Grandes operações sem sangue
NÃO faz muito tempo, a transfusão de sangue era considerada parte rotineira duma grande operação. Quase todos os médicos achavam que tinham de usá-la.
Hoje, isso não mais acontece. Crescente número de médicos reconhecem agora que podem operar com êxito sem transfundir sangue. Desenvolveram novas técnicas para conseguir isso. E estes novos métodos são muitíssimo apreciados pelo crescente número de pacientes que não querem transfusões de sangue.
Também, os médicos descobriram que os novos métodos são superiores aos antigos em certos aspectos importantes. Assim, como regra geral, amiúde recomendam agora estes novos processos a seus pacientes.
Por Que Tal Tendência?
Por que tal tendência para a cirurgia exangue? Alguns motivos são observados num despacho da “Associated Press” que declara: “Dois alvos da cirurgia sem sangue são evitar os perigos potenciais das transfusões, inclusive transmitir a doença do fígado, hepatite, e reduzir a necessidade de doadores de sangue.”
Os perigos da transfusão de sangue são agora amplamente reconhecidos. Conforme relatado no número de 22 de maio de 1974 da Despertai! em inglês, cada ano milhares de pessoas são mortas e dezenas de milhares de outras sofrem danos de transfusões de sangue. Isto se deve a fatores tais como agentes infecciosos e doenças transmitidas pelo sangue (em especial a hepatite), a erros técnicos (por exemplo, sangue de tipagem errada), e reações alérgicas. Os peritos admitem francamente não existirem testes que possam eliminar totalmente tais riscos. Daí afirmar o Dr. Stanley Dudrick, cirurgião-chefe dum hospital de Filadélfia: “Nós não damos mais um frasco de sangue, quer queiram quer não.”
Contudo, há outro motivo pelo qual novas técnicas foram aperfeiçoadas para se eliminar a transfusão de sangue nas operações. Conforme observa o Times de Palo Alto, Califórnia: “A necessidade de desenvolver técnicas cirúrgicas que não exigissem transfusões de sangue foi estimulada, em parte, pelas limitações às formas usuais de cirurgia impostas pela fé das Testemunhas de Jeová, cuja religião se opõe à transfusão do sangue de doadores.”
As testemunhas de Jeová não tomam sangue. Rejeitam esta forma de tratamento médico porque a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, exige que os cristãos se ‘abstenham de sangue’. (Atos 15:20) Por isso, procuram médicos que forneçam algum tratamento alternativo quando precisam duma operação.
De início, quase todos os médicos que não eram testemunhas de Jeová recusavam-se a fazer as operações mais difíceis sem sangue. Mas, gradualmente, alguns vieram a avaliar a necessidade de ajudar as testemunhas de Jeová da melhor forma possível e aceitaram o desafio de encontrar meios de fazer operações sem sangue. Ao resultarem bem sucedidos os novos métodos, maior número de médicos começaram a usá-los.
Muitos destes médicos são bem-conhecidos em suas comunidades locais. Nos Estados Unidos, os nomes de muitos se acham agora incluídos numa lista mantida na sede das testemunhas de Jeová em Brooklyn. Tal lista não subentende endosso dum médico, mas é mantida para a conveniência de pessoas que precisam duma operação, mas que não conhecem um cirurgião que a faça sem sangue.
Podem os novos métodos ser usados em todos os tipos de operação? Sim. E tais operações incluem as mais delicadas e as mais complicadas sobre órgãos vitais.
Cirurgia de Coração Aberto “Sem Sangue”
Tempos atrás, os médicos consideravam inimaginável fazer uma operação de coração aberto sem ter a opção de usar sangue. É de interesse, portanto, ver como se desenvolve com o correr dos anos a cirurgia de coração sem se usar sangue.
Entre os pioneiros no campo achavam-se as equipes médicas de Houston, Texas. Avaliavam que simplesmente recusar-se a operar testemunhas de Jeová era desarrazoado visto que, em alguns casos, tal recusa eqüivaleria a automática sentença de morte.
Assim, em 1962, tais médicos começaram a imaginar métodos para aceitar os casos de testemunhas de Jeová que outros médicos recusaram. Um dos primeiros relatórios sobre tal cirurgia foi publicado em The American Journal of Cardiology, de junho de 1964. Num artigo intitulado “Cirurgia de Coração Aberto Feita em Testemunhas de Jeová”, os Drs. Denton A. Cooley, E. Stanley Crawford, James F. Howell e Arthur C. Beall Jr., explicaram algumas de suas técnicas exangues.
