa em que tais pessoas se juntaram com o fito de celebrar o rito da santa comunhão. O lugar recebeu uma batida de dez membros da polícia montada. . . .

“Suponhamos que tal coisa tivesse acontecido quando a igreja católica romana realizasse uma celebração nas ruas de Ottawa, não faz muito tempo. Como faríamos [os céus] ecoarem de protestos!

“Qualquer direito que seja concedido a qualquer organização religiosa no país tem de ser concedido a todas; de outra forma não temos liberdade religiosa no Canadá. Não sei; não consigo entender, por que deva haver esta contínua perseguição contra as Testemunhas de Jeová.”

Outro parlamentar, Sr. A. W. Neill, da Colúmbia Britânica, também discursou sobre o seu próprio conhecimento das testemunhas de Jeová:

“Conheço várias destas pessoas, não vivo muito longe delas, e nunca soube de nenhuma deslealdade entre elas, nem sei de alguém que tenha qualquer acusação desse tipo a fazer contra as Testemunhas de Jeová. Acontece que têm crenças religiosas peculiares, com as quais não concordo, mas que não as tornam prejudiciais ou subversivas. . . .

“No que tange ao meu conhecimento considerável sobre tais pessoas, posso afirmar que há várias delas no distrito que eu represento e que são pessoas decentes e respeitáveis. Quaisquer que sejam suas crenças religiosas, isso não vem ao caso.”

Apesar dos empenhos de acabar com as testemunhas de Jeová, elas continuaram a fazer seu ministério dado por Deus. Privadas de publicações bíblicas, pregaram de casa em casa usando só a Bíblia, lendo textos para confortar as pessoas com a grandiosa esperança da nova ordem de Deus. Continuaram a realizar reuniões, mas em casas particulares, ao invés de em salões públicos.

Também, apesar da opressão, das detenções e maus tratos, muitas pessoas pensantes por todo o Canadá puderam ver além da impostura da oposição. Viram que aqui estavam cristãos fiéis que aderiam fortemente às leis de Deus. Em resultado, o número de testemunhas de Jeová no Canadá cresceu mais rápido do que antes!

Fala a Comissão Governamental

A proscrição fora imposta pelo Ministro da Justiça católico-romano, Lapointe, de forma muitíssimo arbitrária. As Testemunhas não receberam nenhum aviso, nem tiveram uma audiência ou oportunidade de se defender.

Lapointe atuou como promotor, juiz e júri. Embora uma comissão de parlamentares fosse designada para recomendar mudanças nos Regulamentos de Defesa do Canadá, Lapointe rodeou a Comissão e impôs a proscrição em 4 de julho de 1940.

Mas, em 1942, uma Comissão Seleta da Câmara dos Comuns realizou audiências para revisar o que era feito sob os Regulamentos de Defesa do Canadá. Depois de justa audiência, a Comissão, em 23 de julho de 1942, recomendou unanimemente que se levantasse a proscrição. Eis aqui alguns comentários da Comissão, tirados diretamente dos debates oficiais da Câmara dos Comuns canadense:

“Não se apresentou nenhuma evidência perante a comissão, por parte do Departamento de Justiça, que indicasse que, em qualquer tempo, as Testemunhas de Jeová deveriam ter sido declaradas uma organização ilegal.”

“É uma desonra para o Domínio do Canadá que se perseguissem pessoas por suas convicções religiosas da forma em que estas pobres pessoas têm sido perseguidas.”

Demora Aumenta Ira

A recomendação unânime foi feita ao Governo canadense em julho de 1942. Mas, o ministro da justiça a ignorou!

Na verdade, o departamento nessa época contava com novo ministro da justiça, Louis S. St. Laurent. Entrara para o departamento anteriormente, em dezembro de 1941. Mas, St. Laurent também era católico-romano, da cidade de Quebec. E recusou-se veementemente a acabar com a proscrição!

Os membros da Comissão Seleta, cujas recomendações estavam sendo ignoradas, ficaram irados. Fizeram altos protestos quando o assunto foi submetido a debate na Câmara. Os anais oficiais contém a seguinte declaração do parlamentar Angus MacInnis:

“Este fato ainda permanece; isto é, que não se apresentou nenhuma evidência perante esta comissão que justificasse a declaração das Testemunhas de Jeová como organização ilegal. Em minha opinião, trata-se de puro e límpido preconceito religioso que mantém a proscrição.”

O Sr. Victor Quelch, parlamentar de Acadia, acrescentou suas observações:

“Isso deixa uma pessoa imaginando se a ação contra as Testemunhas de Jeová se deve principalmente pela atitude delas para com os católicos-romanos, ao invés de por sua atitude de uma natureza subversiva. . . .

“Propos-se esta pergunta em todo o país. Ela está sendo feita a mim de um extremo ao outro do Canadá.”

