Os Jovens Perguntam . . .
Como posso granjear o respeito de meus pais?
Espera que sua mãe e seu pai estejam aborrecidos. Afinal de contas, prometeu estar em casa antes das 10 da noite, e as 10 horas já chegaram e passaram há muito. Mas, como poderia prever um acidente que bloquearia o trânsito em ambos os sentidos? E teria telefonado — se tivesse podido dirigir-se a um telefone.
Por fim, chega a casa, nervoso, mas confiante de que sua explicação bem-ensaiada será ouvida com simpatia por seus pais. Em vez disso, lançam-lhe uma barragem de perguntas tão rapidamente que mal consegue respirar. Sua mãe brada que ‘quase telefonei para a polícia’, enquanto seu pai o condena a ficar ‘sem sair’ por um mês! ‘Por que não confiam em mim?’ — pergunta a si mesmo. ‘Por que sempre me tratam como se eu fosse criança?’
MUITOS adolescentes se queixam de que simplesmente não obtêm o respeito que acham que devem ter dos pais. Em vez de merecerem confiança, são considerados culpados sem chance de defesa. Em lugar de terem liberdade, sentem-se tolhidos por regras. Disse certa mocinha: ‘Meu pai me impôs tantas regras e restrições que sinto como se estivesse numa prisão. Estou ficando adulta e sinto-me cansada de ser tratada desse jeito. Há certas coisas que quero e espero de meus pais, neste estágio da vida. Quero ser entendida, ser tratada como pessoa.’
É possível que também apreciasse que o relacionamento com seus pais fosse um pouquinho mais baseado em compreensão, tolerância e respeito mútuos. Mas, como se consegue isto?
Mudar de Imagem, Mudar Padrões
Observa a escritora Andrea Eagan: “Quando chega à adolescência, você e seus pais já têm um histórico de longo e complicado relacionamento, e cultivaram padrões deste relacionamento mútuo que são difíceis de romper.” Assim, se seus pais por vezes o tratam como criancinha, lembre-se de que, não faz muito tempo, você era realmente uma criança. A imagem que seus pais têm de você como um bebezinho amável, indefeso, ainda está fresca na memória e não pode ser facilmente descartada. Nem é fácil alterarem seus métodos arreigados de lidar com você. Os enganos infantis que costumava cometer podem estar bem frescos na memória deles.
Caso seus pais fiquem aborrecidos por você ter ficado fora de casa até tarde, pergunte a si mesmo: ‘Será que já voltei antes muito tarde para casa, sem uma desculpa plausível? Com que freqüência?’ ‘Houve ocasiões em que não fui muito honesto com meus pais?’ Há jovens que acabam ‘colhendo o que semearam’. (Gálatas 6:7) Quando surgem problemas, seus pais, quase que pela força do hábito, talvez tirem conclusões apressadas.
Felizmente, pode modificar a imagem que seus pais têm de você. Disse-se uma vez a certo rapaz, chamado Timóteo: “Nenhum homem jamais menospreze a tua mocidade. Ao contrário, torna-te exemplo para os fiéis, no falar, na conduta, no amor, na fé, na castidade.” (1 Timóteo 4:12) A mensagem aqui é a de que os jovens podem granjear o respeito de outros. Quais são alguns modos de conseguir isso?
“Grandes Falhas”
Ao expressar a famosa regra de ouro, Jesus Cristo disse: “Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam, vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles.” (Mateus 7:12) Assim, se deseja que seus pais o tratem com respeito, trate a eles respeitosamente!
Isto talvez nem sempre seja fácil de fazer. Quando era pequenino, tendia a encarar seus pais como todo-sábios e oniscientes. “Daí, com estonteante rapidez”, afirma o escritor Mike Edelhart, “nossa emergente vida adulta muda nosso enfoque, e nossos pais tornam-se pessoas comuns, um homem e uma mulher com grandes falhas em suas personalidades, com enormes frustrações, fracassos, incertezas”. Pelo menos é como ele enfocou o assunto. Mas, é verdade que, quando fica cônscio das falhas de seus pais, talvez haja a tendência de ampliá-las em sua mente.
Há jovens que encaram seus pais como “vilões”. (‘Eles não se importam com ninguém, senão com eles mesmos!’) Alguns concluem que, de algum modo, os “ultrapassaram”. (‘Meus pais não estão por dentro das coisas!’) Outros, até desrespeitosamente, respondem a eles. Um jovem que tenha estas reações, porém, não só aliena seus pais, mas também põe em foco sua própria imaturidade. Agindo como criança, certamente será tratado como uma.
