Quando a honestidade é um modo de vida
O QUE faria se achasse, na rua, uma sacola contendo US$ 25.000 (cerca de Cr$ 375.000,00 então) em notas pequenas? Um motorista de caminhão, de Brooklyn, Nova Iorque, EUA, recentemente confrontou esta mesma situação. A sacola caíra, sem ser notada, de um carro blindado, durante pequeno acidente.
Por entregar esta quantia à polícia, o motorista de caminhão sofreu muitas zombarias de seus colegas, que o fizeram lembrar o que eles poderiam ter feito e teriam feito com o dinheiro, caso o tivessem achado. Os investigadores que cuidaram do incidente declararam que a honestidade desse motorista era “surpreendente para esta cidade”. Outro declarou ainda mais: “Em dezoito anos de trabalho na polícia, nunca vi algo igual. E se ainda ficar por aqui outros dezoito anos, duvido que o veja de novo.” Sim, pois não é verdade que dificilmente se passa um dia sem que haja notícias de ampla desonestidade, tapeação ou corrução por parte de pessoas de todos os tipos?
No ano de 1976, escândalos maciços de subornos internacionais abalaram a Itália, o Japão, a Bélgica e os Estados Unidos, entre outros países. Antigos primeiros-ministros, ministros de Estado e até mesmo um príncipe europeu foram acusados de extensiva corrução. Centenas de cadetes duma prestigiosa academia militar dos EUA foram expostos como colando nas provas e foram expulsos.
A riqueza e a posição parecem ter pouco que ver com tal desonestidade. Várias figuras de projeção do mundo das diversões foram processadas por usarem instrumentos eletrônicos, chamados “caixas azuis” para fazerem telefonemas interurbanos demorados, sem pagá-los. O diretor de gigantesca firma eletrônica demitiu-se depois de reconhecer não ter pago imposto de renda durante cinco anos, e uma opulenta figura da alta sociedade declarou-se culpada perante acusações de reduzir drasticamente o faturamento, a fim de diminuir as taxas alfandegárias de vestidos trazidos de Paris.
Para muitos, parece que as oportunidades de se ser desonesto soam uma nota acolhedora para quase todos. Quando as caixas de um supermercado de Paris recentemente entraram numa greve não aprovada por seu sindicato, para exemplificar, mais de mil fregueses saíram com mais de Cr$ 510.000,00 em mercadorias, antes de se pôr um freio nisso. A Associação Americana de Bibliotecas calcula que livros no valor de cerca de Cr$ 4.250.000.000,00 são roubados, anualmente, por pessoas de todas as espécies, mas, os piores culpados, afirma ela, são “estudantes de medicina e de direito” — as próprias pessoas que se esperava fossem exemplos de integridade.
Entre muitos operários, veicula o Times de Nova Iorque, “receber cheques de seguro de desemprego, enquanto evitam empregar-se, parece ter-se tornado um modo de vida”. Como se expressou um colunista muito lido: “Todo o mundo, pelo que parece, está aproveitando, enquanto a ‘boca’ é boa.”
“Doença do Caráter”
Mas, que dizer da religião? Será que as igrejas tendem a restringir a desonestidade entre seus membros? Dificilmente, observa George Plagenz, editor religioso do Press de Cleveland. “A tapeação, e outra conduta questionável, . . . abrange até mesmo membros conceituados da comunidade mediana dos freqüentadores de igrejas.” Plagenz também faz a observação reveladora: “Não é que não consideram a tapeação como sendo pecado. O caso é que não consideram que aquilo que fazem é tapeação.”
Por isso, muitos que praticam alguma forma de desonestidade não acham que aquilo que fazem é realmente errado. Disse certo executivo aeronáutico, condenado por aceitar suborno: “Isso está no esquema do serviço . . . veio naturalmente.” Aqueles que apresentam reclamações inflacionadas de seguros de acidentes amiúde arrazoam: “As seguradoras esperam coisas assim. Já incluíram isso nos prêmios. Só um tolo é que não apresenta um pedido alto.” Mas quem paga isso no fim das contas?
