Os Jovens Perguntam . . .
Por que preocupar-se com notas?
“DAR NOTAS é moralmente errado, ineficaz na prática e um dos principais obstáculos ao aprendizado.” Assim concluiu o professor James Bellanca, depois de observar o “efeito negativo” das notas sobre seus próprios filhos. Nossa edição anterior centralizou-se em apenas alguns destes problemas. Mas, deviam as notas ser totalmente eliminadas como não tendo importância? De jeito nenhum. Não obstante, há algumas dificuldades a transpor.
“O Melhor meio Era Adivinhar”
Certo jovem de 17 anos descreve as provas que um professor dava como “simples decoreba. Nada de raciocinar.” Queixas similares são amiúde ouvidas sobre os trabalhos de casa. “Às vezes nos dão trabalhos de casa realmente sem sentido, como de obrigá-lo a fazer desenhos”, afirma João, de 14 anos. “Em nossa escola”, acrescenta Patrícia, de 17 anos, “fica na pior se não tiver dons artísticos”. Neste sentido, até educadores de renome, tais como o dr. William Glasser, afirmam que a escola não raro deixa de ensinar os jovens a aprender a pensar, analisar e raciocinar. E, francamente, é muito mais fácil dar notas para a capacidade de memorização dos estudantes do que para avaliar sua capacidade de raciocínio. Como recorda certo jovem: “As provas [do meu professor] diziam respeito a pequenos pormenores e a gente podia receber a mesma nota, quer estudasse, quer não. O melhor meio era adivinhar.”
Adivinhar e decorar coisas na última hora podem acumular pontos numa prova. Mas, quanto deveras se retém? E se a pessoa realmente não domina uma matéria, como matemática, de que valerão as notas altas quando, certo dia, precisar de um pouco de matemática para obter o saldo num talão de cheques? E, pior ainda, se a pessoa recorre à cola — um perturbador índice de 55 por cento dos jovens entrevistados em uma pesquisa confessaram fazer isso — de que valor real são as notas altas num boletim escolar?
Cultivar a Faculdade de “Raciocínio”
Naturalmente, muitos mestres estão cônscios destes problemas e fazem testes e dão trabalhos de casa desafiadores e estimulantes. Que fazer, porém, se estiver numa turma em que adivinhar ou decorar pareçam ser os meios de obter êxito — onde a aprendizagem ocupa lugar secundário às notas? Discirna que não basta apenas obter boas notas. Fixe o alvo de cultivar o que Salomão chamou de “raciocínio”. (Provérbios 1:4) Trata-se da aptidão de obter informações rudimentares e tirar conclusões sólidas e práticas delas.
Como se desenvolve isto? Salomão afirma: “O sábio escutará e absorverá mais instrução.” (Provérbios 1:5) Assim, escute seu professor, mesmo se ele (ou ela) não for um orador emocionante. Se possível, sente-se mais para a frente na sala de aula. Faça perguntas. ‘Absorva mais instrução’ por ir a fundo no assunto, especialmente quando parece enfadonho. Não se limite ao que vai cair numa prova.
Outra maneira é pesquisar o valor prático do que aprende. É nisso que o jovem temente a Deus tem real vantagem. Pois a Bíblia diz: “O temor de Jeová é o princípio do conhecimento”. (Provérbios 1:7) Suponha, para exemplificar, que está numa aula de ciências. Aprender as leis da física podem parecer pura chateação. Mas o jovem temente a Deus deseja saber tanto sobre seu Criador quanto for possível. Ele sabe que, por meio da criação, as “qualidades invisíveis [de Deus] são claramente vistas”. (Romanos 1:20) As aulas de ciência podem, assim, tornar-se uma oportunidade de ele obter mais conhecimento da sabedoria criativa de Jeová!
Que dizer da História? O cristão interessa-se pela História porque esta com freqüência abrange o desenrolar dos propósitos de Jeová. Na própria Bíblia se consideram sete potências mundiais principais (inclusive a atual coligação anglo-americana)! (Revelação 17:10; Daniel, capítulo 7) Edifica a fé observar com que exatidão tais profecias se cumprem.
Se se interessar pela escola, esta pode deveras contribuir para o desenvolvimento de seu “raciocínio”.