Para habilitar a equipe cirúrgica a operá-lo, talvez seja necessário fazer o coração parar por um período de tempo. O bombeamento é transferido para uma máquina “coração-pulmões”, que mantém o fluxo do sangue e seu oxigênio vital para todas as partes do corpo. Tem sido prática comum o uso de cerca de um litro e meio de sangue para acionar suas bombas e encher sua tubulação e reservatório de sangue antes de a máquina ser ligada ao paciente. O que usaram tais médicos em lugar disso? Relataram:
“A técnica desenvolvida em nossa clínica também permite o uso de 5% de dextrose [açúcar simples] em água destilada para acionar a unidade extra-corpórea sem a adição de sangue. A solução contém 25 mg de heparina por 1.000 ml de solução para evitar depósitos de fibrina no oxigenador. O volume acionador consiste em 20 a 30 ml de solução de dextrose por quilo de peso corpóreo [cerca de três quartos de galão (três litros) para uma pessoa de 150 libras (68 quilos)].”
Também, visto que não podiam usar nenhum sangue durante a operação, os cirurgiões tinham de ser mais cautelosos, dando mais do que a atenção usual à “hemostasia”. Este é o estancamento do fluxo de sangue dos vasos rompidos. Devido a esta necessidade, desenvolveram-se várias técnicas novas agora em amplo uso.
A experiência continuada com as testemunhas de Jeová confirmou as crenças destes primitivos pioneiros das operações sem sangue. Daí, depois de cerca de uma década de operações a coração aberto, sem sangue, foi publicado pelo The American Journal of Cardiology, de fevereiro de 1972, um relatório sobre o trabalho destes médicos de Houston. Abrangia, em especial, a cirurgia realizada nos Hospitais Infantis do Texas, do Instituto de Cardiologia de S. Lucas, Texas, em Houston. Escrito pelos médicos John R. Zaorski, Grady L. Hallman e Denton A. Cooley, o relatório dizia, em parte:
“Desde 1962, acionadores sem sangue têm sido utilizados rotineiramente em mais de 5.000 operações nesta instituição, com excelentes resultados; e várias centenas destas operações foram realizadas preferencialmente sem transfusões de sangue em pacientes que, na maioria, não eram Testemunhas de Jeová. . . .
“Os pacientes que são Testemunhas de Jeová nesta série receberam o mesmo tratamento que todos os demais pacientes, exceto que todos os pacientes que eram Testemunhas receberam ferro injetável antes e depois da operação, e não se manteve em reserva nenhum sangue para eles no banco de sangue. O único fluido que receberam foi a solução acionadora administrada por via intravenosa, de dextrose em diluente salino ou a solução de lactato de Ringer.”
O relatório mostrava que, no inteiro período abrangido, apenas uma testemunha de Jeová morreu, sendo a causa “atribuída à anemia”. Tal morte ocorreu três dias após a operação.
A conclusão geral deste relatório foi a seguinte: “Cremos que nossa experiência demonstra ser exeqüível a cirurgia a coração aberto nas Testemunhas de Jeová e, ademais, indica que a transfusão de sangue pode e deve ser usada esparsamente para reduzir a morbidez e a mortalidade em todos os pacientes.”
Outros Passam a Usar Novos Métodos
À medida que se obtinha experiência e esta era anunciada, outros cirurgiões começaram a usar métodos similares exangues (sem transfusões) em casos de cirurgia a coração aberto, como serviço prestado às testemunhas de Jeová. Por exemplo, em 1970, o Dr. Charles W. Pearce fez uma operação exangue de coração aberto em uma testemunha de Jeová no Hospital Metodista de Nova Orleans. O Dr. Pearce, que serviu por vários anos como investigador para a Associação Estadunidense de Cardiologia, foi auxiliado na operação pelo Dr. White Gibson. A respeito desta cirurgia, interessante relato na primeira página de The Sentry News, de Slidell, Louisiana, relata:
“Muitos médicos residentes e médicos visitantes não conseguiam entender como isso podia ser feito, e foram admitidos na sala de cirurgia para testemunhar esta operação incomum. Tantos, efetivamente, que o hospital esgotou seus aventais cirúrgicos.”
