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  • g83 8/12 pp. 16-19
  • Eu era ‘matador de gigantes’

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  • Eu era ‘matador de gigantes’
  • Despertai! — 1983
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  • Sumô — Antigo Esporte Japonês
  • Por Que Me Dediquei ao Sumô?
  • Como Funciona um Alojamento de Sumô
  • Sumô — Onde o Ringue Não É Quadrado
  • Quem Vence?
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Despertai! — 1983
g83 8/12 pp. 16-19

Eu era ‘matador de gigantes’

ERA meados do primeiro semestre de 1965. Eu estava no ringue, frente a frente com Taiho, um dos gigantes do sumô de todos os tempos. Já havíamos bochechado com água purificadora e atirado sal no ringue, num gesto de purificação. Já estávamos há quatro minutos nos movimentando no ringue, e nos encarando. Encaramo-nos de novo. Abriu-se o leque do árbitro, sinal de que nosso tempo se esgotara. Estava na hora de lutar — e lutamos! Pela sexta vez derrubei o grande Taiho! Este assalto me valeu o apelido de Matador de Gigantes. Qual lutador japonês de sumô, isso me emocionava.

O sumô não está incluído nos esportes olímpicos e realmente não é muito conhecido fora do Japão. Na verdade, o Japão é o único país em que ele é um esporte nacional. Mas, talvez se pergunte, o que o distingue como esporte? O objetivo do assalto sumô é arremeter ou lançar o contendor ao chão ou para fora do ringue por meio de manobras ou arremessos oficialmente estabelecidos.

Sumô — Antigo Esporte Japonês

É um esporte antiquíssimo que remonta a pelo menos o primeiro século AEC no Japão, e pode ter-se originado no continente asiático antes disso. Ao longo dos séculos, o sumô tem tido estreitas ligações com a religião xintoísta. Incluía-se um ritual xintoísta quando os crentes imploravam aos deuses que abençoassem a produção de arroz. Durante o período heiano (794-1185 EC) o sumô deliciava os membros da Corte Imperial e assim se tornou o esporte de imperadores. Quando o poder político caiu nas mãos dos militares, no século 12, a aprendizagem de sumô passou a ocupar o mesmo grau de importância das artes de manejar o arco e a espada, e tornou-se um requisito para os guerreiros. Paulatinamente, o sumô profissional assumiu a forma conhecida hoje. Desde o período tocugava (1603-1868), o sumô firmou-se solidamente como esporte de espectadores.

Por Que Me Dediquei ao Sumô?

Aos 12 anos de idade, eu já tinha 1,75 m de altura e podia facilmente levantar dois fardos de arroz de 60 quilos cada um. Minha estatura e força despertaram grandes esperanças em meus pais, pois queriam que eu herdasse e cuidasse da fazenda deles. Na adolescência eu pessoalmente considerava a minha estatura um sério problema para um agricultor, pois trabalhar o dia inteiro encurvado, nos campos, era-me muito incômodo.

Nascido e criado na ilha de Hocaido, no norte, poder-se-ia dizer que já nasci para ser lutador de sumô. Em geral temos neve de novembro a abril, e se diz que os rapazes cujos quadris ficam fortalecidos por andar na neve oferecem excelentes perspectivas para esse esporte. Contra a vontade de meus pais, entrei para o mundo do sumô.

Como Funciona um Alojamento de Sumô

Jovens aspirantes iniciam seu treinamento em escolas de sumô chamadas alojamentos. No meu alojamento o dia começava às 3 horas da madrugada. O rigoroso adestramento começava com exercícios preliminares e passava em seguida para assaltos reais de sumô entre membros de nosso grupo. A vida no alojamento se baseia num sistema feudal em que a categoria é de suma importância. Nós, os ‘novatos’, tínhamos de fazer todo o serviço de limpeza e de cozimento para os membros de categoria superior. A antiguidade no alojamento determinava quem comia primeiro e, de manhã, quem se levantava por último.