Ser Reprovado
Ser reprovado — especialmente depois de tentar arduamente passar — pode ter um efeito devastador sobre o respeito próprio dum jovem. Alguns, como o sr. Bellanca, mencionado no início, concluíram assim que se devia acabar com as notas. O educador Max Rafferty, contudo, argumentou: “Enquanto vivermos, seremos classificados de acordo com o que sabemos, quão bem obtemos resultados . . . Uma escola que ilude os jovens a pensar que a vida será um mar-de-rosas não é uma escola. É uma fábrica de sonhos.” Similarmente. Paul Copperman acusa, em seu livro The Literacy Hoax (O Embuste da Alfabetização): “Os educadores contemporâneos que reduzem ou eliminam padrões por se preocuparem com o amor-próprio da criança arriscam-se a prejudicar a criança mais seriamente quando a enviam para o mundo pessimamente preparada para sobreviver e atuar.”
Recente informe sobre a educação nos EUA, intitulado “Uma Nação em Risco” ilustra quantas pessoas “pessimamente preparadas” há apenas nos Estados Unidos! “Cerca de 23 milhões de adultos americanos são analfabetos funcionais de acordo com os testes mais simples de leitura, escrita e compreensão diárias”, dizia o informe. Assim, ao passo que talvez sofra a humilhação ocasional de não passar numa prova ou trazer para casa um boletim com más notas, não se esqueça que pode ser muito pior a dor de concluir o curso sem estar instruído ou preparado para a vida. Em vez de sentir pena de si quando se sair mal numa prova, tente aprender de seus erros. Pode até pedir ao professor que o ajude a corrigir suas respostas erradas.
“Definitivamente Estressante”
“Nenhum dos rapazes e moças de nossas escolas se preocupam se passarão ou serão reprovados”, afirma certo grupo de jovens em idade escolar, quando indagados se as provas os submetiam ao stress. Mas, quando perguntados sobre levar para casa os resultados de tal aparente apatia — um boletim com más notas — alguns disseram: “Isto é definitivamente estressante!”
Deveras, o temor de enfrentar um genitor desapontado às vezes gera elaboradas táticas de despistamento. “Costumava colocar meu boletim na mesa da cozinha, ir para o quarto e tentar dormir até o dia seguinte”, recorda certo jovem. “O que fazia”, disse outro, “é esperar até o último segundo para mostrá-lo a minha mãe. Eu o apresentava a ela de manhã, quando estava prestes a sair para o trabalho, e dizia: ‘Aqui está, a senhora precisa assinar isso.’ Ela não tinha tempo para lidar comigo” — pelo menos naquele momento.
“Eu simplesmente costumava alterar as notas no meu boletim”, disse outra jovem que até mesmo tentou falsificar as coisas! “Pegaram-me em flagrante, porém”, admite. “Minha professora telefonou para mamãe e disse que esperava que eu fosse melhor no semestre seguinte. Mamãe disse: ‘Mas ela tirou 85!’ Daí, ela compreendeu que eu tinha alterado o seis para oito.”
As notas podem, obviamente, significar a diferença entre a guerra e a paz com os pais. A falsificação ou despistamento, contudo, são modos errados de manter a paz. Seus genitores se preocupam devidamente com seu progresso escolar. Entenda que desejam o que é melhor para você, e sabem quão importante é que vá bem na escola. Na verdade, alguns pais talvez sejam um tanto exigentes. Nesse caso, aconselha a professora de 2.º grau, Barbara Mayer: “Se achar que seus pais esperam mais do que possa realmente alcançar, pequena tentativa de comunicar-se com eles pode ser muito útil.” Quando seus pais realmente sabem como se sente, talvez se inclinem a reconsiderar a posição deles.
Geralmente, porém, seus pais apenas desejam que suas notas reflitam suas capacidades. Assim, quando suas notas estão um pouco baixas, talvez precise de algum incentivo — ou de disciplina. “Escuta, meu filho, a disciplina de teu pai e não abandones a lei de tua mãe”, disse Salomão. (Provérbios 1:8) Naturalmente, caso haja motivos legítimos para notas decrescentes (talvez a saúde, ou um transtorno emocional), deixe-os saber disso. É possível que possam ajudá-lo a superar o problema.
Assim, que importância têm as notas? Embora apresentem deficiências e, por vezes, não sejam bem exatas, elas, todavia, são instrumentos úteis. Apesar de todas as falhas e problemas, podem ser um meio de você mesmo, seus professores e seus pais acompanharem seu progresso escolar. Não encare as notas como inimigas. Encare-as como desafios, obstáculos a vencer. Ao cursar a escola, tire pleno proveito das oportunidades de aprender ali. E, lembre-se, como certo escritor se expressou: “A verdadeira educação em sua vida acontecerá em sua cabeça, e não em seu boletim escolar.”
[Foto na página 13]
Escute, e faça perguntas — aproveitará muito mais as matérias discutidas em classe.