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  • Manter a integridade na alemanha nazista

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  • Manter a integridade na alemanha nazista
  • Despertai! — 1986
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Despertai! — 1986
g86 22/3 pp. 24-27

Manter a integridade na alemanha nazista

COMO muitos jovens na Alemanha antes da II Guerra Mundial, eu gostava de esportes, especialmente de ginástica e futebol. Minha vida era ocupada com tais coisas. Mas, por fim isso mudou.

Através dum colega de trabalho de meu pai, familiarizei-me com a Bíblia. A princípio era céptico quanto ao que tinha a dizer este Bibelforscher (Estudante da Bíblia, como era conhecida uma Testemunha de Jeová na época). Mais tarde, o que ele disse impressionou-me, especialmente a informação sobre Jesus Cristo e sua atividade como homem.

Começa o Tempo de Provação

Em 1933, devido aos nazistas assumirem o poder na Alemanha, o clube esportivo a que eu pertencia foi proscrito. Isto, mais o que eu estava aprendendo das Escrituras, ajudou-me a ficar mais preocupado com assuntos espirituais. Em 1935, dediquei-me a Jeová Deus e simbolizei isto pelo batismo em água, e por volta da mesma época, casei-me com uma concrente.

Haviam começado tempos difíceis e viriam ainda piores. O proprietário do negócio em que eu trabalhava recebeu uma carta da Frente dos Operários Alemães, uma organização que era ramo do NSDAP (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, ou Partido Nazista). A carta dizia:

“Por meio desta solicitamos que demita, de acordo com as regras e regulamentos de sua companhia, o Estudante da Bíblia — seu empregado, visto que perturba abertamente a paz de sua empresa por não se tornar membro da Frente dos Operários Alemães.” O proprietário da firma aquiesceu ao pedido da carta, e visto que eu não podia conscienciosamente afiliar-me a um partido político, perdi meu emprego.

Um ano depois, eu e minha sogra fomos presos. Fizeram-se esforços para me fazer renunciar a fé e delatar meus irmãos espirituais. Minha recusa de cooperar resultou em ser mandado para o campo de concentração de Buchenwald, em 25 de novembro de 1937. Minha sogra foi também enviada a um campo de concentração.

Provas de Integridade em Buchenwald

Fiquei preso em Buchenwald por aproximadamente oito anos. Tencionava-se que terminasse minha vida ali — pelo menos alguns homens de mentalidade diabólica pensavam assim. Os guardas alemães das SS diziam-nos repetidamente: “Vocês não sairão vivos daqui.” Fui obrigado a trabalhar das quatro da manhã até o sol se pôr, apesar de ter pouco que comer. Mas, graças a Jeová Deus, a quem desejava ser íntegro, pude prosseguir.

Durante esses tempos difíceis, o alimento espiritual era muito importante. Como o obtínhamos no campo de concentração? Ocasionalmente, mais Testemunhas de Jeová eram trazidas a Buchenwald. Eram trazidas não só da Alemanha, mas também da Holanda, da Bélgica e da França. O que quer que se lembrassem do que haviam lido em números recentes da Sentinela era anotado e, através de nossos meios secretos de distribuição, passado para co-Testemunhas. Assim recebíamos a nutrição espiritual que necessitávamos tão desesperadamente a fim de manter nossa integridade.

Mas, nosso suprimento de alimento espiritual não ficou em secreto, embora os guardas não tivessem êxito em descobrir como o recebíamos. Certo dia recebemos o ultimato: ‘Se toda a matéria impressa não for entregue até amanhã às 12 horas, cada segundo homem será morto.’ Num campo de concentração, isso nem sempre era uma ameaça vã!

Nossos irmãos responsáveis pela matéria escrita encontraram meios de se reunir para debater o assunto e orar a respeito. Decidiu-se entregar partes de nossas “provisões espirituais” manuscritas. Nestes escritos, expunham-se várias práticas não cristãs da Igreja Católica. A decisão de entregar tal matéria trouxe bons resultados. Ninguém foi executado, e deu-se um bom testemunho. Com efeito, alguns oficiais das SS demonstraram interesse no que estava escrito.

