BIBLIOTECA ON-LINE da Torre de Vigia
BIBLIOTECA ON-LINE
da Torre de Vigia
Português (Brasil)
  • BÍBLIA
  • PUBLICAÇÕES
  • REUNIÕES
  • g80 22/1 pp. 17-20
  • A vida no Calaári

Nenhum vídeo disponível para o trecho selecionado.

Desculpe, ocorreu um erro ao carregar o vídeo.

  • A vida no Calaári
  • Despertai! — 1980
  • Subtítulos
  • Matéria relacionada
  • Testemunhar no Calaári
  • A Pecuária no Calaári
  • Adaptação à Vida no Deserto
  • Engenhosidade no Uso dos Veículos Motorizados
  • “Achar” o Rastro
  • Dicas Para Sobrevivência
  • Memórias
  • O esplendor da areia
    Despertai! — 2003
  • Fantásticas dunas do litoral polonês
    Despertai! — 2004
  • As esculturas móveis da Namíbia
    Despertai! — 2001
  • Conheça o discreto gato-do-deserto
    Despertai! — 2013
Veja mais
Despertai! — 1980
g80 22/1 pp. 17-20

A vida no Calaári

Do correspondente de “Despertai!” na África do Sul

“ONDE a água secou” — este é deveras um nome apropriado para um deserto. E esse é o que alguns crêem ser o significado da palavra em tsvana kgalagadi, ou calaári.

“Um ermo sem vida” é a descrição que talvez nos venha logo à mente quando pensamos num deserto. Mas, isto não se enquadra no Calaári, que abrange grande área da província setentrional do Cabo, da África do Sul, a parte oriental do Sudoeste Africano e a parte central e ocidental de Botsuana.

Algumas seções desta região são planas, arenosas, e recobertas de vegetação arbustiva, de grandes árvores espinhosas e de grama. Outras partes, como a seção no interior do Sudoeste Africano, consistem em quilômetros de dunas ondulantes que apresentam, em geral, o mesmo tipo de vegetação. Algumas destas dunas têm mais de 30 metros de altura. Diferentes daquelas do Deserto da Namíbia, na costa oeste do Sudoeste Africano, não são pontudas e irregulares; são ressaltos longos, arredondados, comparáveis a gigantescas ondas. Extensões planas, conhecidas localmente como “streets” (ruas), separam as dunas a uma distância de 100 a 300 passos, ou mais.

Guiar um veículo por partes do Calaári, com freqüência sobre leitos secos de rios, é como viajar por um parque de animais de caça. Além de camundongos, gecos, ou mangustos, que atravessam correndo a trilha, de modo contínuo, poder-se-ia subitamente defrontar pequenina e peluda raposa-de-orelha-de-morcego ou um chacal jubado, um ou dois chitas (ou leopardos-caçadores), ou até mesmo pequeno bando de antílopes africanos ou de outros tipos. Às vezes, a pessoa poderá deparar com vários avestruzes. Não deve surpreender-se se uma destas aves mantiver o passo junto à um veículo que corre a 56 quilômetros horários. Podem-se encontrar também leopardos e leões no Calaári.

Testemunhar no Calaári

Para as Testemunhas de Jeová nesta área,a maior alegria provém de partilhar a verdade bíblica com outros. As pessoas aqui, em geral, são mui hospitaleiras e têm alto respeito pela Bíblia. Assim, a Testemunha visitante poderá gastar até uma hora, ou duas, palestrando sobre as Escrituras com uma pessoa na casa dela. Muito embora as pessoas travem palestras acaloradas com uma Testemunha sobre determinado assunto bíblico, ainda a convidam para partilhar de algum alimento, se sua visita for na hora da refeição. Durante a refeição, a conversa será estritamente sobre generalidades amigáveis. Depois disso, contudo, reassume-se o prévio argumento com inquebrantável fervor.

Chegar a algumas das fazendas é uma empresa e tanto. As casas amiúde distam de 16 a 24 quilômetros uma das outras, as fazendas usualmente abrangendo 50 quilômetros quadrados ou mais, cada uma. Precisa-se viajar sobre dunas, onde não existem estradas reais, mas simplesmente trilhas deixadas por outros veículos. A pessoa talvez consiga visitar somente três ou quatro casarões de fazendas num dia.