O apóstolo Paulo, contudo, certa vez relembrou: “Outrossim, costumávamos ter pais, que eram da nossa carne, para nos disciplinar, e nós os respeitávamos.” (Hebreus 12:9) Os pais destes cristãos primitivos não eram mais infalíveis e sabe-tudos do que os seus. Paulo prosseguiu (versículo 10): “Nossos pais humanos . . . só podiam fazer o que julgavam ser melhor.” — The Jerusalem Bible (A Bíblia de Jerusalém).
Por vezes, tais humanos erraram em seus julgamentos. Todavia, mereciam o respeito de seus filhos. O mesmo acontece com seus pais. Por certo, têm falhas, mas, lembre-se, você também tem algumas “grandes falhas” em sua personalidade. Tente ser objetivo quanto às falhas deles, e lhes conceda o mesmo respeito que deseja para si.
Incompreensões
Outra oportunidade de merecer o respeito surge quando ocorrem incompreensões. Suponhamos que tenha que contender com dois genitores irados. Ficar você mesmo irado apenas agravará uma situação já ruim. Lembre-se, contudo, de como o jovem Jesus se controlou quando seus pais ficaram aborrecidos. Tendo partido acidentalmente de Jerusalém sem ele, seus pais ansiosos o procuraram por toda a parte durante três dias. Ao encontrá-lo no templo, palestrando inocentemente com alguns mestres sobre a Palavra de Deus, os pais dele ficaram, mesmo assim, bastante aborrecidos. Mas será que Jesus lançou uma tirada emocional, passando a chorar ou lamuriar-se de quão injustos da parte deles era questionar-lhe os motivos? Observe sua resposta calma: “Por que tivestes de ir à minha procura? Não sabíeis que eu tenho de estar na casa de meu Pai?” (Lucas 2:41-49) Sem dúvida os pais de Jesus ficaram impressionados com a maturidade por ele demonstrada. E não existe registro de que jamais questionassem outra vez onde estava.
“Uma resposta, quando branda” não só “faz recuar o furor”, mas pode também ajudá-lo a merecer o respeito de seus pais. — Provérbios 15:1.
Regras e Regulamentos
Até granjear plenamente a confiança de seus pais, é provável que lhe imponham algumas restrições. A forma como acatará as exigências deles, porém, tem muito que ver com se tais restrições, com o tempo, serão abrandadas ou ainda mais endurecidas. Há jovens, para exemplificar, que desafiam abertamente os pais, ou que desobedecem a eles às escondidas. Os autores do livro Options (Opções), todavia, avisam: “Mentir para eles quando deseja que confiem em você faz tanto sentido como roubar para provar quão honesto é. Quando o apanharem nisso, provavelmente vão restringi-lo ainda mais, apenas por ser sonso.”
Experimente um enfoque mais adulto. Se quer que o deixem chegar mais tarde a casa, não faça “exigências” infantis, ou fique se lamentando de que “todos os outros jovens podem chegar tarde em casa”. Diz a escritora Andrea Eagan: “Ser razoável com seus pais inclui várias coisas. Uma delas é contar-lhes o máximo possível sobre o que deseja fazer, de modo que realmente entendam a situação. . . . Se lhes contar tudo sobre onde vai estar e com quem, e por que é importante para você chegar mais tarde a casa . . . é possível que digam sim.”
Ou, se seus pais desejarem selecionar seus amigos — como bem deviam — não fique se lamuriando como um bebê. Recomendou a revista Seventeen (Dezessete Anos): “Traga amigos para casa, de vez em quando, de modo que, quando disser que vai ao cinema com Paulo, seu pai não tenha motivos de berrar lá do outro aposento: ‘Paulo? Que Paulo?’” E, mesmo que ache as exigências de seus pais desarrazoadas, não se rebele. Converse com eles sobre isso.
Isto talvez não seja fácil. Assim, mantenha forte controle sobre suas emoções. Afirma Provérbios 29:11: “Todo o seu espírito é o que o estúpido deixa sair, mas aquele que é sábio o mantém calmo até o último.” Garanta a seus pais que os ama e que aprecia a preocupação deles. Explique que deseja crescer e tornar-se um adulto responsável, e converse de forma direta com eles sobre as coisas que acha que contribuirão para tal crescimento.
Depois de ouvir o que tem a dizer, seus pais talvez façam — ou não — um ajuste no que exigem de você. Mas, seja qual for o caso, observarão seu modo maduro de lidar com os assuntos. E, depois de certo tempo, ao observarem seu comportamento responsável, a imagem que têm de você como uma criança indefesa começará a desaparecer, e notarão que o encaram numa perspectiva inteiramente nova — com granjeado respeito.
[Destaque na página 21]
“Mentir para [seus pais] quando deseja que confiem em você faz tanto sentido como roubar para provar quão honesto é.”