Pudemos também suprir outros campos com sustento espiritual. Sempre que irmãos eram transferidos de Buchenwald para outros campos, eles arriscavam a vida por esconderem na sua própria pessoa verdades bíblicas em forma manuscrita. E em Buchenwald, organizamos uma campanha especial para dar testemunho a outros companheiros de prisão, alcançando milhares deles com as boas novas.

Renunciar a Fé ou Morrer

Quando começou a II Guerra Mundial, em 1939, passamos pela mais dura prova. Exigiu-se que assinássemos uma declaração afirmando que renunciáramos a nossa fé e estávamos dispostos a fornecer os nomes de pessoas que advogavam ativamente os ensinos dos Estudantes da Bíblia. Se a assinássemos, seríamos soltos. Qualquer Testemunha que se recusasse a assinar seria morta.

Freqüentemente empregava-se esta ameaça. Dava-se a ordem: “Estudantes da Bíblia, dirijam-se ao portão!” Ficávamos ali em pé — magricelas, em roupas maltrapilhas. Nas torres estavam guardas armados. O comandante do campo repetia sua ameaça de que todos os que se recusassem a assinar a declaração seriam mortos. Silêncio total. Ninguém se apresentava.

Numa ocasião, duas Testemunhas que anteriormente assinaram o documento deram um passo adiante, dizendo que queriam cancelar suas assinaturas! Preferiam morrer junto com seus irmãos. Houve grande surpresa, e até mesmo ansiedade, da parte dos de outra maneira calejados guardas das SS. A princípio, não houve nenhum abuso, nenhuma ameaça, apenas a ordem: “Dispensar! Não se apresentem ao trabalho.” Duas horas depois, ressoaram novamente as palavras: “Estudantes da Bíblia, dirijam-se ao portão!” Este processo de cão e gato continuou por três dias.

Suficientemente alto para ouvirmos, os guardas das SS discutiam como seríamos enfileirados e fuzilados. Ouvimos até mesmo um dos comandantes dizer: “A melhor coisa a fazer é ficarmos ao redor deles e fuzilá-los de todos os lados.” Mas que isso era simplesmente uma tática para baixar o nosso moral, ficou claro quando tivemos de comparecer de novo ao campo de desfiles.

O comandante do campo, Huttig, começou seu discurso com as palavras nada lisonjeiras: “Salafrários, porcos . . .” Mas o que estávamos ouvindo? Não as ameaças costumeiras de morte e sim: “O Führer é bom demais para vocês. A execução de suas sentenças foi adiada até a vitória.” Ficamos mui gratos a Jeová, apesar de Huttig ter gritado: “Mas lembrem-se . . . a tolerância não significa perdão.” O inimigo tinha perdido.

Outra Vitória

Embora as condições ficassem mais suportáveis no ano seguinte, ainda viriam muitas dificuldades. Durante um inverno bastante rigoroso, disseram-nos para doar roupas para as tropas alemães no Leste. Quando recusamos apoiar desta forma os esforços de guerra, fomos despojados de nossas luvas, dos protetores de ouvidos e das camisetas. Confiscaram também nossos sapatos de couro. Em vez disso recebemos tamancos, chamados holandeses. Apesar da falta de roupa, éramos forçados a sair para trabalhar, até a temperaturas de 15°C abaixo de zero.

Certo dia disse-se que se negaria aos Estudantes da Bíblia toda assistência médica na enfermaria do campo. Estávamos, portanto, obrigados a apoiar uns aos outros ainda mais, ajudando, cuidando e amorosamente ‘sustentando’ os doentes, por assim dizer. (Gálatas 6:2) Esta medida, que se destinava a nos quebrantar, realmente teve o efeito contrário. Sim, até mesmo começamos a ver a mão de nosso Deus nesta questão!

Visto que cuidávamos dos doentes e dos fracos com amor cristão, não tivemos nenhuma morte. Por outro lado, faleceram muitos dos presos tratados na enfermaria do campo. Naturalmente, os homens alienados de Deus, das SS, tendo-se tornado desumanos, não podiam compreender o que o amor podia realizar. Depois de algum tempo, ao verem que todos nós ainda respondíamos à chamada, um médico das SS meneou a cabeça em descrença e disse: “Uma maravilha médica.”