O fato de que outros médicos não podiam entender como isso poderia ser feito demonstra a urgente necessidade de os médicos se atualizarem quanto às aprimoradas técnicas cirúrgicas. Também, mostra que há necessidade de não rejeitarem todas as técnicas que fogem do que se consideram métodos “comuns e aceitos”.
No caso deste paciente, observado por tantos outros médicos, expressou-se surpresa com a rápida recuperação. Com efeito, uma auxiliar de enfermagem o apelidou de “Sr. Veloz”. Apenas dez dias após a operação, teve alta hospitalar. A notícia declarava sobre as experiências de cirurgia exangue do Dr. Pearce:
“O cirurgião disse crer que o método usado resultou proveitoso não só para as Testemunhas de Jeová, mas também para a maioria dos pacientes que sofrem operações a coração aberto.
“‘Recentemente usamos esta técnica em 100 operações consecutivas a coração aberto para corrigir defeitos cardíacos congênitos’, explicou ele, ‘e só houve uma mortalidade’.
“O famoso cirurgião disse que este método que não usa sangue virtualmente elimina a possibilidade da hepatite infecciosa. Disse que também reduz a possibilidade de reações alérgicas . . . que reduz as reações mais graves de choque . . .
“Quando se usa sangue, as funções do coração, dos pulmões e dos rins às vezes se tornam prejudicadas durante o período inicial que segue a cirurgia a coração aberto, explicou o Dr. Pearce. ‘Mas, com a técnica usada . . . a função destes órgãos é quase sempre satisfatória’, adicionou ele.”
Mais Difundidas Agora
Notícias de todo o mundo mostram que, nos últimos anos, operações sem sangue dentre as mais difíceis intervenções, tais como as de coração aberto, tornaram-se muito difundidas e aceitas em instituições médicas de alta reputação. Por exemplo, um especialista do coração de Johannesburg, África do Sul, realizou uma delas em uma jovem de 14 anos, que era testemunha de Jeová. O Sunday Times de lá noticiou que ela teve “fantástica recuperação”, passando apenas um dia na seção de tratamento intensivo.
Em Spokane, Washington, uma equipe cirúrgica agora faz intervenções a coração aberto em testemunhas de Jeová sem usar sangue. O Times de Seattle descreve seu método: “Os médicos adotaram uma técnica com acionador sem sangue, usando apenas uma solução de dextrose (açúcar) e água, ou a solução de açúcar e água com o lactato de Ringer (solução terapêutica comum, feita de cloreto de sódio, cloreto de potássio e cloreto de cálcio).” Observaram que não houve resultados negativos.
Em São Francisco, um paciente de 54 anos precisava muitíssimo duma operação do coração. Era uma das testemunhas de Jeová. Foi a primeira experiência do Dr. Elias Hanna e sua equipe com tal cirurgia sem sangue num caso a coração aberto. Depois de uma operação de menos de uma hora e quinze minutos, o Dr. Hanna disse sobre o paciente: “Está recuperando-se fenomenalmente, considerando-se tudo o que fizemos nele.”
Numa carta que o Dr. Jerome H. Kay, de Los Angeles, escreveu à revista Despertai!, em novembro de 1973, também observou que sua equipe agora faz operações a coração aberto, sem sangue, na maioria de seus pacientes. Acrescentou o Dr. Kay: “Tem sido um prazer operar pacientes que são Testemunhas de Jeová. Não damos a tais pacientes nenhum sangue, nem substitutos do sangue.”
É óbvio que, se tais operações complexas, como as que envolvem o coração, podem ser feitas com êxito sem sangue, outras também podem. Este resultou ser o caso. Fortalecidos agora pela experiência e pelo êxito de outros, mais médicos do que nunca estudam as novas técnicas e as aplicam.
Outras Operações sem Sangue
Em Wellington, Nova Zelândia, removeu-se de uma jovem de 15 anos um tumor no cérebro, numa operação complicada — sem se usar nenhum sangue. A operação foi um êxito total, e ela teve permissão de voltar para casa apenas uma semana depois!
Em Milwaukee, médicos operaram um jovem de 16 anos que tinha dilacerado uma grande artéria em seu peito. Perdera mais de um litro de sangue e iria perder mais na operação. O Free Press de Detroit noticiou que os médicos “usaram solução salina para substituir o sangue perdido enquanto usavam um tubo de dacron para substituir a parte dilacerada da aorta”. Ao concluir a intervenção, a contagem de glóbulos vermelhos do paciente era apenas um terço da normal. Mas, os médicos disseram que, com suplementação de ferro, e uma dieta alta em proteínas, o corpo do jovem substituiria o sangue perdido em questão de semanas.