A Pecuária no Calaári

Exatamente que tipo de pecuária é exercida nesta região árida? O grosso dela consiste na criação de gado bovino e ovino. Uma fonte particularmente lucrativa de renda é a venda de peliças de caracul. Os cordeiros de pêlo ondulado da raça caracul são mortos em questão de horas depois de nascerem. Seu couro fornece as mundialmente famosas peliças caracul, usadas na fabricação de custosos casacos, chapéus e artigos semelhantes.

Um grande problema desta área é conseguir água suficiente para os homens e os animais. Usualmente enfiam-se brocas na areia, às vezes a uma profundidade de mais de 300 metros. Moinhos de vento ou bombas a motor são usados para extrair a água.

Adaptação à Vida no Deserto

É desnecessário dizer que aqui os homens precisam adaptar-se à vida no deserto. Quando os criadores se mudaram inicialmente para o Calaári, não raro habitavam em barracas temporárias de folhas-de-flandres. Estas eram insuportavelmente quentes durante o dia e desconfortavelmente frias à noite. Mas as pessoas pareciam acostumar-se a viver sob tais condições. Em muitas fazendas, contudo, grandes casarões modernos foram construídos. Estes parecem um tanto deslocados em seu ambiente e dispõem de quase todas as conveniências modernas.

Para os animais domésticos, a vida no deserto apresenta seus problemas. Quando as cabras retornam do pasto, às vezes se vê as mesmas andando de joelhos, ao invés de com seus cascos dianteiros. Por quê? Bem, visto que tais animais nunca andam em terreno duro, seus cascos não se desgastam e, assim, crescem demais para a caminhada normal. Essa mesma condição também surge em bois e ovelhas. Por isso, os criadores têm de aparar os cascos de tempos a tempos.

As ovelhas mais velhas amiúde não dispõem do vigor para sobreviver à caminhada diária até os pastos, quando o sol quente se abate sobre elas. Isto significa que precisam ser alimentadas em casa. Comprar forragem para elas seria, naturalmente, caro demais. Como se vence tal problema?

Os ninhos abandonados do tecelão, conhecido como “tecelão sociável”, fornecem uma fonte disponível de grama cortada, com alto teor nutritivo. Tais aves constroem seus ninhos gigantescos nos ramos das grandes árvores. Dezenas de aves vivem em ninhos comunais, a um só tempo, voando constantemente para dentro e para fora pelas entradas múltiplas. Por fim, contudo, os ninhos são abandonados em busca de outras acomodações.

Engenhosidade no Uso dos Veículos Motorizados

Conseguir manter um veículo em movimento pode, às vezes, significar a diferença entre a vida e a morte na areia. Todavia, os moradores do Calaári não raro mostram alarmante indiferença no que tange a itens básicos tais como macacos, rodas sobressalentes ou equipamento de conserto. Ao mesmo tempo, demonstram surpreendente engenhosidade em manter o veículo motorizado funcionando sob condições incomuns.

A primeira regra de dirigir na areia é manter os pneus com pressão bem inferior à normal. Embora isto seja prejudicial para as paredes dos pneus, habilita a pessoa a dirigir em virtualmente todo tipo de areia sem afundar nela.

Mas, o que acontece se um pneu é furado? Erguer o carro com um macaco normal seria virtualmente impossível, visto que apenas irá afundando-se na areia. O óbvio é sempre levar uma tábua para enfiar por baixo do macaco. Mas, quando ela é esquecida, o criador do Calaári não se dá facilmente por vencido. Talvez coloque simplesmente um objeto sólido, tal como uma caixa de ferramentas de aço, um tronco de madeira ou uma pedra sob o eixo próximo da roda danificada e então passe a escavar a areia de debaixo da roda. Isto o habilita a remover a roda, quer para consertá-la, quer para substituí-la pela roda sobressalente. Em seguida, empurra de novo tanta areia quanto for possível para baixo da roda, e remove a areia de debaixo do objeto sólido que sustentava o eixo, assim recolocando o carro sobre suas rodas.

Mas, e se a pessoa não tiver nem uma roda sobressalente nem equipamento de conserto? Depois de remover a câmara do modo normal, uma pessoa segurará o lugar do furo com firmeza, entre seu polegar e indicador, e então reterá o restante da câmara em sua outra mão, esticando a parte furada para longe dela. Isto torna possível que seu companheiro amarre um pedaço de corda ou de couro cru ao redor da seção esticada, puxando-a com firmeza e enrolando e dando nós nela repetidas vezes. Desta forma, o furo será tapado por amarração. A solução aparentemente plausível de encher de areia o pneu furado simplesmente não funciona.