Observar a Comemoração

Era março de 1942, e se aproximava a época para celebrarmos a Refeição Noturna do Senhor, ou Comemoração da Morte de Cristo. Mas como poderíamos organizá-la num campo de concentração? Certo irmão conseguiu lençóis de cama para usar como toalhas de mesa; o comandante das SS que deu a autorização acreditava que fossem para uma celebração de aniversário. A comemoração seria realizada na ala D de nosso bloco.

O primeiro grupo de irmãos já tinha entrado furtivamente na ala D e estava reunido para a celebração. Outros irmãos, sem dar na vista, ficavam de guarda do lado de fora do aposento. De repente, aconteceu algo inesperado. O comandante estava vindo fazer uma inspeção de rotina! E ele ia direto para a ala D. O coração dos irmãos que estavam de vigia quase parou. Não havia nada que pudessem fazer. O comandante estava subindo as escadas. Portanto, oraram silenciosamente. No meio da escada o comandante parou, olhou ao redor, e, inexplicavelmente, passou a descer.

Mesmo agora, 40 anos depois, lembranças de acontecimentos assim ajudam-me a confiar plenamente em Jeová, não importa em que circunstâncias eu me encontre. Ele transformou situações aparentemente desesperadoras em grandes libertações. — Isaías 26:3, 4.

Tempo de Alívio

No fim da guerra, fomos libertados do campo. Sentimo-nos como os israelitas da antiguidade, de quem se disse: “Quando Jeová ajuntou de volta os cativos de Sião, tornamo-nos como os que estão sonhando. Naquele tempo, nossa boca veio a encher-se de riso e nossa língua de clamor jubilante.” — Salmo 126:1, 2.

Pouco antes do fim da II Guerra Mundial, minha esposa fora presa para ser mandada para um campo de concentração. Minha sogra estivera em Ravensbruck, e apenas alguns meses antes do fim da guerra, as SS enviaram-na para a Alta Baviera. Mas, em 1945, todos nós retornamos ao lar. Ficamos felizes de estar juntos outra vez, mui gratos de termos mantido a integridade, e com apreço por podermos novamente prosseguir em nossa adoração a Jeová.

Preso Novamente

Alguns anos depois da II Guerra Mundial, devido a uma proscrição da atividade das Testemunhas de Jeová no país onde morava, fui novamente preso e separado de minha família por quase quatro anos. Durante este tempo difícil, sentimos repetidas vezes a ajuda de Jeová, nosso Deus misericordioso.

Depois da guerra, fomos abençoados com um filho, e quando ele atingiu a idade adulta, foi também confrontado com a decisão envolvendo o princípio da neutralidade, delineado na Bíblia em Isaías 2:4. Para a nossa alegria, ele escolheu o caminho da integridade a Jeová. Assim, por dois anos conheceu pessoalmente a vida numa prisão.

Por manter a integridade a Deus, nossa pequena família pode agora rememorar um total de 23 anos passados em campos de concentração e em prisões. Nem todos nós passaremos pelas mesmas coisas. Mas, todos nós deparamos cada dia com o desafio de manter a integridade num mundo perverso. Portanto, que o leitor também esteja determinado a apegar-se à sua integridade. Jamais lamentará isso, pois o salmista diz: “Quanto a mim, sustentaste-me por causa da minha integridade e pôr-me-ás diante da tua face por tempo indefinido. Bendito seja Jeová, o Deus de Israel, de tempo indefinido a tempo indefinido.” (Salmo 41:12, 13) — Visto que o autor mora num país onde as atividades das Testemunhas de Jeová estão atualmente proscritas, não se usa o nome dele.

[Destaque na página 25]

Qualquer Testemunha que se recusasse a assinar a declaração seria morta.

[Destaque na página 26]

O comandante das SS disse: “A melhor coisa a fazer é ficarmos ao redor deles e fuzilá-los de todos os lados.”

[Destaque na página 27]

Nossa pequena família pode rememorar um total de 23 anos passados em campos de concentração e em prisões.

[Fotos na página 24]

O campo de concentração de Buchenwald, onde passei oito anos aflitivos.

[Crédito das fotos]

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