O Conceito da Bíblia
Devem os cristãos participar nas celebrações do Ano-novo?
NAS comunidades chinesas, fazem-se explodir bombinhas por toda a noite. No Japão, os gongos dos templos budistas reverberam no ar 108 vezes. Nos Estados Unidos, e em muitas partes do Brasil, dobram-se sinos, tocam-se buzinas dos automóveis e sopram-se apitos ao soar a meia-noite. Tudo isso na Véspera do Ano-novo.
Sabia que toda essa algazarra, embora assuma diversas formas, era originalmente feita por um só motivo básico: para afastar os demônios e purificar as pessoas para o ano vindouro? A maioria das pessoas considera o alarido e a folia da Véspera do Ano-novo como divertimento, acompanhado de requintadas celebrações do Ano-novo. Mas qual é seu conceito sobre as celebrações do Ano-novo? Concorda tal conceito com a Bíblia?
Beber e Comer Demais
Mircea Eliade, professor de história religiosa, internacionalmente conhecido, descreve o rito associado à véspera do Ano-novo como “interlúdio do Carnaval, das Saturnais, uma inversão da ordem normal, ‘orgia’”. Assim, em muitas terras, usualmente há bebedeiras.
No Japão, para exemplificar, os empresários utilizam as bonenkai, (festas para esquecer o ano velho) como desculpa para beberem demais. Estas são seguidas pelas shinnenkai, (festas do Ano-novo), em que se serve mais alimentos e bebidas. Como resultado, os “tigres” campeiam nos trens das altas horas da noite, nessa época do ano. Em japonês, a expressão “tigres” refere-se aos beberrões que são tolerados nesta época.
Será que agir dessa forma, ou até mesmo tolerar tal desonra, não degrada a dignidade humana? O apóstolo Paulo admoestou os cristãos em Roma: “Andemos decentemente, como em pleno dia, não em festanças e em bebedeiras . . . Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não estejais planejando antecipadamente os desejos da carne.” (Romanos 13:13, 14) Pode imaginar Jesus organizando uma festa para seus discípulos, na qual fossem beber e comer demais? Dificilmente!
Talvez a referência de Paulo às ‘festanças e bebedeiras’ incluísse as festas do Ano-novo. Por quê? O livro Christmas Traditions (Tradições do Natal), de William M. Auld, declara: “Desde os tempos de Júlio César [46 AEC], o dia 1.º de janeiro assinalou o começo do ano civil e era um feriado.” Além disso, Auld revela que “duravam pelo menos três dias, as festas e a folia”.
Será Ganância?
No Oriente, as pessoas têm o costume de dar especiais presentes em dinheiro às crianças, durante o feriado do Ano-novo. Os chineses usam pacotinhos vermelhos de dinheiro. Crêem que a cor vermelha não só trará boa sorte e prosperidade, mas também exorcizará o mal. Os nipônicos, contudo, utilizam envelopinhos brancos com signos auspiciosos. O que promovem esses costumes?
“Eu costumava aguardar com expectativa o feriado do Ano-novo”, relembra um senhor nipônico, “e meu interesse principal era quanto otoshidama (presente monetário do Ano-novo) eu receberia naquele ano”. Poderia tal costume influir nas crianças? Poderia, sim, responde a coluna Vox Populi, Vox Dei, do jornal japonês Asahi Shimbun, que declara: “As crianças classificam secretamente os adultos pelo total de ‘otoshidama’ que recebem deles.” O total presenteado continua aumentando, atingindo cerca de 20.000 ienes (uns Cz$ 1.800,00) para cada criança em 1985.
Será que este costume não promove a ganância? Os adultos ficam ansiosos de obter mais prestígio, e as crianças, de receber mais dinheiro. É precisamente assim que o Vine’s Expository Dictionary of New Testament Words (Dicionário Expositivo de Palavras do Novo Testamento, de Vine) define a palavra “ganancioso”, encontrada em 1 Coríntios, capítulo 6, a saber, “(ansioso) de ter mais”.
Que espécie de genitor estimularia a ganância em sua prole, e permitiria que cultivassem “o amor ao dinheiro”? A Bíblia avisa que “o amor ao dinheiro é raiz de toda sorte de coisas prejudiciais”. — 1 Timóteo 6:10.
Mas, existem ainda outros motivos para se ficar preocupado com as celebrações do Ano-novo.
Origem Condenável?
Suponhamos que encontrasse um riacho com água cristalina, e ficasse tentado a bebê-la. Ao ir subindo o rio, contudo, deparasse com campistas lavando suas vasilhas sujas e suas roupas enlameadas naquela água. Ainda desejaria beber aquela água e arriscar-se a contrair uma doença? O mesmo pode ser dito dos costumes de celebrar o Ano-novo. Embora algumas celebrações possam parecer inocentes aos homens, Jeová, o Deus da Bíblia, observa sua fonte.
Bem, onde é que encontramos o registro mais antigo de uma celebração de Ano-novo? “A mais antiga descrição, que conhecemos, duma festa de Ano-novo provém da antiga Mesopotâmia”, responde Theodor Gaster em seu livro New Year — Its History, Customs and Superstitions (Ano-novo — Sua História, Costumes e Superstições). As tabuinhas de argila que descrevem a festa do Ano-novo registram “um programa de cerimônias realizadas em Babilônia desde dias remotos do segundo milênio A.C.”.
O ano babilônico começava por volta do equinócio vernal [hem. norte] — no mês de março. A celebração durava 11 dias, e centralizava-se na adoração de Marduque, o padroeiro da cidade de Babilônia. Os vestígios da festa do Ano-novo de Babilônia, tais como as pantomimas (peças de mascarados) e os ritos de fertilidade, ainda são observados nas celebrações de Ano-novo ao redor do mundo. O desfile de mascarados na cidade de Filadélfia (EUA) no Dia do Ano-novo, e a festa de fertilidade, realizada na cidade de Akita (Japão) no dia 17 de janeiro, são apenas dois exemplos de tais remanescentes.
Deus considera poluídos os costumes religiosos originários de Babilônia. Ele se refere ao império mundial da religião falsa, com seus costumes arraigados na antiga Babilônia, como “Babilônia, a Grande”, e avisa: “Saí dela, povo meu, se não quiserdes compartilhar com ela nos seus pecados, e se não quiserdes receber parte das suas pragas.” (Revelação 18:2, 4) Por conseguinte, visto que aquilo que é apresentado nas celebrações do Ano-novo revela suas origens pagãs, as pessoas desejosas de acatar a Bíblia evitarão totalmente tais festividades.
[Destaque na página 21]
Embora algumas celebrações possam parecer inocentes aos homens, Jeová Deus observa a fonte delas.