Os Jovens Perguntam . . .
Por que devo ter bons modos?
MULHERES que rudemente tentam abrir passagem em disputas frenéticas para conseguir pechinchas nas lojas de departamentos. Homens que passam à frente para tomarem elevadores. Jovens que virtualmente empurram para o lado pessoas idosas e enfermas, ao andarem pelas ruas. Talvez já tenha visto tal demonstração de maus modos.
Um artigo da revista Newsweek certa vez afirmou: “No caso de um número cada vez maior de adultos, seja lá quais forem os modos que certa vez possuíssem, eles desapareceram debaixo das simples pressões da vida diária: multidões, ruído, brutalidade em escala maciça na vida, na tela, nas coisas impressas . . . [Estas] assassinaram os [bons modos].” Este assassínio em ampla escala dos bons modos é especialmente notado nas grandes cidades. Os trens suburbanos do Rio de Janeiro, por exemplo, têm sido chamados de “Tragicomédia dos Maus Modos”. Empurrar e abrir caminho a força parecem ser parte duma lei subentendida de “etiqueta” dos bens suburbanos.
É interessante, porém, que alguns jovens parecem genuinamente preocupados com este problema. Com efeito, uma revista popular dos jovens até mesmo publicou um artigo em que a escritora chama a si mesma de “Miss Bons Modos”. Todavia, talvez já se tenha perguntado se vale a pena incomodar-se em ter bons modos. ‘O que ganharei em melhorar meus modos?’ — talvez se pergunte. ‘Para que serve dizer “por favor” e “obrigado”?’
Bons Modos — Por Que São Tão Importantes?
Há um ditado que diz: “Às vezes, pequenas coisas significam muito.” Bons modos são como os elementos — cobalto, molibdênio e boro. Embora se apresentem como meros oligoelementos em nossos alimentos, são absolutamente vitais para nossa saúde. Semelhantemente, sua mãe talvez use apenas diminutas quantidades de essência aromática ou de sal ao preparar seu prato favorito. Todavia, estas “pequenas coisas” são o que torna bem-sucedida a sua culinária. Bons modos são como o óleo e a graxa que fazem com que as máquinas operem suavemente.
Os modos acham-se, assim, entre as “pequenas coisas” que tornam prazerosa a vida. Reflita por um momento: Não aprecia a companhia duma pessoa que tem bons modos? Não fica ressentido quando alguém é rude e mostra falta de consideração? Se fica, lembre-se da famosa regra de ouro: “Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam, vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles.” — Mateus 7:12.
Mas, existem outros benefícios práticos de se ter bons modos. Poderá, por exemplo, querer obter um emprego. O livro Your Working Life: A Guide to Getting and Holding a Job (Sua Vida Profissional: Guia Para Se Obter e Manter um Emprego) alista várias coisas que o ajudarão a causar boa impressão a um empregador. Entre elas acha-se a polidez, cabelos bem penteados e a cortesia. Interessa-se em, algum dia, encontrar um cônjuge apropriado? Em certa pesquisa, perguntou-se a rapazes adolescentes que qualidades eles achavam atraentes no sexo oposto. Mostrar “consideração pelos outros” obteve alto índice. Em outra enquête, pediu-se a moças adolescentes que descrevessem o “marido perfeito”. Surpreendentemente, apenas 30 por cento das moças entrevistadas consideravam importante o visual. Muito mais importante para elas era que um futuro marido lhes demonstrasse consideração.
Em vista de tudo isto, não é de admirar que Amy Vanderbilt [bem-lida colunista americana] dissesse em seu famoso livro de etiqueta: “Somente um grande tolo ou um grande gênio conseguirá burlar com impunidade toda a graciosidade social, e nenhum dos dois, ao assim fazer, seria o companheiro mais agradável.”
Cultivar Bons Modos
Como, porém, se cultivam bons modos? Por se gastar horas digerindo livros sobre etiqueta? Por decorar uma lista interminável de regras? Não necessariamente, embora livros e regras de etiqueta admitidamente tenham seu lugar. Na maior parte, mostrar bons modos é uma simples questão de aplicar princípios cristãos básicos. O apóstolo Paulo assim exortou os cristãos a ‘revestir-se do Senhor Jesus Cristo’, ou, como uma nota de rodapé da Tradução do Novo Mundo (edição de 1960, em inglês) verte este versículo: “imitai os modos do Senhor”. (Romanos 13:14) Cristo mostrava consideração pelos sentimentos e pelas necessidades de outros. (Compare com Mateus 15:32.) Mostrava apreço pelos esforços dos outros. (Marcos 14:3-9) Por ser “de temperamento brando e humilde de coração”, as pessoas achavam que a companhia dele era uma experiência ‘revigorante’. — Mateus 11:28-30.