Quando o veículo apresenta dificuldades de pegar, a engenhosidade no Calaári logo se evidencia. É bem impossível empurrar um caminhão na areia para fazer que pegue. Confrontado com esse problema, certo senhor ergueu uma das rodas traseiras do veículo, como faria no caso dum pneu furado. Daí, ligou a ignição e colocou o carro em terceira. Daí, era simplesmente uma questão de agarrar com firmeza a parte externa da roda livre e girá-la vigorosamente. Logo motor começou a funcionar.

“Achar” o Rastro

Intrigante habilidade desenvolvida por esses moradores das areias é a de “achar” rastros. Um criador idoso agachou-se para examinar alguns rastros, ou pegadas, de animal, e então disse aos seus visitantes que se tratavam de pegadas de chacais. Ao examiná-las mais de perto, declarou que eram dois os animais, um macho e uma fêmea, e que a fêmea logo iria parir. Os visitantes deram risadas. Mas, daí, o criador raciocinou com eles, dizendo: “Vejam! Um par de pegadas é grande, e o outro pequeno. É razoável presumir que um macho e uma fêmea estejam correndo juntos.” Os visitantes admitiram tal ponto. “Mas, daí”, continuou o criador, “se olharem de novo, notarão que as menores afundam-se mais na areia. Isto significa que o animal menor, obviamente a fêmea, está relativamente mais pesada do que o maior, o que se dará caso a fêmea carregue filhotes”. Com toda a certeza! Três dias depois de ver tais rastros, o criador encontrou a mamãe chacal com seus filhotes recém-nascidos.

Dicas Para Sobrevivência

Os criadores do Calaári expressam surpresa quando ouvem falar de pessoas se perderem e então serem encontradas desmaiadas em seu carro devido ao intenso calor e sede. “É engraçado quase morrer de sede com o radiador do carro cheio d’água”, comentam. Naturalmente, a pessoa precisa assegurar-se de que não haja nenhum anticongelante tóxico na água.

A melhor proteção contra o calor do meio-dia se acha bem abaixo do carro, e não dentro dele. Mas, por que não uma árvore frondosa, se existir uma? Porque sob uma árvore do Calaári existe o perigo de tampans, pequenos carrapatos venenosos que tornam as coisas insuportáveis com suas picadas.

A pessoa jamais deve caminhar muito longe durante o calor do dia. Seria melhor dormir durante o dia e andar à noitinha e à noite, escolhendo uma estrela brilhante para orientar seu curso.

Memórias

São poucos os que gastaram algum tempo no Calaári que deixam de rememorar tal experiência com nostalgia. Jamais se consegue esquecer os nítidos contrastes — os dias escaldantes, as noites frias, e os amplos trechos de dunas recobertas de grama, aparentemente desolados, todavia vibrantes com infindável variedade de vida.

A pessoa fica com incomparável sensação de paz, à medida que o calor diminui, quando o sol mergulha no horizonte. Os pores-do-sol são simplesmente magníficos, com tons constantemente variados de vermelho, alaranjado e púrpura. No ínterim, o penetrante grito de “clac-clac-clac” dum geco obtém um milhar de réplicas de outros “ecos que chamam para lá e para cá. O ar fica cheio com seus sons. Arredondando a sinfonia há o balido das ovelhas, o mugir das vacas e o grito rouco das abetardas, voando para o alto e para baixo, numa demonstração de acrobacia avícola.

Na verdade, a vida no Calaári apresenta seus desafios e suas recompensas. Este deserto não é um ermo morto. É um domínio de vida fascinante.

[Foto na página 17]

Ninhos abandonados servem de alimento para as mais velhas ovelhas caracul, que não conseguiriam sobreviver à caminhada diária para os pastos.

    Publicações em Português (1950-2025)
    Sair
    Login
    • Português (Brasil)
    • Compartilhar
    • Preferências
    • Copyright © 2025 Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania
    • Termos de Uso
    • Política de Privacidade
    • Configurações de Privacidade
    • JW.ORG
    • Login
    Compartilhar