O treinamento continuava até o meio-dia, quando tomávamos a primeira refeição do dia — naturalmente, em ordem de categoria. Que refeição! Chankonabe é o alimento de lutadores de sumô. Um cozido consistente e rico, à base de algum tipo de carne, que pode ser de peixe, acrescido de cenouras, cebolas, queijo de soja, molho de soja e açúcar. Comíamos isso acompanhado de grandes porções de arroz e muita cerveja.

A folga para uma soneca, depois desse ‘banquete’, é fator importante em atingir o alvo de um lutador — ganhar peso e reserva de força para levar vantagem na competição. O sucesso de um lutador de sumô depende da quantidade e da rapidez com que consegue ganhar peso e força. A ênfase no físico é exemplificada por se exigir que um aspirante a lutador de sumô satisfaça padrões de estatura e peso para sua faixa etária antes de começar a treinar. E exige muita perseverança galgar os degraus do sumô. O jovem praticante de sumô tem oportunidade de mostrar sua destreza durante seis competições de 15 dias, realizadas anualmente.

Sumô — Onde o Ringue Não É Quadrado

No centro do gigantesco salão de sumô existe um tablado de terra de 60 cm de altura e 5,5 m de cada lado. O palco de lutas não é quadrado, como os ringues ocidentais, mas sim circular. Chamado de dohyo, não é cercado por cordas de retenção. Um ringue de fardos de arroz enchidos de terra, de uns 5 m de diâmetro, é instalado em cima da plataforma, que é coberta por uma fina camada de areia. Esta areia pode ser muito útil numa luta renhida. Como? Pode-se verificar as marcas, para determinar o vencedor!

Sal e água purificadores estão disponíveis. Uma cobertura de madeira de estilo xintoísta pende acima e amuletos de boa sorte são enterrados debaixo do ringue. Acrescente-se a isso o sempre vigilante árbitro, vestido de roupa estilo guerreiro, completa com um elmo preto de origem xintoísta.

A pompa reina soberana quando os lutadores de categoria mais elevada chegam para a cerimônia diária de entrada no ringue. Eles se vestem de requintados aventais brocados que pesam 4 quilos ou mais! Os lutadores fecham o ringue em círculo e realizam uma cerimônia com batidas de palmas. Logo os assaltos começam. Cada dia da competição os lutadores aparecem em turnos, desde a categoria mais baixa até a mais alta. Exceto para o campeão-mor, cuja categoria nunca muda uma vez obtida, a categoria pode variar para o próximo torneio, baseado no registro de vitórias e derrotas.

Quem Vence?

No sumô a condição do coração e da mente se iguala em importância com o físico e a técnica. Um ditado que aptamente descreve o espírito do assalto é este: “Comece com mesura, acabe com mesura.” Quando o lutador sobe na plataforma, ele inclina a cabeça em direção ao ringue. Quando o vencedor é determinado, de novo inclinam-se as cabeças.

Todo lutador usa um torimawashi, espécie de tanga de seda de uns 12 metros de comprimento. Ela é dobrada seis vezes ao comprido e enrolada em volta da cintura e da virilha. É então presa por um nó complicado nas costas.

Os lutadores pesam às vezes mais de 135 quilos. Como um trator, eles se atiram um contra o outro a uma notável velocidade para o choque inicial chamado tachi-ai. O impacto pode ser atordoador. Uma vez em contato, cada lutador tenta agarrar várias camadas da faixa de cintura do outro, a fim de derrubá-lo. Ao mesmo tempo, cada um tenta se proteger do avanço de seu adversário. Uma grande façanha, sem dúvida! Devido à minha habilidade de guindar adversários para fora do ringue, tornei-me conhecido como o guindaste humano.

Como se decide o vencedor? No momento em que alguma parte do corpo do lutador toca o chão, dentro ou fora do ringue, o assalto termina e ele perde. (Obviamente, dentro do ringue os pés podem pisar no chão, mas do lado de fora não.) O vencedor estende sua mão e ajuda o derrotado a ficar de pé. Continuam amigos.

Durante 16 anos de envolvimento ativo no sumô, nunca vi serem empregados golpes do tipo caratê ou outros métodos não éticos. Tal ação seria extremamente descortês, para dizer o mínimo.