O Journal of Medicine do Estado de Nova Iorque continha um artigo intitulado “Extensivas Operações Urológicas sem Transfusão de Sangue”. Foi escrito pelos médicos Philip R. Roen e Francesca Velcek, do Departamento de Urologia do Hospital S. Barnabé em Nova Iorque. Os médicos diziam:
“Nossas experiências com as Testemunhas de Jeová que exigiam processos operatórios demonstrou-nos que as transfusões de sangue não são necessariamente essenciais, mesmo quando os níveis de hemoglobina são baixos — chegando até a 5 Gm por 100 ml em um de nossos casos!
“Isto indica que esta experiência em evitar-se a transfusão de sangue pode ser aplicável a esmagadora porcentagem de casos, mesmo se o paciente permitir tal transfusão de sangue. A única exigência é uma cuidadosa e mais meticulosa técnica operatória. Temos adotado este proceder em todos os nossos casos, e a transfusão de sangue é um evento muitíssimo incomum em nossas mãos. . . .
“Embora outros tenham empregado técnicas especiais para reduzir a sangria e o risco operatório, tais como a hipotermia induzida, a hipotensão deliberadamente provocada, o uso de expansores colóides do sangue, e assim por diante, não recorremos a tais medidas. A intervenção cirúrgica se deu com uma técnica operatória mui meticulosa, sublinhando-se a poupança de cada mililitro de sangue possível e a substituição do sangue perdido por uma simples solução cristalóide, a saber, a solução de lactado de Ringer. Os resultados têm sido muitíssimo satisfatórios.
“É recompensador, ademais, não ter de preocupar-nos com as complicações das transfusões de sangue como as reações alérgicas e hemolíticas, obstrução renal, e hepatite.”
Que “fórmula” específica usam estes médicos para substituir o sangue perdido antes ou durante a cirurgia? Afirmam:
“Nosso próprio método em cuidar destes pacientes tem sido o de empregar apenas a solução de lactato de Ringer para substituir o sangue. Não se emprega nenhuma fórmula específica, mas em geral usamos três vezes o volume deste fluido em relação com a perda contínua de sangue.
“Embora a solução isotônica de dextrose e a solução salina isotônica sejam amplamente usadas, uma fórmula ‘balanceada’ é melhor — a solução de Ringer contém potássio e cálcio em adição ao sódio e ao cloreto. Deve-se notar que o cálcio e o potássio só estão presentes no soro ‘fisiológico’ e este preparado não visa substituir os déficits destes íons.
“A solução ‘reforçada’ de Ringer contém lactato de sódio. A solução costumeira de Ringer possui efeito ligeiramente acidificante; o lactato de Ringer tende a superar esta tendência acidificante e, por conseguinte, é a solução cristalóide preferida para a administração intravenosa.”
Também, extensivas operações abdominais, tais como resecções (remoções) do estômago e dos intestinos em casos de malignidade agora são feitas muitas vezes sem sangue.
Perguntas Escrutinadoras
Em vista de tais êxitos, é digno de nota o seguinte comentário dos Doutores Roen e Velcek. Disseram: “Na maioria dos casos, os médicos e as autoridades hospitalares recusaram operar as Testemunhas de Jeová por causa do problema das transfusões de sangue. Argumentamos ser errado negar-se a operar tais pessoas, não importa quão extensiva seja a cirurgia contemplada.”
Tais médicos citam um caso após outro de Testemunhas a quem foram recusadas operações em outras partes e então vieram ao Hospital S. Barnabé e foram operadas ali com êxito, sem sangue. Os êxitos nas operações sem sangue, feitas por outros cirurgiões peritos, em todo o mundo, confirmam sua conclusão.
Deveras, deve-se dizer que, hoje em dia, os médicos que ainda se recusam a operar as testemunhas de Jeová, a menos que se use sangue, expõem a si mesmos. Ao passo que, sem dúvida, são sinceros, a pessoa tem de perguntar então: Por que eles se recusam? Não estão a par do que cirurgiões de destaque altamente respeitados, fazem em outras partes do mundo, ou em seu próprio país, até mesmo em seu próprio estado ou em sua própria cidade? É possível que seu treinamento e condicionamento passados os deixaram bitolados, indispostos a progredir junto com os últimos desenvolvimentos no campo médico? Talvez, em alguns casos, aconteça que simplesmente não confiam em sua própria perícia? Ou poderia o preconceito religioso até mesmo entrar no assunto?
