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  • g85 8/4 pp. 16-19
  • A conquista em nome da igreja

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  • A conquista em nome da igreja
  • Despertai! — 1985
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Despertai! — 1985
g85 8/4 pp. 16-19

A conquista em nome da igreja

“Se Jesus estivesse vivo hoje, ele seria um paladino da liberdade.” Estas palavras, citadas por proeminente clérigo protestante, tipificam uma tendência da moderna cristandade. Certo bispo africano louva a “violência justa” de revolucionários bem-sucedidos. As igrejas protestantes fazem donativos a organizações guerrilheiras nacionalistas. Sacerdotes pegam em armas para lutar por uma “teologia da libertação”. São cada vez mais numerosas as pessoas vinculadas a uma religião que parecem estar prontas a usar de violência para atingir seus objetivos. Acha isso correto? O artigo que segue considera um exemplo histórico de tal uso “cristão” da força. Contém algumas lições que dão o que pensar.

OURO, glória e o Evangelho. Afirma-se que estas três coisas desencadearam a colonização do continente americano. Um dos colonizadores confessou que foi para a América “a serviço de Deus . . . e também para ficar rico”!

O ano de 1992 marcará o 500.º aniversário da primeira travessia do Atlântico por Cristóvão Colombo, travessia esta que abriu o caminho para essa colonização. A viagem épica de Colombo introduziu um período emocionante de exploração do continente americano. Com que resultado? Incalculáveis riquezas fluíram através do Atlântico para a Europa, e a religião européia foi plantada em solo estrangeiro. A que custo? Este foi em grande parte arcado pelos americanos nativos, que foram subjugados e dizimados pela força, pela perfídia, pela crueldade e pelas doenças desconhecidas, dos estrangeiros.

Esses estrangeiros vieram a ser chamados de conquistadores. Eram, conforme o expressa o historiador J. F. Bannon, “uma curiosa combinação de santo e demônio”. Não se pode negar sua bravura, e alguns dos seus feitos são do conhecimento de todo colegial.

Quem nunca ouviu falar de Vasco Nunes de Balboa, que cruzou o istmo do Panamá, atravessando quilômetros de florestas, montanhas e pântanos desconhecidos, tornando-se o primeiro homem branco a ver o oceano Pacífico? Ou Fernando Cortés, que andou por toda a parte com seus homens para conquistar os astecas, no que hoje é o México? Além disso, temos Francisco Pizarro e seus irmãos, que, após mais de dois anos de luta árdua, subjugaram o vasto império dos incas, no que hoje é chamado Peru. Outro foi Pedro de Valdívia, que se dirigiu ao sul, para conquistar o Chile e desalojar os índios araucanos.

Como conseguiram conquistar tão rapidamente impérios já estabelecidos? Havia muitas razões. Por exemplo, o êxito de Cortés contra os astecas provavelmente se deveu em parte ao desassossego interno do império asteca. Também, pela primeira vez os astecas se confrontaram com bestas, mosquetes, espadas e cavaleiros europeus. Além disso, o governante asteca Montezuma acreditava que Cortés fosse um deus que retornara.

Seja qual for o motivo, aos conquistadores bem-sucedidos logo seguiram “o fazendeiro, o mineiro e o sacerdote, todos preparados para criar lares permanentes num novo mundo”. Mas, o que teve que ver a religião com a conquista?

A Serviço de Sua Religião

Na verdade, a conversão recebeu consideração primária na grande aventura. Na Espanha, a terra natal da maioria dos conquistadores, dois destacados governantes, Fernando e Isabel, haviam “incitado uma onda de fervor nacionalista e religioso” que encontrou sua maior expressão na conquista da América Latina. — The Encyclopœdia Britannica.

Em 1493, o papa Alexandre VI dividiu o mundo entre os exploradores portugueses e os espanhóis, concedendo à Espanha tudo a oeste duma linha imaginária que se estendia do Pólo Norte ao Pólo Sul, 480 quilômetros a oeste das ilhas de Cabo Verde. Isto foi “em retribuição por converterem os pagãos”. Mais tarde, no Tratado de Tordesilhas, ambas as potências ratificaram esta divisão e a corrigiram por mover a linha mais para o oeste.

