Chegam os novos sistemas a laser

HÁ ALGO de diferente esta manhã. Barris colocados na rua ostentam um letreiro que diz: “Não Estacione — 6 de outubro [1982].” E no sétimo andar do principal prédio de Escritórios da Sociedade Torre de Vigia, em Nova Iorque, há uma abertura onde antes havia uma janela. Além disso, a oração proferida na adoração matinal na sede da Torre de Vigia, às sete e quinze, incluiu um pedido a Deus para que abençoasse a segurança dos trabalhadores e da máquina que será instalada hoje por eles.

Pouco depois das oito da manhã, chega um ‘monstro’ motorizado vermelho com rodas da altura dum homem. Partindo dos pára-choques dianteiro e traseiro, abrem-se para os lados quatro hastes mecânicas retangulares com pés hidráulicos nas suas extremidades. O guindaste descansa firmemente sobre suas pernas atarracadas. Apontando para cima, a lança do guindaste, de 41 metros, sobe acompanhando o ronco de seu motor diesel.

Que significa toda esta atividade especial esta manhã? É em preparação para a chegada de uma nova máquina — Laserite-V — que ajudará a acelerar a divulgação das “boas novas” mundialmente por meio da página impressa. (Mateus 24:14) Mas, é esta Laserite-V tão pesada que exige todo este aparato especial? “Não, realmente. Ela pesa apenas 1.360 quilos, incluindo os aprestos”, responde Don Underwood, superintendente do setor Construções da Torre de Vigia. “No sábado passado erguemos um bloco de uma impressora que pesava 16.300 quilos.”

Em que consiste o desafio, então, aqui neste caso? “Ela é volumosa, frágil, e não pode ser inclinada”, continua Don. “Uma máquina como esta normalmente instalaríamos no primeiro andar, ou usaríamos um elevador de carga para conduzi-la a andares superiores, mas ela não cabe nos elevadores deste prédio. De modo que vamos introduzi-la através daquela abertura da janela, com folga de apenas dez centímetros. “A máquina é revestida por uma blindagem de fibra de vidro alaranjada e bege, e tem a forma de uma arca de 3 m de comprimento por 1,20 m de largura e 1,70 m de altura. No seu interior abrigam-se equipamentos ópticos e eletrônicos de precisão.

Há perigo de o guindaste deixar cair esta máquina sensível? “Sempre existe este perigo”, responde Don. “Temos a imperfeição humana. Um cabo de sustentação pode arrebentar, ou o freio do guindaste pode falhar. Em cada levantamento sinto um nó no estômago até ser concluído com segurança.”

Embora estejam em uso cerca de cem máquinas laser similares, menos de meia dúzia deste modelo específico foram construídas até agora. “Pelo que sei esta é a primeira a ser instalada nos Estados Unidos. Umas quatro ou cinco estão destinadas à Europa”, diz Jerry, representante da fábrica da máquina.

Dick, o operador do guindaste, manobra a lança até perto da abertura do sétimo andar na sua primeira de duas operações experimentais. Quando ele manipula o guindaste com um toque de pluma nas duas alavancas de controle, uma para a mão direita, outra para a esquerda, a reação é de total suavidade.

O que pensa Dick sobre introduzir esta máquina através daquela abertura lá no alto? “Os aprestos e um homem eficiente para sinalização são as partes mais importantes”, diz ele. “Já trabalhei várias vezes para o pessoal da Torre de Vigia e eles são aparelhadores excelentes.” Dick está sendo modesto; é necessário também um homem habilidoso para operar o guindaste. E Dick é habilidoso.

Às nove horas chega o caminhão trazendo a Laserite-V. O montador e os armadores começam a trabalhar, amarrando cuidadosamente os cabos de aço, com firmeza, em volta da plataforma de apoio; ajustam e reajustam seu comprimento. Isto é feito para que a extremidade da lança do guindaste chegue perto o mais possível da abertura do sétimo andar.

Por volta das dez e trinta a Laserite-V é erguida suavemente da carroceria do caminhão e baixada na calçada para uma inspeção final. Dá-se o “OK”. Lentamente, agilmente, a máquina em suspensão passa o segundo andar, o terceiro, rumo ao sétimo.

A seguir uma manobra difícil — similar a enfiar uma linha na agulha — passar aqueles 1.360 quilos através da abertura, com folga de apenas alguns centímetros. O montador afrouxa um lado dos cabos de sustentação de modo que a máquina desliza pela abertura do sétimo andar para os “braços” de uma empilhadeira especialmente adaptada.

Irrompem aplausos espontâneos de espectadores postados nas janelas do vizinho prédio da Columbia Heights n.º 30, acompanhados de um grande suspiro de alívio. Os 30 anos de experiência do operador de guindaste e a perícia dos aparelhadores beneficiarão mais de dois milhões de Testemunhas de Jeová e finalmente milhões de outros.