À luz dos acontecimentos modernos na medicina, não há desculpa para qualquer médico tentar forçar transfusões de sangue em pessoas que não as desejam.
Processos Adicionais
Nem os exemplos citados acima esgotam os métodos agora usados ou sendo investigados na cirurgia sem sangue. Outra prática que resultou muito útil tem que ver com fortalecer bem o sangue do paciente antes, quando o tempo permite, e depois da cirurgia. Vários nutrientes são ministrados ao paciente, tais como ferro, vitaminas e aminoácidos. Desta forma, embora haja perda de sangue na operação, o sangue restante poderá suportar melhor a carga. Os nutrientes também ajudarão o corpo a substituir o sangue perdido. Certo médico que usa este coadjuvante da operação real, declarou: “É surpreendente quão rápido se recuperam os pacientes” em resposta ao fortalecimento.
Outro processo tem sido desenvolvido pelo Dr. James E. Eckenhoff, deão da Faculdade de Medicina da Universidade Northwestern. Este envolve a hipotensão, a redução da pressão sanguínea, para reduzir a perda de sangue. Diz-se ser útil na cirurgia da cabeça, e pescoço, e nas extremidades superiores, na neurocirurgia e na cirurgia plástica.
Daí, há a forma de cirurgia sem sangue chamada criocirurgia. Esta envolve o uso de frio extremo para reduzir a perda de sangue. Tem sido usada para remover tumores malignos e para tratamento de certas moléstias. Um dos médicos que trabalhou com este método é o Dr. Irving S. Cooper, do Hospital S. Barnabé, em Nova Iorque.
Outra idéia se originou do médico de Nova Iorque, Lewis Balamuth. Obteve uma patente para um bisturi que vibra em altíssima velocidade, a mais de 30.000 golpes por segundo. A distância coberta pelo golpe é de apenas cerca de cinco milésimos de polegada. Os vasos sanguíneos cortados são, ao mesmo tempo, cauterizados, fechados pelo calor da fricção. Diz-se que tal método é útil em eliminar a necessidade da sutura de certas veias e artérias rompidas, e talvez represente um aprimoramento das técnicas de eletrocauterização em uso por parte de muitos cirurgiões nos últimos anos.
Fluorocarbonos
É também de interesse certo aperfeiçoamento ainda em estágio experimental. Tem que ver com a necessidade que o corpo tem de oxigênio. Normalmente, esta necessidade é satisfeita pelos glóbulos vermelhos, que captam o oxigênio dos pulmões. O coração bombeia o sangue oxigenado por todo o corpo, onde o oxigênio é liberado às bilhões de células que precisam dele para sua função normal. No entanto, os expansores do volume do plasma usados agora não podem transportar o oxigênio. Assim, quando há perda muito grande de sangue, reduz-se a habilidade do corpo em transportar oxigênio.
As experiências envolvem o que são chamados de fluorocarbonos capazes de transportar o oxigênio. Trata-se de compostos orgânicos em que os átomos de hidrogênio foram substituídos pelo flúor. Um obstáculo tem sido a sua tendência de acumular-se nos tecidos do corpo, com efeitos imprevisíveis. No entanto, a revista Science relata que fluorocarbonos mais recentes foram desenvolvidos que são eliminados rapidamente dos corpos de animais de laboratórios.
Os cientistas acautelam, contudo, de que, atualmente, não é possível relacionar tais experiências em animais com efeitos práticos nos humanos. Também, observam que tais fluorocarbonos estão longe de ser substitutos totais do sangue. O sangue contém centenas de outras substâncias químicas e estruturas, além dos glóbulos vermelhos, com a capacidade de transportar oxigênio. Assim, resta provar se tal pesquisa chegará a resultar em alguma ajuda prática para os humanos.
Destarte, pode-se ver, de todos os esforços acima-mencionados, e de outros também, que se faz um bom trabalho para honrar os desejos dos pacientes que não querem transfusões de sangue. Cirurgiões altamente peritos já inventaram métodos de se eliminar o sangue durante as operações, com resultados muito recompensadores. À medida que se consegue mais neste sentido, podem-se esperar outros resultados benéficos.