É interessante que ainda se sente o efeito deste envolvimento papal. A costa do que atualmente é o Brasil, quando foi descoberto, encontrava-se na faixa do mundo que pertencia aos portugueses. Assim, mesmo hoje, fala-se português no Brasil, ao passo que na maior parte do restante da América do Sul e Central fala-se espanhol.

Pelo visto, muitos dos conquistadores tinham em mente o lado religioso de sua missão. Por exemplo, o professor P. J. Mahon e o sacerdote jesuíta J. M. Hayes escrevem: “A conversão dos nativos foi um objetivo que Cortés nunca perdeu de vista. Em um dos seus relatórios ao imperador, datado de 1524, ele diz que, ‘tantas vezes quantas escrevi à sua Majestade Sagrada, contei à sua Alteza sobre a disposição que há em certos dos nativos para aceitar nossa santa fé católica e tornar-se cristãos. E escrevi à sua Majestade Imperial, suplicando que fizesse a bondade de prover para esse fim pessoas religiosas de vida e exemplo bons.’” — Trials and Triumphs of the Catholic Church in America (Dificuldades e Triunfos da Igreja Católica na América).

O historiador William H. Prescott acrescenta: “Não havia nada que o governo espanhol quisesse mais do que a conversão dos índios. Compõe o ônus constante de suas instruções, e proporcionou às expedições militares nesse hemisfério ocidental um pouco do ar duma cruzada.” Mas note o seguinte: “Não se duvidava da eficácia da conversão, não importa quão repentina fosse a mudança, ou quão violentos os meios. A espada era um bom argumento, quando a língua fracassava.”

Não obstante, esses aventureiros muitas vezes realizavam seu trabalho de conversão com uma estranha mistura de sinceridade e brutalidade. Tome, por exemplo, o que aconteceu com Atanalpa, Rei dos incas.

A Conversão de Ataualpa

O conquistador do império dos incas foi Pizarro. Com apenas alguns soldados, Pizarro achava que a única forma de poder vencer o império dos incas seria por capturar Ataualpa e mantê-lo como refém. Ele providenciou um encontro com o governante inca em Cajamarca em 16 de novembro de 1532. Mas, antes de Ataualpa chegar, Pizarro colocou secretamente sua artilharia e seus soldados em três lados da praça da cidade. Então, o próprio governante chegou com mais de 3.000 homens seus — todos desarmados, exceto por pequenos porretes e fundas.

O historiador Robert Barton fornece um relato do que se seguiu: “Um frade dominicano chamado Vicente de Valverde chegou-se ao trono com a Bíblia na mão para explicar as forças santas do cristianismo. Começou por descrever o Criador, e falou delongadamente sobre Jesus Cristo e Seu supremo sacrifício na cruz. Concluiu por pedir que Ataualpa renunciasse à sua própria religião pagã e reconhecesse a suserania do imperador Carlos V, que o protegeria dali em diante neste mundo, assim como Jesus Cristo o faria no outro.” — A Short History of the Republic of Bolivia (Breve História da República da Bolívia).

O governante inca deve ter ficado atônito diante desse discurso. Segundo Barton, ele respondeu: “‘Quanto ao seu Deus, Ele foi morto pelos próprios homens que Ele criou, ao passo que o meu’, apontando para o enorme sol vermelho que naquele momento se punha por trás das serras, ‘o meu vive para sempre e protege seus filhos. Com que autoridade vós dizeis essas coisas?’” O frade apontou para a Bíblia e passou-a a Ataualpa, que a jogou no chão. O frade Vicente, apanhando sua Bíblia, apressou-se a contar a Pizarro o que ocorrera. Alega-se que ele disse: “Ataque imediatamente. Eu o absolvo.” Pizarro deu o sinal para o ataque, e centenas de índios indefesos foram massacrados e Ataualpa foi levado prisioneiro.

Ataualpa negociou com Pizarro sua soltura. Ofereceu enorme resgate em ouro e prata, o qual Pizarro concordou em aceitar. Mas, quando o tesouro foi devidamente entregue, Pizarro deixou de cumprir a promessa. Ataualpa foi levado a julgamento, e, como idólatra, condenado à morte na fogueira. Muitos dos conselheiros de Pizarro protestaram diante de tal ato de traição — mas não o sacerdote Valverde. Por fim, Ataualpa professou-se cristão e foi batizado. Mas, de qualquer forma, foi morto em 29 de agosto de 1533, por estrangulamento.