Tais comentários chegavam perto da verdade. E logo se ergueu uma barragem de acusações. Tais acusações eram no sentido de que as testemunhas de Jeová estavam sendo perseguidas a pedido da Igreja Católica Romana.

A máscara estava ficando tênue. Mas, a Igreja não se podia dar ao luxo de ver exposto o fato de que se imiscuía na política. Assim, o Ministro da Justiça St. Laurent achou que tinha de agir para encobrir o assunto. Assim, em 14 de outubro de 1943, no auge da Segunda Guerra Mundial, terminou a proscrição!

Tal inversão de posições nesse período crucial da história foi deveras surpreendente. Era real admissão de que não havia base para todas as medidas que haviam sido tomadas contra as Testemunhas.

Mas, será que o fim da proscrição ocultaria a verdade do que realmente ocorrera por trás das cenas? Não, não ocultaria.

Agora, a abertura ao público dos arquivos oficiais do Canadá revela o que deveras aconteceu. E qual era a verdadeira razão de toda aquela perseguição?

VEM À LUZ A VERDADEIRA RAZÃO

Qual era a verdadeira razão da perseguição das testemunhas de Jeová no Canadá durante a Segunda Guerra Mundial? O que se dera realmente nos bastidores? Por que ambos os ministros da justiça manobraram o governo, levando-o a tal posição embaraçosa?

Há de lembrar-se de que ambos ministros da justiça, Ernest Lapointe e Louis St. Laurent, eram católicos-romanos que vieram da cidade de Quebec. E um bem-conhecido autor canadiano, Hugh MacLennan, observou sobre o poder no Canadá:

“O verdadeiro poder não residia na assembléia legislativa, e sim na Igreja Católica.”

O homem que realmente ditava as diretrizes era o cardeal católico-romano Rodrigue Villeneuve. Quando Ernest Lapointe tornou-se ministro da justiça do Canadá, pessoas bem-informadas reconheciam que era primariamente o representante da Igreja Católica.

Arquivos do Governo Revelam a Verdade

Os arquivos do governo, agora públicos, revelam a verdade. Mostram que até mesmo antes de a guerra começar, Lapointe estava sendo inundado de exigências por parte de organizações católicas, para parar as testemunhas de Jeová. A guerra forneceu conveniente camuflagem, atrás da qual o ministro da justiça esperava esconder as intrigas da Igreja Católica Romana.

O ponto-chave foi alcançado quando a seguinte carta, escrita em francês, foi enviada do palácio do cardeal ao secretário particular de Lapointe. Foi escrita em 27 de junho de 1940, por Paul Bernier, chanceler da arquidiocese de Quebec:

“Prezado Senhor:

“Sua Eminência, o Cardeal, ficaria feliz se trouxesse à atenção do Digníssimo Sr. Ernest Lapointe, Ministro da Justiça, o destacado editorial de Quebec anexo, a respeito das publicações da Torre de Vigia ou Testemunhas de Jeová.

“Certos livros e panfletos de novo enviados recentemente pelo correio, em particular o periódico Consolação, constituem o que há de mais desmoralizador e de mais destrutivo da força espiritual do país.

“Agradecendo-lhe de antemão, prezado Senhor, a atenção que se dignar a dar a esta comunicação, suplico que me creia,

A seu dispor, mui devotadamente,

Paul Bernier, Chanceler”

O “destacado editorial” que o escritório do cardeal anexou à carta era do jornal L’Action Catholique. Este jornal era a voz oficial da hierarquia de Quebec. Declarava o editorial:

“Fala-se muito de sabotagem.

“Com boa razão, cuidadosa vigilância é exercida sobre aqueles que poderiam fazer explodir navios sob construção, obras explosivas, etc. Mas, há agentes de sabotagem mais perigosos ainda; são as pessoas que preparam a mente e o coração para a atividade subversiva, por semearem idéias revolucionárias e avivar sentimentos de revolta.

“Entre estes inimigos públicos, não há nenhuns mais hipócritas e mais prejudiciais do que as Testemunhas de Jeová e seus agentes.

“A qualquer hora do dia, em uma paróquia ou outra no interior ou na cidade, esta seita perigosa distribui seus folhetos venenosos . . .

“Seja qual for o caso, declaramos, sem hesitação alguma, que as autoridades deviam fazer mais para proteger o público neste âmbito.”

Este editorial, e a carta acompanhante enviada ao secretário particular de Lapointe, eram na realidade uma exigência do cardeal para que Lapointe declarasse ilegais as testemunhas de Jeová. Lapointe sabia que seu poder dependia do cardeal. Portanto, estava pronto a acatar.

