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  • Como a verdade me transformou de criminoso em cristão
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g89 22/9 pp. 18-21

Como a verdade me transformou de criminoso em cristão

EU ME criei numa cidadezinha do Maine, EUA. Eu parecia estar sempre metido em alguma pequena arte. Quando meu pai me pegava em tais travessuras, eu levava uma boa surra. Às vezes eu me sentia solitário, especialmente depois que meu pai morreu — ele morreu quando fiz 11 anos.

Quando me mudei para uma cidade maior, meti-me em mais do que simples travessuras, coisas mais sérias, como roubos de lojas, bem como invasão de lojas. Eu invadia a loja de ferragens só para ver se conseguiria. Nem sempre tirava muita coisa de lá. Era mais pela emoção do que por qualquer outro motivo. Agora que eu relembro o passado, penso muito que fui motivado por ver TV demais — parecia que os filmes violentos me atraíam.

Meus crimes foram progressivamente se agravando. Quanto mais eu me conseguia safar, mais ousado me tornava. Então fui pego. Tinha 15 ou 16 anos, “fazendo compras” num supermercado às duas da madrugada — dificilmente uma hora apropriada para isso. Por ser menor, fui colocado em sursis, por seis meses. Nada aprendi dessa experiência; continuei cometendo pequenos furtos.

Por volta do tempo em que eu tinha 21 anos, eles não eram mais pequenos. Uma noite, minha carreira criminosa culminou em assassínio. Depois de roubar em loja mista de ferragens e de rações animais, coloquei minha presa na traseira de um dos caminhões deles, fiz ligação direta e parti com ele. Enquanto fugia, eu pensava na grande coisa que tinha feito. Essa loja já havia sido roubada muitas vezes, e o dono a tinha tornado uma fortaleza. Ninguém poderia mais penetrar naquele lugar de novo. Mas eu tinha! Eu era realmente alguém!

Mas não por muito tempo. O caminhão ficou atolado, de modo que eu o larguei e me dirigi a uma casa, em busca de algum outro veículo. Um senhor da casa me viu rondando o lugar e ameaçou chamar a polícia. Eu não podia deixar que eles viessem, visto que acabara de roubar a loja. Entrei em pânico, puxei do revólver e atirei nele. O confronto terminou com a morte dele e a minha fuga.

Gotas de suor escorriam de todo o corpo. Eu estava aterrorizado. Fiquei num torpor. Primeiro dirigi o carro roubado para Augusta, e então abandonei-o e comecei a caminhar por uma ponte. Olhei para a água lá embaixo. ‘Devo saltar?’, pensava eu. A idéia de suicídio me passou pela mente várias vezes nos dias que se seguiram, mas eu não consegui concretizá-lo. Assim, continuei fugindo durante dois anos.

Por fim, peguei um ônibus para Boston. Já então a polícia tinha parado de me procurar, mas eu ainda estava assustado. Quando pessoas uniformizadas pegaram o ônibus, eu entrei em pânico. Já nessa época eu tinha dado sumiço no revólver. Depois de ter matado aquele homem, eu não queria ter nada a ver com isso. Ao chegar a Boston, eu fiquei perambulando durante o dia e dormia em depósitos de lixo ou em locais de construção à noite. O pouco dinheiro que tinha logo foi todo gasto com comida. Recorri ao roubo de lojas uma vez ou duas, mas eu não queria mais praticar isso. O espírito ousado, a emoção, o desafio de roubar e conseguir safar-se — tudo isso já tinha desaparecido.

Consegui um emprego, achei um quarto barato, usei um nome falso, e me sentia nervoso toda vez que via um policial. Se via um deles vindo em minha direção, eu ia para o lado oposto. Eu andava sempre com muito cuidado, nem sequer cruzando a rua fora da faixa, com medo de ser apanhado. Era assim que eu vivia, o ladrão que outrora buscava emoções, mas agora era um fugitivo assolado pela culpa.

Eu possuía um livrinho de provérbios e, às vezes, eu o lia. Então me lembrei do livro de Provérbios, na Bíblia. Comprei uma Bíblia e comecei a lê-la. Nem sei por quê. Nunca fomos uma família muito religiosa. Quando eu tinha 13 anos, minha mãe freqüentou algumas reuniões no Salão do Reino das Testemunhas de Jeová. Eu não queria ter nada a ver com isso, nem ela prosseguiu nessa direção.

Mesmo naquele instante, lendo um pouco a Bíblia, eu não pensava em adotar uma religião. Mas eu estava cansado de fugir, de ter de espreitar por cima dos ombros vez após vez, imaginando se as autoridades estavam me esperando para me pegar, na próxima esquina. Acho que, bem lá no fundo, eu procurava algo, mas não sabia o que era.

Eu lia coisas que me deixavam curioso. Eu queria entendê-las. Minha mente estava ficando repleta de perguntas, e eu não sabia a quem me dirigir para obter respostas. Acho que, porque a minha mãe tinha ido ao Salão do Reino das Testemunhas de Jeová, eu decidi ir até lá. Eu me sentia nervoso. Não estava seguro da recepção que teria, mas fui até lá. A recepção foi calorosa. Muitos me acolheram bem; uma Testemunha iniciou comigo um estudo bíblico.

