BIBLIOTECA ON-LINE da Torre de Vigia
BIBLIOTECA ON-LINE
da Torre de Vigia
Português (Brasil)
  • BÍBLIA
  • PUBLICAÇÕES
  • REUNIÕES
  • g88 8/11 pp. 23-27
  • A Espanha Mourisca — notável legado

Nenhum vídeo disponível para o trecho selecionado.

Desculpe, ocorreu um erro ao carregar o vídeo.

  • A Espanha Mourisca — notável legado
  • Despertai! — 1988
  • Subtítulos
  • Matéria relacionada
  • Os Mouros — De Onde Vieram
  • A Idade de Ouro de Córdova
  • Islã — ‘Linha de Transmissão Tecnológica’
  • Escola de Tradutores de Toledo
  • Perdura o Legado dos Mouros
  • O Alhambra — jóia islâmica de Granada
    Despertai! — 2006
  • A história da Palavra de Deus na Espanha medieval
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 2014
  • Sevilha — portal de acesso às Américas
    Despertai! — 2003
  • Toledo — fascinante mistura de culturas medievais
    Despertai! — 2007
Veja mais
Despertai! — 1988
g88 8/11 pp. 23-27

A Espanha Mourisca — notável legado

Do correspondente de Despertai! na Espanha

ESPANHA — terra do flamenco, dos castelos mouriscos, e dos orgulhosos caballeros — recebe um influxo anual de mais de 40 milhões de turistas. Eles vêm de todas as partes da Europa e de mais além, não só para usufruir as inúmeras praias banhadas pelo sol, dessa península, mas também para assimilar um pouco da cultura hispânica.

Ao ouvir a música melancólica do flamenco, admirar os garanhões andaluzes nas festas locais, ou contemplar a vista duma ameia mourisca, os visitantes discernidores percebem algo diferente na cultura hispânica. Seus sentidos não se deixam enganar. Eles ficaram cativados pelas vistas e pelos sons da Espanha mourisca.

Expulsos da Espanha há cerca de 500 anos, os mouros nos legaram uma herança duradoura ainda observada em prédios, na música, e até nos animais da Espanha. Mas, quem eram exatamente os mouros? Como é que vieram a influenciar a Espanha em tamanho grau? O que aconteceu com eles?

Os Mouros — De Onde Vieram

O sétimo e o oitavo séculos foram uma época de grandes inquietações políticas e religiosas no Oriente Médio e na região do Mediterrâneo. Durante os cem anos que se seguiram à morte do profeta Maomé, em 632 EC, seus fervorosos seguidores criaram um império islâmico que ia do rio Indo, no oriente, até os Pireneus, no ocidente. A própria Espanha foi invadida em 711 EC, e foi gradualmente conquistada pelos exércitos muçulmanos, compostos de berberes, ou membros das tribos da África do Norte, e de árabes, que mais tarde constituíram a classe dominante. Os invasores são geralmente chamados de “mouros”, não importa qual seja seu país de origem.a

Este amplo Império Islâmico, que equivalia ao correspondente Império Romano em extensão, era religioso, além de político. Embora os conquistadores islâmicos geralmente não propagassem sua religião pela força, a nova fé gradualmente sobrepôs-se não só aos pagãos, mas à maioria daqueles que se afirmavam cristãos no Oriente Médio, na África do Norte, e a muitos na própria Espanha.

A Idade de Ouro de Córdova

Conhecida em árabe como al-Andalus, que deu origem a “Andaluzia”, a Espanha era governada de início desde Damasco, mas, no décimo século, tornou-se independente, quando o emir de Córdova se declarou um califa, ou chefe de estado. Foi nessa época que o califado mouro atingiu seu zênite, e Córdova, no sul da Espanha, tornou-se próspera metrópole, rivalizando-se com Damasco como centro da cultura islâmica.

Com a possível exceção de Constantinopla, a Córdova do décimo século, tendo cerca de 500.000 habitantes, era a cidade mais populosa da Europa. Como capital da Espanha islâmica, ela usufruía de enormes rendas, derivadas mormente da agricultura, do comércio, e da indústria, todos os quais floresciam sob a dinastia governante dos Umayyad.

A universidade era um renomado centro de erudição, e a cidade ostentava uma biblioteca pública de 400.000 volumes. Vinte e sete escolas gratuitas foram providas para ensinar as crianças pobres, e havia elevado padrão de alfabetização, tanto entre os meninos como entre as meninas. Os jovens nobres dos reinos feudais da cristandade, ao norte, eram educados nas cortes mouriscas, e as mulheres opulentas da França mandavam buscar em Córdova suas roupas mais elegantes.

