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Despertai! — 1984
g84 22/11 pp. 12-15

Vítimas inocentes da era nuclear

Do correspondente de “Despertai!” em Guam

NA SEGUNDA-FEIRA, 1.º de julho de 1946, a cintilante e tranqüila laguna de um atol pouco conhecido das ilhas Marshall, a cerca de 3.200 quilômetros a sudoeste do Havaí, foi abalada por cegadora explosão. Uma nuvem radioativa, em forma de cogumelo, subiu 10 quilômetros no céu, e Biquíni granjeou fama instantânea como o local do primeiro teste duma bomba nuclear em tempos de paz.

Biquíni consistia numa cadeia de ilhas e ilhotas tropicais em torno de uma laguna oval, de 775 quilômetros quadrados. Cinco meses depois de serem devastadas por bombas nucleares as cidades de Hiroxima e Nagasáqui, o governo dos EUA escolheu Biquíni como local de outras experiências nucleares, e fizeram anúncios públicos neste sentido nos Estados Unidos. Foi somente algumas semanas depois que os nativos de Biquíni, contudo, receberam ordens de mudar-se.

Os 167 ilhéus relutaram em mudar-se, mas concordaram quando se lhes disse que as provas visavam “o bem da humanidade e o fim de todas as guerras mundiais” Logo milhares de pessoal militar e científico, bem como centenas de navios e aviões, começaram a chegar ao atol perfilado de coqueiros. No ínterim, os biquinianos prepararam-se com tristeza para partir de seu lar, iniciando uma odisséia que, para muitos deles, ainda não findou.

Aos biquinianos se disse que poderiam voltar para casa ao findarem as provas, assim, eles decidiram fixar-se no atol de Rongeric, a 200 quilômetros a leste. Mas Rongeric não era igual a Biquíni. Este atol, antes desabitado, composto de 17 ilhas, abrangia apenas 1,3 quilômetro quadrado de terra seca, em comparação com os 6 de Biquíni. Sua laguna de 142 km2 nem se comparava com a laguna de 775 km2 de Biquíni. O seu único poço só dava água salobra. Os cocos eram de baixa qualidade. E muitas espécies de peixes comestíveis em Biquíni eram venenosos em Rongeric. Menos de dois meses depois de sua chegada, os biquinianos pediram para voltar para casa. Isto, infelizmente, era impossível.

Os nativos do vizinho atol de Rongelap ouviram falar de sua aflição e tentaram ajudá-los por levar peixes e outros alimentos para eles, em canoas com balancins. A situação em Rongeric, porém, continuou a piorar. Desastroso incêndio destruiu 30 por cento dos coqueiros produtivos, agravando ainda mais a escassez de alimentos. Vários informes médicos nos seguintes dois anos confirmaram que os biquinianos “passavam fome” e que a partida deles de Rongeric fora “adiada por tempo demais”.

Por fim, foram evacuados pela segunda vez, para um acampamento temporário na base naval de Kwajalein, também nas ilhas Marshall. Meses depois, votaram a favor de mudar-se para Kili. Tratava-se duma ilhota isolada, que tinha uma área de apenas 0,86 km2. Mas, tinha algo que a recomendava — era desabitada. Por que isso era importante?

Os ilhéus das Marshall não possuem direitos fundiários nos atóis, a não ser os de seu próprio agrupamento social. Nem compram e vendem terrenos como as pessoas de outras nações o fazem. Uma vez que o solo e o mar provêem seu sustento, os habitantes das ilhas Marshall refutam em fixar residência onde houver outros ilhéus. Em qualquer atol — exceto os desabitados — eles equivaleriam a parentes pobres, dependendo da boa vontade dos naturais. Os biquinianos não queriam isso; assim sendo, foram para Kili.

Mas, as condições de vida ali eram péssimas. Kili acha-se cercada de estreito banco rochoso que mergulha de forma íngreme em águas profundas. Embora cresçam bem ali os coqueiros e a chuva seja abundante, não há peixes no recife, e nenhum crustáceo, pois a rebentação ocorre bem no banco rochoso. As canoas são inúteis, não havendo meio de lançá-las no meio de águas turbulentas. Na estação dos ventos alísios, o oceano é tão agitado que não há meios de os barcos que trazem provisões alcançarem a ilha. Um biquiniano que agora mora em Majuro comentou: “A vida em Rongeric e Kili era duríssima. Era pior do que estar na cadeia, porque as ilhas eram tão pequenas que não havia bastante alimento.”