Nos meses que se seguiram, minha consciência ressuscitou. Quanto mais eu aprendia, mais eu pensava: ‘Não posso continuar desse jeito. Algo tem de acontecer. Ou eu paro de estudar a Bíblia, ou eu me entrego.’ Logo compreendi que não poderia deixar de estudar a Bíblia, mas a outra opção era assustadora. Eu não queria isso. Não queria ser preso.

Essa foi a mais dura decisão que já tive de fazer, mas eu a fiz. Com 24 anos, dirigi-me a um dos anciãos na congregação, Willard Stargell. Eu lhe contei que tinha matado um homem e que iria entregar-me.

“Está seguro de que é isso que deseja fazer?”, perguntou ele.

“Estou seguro.”

“Vou ajudá-lo de toda maneira possível. Gostaria que eu fosse com você à delegacia de polícia?”

“Certamente que sim.”

“Bem, há uma assembléia de circuito das Testemunhas de Jeová neste fim de semana”, ele me relembrou. “Poderíamos assistir a ela, e então ir à delegacia de polícia segunda-feira de manhã.”

Gostei da idéia. Eu queria assistir à assembléia, mas também me apavorava a idéia de ir à delegacia de polícia. Gostei da possibilidade de adiar isso. Assim, fui com ele à assembléia e a aproveitei bem. Na segunda-feira de manhã, dirigimo-nos à delegacia de polícia, e eu me entreguei.

Os policiais não conseguiam acreditar nisso. Não são muitos os que se entregam — não por assassinato! Eles telefonaram para a polícia em Bangor, Maine, para certificar-se do assunto. Um dia e meio depois, eu estava na prisão do condado em Bangor. No dia seguinte, uma Testemunha local me visitou. Quando foi realizado o julgamento, Stargell veio ao Maine para ser testemunha a meu favor. Ali confessei o roubo e o assassinato; a manchete que anunciava a decisão mencionou-me como “Sereno, Enquanto o Juiz o Condena à Prisão Perpétua”. Um mês depois, eu estava na penitenciária estadual do Maine, cumprindo uma pena que podia variar de 15 anos à prisão perpétua. Ali, as Testemunhas também vinham visitar-me.

Os detentos me receberam de forma variada. Eles zombaram de mim por ‘ser tão burro, a ponto de me entregar’, especialmente porque não era mais procurado pela polícia. Quando souberam que eu tinha feito isso por estudar a Bíblia, mofaram de mim, chamando-me de ‘uma ovelha no meio de lobos’. Os maus-tratos eram sempre verbais, nunca físicos. Na maior parte, eu permanecia distante dos demais detentos.

A verdade se tornou uma salvaguarda para mim. Com o tempo, compreenderam que ‘este sujeito é Testemunha de Jeová. Ele é neutro. Não vai envolver-se em nenhuma dessas lutas internas’. Também, eles já me conheciam o bastante para não se dirigir a mim tentando vender tóxicos, nem para me fazer roubar algo para eles. As autoridades administrativas também compreenderam que eu não iria violar as regras. Isto manteve limpo o meu registro carcerário, e favoreceu que me concedessem mais liberdade.

Numa certa ocasião, durante esse período, eu me desviei de minha busca da verdade bíblica. Não é que deliberadamente decidi não prosseguir nisso. Foi uma falha de deixar de acatar Hebreus 2:1, onde somos avisados de que ‘jamais devemos desviar-nos’. No entanto, eu me desviei. Mesmo na penitenciária, o materialismo pode enlaçá-lo! Abriu-se uma oportunidade de eu fabricar alguns enfeites originais e exibi-los na sala de exposições da prisão. Os visitantes compravam tais itens, e a maior parte do dinheiro ia para os detentos que os tinham fabricado. Assim, envolvi-me em ganhar dinheiro, e meu estudo pessoal sofreu com isso.

Daí, comecei a pensar comigo mesmo: ‘Por que você se entregou? Por que voltou e foi preso? E agora está desistindo de seus estudos bíblicos? Isso não faz sentido! Teria sido melhor se não tivesse se entregado.’ Parte do meu problema era que eu tinha dificuldades de crer que Jeová tinha realmente me perdoado por matar um homem. Um dos guardas era Testemunha, e notou que eu me sentia deprimido por causa disso. Assim, ele me relatou algumas das coisas que tinha feito quando servia no Vietnã, antes de se tornar Testemunha.

“O que o torna alguém especial?”, perguntou ele. “Olhe só para todas as vidas de civis pelas quais eu fui responsável. Quando meu esquadrão atacou povoados vietnamitas, nós massacramos dezenas de pessoas, muitas das quais eram mulheres e crianças inocentes. Acha que isso não me incomoda agora? Não consigo esquecê-lo! Todavia, sinto que Jeová, o Deus de infinita misericórdia, me perdoou. O que você fez não era de forma alguma tão ruim quanto o que eu fiz. Você matou um único homem; eu nem consigo me lembrar de quantas pessoas matei!”