O enorme influxo de riqueza também se refletia no aspecto geral da cidade, descrita por uma freira contemporânea alemã como “o adorno do mundo”. As ruas eram pavimentadas e iluminadas. Jardins, quedas d’água e lagos ornamentais adornavam a cidade, enquanto que um aqueduto trazia água fresca, em abundância, para suprir as fontes e banhos públicos, que chegaram a totalizar 700, segundo um cronista muçulmano. Espalhados pela cidade, erguiam-se suntuosos palácios, um dos quais, o Al-Zahra, nos limites de Córdova, levou 25 anos, e o suor de 10.000 trabalhadores para ser concluído. Suas ruínas ainda testemunham a sua grandeza.

Também durante o décimo século, a Grande Mesquita de Córdova foi finalmente concluída. Professando preservar o braço de Maomé, tornou-se importante centro para os peregrinos islâmicos. Uma fonte diz: “Era secundário em santidade apenas a Meca e . . . uma visita a ele absolvia os fiéis da obrigação de fazer a peregrinação à Arábia.” Os atuais visitantes ainda se quedam admirados diante da magnífica colunata de mármore (há cerca de 850 colunas) e de arcos ornados. Tem sido descrito como o “mais lindo templo muçulmano do mundo”.

No entanto, a idade de ouro de Córdova teve vida curta. Bem cedo no século 11, a dinastia dos Umayyad chegou ao fim, e começou uma série de assassinatos, insurreições e feudos. Pouco depois a Espanha mourisca desintegrava-se em 23 cidades-estados ou taifas, gradualmente absorvidas pelos reinos feudais da cristandade hispânica, a partir do norte. Granada, o último reino mourisco, foi conquistada em 1492, e os mouros foram expulsos da península.

Mas o impacto da cultura moura iria permanecer. Até mesmo a língua da Espanha ainda reflete a marcante influência moura; os peritos calculam que 8 por cento das modernas palavras espanholas se derivam do árabe. Os visitantes podem ouvir os espanhóis invocarem a Alá, sem se darem conta disso, usando a expressão idiomática comum “ojalá”, que originalmente era wa-sa Alláh, ou “queira Alá”.

Islã — ‘Linha de Transmissão Tecnológica’

A ocupação moura da Espanha havia de ter conseqüências duradouras também para o resto da Europa. Especialmente durante o período em que os reinos da cristandade, no norte da Espanha, passaram a incorporar gradualmente os estados islâmicos ao sul, a Espanha mourisca serviu de elo intermediário entre o Oriente e o Ocidente, facilitando a difusão da cultura, da ciência e da tecnologia orientais por toda a Europa, e mais além. (Veja o quadro, página 27.)

Explicando este processo, Encyclopædia Britannica declara: “A importância do Islã residia na assimilação árabe das consecuções científicas e tecnológicas da civilização helênica, à qual contribuiu com significativos acréscimos, e o todo tornou-se disponível para o Ocidente através dos mouros, na Espanha.

“O Islã também proveu uma linha de transmissão de parte da tecnologia das antigas civilizações da Ásia oriental e sul, especialmente a da Índia e da China.”

O considerável impacto da cultura moura sobre a Europa ocidental pode ser prontamente visto nas muitas palavras, de diversos campos, em português (e em outras línguas européias), derivadas do árabe: álgebra, zero, álcool, álcali, limão, laranja, açúcar, adobe, alcova, tarifa, magazine, jarra, sofá, etc.

Os peritos islâmicos acataram literalmente a admoestação de seu profeta: “Procurem a sabedoria, ainda que se encontre na China.” Parte da nova tecnologia deveras proveio da China.

Escola de Tradutores de Toledo

De início, todo este conhecimento circulava em árabe, língua desconhecida da maioria dos peritos europeus. Mas, esta barreira lingüística logo seria transposta. A recuperação de Toledo dos mouros, por parte do católico Rei Afonso VI, de León, em 1085, foi crucial neste sentido.

Já no próximo século, estabelecera-se em Toledo uma escola de tradutores, e, gradualmente, a ampla maioria das obras islâmicas foi traduzida para o latim, e, mais tarde, para outras línguas européias. Graças aos trabalhos destes tradutores, obras em árabe, tais como o Cânon de Medicina, de Avicena, tornaram-se compêndios padrões, às vezes durante séculos, em muitas universidades européias.

Perdura o Legado dos Mouros

O legado dos mouros ainda pode ser visto na Espanha moderna. Transmitida a cada geração sucessiva, a arquitetura, a ciência e a tecnologia mouriscas influenciaram igualmente os construtores, os lavradores e os cientistas espanhóis. A música moura foi mais tarde incorporada no flamenco, e o artesanato mouro também sobreviveu e pode ser prontamente discernido em muitas lembranças que atraem o turista moderno. No ínterim, muitos de seus imponentes castelos ainda permanecem como testemunhas mudas de uma grandeza que não mais existe.

Assim acontece que, onde quer que o turista passeie, as vistas e os sons da Espanha moderna podem bem ser os ecos desta civilização desaparecida, cuja glória já feneceu, mas cujo legado para a Espanha, e deveras, para o mundo, é notável.