No ínterim . . .

No ínterim, um atol composto de 40 ilhotas, chamado Eniwetok, também das ilhas Marshall, foi visado como adicional campo de provas nucleares Assim, os nativos foram evacuados e transportados para Ujelang, a 200 km ao sudoeste. Esta ilha, incidentalmente, também tinha sido escolhida pelos biquinianos, que já construíam novas casas para eles mesmos ali quando, com o mínimo de aviso, as autoridades instalaram ali os habitantes de Eniwetok. Os biquinianos sentiram muita amargura por causa disto.

Daí, vieram as bombas de hidrogênio, a primeira das quais foi submetida à prova em Eniwetok, em 1952. Sumiram no ar por completo uma ilha e partes de duas outras. Um teste desastroso (ironicamente chamado de Bravo) se deu em 1.º de março de 1954, em Biquíni. Esta, a maior bomba de hidrogênio anunciada, era talvez 700 vezes mais potente que a primeira bomba atômica detonada em Biquíni. Um cegante lampejo de faz, seguido por uma bola de fogo, de dezenas de milhões de graus caloríficos, ergueu-se no ar, a uma taxa de 483 quilômetros por hora. Em questão de minutos, a enorme nuvem de cogumelo subiu cerca de 30.500 metros.

A laguna foi abalada por ventos de centenas de quilômetros por hora. Centenas de milhões de toneladas de recifes, das ilhotas e da laguna de Biquíni, foram pulverizadas e tragadas no ar. Ventos de grande intensidade fizeram com que a mortífera cinza radioativa a 130 quilômetros de distância caísse como neve sobre 23 pescadores nipônicos num barco chamado Lucky Dragon (Dragão da Sorte). A mais de 160 quilômetros, nos atóis habitados de Rongeric e Rongelap — cujos habitantes tinham sido tão bondosos para com os biquinianos exilados — as cinzas arenosas e radioativas que caíram chegaram a ter uma espessura de 5 centímetros. A quase 440 quilômetros dali, no atol de Utiric, as cinzas caíram como neblina. Ao todo, 11 ilhas e 3 atóis foram diretamente atingidos.

Logo depois disso, os pescadores nipônicos e os habitantes de Utiric e Rongelap começaram a apresentar os efeitos de aguda exposição radioativa: comichão, ardência na pele, náusea e vômitos. Um dos pescadores nipônicos morreu não muito depois, e, em questão dos seguintes dois anos, o governo japonês recebeu dois milhões de dólares em compensação pelos outros tripulantes doentes e pelos danos causados à indústria de pesca de atum.

Ao concluir-se a prova, tinham sido realizadas 23 explosões nucleares em Biquíni, e 43 em Eniwetok, variando de 18 quilotons a 15 megatons! Embora houvesse intervalos entre as provas, em média, fez-se explodir uma arma nuclear a cada dois dias, uma vez iniciada a série.

O Que Se Daria em Seguida?

Algum tempo depois da cessação das provas, todos julgavam que os biquinianos poderiam voltar para casa. Depois da pesquisa inicial, feita pela Comissão de Energia Atômica dos EUA em 1969, declarou-se que Biquíni era segura. Todos os resíduos relacionados às provas seriam enterrados em três locais situados a menos de um quilômetro e meio da laguna. Disse-se aos biquinianos: “Não resta virtualmente quase nenhuma radiação, e não podemos achar nenhum efeito discernível sobre a vida, quer vegetal, quer animal.” Planejou-se a descontaminação da ilha e a reinstalação das pessoas num período de oito anos.

Mas, o sonho há tanto acalentado transformou-se num pesadelo. Em vez das ilhas luxuriantes que eles haviam deixado, aqueles que voltaram só encontraram um atol devastado, coberto de densa vegetação rasteira sem qualquer valor, poucas árvores e toneladas de resíduos das provas. Alguns choraram amargamente. Todavia, com ajuda financeira, passaram a replantar coqueiros e outras colheitas, e a construir casas.

Seus problemas, contudo, não tinham acabado. Testes radiológicos feitos em 1972 e 1975 revelaram mais altos níveis de radioatividade do que originalmente se julgava existentes. Alguns poços eram radioativos demais para se beber de sua água. Certos alimentos foram proibidos. Acharam-se nos corpos dos biquinianos altos níveis de radioatividade. Assim, mais uma vez, os biquinianos se mudaram — voltaram para Kili. Abandonaram-se os 50.000 coqueiros e as 40 casas novas, que faziam parte do plano de reabilitação de US$ 3 milhões. Estudos científicos realizados em Biquíni em abril de 1983 mostram que, sem uma limpeza maciça, levará pelo menos 110 anos antes que alguém possa viver ali.