A categoria mais elevada de lutadores de sumô é a de campeão-mor. Eu havia chegado a dois graus abaixo, à condição de sekiwake, quando derrotei Taiho. Em 1969, por motivos de saúde, afastei-me como participante ativo, mas continuei no ramo do sumô como juiz e instrutor. Assim, meu sustento estava garantido para o resto da vida.

A Bíblia ou o Sumô e Xintoísmo — Qual?

Minha vida profissional no sumô me mantinha fora de casa por seis meses durante o ano. Certo dia em 1974, uma senhora, Testemunha de Jeová, bateu à minha porta. Sem hesitação aceitei um impresso e entreguei-o à minha esposa. Em seguida parti para um torneio na ilha de Quiuxu. Na minha ausência aquela senhora retornou e descobriu que minha esposa tinha profundo respeito pela Bíblia. Voltei seis semanas mais tarde e soube que minha esposa estudava a Bíblia. Visto que eu não gostava de religião de modo geral, opus-me a ela.

Mesmo assim, a Testemunha que estudava com minha esposa persistentemente convidava minha família a visitar a dela. Eu achava que alguém simplesmente queria falar com ‘o lutador de sumô’. Não entendia por que estariam interessados em mim como pessoa. Quando minha esposa implorou-me chorando que eu fosse, concordei — mas, de má vontade. No convívio com essa família de Testemunhas de Jeová desfrutei de uma atmosfera bondosa e boa. Mas, mesmo quando minha esposa foi batizada, em agosto de 1975, jamais pensei que algum dia eu mesmo andaria no caminho da verdade.

Certo dia em 1976 um homem Testemunha de Jeová me visitou. Não me esforcei para dialogar com ele, mas, subitamente, eu disse: “Irmão, gostaria de estudar a Bíblia comigo?” Não sei por que eu disse isso, mas disse. Nosso estudo começou e progredi, mas, logo vieram as provações.

No mundo do sumô, espera-se que a pessoa se acomode ao sistema. Em viagem, eu queria folga para assistir às reuniões das Testemunhas de Jeová em cada cidade. Obter esse tipo de permissão era incomum, por isso fui ridicularizado. Contudo, quando me reunia com os irmãos, tinha a recompensa de ver o amor e a união das Testemunhas de Jeová em todo o Japão.

Meu primeiro desejo foi tornar-me cristão e permanecer na sociedade do sumô, com renda garantida. Ao conhecer mais corretamente a vontade de Jeová, entendi que isso seria impossível. Sim, é verdade que Jacó lutou com um anjo. (Gênesis 32:24-29) Contudo, eu tinha de levar em conta as fortes conexões religiosas falsas, no sumô. Crivado de rituais de ponta a ponta, o sumô se originou nos recintos de santuários e templos. Embora o lutador ativo raramente considere os aspectos religiosos, é impossível separar o xintoísmo do sumô.

De modo que em janeiro de 1977 tomei a firme decisão de me afastar da sociedade do sumô. Naquele mesmo ano fui batizado e com o tempo habilitei-me para servir como servo ministerial na congregação. Tendo aprendido a ficar satisfeito com o que tenho, eu agora sustento a minha família de cinco membros trabalhando em serviços de limpeza.

Não sou mais lutador de sumô, mas pode-se dizer que ainda sou ‘matador de gigantes’. Os ‘gigantes’ são os ensinos religiosos falsos e a superstição. Essas tradições tombam à medida que eu as ‘mato’ com a espada do espírito, a Palavra de Deus, a Bíblia. (Efésios 6:17) Agora como ministro pioneiro regular sirvo meu Criador em média 90 horas por mês. Como? Por pregar as boas novas do Reino de Deus. (Mateus 24:14) Gostaria de, como eu, ser um ‘matador de gigantes’? Poderá sê-lo, em associação com as Testemunhas de Jeová. — Narrado por Kiyoshi Myobudani.

[Foto na página 17]

O ex-lutador de sumô Myobudani em ação.

[Foto na página 19]

Ele agora é ministro cristão.

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