Como essa máquina fará isso? Werner Bohn, superintendente do Departamento de Artes Gráficas da Torre de Vigia, explica: “Economia de tempo e melhor qualidade de impressão são dois benefícios imediatos que esta máquina trará a nossos leitores.”

“Eles obterão publicações novas ou reimpressas com mais rapidez do que antes”, continua Werner. “Por usar técnicas a laser podemos dispensar várias etapas na preparação das chapas de impressão off-set. Na verdade, uma página de livro colocada na Laserite-V pode sair em forma de chapa de impressão pronta para ser encaminhada ao impressor. De modo que estamos acelerando o nosso ciclo de produção. Por exemplo, produzir chapas para o livro Ajuda ao Entendimento da Bíblia e imprimi-lo pelo método de impressão tipográfica levaria normalmente um ano, mas, por este método a laser e impressão off-set isto pode ser feito em um quarto do tempo.”

Laserite-V é um sistema de cópia de precisão à base de feixes de laser. Pode fazer duas coisas básicas: “ler” (esquadrinhar) e “escrever” (reproduzir) eletronicamente. Por meio de seu raio laser hélio-neônio ela pode “ler” a página da matéria programada para ser impressa. O que “lê” ela “escreve” em seguida com seu laser de íones de argônio sobre material fotossensível. Atualmente está sendo usada para reproduzir originais em filmes fotográficos, usados em seguida para fazer chapas off-set. Mais tarde a Laserite-V reproduzirá originais diretamente sobre chapas off-set, dispensando o uso de filme para certos itens. Os materiais de impressão produzidos pela Laserite-V são usados para a publicação de literatura bíblica.

Um “Artista” Eletrônico

Alguns dias após a emoção de arejar com segurança a Laserite-V no sétimo andar, no Departamento de Artes Gráficas, chegou um equipamento acompanhante, o Autokon 8400. É outro sistema a laser, um instrumento que faz muitas coisas que as câmeras convencionais também fazem, mas de modo mais rápido, mais simples, menos operoso e mais flexível. Esta máquina produz muitos efeitos especiais difíceis de se conseguir com câmeras convencionais. O Autokon usa apenas raios laser hélio-neônio para reproduzir artes-finais em filmes ou em forma digital para armazenar num sistema de memória de computador para uso posterior. Seu sistema de esquadrinhamento a laser “lê e grava” fotos e variados tipos de arte-final, e daí transforma o que vê em informação digital. Ao passo que a Laserite-V reproduz páginas inteiras para produção de chapas off-set, o Autokon acelera a produção de artes-finais, incluídas nas páginas esquadrinhadas pela Laserite-V.

Assim como os primitivos cristãos usaram o então novo sistema de códice para a feitura de livros, para divulgar as boas novas, os modernos cristãos usam a maravilha dos instrumentos de impressão eletrônica. E para objetivo idêntico, a saber, para dar “testemunho cabal das boas novas da benignidade imerecida de Deus”. — Atos 20:24.

[Diagrama/Fotos na página 21]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

Novo Equipamento Laser Usa Feixes de Luz Para “Ler” e “Escrever”

LASERITE

LASER “LEITOR”

LASER “ESCRITOR”

MODULADOR

DEFLETORES E LENTES

DEFLETOR REFLETIDO

DEFLETORES E LENTES

MATERIAL SENSÍVEL À LUZ

ORIGINAL

CONVERSOR

AUTOKON

[Quadro na página 20]

Como Funcionam

O diagrama simplificado na página ao lado ajudá-lo-á a entender como a Laserite e o Autokon funcionam. Eles operam de modo similar.

Primeiro, o laser “leitor”, ou esquadrinhador, emite um feixe de luz coerente (pontilhado preto no diagrama), através de um sistema óptico refletido, para o defletor refletido móvel. Este defletor desvia o feixe laser “leitor” na sua superfície refletida, fazendo com que passe através de um sistema óptico, e o faz esquadrinhar a superfície do original. O feixe laser “leitor” então reflete no original para o conversor, que transforma o feixe em sinais elétricos que são transmitidos ao modulador.

O laser “escritor”, ou de saída, envia um feixe contínuo de luz coerente (pontilhado em cor no diagrama) ao modulador. Neste ponto o modulador deixa o laser “escritor” funcionando intermitentemente, segundo os sinais recebidos do conversor. O feixe laser “escritor” passa em seguida através de um sistema óptico no mesmo caminho que o feixe laser “leitor”, rumo ao defletor refletido móvel. E dali o feixe é dirigido através de um segundo sistema óptico para o material sensível à luz, quer filme, quer chapa, para reproduzir as imagens (palavras ou gravuras) encontradas no original.

O material sensível à luz, se for filme, está agora pronto para uso no processo de fazer chapas de impressão off-set. Por usar chapas sensíveis à luz, em vez de filmes, pode-se poupar mais tempo e dinheiro na impressão de nossa literatura bíblica.