Alguns estudantes acham que ser honestos os coloca em desvantagem injusta, quando todos os demais estão colando nas provas. Outros crêem que tapear seu patrão ou o governo significa apenas corrigir uma injustiça. As grandes firmas e altos escalões tapeiam a pessoa mediana, arrazoam; assim, por que não desforrar-se daqueles que sempre o estão roubando? “De qualquer forma”, crêem muitos, “são tão grandes que jamais sentirão tal perda”. Mas, de novo, quem paga isso no fim das contas? Não é todo o mundo que paga, por meio de preços mais altos, provocados por tal desonestidade?
O modo como alguns encaram suas práticas desonestas é revelado por uma declaração irada dum médico, condenado por açambarcar enormes lucros fraudulentos através do programa médico governamental, nos EUA. Ele declarou perante uma subcomissão do Senado dos EUA que tirara “proveito dum sistema repulsivo, um sistema que virava as costas e não se importava”. Seu advogado adicionou que “estão aqui para queixar-se de um sistema que é tão ruim que, virtualmente, incentiva tais ações”.
Mas, por que teria um sistema de vigiar a todos? E, queixar-se de que o sistema “incentiva” a desonestidade, não é como o pivete ou trombadinha que se queixa de que as pessoas idosas a quem ele ataca “incentivam-no” a cometer crimes por se tornarem alvos tão fáceis? Não, o problema não é que o sistema exerce pouca vigilância. “De algum modo, há uma explicação mais profunda, mais aflitiva”, comenta um colunista bem conhecido. “Trata-se de uma doença do caráter, e só Deus sabe como curá-la.” — Atlanta Constitution, 2 de set. de 1976.
Curar a Desonestidade
A realidade é que Deus sabe curar essa grassante “doença do caráter”, e a está curando entre milhões de pessoas. Tome, para exemplificar, o entregador de Brooklyn que encontrou aquela sacola de dinheiro, com Cr$ 375.000,00, e a levou à polícia. O que o moveu a fazê-lo? A notícia, no Long Island Press, cita-o como afirmando: “Como Testemunha de Jeová, procuro sustentar os ensinos da Bíblia em minha vida diária. Indicamos Hebreus 13:18.” Ali, a Bíblia diz sobre os cristãos: “Confiamos ter uma consciência honesta, visto que queremos comportar-nos honestamente em todas as coisas.”
Por isso, a força motivadora dos princípios bíblicos pode sobrepujar a desonesta “doença do caráter”, que prevalece entre tantos. Pessoas de todas as nações e formações, e que verdadeiramente tornam tais princípios o seu modo de vida, são conhecidas por sua honestidade. À guisa de exemplo, sob a manchete “O Pessoal da Torre de Vigia É Honesto”, o Times, principal jornal de Zâmbia, noticiou que “a direção da Feira de Amostras de Zâmbia emprega membros das [Testemunhas de Jeová] para controlar os portões — por causa de sua honestidade”.
Certo dirigente explicou que, no passado, ocorriam déficits de até K500 (uns Cr$ 13.000,00), ao passo que, sob as Testemunhas, o déficit era de “surpreendentes 40n [Cr$ 10,50]”. Comentou o dirigente: “Pode-se entender por que a direção prefere o pessoal da Torre de Vigia.” “São tão honestos que, nos últimos três anos, a direção não teve problemas com a receita.” — 4 de julho de 1974.
Não é o caso de tais pessoas terem nascido com inclinações naturais para a honestidade. Muitas, anteriormente, eram justamente o contrário. Mas, tais pessoas transformam sua vida para ajustar-se às normas de honestidade que logo prevalecerão por toda a terra, quando Deus trouxer seu prometido sistema justo de coisas. A diferença na personalidade das pessoas que então viverem será tão grande que a Bíblia chama esse sistema de “novos céus e uma nova terra”, em que “há de morar a justiça”. Por que não verifica como esse grupo de pessoas aprendeu a fazer da honestidade o seu modo de vida? — 2 Ped. 3:13.