Pizarro completou então a conquista do império dos incas. No decorrer disso, “ele erigiu igrejas, derrubou ídolos, e ergueu cruzes nas estradas”. (The Trials and Triumphs of the Catholic Church in America) Mas, acha que a religião que ele assim propagava era verdadeiro cristianismo?

Deu Bons Resultados?

Em sentido militar, o empreendimento foi um sucesso. Os pequenos grupos de conquistadores ampliaram os impérios de suas terras natais, e, na maioria dos casos, obtiveram glória e ouro para si mesmos. Mas, atingiram quaisquer fins cristãos por meio de sua violência?

Por algum tempo deve ter parecido que sim. “Os sacerdotes que acompanharam as primeiras expedições destruíram apropriadamente templos e ídolos, e condenaram o paganismo; tiveram início conversões em massa quando chegaram missionários da Espanha . . . Os índios aceitaram o batismo com grande zelo.” (Encyclopœdia Britannica) Quão profundas, porém, foram as conversões?

O historiador Ruggiero Romano comenta: “Os indígenas deste país, embora lhes ensinem os evangelhos há muito tempo, não são mais cristãos agora do que o eram no momento da conquista, pois, no que tange à fé, eles não têm mais agora do que tinham naquela época . . . Na atual Bolívia e no sul do Peru, a velha divindade pagã Pacha-mama (a Terra-mãe) ainda permanece viva, mesmo se a assimilam à Virgem . . . No México, o culto da virgem de Guadalupe tem suas raízes no culto da deusa Tonantzin (Mãe dos deuses).” — Mecanismos da Conquista Colonial.

O mesmo autor disse: “A evangelização resultou muitas vezes em fracasso . . . Por quê? Porque a violência domina também a evangelização. Como oferecer uma religião que se pretende de amor, quando se considera que ‘ninguém pode duvidar que a pólvora contra os infiéis é como o incenso para o Senhor’?”

Não, objetivos verdadeiramente cristãos nunca podem ser alcançados mediante tais meios violentos. Conversões feitas à ponta da espada nunca podem resultar na mudança de personalidade e em comprometimentos pessoais que o verdadeiro cristianismo exige. Antes, os próprios “evangelistas” ficam corrompidos. Note que em muitos desses países que foram desbravados pelos conquistadores evangélicos que levavam a espada ainda há amargo conflito e divisão. E, atualmente, alguns sacerdotes e freiras em tais lugares promovem uma luta com armas modernas por uma “teologia da libertação”.

O ponto de vista de Jesus era diferente. Lembra-se da reação dele na noite em que foi preso, quando o apóstolo Pedro tentou protegê-lo com uma espada? Jesus disse: “Devolve a espada ao seu lugar, pois todos os que tomarem a espada perecerão pela espada.” (Mateus 26:52) Pouco depois, naquele mesmo dia, Jesus disse a Pôncio Pilatos: “Meu reino não faz parte deste mundo. Se o meu reino fizesse parte deste mundo, meus assistentes teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, assim como é, o meu reino não é desta fonte.” — João 18:36.

Tais palavras destemidas e que estimulam o raciocínio indicam que, se Jesus fosse hoje homem na terra, certamente não seria um paladino da liberdade que recorre a armas. Portanto, os que realmente seguem as pisadas de Jesus não podem envolver-se em tal violência. (1 Pedro 2:21-23) Sendo assim, temos de perguntar: O “reino” de quem era na verdade representado por guerreiros tais como Cortés e Pizarro? E a favor do “reino” de quem estão lutando os ministros ativistas protestantes e católicos? Obviamente, não é a favor do Reino governado por Jesus Cristo.

[Destaque na página 18]

Os conquistadores muitas vezes realizavam seu trabalho de conversão com uma estranha mistura de sinceridade e brutalidade.

[Destaque na página 19]

Embora oferecessem uma religião que professava o amor, encaravam a pólvora usada contra os infiéis como “incenso para o Senhor”.

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