[Nota(s) de rodapé]

a O termo “mouro” provém da palavra latina Maurus, que se referia ao povo que habitava a região noroeste da África.

[Foto na página 23]

Pátio de los Leones, palácio do Alhambra, Granada.

[Foto na página 24]

Intricado ornamento mourisco do palácio do Alhambra, Granada.

[Fotos na página 25]

Teto ornamentado da cúpula da Mesquita de Córdova.

Algumas das mais de 800 colunas de mármore da Mesquita de Córdova.

[Quadro na página 27]

Os Árabes — Uma Ponte Que Liga o Oriente e o Ocidente

Seda e Papel. Quando os árabes conquistaram grande parte da Ásia Menor, descobriram que o processo de fabricação da seda já tinha sido desenvolvido ali, em escala limitada, devido a anterior contato com a China. Este subseqüentemente se espalhou por todo o mundo islâmico, atingindo, provavelmente por volta do nono século, a Espanha, que se tornou o primeiro país europeu a fabricar seda.

Ainda mais importante foi a descoberta de como produzir papel. Alegadamente, um preso chinês, capturado pelos árabes, ensinou-lhes a arte de fabricar papel à base de trapos. Fabricado em Damasco por volta do fim do oitavo século rapidamente substituiu o papiro por todo o império islâmico. Não demorou muito para que fosse produzido na Espanha, e graças a este novo processo, houve um grande aumento na produção de livros em Córdova e em outras cidades espanholas.

A tecnologia se espalhou da Espanha para outras partes da Europa, e, deveras, a utilização do papel facilitou a criação da imprensa no século 15.

Outras inovações orientais, tais como o moinho de vento, e o uso da pólvora, também chegaram à Europa, pelo visto através desta “linha de transmissão” islâmica.

Agricultura. O eficiente sistema de canais de irrigação dos mouros ainda é utilizado em muitas partes da Espanha, regando as culturas de laranja e de limão que foram inicialmente plantadas pelos horticultores árabes. Sob a direção dos mouros, cultivava-se arroz, cana-de-açúcar, romãs, algodão, bananas, laranjas, limões, tâmaras e figos. Muitas destas culturas seriam mais tarde levadas para as Américas pelos colonizadores espanhóis e portugueses.

O lento boi foi substituído pela mula pelo jumento e pelo cavalo. Os cavalos da África do Norte foram cruzados com corcéis ibéricos a fim de produzir o que tem sido chamado de o mais antigo cruzamento de animais de que se tem registro no mundo: o magnífico andaluz.

Medicina. O hospital de Córdova era uma renomada faculdade de medicina a primeira de sua espécie na Europa, e seus cirurgiões gozavam de reputação internacional. Os instrumentos cirúrgicos eram surpreendemente similares aos utilizados atualmente. Vinho, haxixe, e outras drogas eram alegadamente usados como anestésicos.

Dava-se grande ênfase à medicina curativa, e ao uso de ervas medicinais. No Cânon de Medicina, de Avicena, uma enciclopédia médica do século 11, encontramos o seguinte conselho sensato: “A experiência mostra que a amamentação ao seio materno é um importante fator protetor contra as moléstias.”

Astronomia, Geografia e Matemática. Um notável trabalho geográfico e astronômico, escrito por al-Edrísi, que estudou em Córdova, surgiu no século 12. Intitulado “Roger’s Book” (Livro de Roger), dividia o mundo conhecido em zonas climáticas e incluía cerca de 70 mapas pormenorizados que têm sido chamados de “coroamento da cartografia medieval”. Como a maioria dos peritos islâmicos, al-Edrísi tinha como certa a idéia de que a Terra é esférica.

Outro mouro, um cidadão de Toledo publicou tabelas astronômicas e inventou o que é conhecido como astrolábio (aparelho para determinar a altitude) universal, o precursor do sextante. Tais progressos, junto com a adoção da vela triangular, usada por muitas gerações pelas embarcações árabes, constituíram importantes contribuições para as grandes viagens de descobrimento no século 15.

Nosso sistema numérico também deve muito aos matemáticos islâmicos que por volta do oitavo século, empregavam o que atualmente são conhecidos como algarismos arábicos, junto com o zero e o ponto decimal, todos os quais foram uma melhora considerável em relação ao anterior sistema romano de algarismos representados por letras (I=1, V=5, X=10, L=50, C=100, M=1.000). À guisa de exemplo, compare MCMLXXXVIII com o sistema idealizado pelos árabes — 1988!

    Publicações em Português (1950-2025)
    Sair
    Login
    • Português (Brasil)
    • Compartilhar
    • Preferências
    • Copyright © 2025 Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania
    • Termos de Uso
    • Política de Privacidade
    • Configurações de Privacidade
    • JW.ORG
    • Login
    Compartilhar