Era disso que eu precisava. Isto me fez pensar, refletindo sobre a misericórdia e o perdão de Jeová para com todos os que verdadeiramente se arrependem. Assim, eu por fim larguei minhas ocupações materialistas e voltei à minha tabela de estudo da Bíblia. E assim tem sido desde então.

Por fim, dirigiu-se comigo um estudo bíblico semanal, e, uma “vez por mês, eu tinha permissão de ir com as Testemunhas a assembléias fora da prisão. Por certo tempo, dois outros presos e eu estávamos estudando a Bíblia. As autoridades confiavam mais em nós e nos concediam mais privilégios. Elas sabiam que não tinham de ficar vigiando-nos de perto. Certa feita, permitiram-nos ir de cela em cela, distribuindo tratados, junto com convites para uma exibição de slides feita pelas Testemunhas de Jeová. Compareceram mais de 20 pessoas.

Jeová, o alimento espiritual através de sua organização, e a amorosa ajuda de irmãos fiéis, mantiveram-me firme. Enquanto estava preso, recebi muitos cartões e cartas encorajadores das Testemunhas, e isto foi um tônico espiritual que elevou meu estado de espírito. Tudo isto me levou ao batismo por imersão em água, em 1983, a fim de simbolizar minha dedicação para fazer a vontade de Jeová — depois de sete anos na penitenciária estadual do Maine, de segurança máxima.

Dois anos depois, após nove anos na segurança máxima, fui transferido para uma prisão próxima, de segurança mínima. Um ano e meio depois, fui transferido para uma prisão-albergue em Bangor. Ali, os presos são enviados para trabalhar em certos projetos, voltando no fim do dia para a prisão-albergue. Seis meses depois, tive minha primeira audiência para obter liberdade condicional. Nenhum dos guardas ou dos detentos achava que eu a conseguiria. “Ninguém consegue isso logo na primeira vez”, disseram. “Ninguém!”

Mas eu consegui. Na verdade, raríssimos o conseguiam na primeira vez. O detento comum mente e tenta convencer a junta de condicional, mas eles já ouviram tudo aquilo antes. Conseguem ver o que há por trás disso. Eu simplesmente compareci perante a junta e disse: ‘É assim que sou, foi isto que eu fiz, fiz tais e tais mudanças, e isto é o que planejo continuar fazendo.’ Eu lhes contei sobre meu estudo da Bíblia, sobre as mudanças que ele tinha feito em mim, e sobre eu me tornar Testemunha de Jeová. Eles podiam ver tais mudanças.

Acho que o fato de eu me ter entregado, de que tanto o meu comportamento como meus registros de trabalho eram bons, e de que os princípios bíblicos que eu havia estudado se refletiam na minha atitude e na minha conduta — tudo isso depunha a meu favor. Ademais, orei a Jeová e me estribei nele. Gosto de imaginar que Ele teve algo que ver com isso, e espero que isto não seja presunção de minha parte. De qualquer modo, a junta me concedeu a liberdade condicional. Em fevereiro de 1987, depois de 12 anos de penitenciária, fui libertado.

Em 30 de abril de 1988, casei-me com uma das Testemunhas de Jeová. Ela possuía três filhos dum casamento prévio. Como família, temos nosso estudo bíblico familiar. Assistimos a todas as reuniões no Salão do Reino. Pregamos as boas novas do Reino de Deus de casa em casa. Fazemos revisitas a todos que mostram interesse, e dirigimos estudos bíblicos domiciliares com aqueles que os desejam. Depois de vários anos de limitada pregação, na penitenciária, e praticamente sem freqüentar as reuniões, quão maravilhoso é partilhar “com a maior franqueza no falar” nas atividades cristãs das Testemunhas de Jeová! — Atos 28:31.

Tudo isto se tornou possível porque o conhecimento exato da Palavra de Deus me habilitou a despojar-me da velha personalidade criminosa e a revestir-me de uma nova personalidade cristã, moldada segundo a imagem e semelhança de Jeová Deus. — Colossenses 3:9, 10.

Por certo, no meu caso, ‘a palavra de Deus era afiada e exercia poder’ para me livrar do meu passado e reabilitar-me como um membro da sociedade, acatador da lei, e um pregador das boas novas do reino de Deus. (Hebreus 4:12) Todo louvor seja dado a Jeová, “o Pai de ternas misericórdias e o Deus de todo o consolo”. — 2 Coríntios 1:3. — O nome foi retido por solicitação.

[Destaque na página 18]

Uma noite, minha carreira criminosa culminou em assassínio.

[Destaque na página 19]

Ou eu paro de estudar a Bíblia, ou eu me entrego.

[Destaque na página 20]

Os policiais não conseguiam acreditar nisso. Não são muitos os que se entregam — não por assassinato!

[Destaque na página 21]

Permitiram-nos ir de cela em cela, distribuindo tratados bíblicos.

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