Que Dizer das Outras Vítimas?

Uma explosão de 18 quilotons, em 1958, não entrou em reação em cadeia, e disseminou o letal plutônio-237 por sobre a ilha de Runit, uma das 40 ilhotas de Eniwetok. Os resíduos foram mais tarde juntados, sepultados na cratera da bomba e cobertos por uma tampa de concreto de 113 metros de diâmetro e 48 centímetros de espessura. Tal tampa abrange 84.000 m3, contendo alguns dos resíduos mais perigosos do mundo. Segundo certo relatório, ficará “para sempre” como área proibida. Apenas três ilhotas do atol podem ser usadas para moradia, e a dieta alimentar terá de consistir mormente em alimentos importados, até que os coqueiros, as frutas-pão e a araruta plantados localmente fiquem maduros. Em 1980, voltaram 500 habitantes de Eniwetok, porém menos de dois anos depois, 100 deles tiveram de partir, devido a condições difíceis. As fases de limpeza e reabilitação custaram US$ 218 milhões.

Enquanto isso, nos atóis que foram abarrotados de cinzas radioativas, a taxa de anormalidades da tireóide, de cataratas, de retardo de crescimento, de natimortos e de abortos involuntários dos seus habitantes é muito superior à de outros habitantes das ilhas Marshall. Muitos dos 250 habitantes das Marshall que ficaram expostos à explosão “Bravo”, de 1954, apresentam tumores de tireóide. Todos os 250 sofrem de anormalidades tireoidianas. Parecem ser incomumente suscetíveis a resfriados, a gripes e a afecções da garganta. A maioria deles cansa-se com facilidade, e quase todos preocupam-se com sua saúde.

Um líder governamental disse: “Cada pessoa que foi submetida à exposição pergunta a si mesma: ‘Estarei bem amanhã? Serão normais os meus filhos?’ E, quando adoece, pergunta a si mesma: ‘Será uma doença comum, ou será que o fantasma da bomba veio me buscar agora — mesmo muitos anos depois?’ Lamentava um senhor do atol de Utirik: “Diversos filhinhos meus, que eram saudáveis quando nasceram, morreram antes de completarem um ano . . . Ao todo, perdi quatro filhinhos. Meu filho Winton nasceu apenas um ano depois da bomba, e ele foi submetido a duas operações da garganta por causa de câncer da tireóide.”

“Esperança Adiada . . .”

O futuro dos exilados de Biquíni ainda é incerto. Havaí, sua última escolha para relocalização, está sendo considerado pelo Governo dos EUA. A maioria deles ainda vive na ilha de Kili. Suas experiências demonstram quão trágica é a corrida armamentista nuclear. Custa muito mais em dinheiro e esforço do que a raça humana pode suportar, e até mesmo em tempos de paz, colhe suas vítimas, incluindo inocentes observadores que vivem longe, bem longe dos poderosos países que competem entre si pela supremacia nuclear.

A Bíblia afirma: “Um sonho que nunca se torna realidade acaba enchendo o coração de tristeza.” (Provérbios 13:12, A Bíblia Viva) Esta tem sido a experiência dos biquinianos quando confiaram nos homens. Todavia, já por muitos anos, transmite-se pelo rádio uma mensagem, a partir de Majuro, por todas as ilhas Marshall, que chama a atenção, não para a corrida armamentista, mas para o Reino de Deus, como a fonte de verdadeira segurança. Isto é deveras para “o bem da humanidade e o fim de todas as guerras mundiais”. Em breve tal Reino ‘fará cessar as guerras até a extremidade da terra’, e ‘arruinará os que arruínam a terra’ — Salmo 46:9; Revelação 11:18.

Quando os biquinianos que vivem em Kili visitam Majuro para obter suprimentos ou fazer negócios, recebem pessoalmente esta mensagem das muitas Testemunhas de Jeová que estão ativas ali. O conhecimento de que está bem próximo o tempo em que o Reino trará condições paradísicas de novo à Terra os ajudará a provar a última parte do versículo da Bíblia supracitado: “Quando nossos planos se cumprem a vida ganha maior alegria e significado.” Sob tal Reino, não haverá mais nenhuma ameaça nuclear — e nem mais vítimas.

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