Rápido Acatamento

O seguinte item deste drama de segredo e intriga é a seguinte carta enviada ao palácio do cardeal uma semana depois, em 4 de julho de 1940. Era do secretário particular do ministro da justiça, Lapointe. Dirigida ao chanceler, Paul Bernier, dizia:

“Sr. Chanceler:

“Ao receber sua carta de 27 de junho, decidi cumprir o desejo de Sua Eminência, o Cardeal, de trazer à atenção do Ministro as suas representações, bem como o editorial publicado em L’Action Catholique com respeito à Torre de Vigia, Testemunhas de Jeová e Consolação.

“O Sr. Lapointe me concedeu a permissão de lhe transmitir por telefone a informação confidencial de que dita organização das Testemunhas de Jeová, a partir de hoje, seria declarada ilegal, junto com a solicitação de que Sua Eminência, o Cardeal, seja informado disto.

“Esta carta visa confirmar aquilo que acabei de lhe dizer pelo telefone.

“Compreendo que Sua Eminência, o Cardeal será devidamente informado da ordem do departamento sobre as Testemunhas de Jeová.

“Queira aceitar, Sr. Chanceler minhas expressões de gratidão e meus mais calorosos votos.”

A carta estava assinada pelo secretário particular de Lapointe. Assim, desde a ocasião da exigência do cardeal, passaram-se apenas sete dias para que fosse imposta a proscrição contra as testemunhas de Jeová!

Assim, pelos próprios registros oficiais do governo, a verdade acha-se agora revelada. A proscrição contra as testemunhas de Jeová foi maquinada diretamente do palácio do cardeal católico-romano na cidade de Quebec.

Que vergonhoso registro apresenta o clero neste respeito! Houve falsas acusações de inimigos religiosos, arquivos secretos, influência oculta, nenhuma possibilidade de resposta, e decretos arbitrários visando destruir a liberdade de se adorar a Deus. Foram todas essas as práticas odiosas e malignas da malfamada Inquisição usadas nos tempos modernos pela Hierarquia Católica Romana no Canadá para prejudicar pessoas inocentes que ousaram proclamar as verdades da Palavra de Deus!

O Que Se Pode Aprender Disso?

Todas as informações precedentes, agora reveladas pelos próprios arquivos do Canadá, mostram como pode ocorrer a perseguição de pessoas inteiramente inocentes. Nenhum governo que seja cônscio de seu dever básico de fazer justiça gostaria de ser responsável por tais ações erradas sob o manto da lei. A injustiça para com certa minoria coloca em descrédito a lei e tal governo.

Deve-se dar o crédito aos homens de elevado espírito público no Parlamento o terem eles compreendido o erro e acabado com o abuso do poder oficial. A firmeza daqueles que falaram abertamente a favor da justiça deve ser elogiada. Lamentavelmente, aconteceu tarde demais para impedir muitas das vergonhosas injustiças da proscrição.

Estes eventos apontam para o fato de que não é a função do governo humano decidir entre religiões. Não se pode legislar nem decretar a fé. Assim, quando as autoridades públicas forem pressionadas a intervir na liberdade de adoração, devem exercer cautela. Devem adotar o espírito do filosófico Ministro Holmes, que disse: “A melhor prova da verdade é o poder da idéia de conseguir ser aceita na competição do mercado.”

Isto é similar à sabedoria contida no conselho de um juiz bem anterior, Gamaliel, que sentou-se para ouvir acusações contra os apóstolos de Jesus Cristo. Disse Gamaliel aos co-membros da corte:

“Não vos metais com estes homens, mas deixai-os em paz; (porque, se este desígnio ou esta obra for de homens, será derrubada; mas, se for de Deus, não podereis derrubá-los;) senão podereis talvez ser realmente achados como lutadores contra Deus.” — Atos 5:38, 39.

E foi exatamente isso que aconteceu no Canadá — os líderes eclesiásticos deveras lutaram contra uma obra comissionada por Deus e, por isso, contra Deus. Qualquer pessoa que lute contra Deus tem de perder. Prova disso se vê que, hoje em dia, as igrejas no Canadá, em especial a Igreja Católica Romana, estão numa condição de rápido declínio. Sacerdotes, freiras, ministros, seminaristas e o povo comum igualmente abandonam as igrejas em vastos números. Vez após vez os líderes das igrejas uivam e clamam por causa da deterioração que ocorre. Expressam profunda preocupação que as igrejas, e o clero, não demorem muito a ser extintos.

A pergunta que confronta muitos canadenses agora é a seguinte: Continuarão a apoiar tais religiões e, assim, endossar seus crimes contra a liberdade, sim, contra pessoas que procuram fazer a vontade de Deus? Grandes números desejam ver-se livres de tal culpa.

Atualmente, a obra das testemunhas de Jeová no Canadá prospera como nunca antes! Jamais tantas pessoas se juntaram a elas em suas reuniões. Por quê? Porque se tornaram bem conhecidas como as pessoas que realmente estudam e ensinam o que se acha na Bíblia, e aplicam sinceramente os princípios dela em sua vida.

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