Veterana do 2.º grau narra seu projeto de biologia superior
À Revista DESPERTAI!
Prezados Irmãos:
Gostaria de lhes agradecer a publicação de artigos tão informativos e interessantes. Reporto-me, em especial, aos artigos de 8 de novembro de 1980 sobre “Aborto! A Invasão Mortífera”, “Aborto: O Que Dizem os Profissionais Liberais” e “Diário de Uma Criança por Nascer”. Gostaria de relatar-lhes minha experiência a respeito dessa matéria. Visto estar envolvida num Projeto de Biologia Superior, apresentei tais informações de forma oral à minha turma.
A turma e a professora realmente ficaram escutando as informações e se mantiveram em total silêncio e imóveis enquanto eu fazia a apresentação. Eu já tinha lido estas informações, incluindo o “Diário”, várias vezes, antes de tal apresentação. Bem, ao ler, fiquei emocionalmente envolvida e, enquanto estava no meio da leitura do “Diário”, comecei a chorar e tive de abandonar o recinto. O impacto da leitura dele em voz alta realmente me abalou.
A professora me disse que eu havia apresentado informações de real peso, e disse que sentiu um nó na garganta enquanto eu lia. Fez cópias do “Diário” e as distribuiu na minha turma. Toda a classe me elogiou pela boa narrativa, e quase todas as 24 pessoas da classe quiseram uma cópia do “Diário”.
Por todo o resto do dia, vários estudantes que não eram da minha turma de Biologia Superior me disseram que ouviram falar da minha narrativa e que ela tinha sido realmente ótima e triste. Fiquei surpresa por terem tantos estudantes diferentes ouvido falar nela em apenas duas horas. Bem, a professora fez cópias suficientes do “Diário” para dar a todas as suas outras quatro turmas de biologia. Assim, cinco turmas, totalizando de 20 a 30 estudantes em cada turma, obtiveram exemplares dele.
No decorrer da semana, vários estudantes relataram suas experiências com o “Diário”. Certo rapaz me contou que a mãe dele, uma enfermeira, o havia mostrado à irmã dela, que chorou ao lê-lo. Uma jovem compartilhou-o com a mãe e a avó que também ficaram comovidas. Outra moça me contou que eu havia “transtornado a cidade toda”. Várias pessoas em diversas lojas tinham obtido cópias do diário, de alguma forma, e certa senhora, enquanto trabalhava, leu-o e chorou. Uma outra senhora, que diz que defende o aborto, leu-o e disse: “Isso é muito triste.” A jovem que deu uma cópia dele a tal senhora perguntou se podia obter toda a minha narrativa, de modo que também pudesse compartilhá-la com aquela senhora.
Uma semana mais tarde, os estudantes ainda comentam minha narrativa. Mas, os irmãos merecem o crédito por prepararem de forma tão atrativa esta matéria interessante. Embora o autor do “Diário” seja desconhecido e muitos que o leram (e, esperamos que ainda o leiam) não saibam onde obtive tais informações, pelo menos plantei algumas sementes para cultivo futuro.
Tenho 17 anos, e sou veterana do 2.º grau. Tenho-me associado com as Testemunhas de Jeová desde que tinha 5 anos, e fui batizada em março do ano passado. Sempre tenho apreciado as publicações, especialmente Despertai!. Espero que as edições futuras sejam tão agradáveis e atrativas como as anteriores.
Mais uma vez, muito obrigado, e que Jeová continue a estar com os irmãos e que recebam muitas bênçãos.
Com amor cristão,
[Assinado] S. B.
30 de janeiro de 1984, Bladenboro, C.N., EUA
[Quadro na página 15]
Diário de Uma Criança por Nascer
5 DE OUTUBRO:
Hoje começou minha vida. Meus pais ainda não sabem disso, mas já existo. E vou ser menina. Terei cabelos louros e olhos azuis. Quase tudo já está fixado, até mesmo que irei gostar muito de flores.
19 DE OUTUBRO:
Alguns afirmam que não sou ainda uma pessoa real que apenas minha mãe existe. Mas sou uma pessoa real assim como uma migalhinha de pão ainda é realmente pão. Minha mãe é. E eu também sou.
23 DE OUTUBRO:
Minha boca está começando agora a se abrir. Imagine só dentro de cerca de um ano estarei sorrindo e, depois, falando. Sei qual será minha primeira palavra: MAMÃ.
25 DE OUTUBRO:
Meu coração começou hoje a bater por si mesmo. De agora em diante, baterá suavemente pelo resto de minha vida, sem jamais parar para descansar! E, depois de muitos anos, ele se cansará. Parará, e então morrerei.
2 DE NOVEMBRO:
Estou crescendo um pouco cada dia. Meus braços e minhas pernas começam a tomar forma. Mas tenho de esperar ainda bastante tempo antes de estas perninhas me erguerem até os braços da mamãe, antes que estes bracinhos possam colher flores e abraçar o papai.
12 DE NOVEMBRO:
Pequeninos dedos começam a formar-se em minhas mãos. É engraçado como são pequenininhos! Poderei tocar com eles nos cabelos de mamãe.
20 DE NOVEMBRO:
Foi somente hoje que o médico contou à mamãe que estou vivendo aqui, sob o coração dela. Oh, quão feliz ela deve estar! Sente-se feliz, mamãe?
25 DE NOVEMBRO:
Mamãe e papai devem estar provavelmente pensando num nome para mim. Mas eles nem sequer sabem que sou uma menininha. Desejo que me chamem de Mariazinha. Já estou ficando tão grandinha!
10 DE DEZEMBRO:
Meus cabelos estão crescendo. São macios, claros e brilhantes. Fico imaginando que tipo de cabelos mamãe tem.
13 DE DEZEMBRO:
Estou quase prestes a poder ver. Tudo é escuro em volta de mim. Quando mamãe me trouxer ao mundo, ele será cheio de sol e de flores. Mas o que mais desejo é ver minha mamãe. Qual é sua aparência, mãezinha?
24 DE DEZEMBRO:
Fico imaginando se mamãe ouve o sussurro do meu coração. Algumas crianças chegam ao mundo um pouco doentes. Mas meu coração é forte e saudável. Ele bate tão ritmicamente: toc-toc, toc-toc. A senhora terá uma filhinha saudável, mãezinha!
28 DE DEZEMBRO:
Hoje minha mãe me matou.
— De Autoria Anônima.