Poderá, também, cultivar interesse altruísta, semelhante ao de Cristo, pelos outros. Como? Por ler e meditar no proceder de vida de Cristo. A pessoa que aplica os ensinos de Cristo raramente será criticada por mostrar maus modos.
Ainda assim, em certas situações, espera-se que se ajuste a específicas regras de conduta. O apóstolo Paulo, para exemplificar, forneceu ao jovem Timóteo orientações definidas, de modo que ‘soubesse como comportar-se na família de Deus’. (1 Timóteo 3:15) Seus pais lhe podem dar instruções similares.
Bem, nem todos os jovens encaram as coisas desse modo. Queixou-se o jovem Juvenal: “Meus pais acham que eu devia agir como eles. Dizem: ‘Comporte-se, comporte-se’, e eu lhes respondo: ‘Não me importo, eu ajo como eu quero.’” Mas, nem sempre podemos fazer o que queremos. Os pais geralmente reconhecem isto e mostram-se assim ansiosos de que cultive bons modos. É por isso que talvez lhe façam certas exigências.
À guisa de exemplo, talvez exijam que conserve limpo o seu quarto. (É triste dizê-lo, mas alguns pais simplesmente desistiram disso, como um deles, que disse: “Ele pode deixar o quarto do jeito que quiser, mas é ele que terá de ficar nele.”) Pais que demonstram interesse sabem que seu quarto é um reflexo de sua pessoa. O que outros pensariam se os convidasse a ir ao seu quarto, que estava sujo ou com roupas jogadas por todo lado? Seus genitores também compreendem que, um dia, você talvez tenha sua própria moradia. Que espécie de cuidados terá com ela? Acatar as orientações de seus pais em tais assuntos é, portanto, importante passo em cultivar bons modos.
Mostre Bons Modos
Consideremos, agora, apenas algumas situações. Lança, de forma descuidada, o lixo pelo chão, ou aguarda a oportunidade de jogá-lo num receptáculo apropriado? Muitos acham que um pouco mais de lixo jogado em qualquer lugar não fará diferença alguma. Mas, veja o que está acontecendo com as cidades, os rios, os parques públicos, e os locais de piquenique! O lixo e a poluição estão em toda parte. Pergunte a si mesmo: ‘Sinto prazer de visitar locais que foram devastados por gente irrefletida, de maus modos?’
Por vezes, os jovens se empenham em ainda outro tipo de poluição — encher o ambiente de linguagem suja. Há jovens que parecem deleitar-se em dizer palavrões. E este espírito de ‘não dou bola para isso’ pode facilmente contaminá-lo, se não tiver cuidado. Realmente, não precisará permitir que gente sem modos o influencie. Poderá, em vez disso, aplicar o conselho bíblico: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra pervertida.” — Efésios 4:29.
E seu modo de dirigir veículos? Quer rode numa bicicleta, quer dirija o carro da família, é importante ter bons modos na estrada. O “dono de estrada” não só é uma fonte de irritação para os outros, mas também é um risco à segurança coletiva. Dirigir com impaciência a velocidades suicidas também é arriscado. Um artigo na revista Grit, há algum tempo, lembrou aos jovens de que “colisões de carros são, sem comparação, a principal causa da morte de pessoas na faixa etária dos 15 aos 24”. E qual é, amiúde, a causa de tais colisões? O artigo prosseguia: “Mais adolescentes são presos por dirigirem em altas velocidades do que por qualquer outra violação do trânsito.” Assim, obedeça às regras rodoviárias e evite pôr em perigo a si mesmo e a outros.
As refeições também apresentam oportunidades de mostrar bons modos. Há jovens que começam a comer antes de se proferir uma oração. Outros cobiçosamente consomem mais do que seu quinhão justo de comida. E, ao passo que é bom conversar e partilhar experiências, será correto dominar a conversação, em especial quando há adultos presentes?
Tais sugestões talvez se provem úteis. Na verdade, às vezes, sem o querer, talvez cometa uma gafe e diga ou faça algo que ofenda outros. Mas, poderá evitar tornar ainda pior uma situação por saber pedir desculpas com graciosidade. Lembre-se do que realmente pode motivar os bons modos — o amor cristão. Mesmo numa era em que tudo o mais parece ter falhado, “o amor [cristão] nunca falha”. — 1 Coríntios 13:4-8.
[Foto na página 23]
Bons modos incluem oferecer ajuda a outros.