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  • A Igreja Católica na Espanha — o abuso do poder

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  • A Igreja Católica na Espanha — o abuso do poder
  • Despertai! — 1990
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Despertai! — 1990
g90 8/3 pp. 6-8

A Igreja Católica na Espanha — o abuso do poder

“Quanto maior o poder, tanto mais perigoso é o abuso.” — Edmund Burke.

O HOMEM que brandia o maior poder na Europa, no século 16, era Filipe II, rei da Espanha católica. Seu vasto império, “no qual o sol jamais se punha”, estendia-se do México às Filipinas, dos Países-Baixos ao Cabo da Boa Esperança.

Mas suas ambições eram religiosas e não políticas — defender o catolicismo na Europa e disseminar a fé por todo o seu império. Criado por sacerdotes, ele estava convicto de que a igreja Católica era o derradeiro baluarte de sua monarquia e da própria civilização. Acima de tudo, ele era um filho da igreja.

Para promover a causa do catolicismo, deu sua bênção aos métodos cruéis da Inquisição; combateu os protestantes nos Países-Baixos e os “infiéis” turcos no Mediterrâneo; casou-se relutantemente com Mary Tudor, uma doentia rainha inglesa, numa tentativa infrutífera de prover-lhe um herdeiro católico; mais tarde, mandou a “invencível”, porém malfadada, Armada para remover a Inglaterra do rebanho protestante; e, por ocasião de sua morte, deixou o país falido — apesar das enormes infusões de ouro provindas das colônias.

A Inquisição — Três Séculos de Repressão

Em seguida ao rei, o homem mais poderoso da Espanha era o inquisidor-geral. Seu dever era conservar imaculado e ortodoxo o catolicismo espanhol. Os não-ortodoxos guardavam para si suas opiniões ou iam para o exílio, caso os agentes da Inquisição não os pegassem primeiro. Todos, com a possível exceção do rei, eram vulneráveis ao poder da Inquisição e ao abuso deste — nem sequer a hierarquia católica estava livre de suspeitas.

O arcebispo de Toledo ficou preso por sete anos, com base na mais tênue evidência, apesar de repetidos protestos papais. Ninguém na Espanha ousava manifestar-se em defesa dele. Argumentava-se que ‘é melhor que um homem inocente seja condenado do que a Inquisição sofrer desonra’.

A Inquisição acompanhou os conquistadores até as colônias espanholas nas Américas. Em 1539, apenas poucos anos depois da conquista do México, o chefe asteca, Ometochtzin, foi acusado de idolatria, à base de evidência fornecida por seu próprio filho, de dez anos. Apesar de seu apelo a favor da liberdade de consciência, foi condenado à morte. Nas colônias, assim como na Espanha, era proibida a Bíblia no vernáculo. Jerónimo López escreveu, em 1541: “É um erro muitíssimo perigoso ensinar a ciência aos índios, e ainda mais colocar a Bíblia. . . nas mãos deles. . . . Muitas pessoas, em nossa Espanha, perderam-se dessa forma.”

Durante três séculos, a Inquisição manteve sua estreita vigília sobre a Espanha e seu império, até que, por fim, ficou desprovida de recursos e de vítimas. E, sem vítimas, que eram obrigadas a pagar pesadas multas, a máquina inteira parou.a

Ventos de Mudança

Com o fim da Inquisição, a Espanha do século 19 presenciou o crescimento do liberalismo e o gradual declínio do poder católico. As terras da igreja — que constituíam até então um terço de todas as terras cultivadas — foram confiscadas pelos sucessivos governos. Na década de 30, o primeiro-ministro socialista Azanã declarou: “A Espanha deixou de ser católica”, e seu governo agiu concordemente.

A igreja foi inteiramente separada do Estado, e foram abolidos os subsídios concedidos ao clero. A educação deveria ser não-religiosa, e até mesmo se introduziram o casamento civil e o divórcio. O Cardeal Segura lamentou este ‘grave golpe’ e receou pela sobrevivência daquela nação. Parecia que o catolicismo estava destinado a um inevitável declínio quando, em 1936, um levante militar abalou a nação.

Guerra Civil — Uma Cruzada Cruel

Os generais do exército que lideravam o golpe foram motivados por objetivos políticos, mas, logo em seguida, o conflito assumiu tonalidades religiosas. Dentro de poucas semanas do início do levante, a igreja, cujo poder já tinha sido minado por leis recentes, subitamente se tornou o alvo de ampla e malévola agressão.b Milhares de sacerdotes e monges foram mortos por fanáticos oponentes do golpe militar, que igualavam a igreja espanhola a uma ditadura. Igrejas e mosteiros foram saqueados e queimados. Em partes da Espanha, usar a batina equivalia a assinar sua própria sentença de morte. Era como se o monstro da Inquisição tivesse retornado do túmulo, a fim de engolir seus próprios progenitores.

Confrontada por esta ameaça, a igreja espanhola voltou-se mais uma vez para os poderes seculares — neste caso, o militar — para defender sua causa e restaurar a nação à ortodoxia católica. Mas, primeiro, a guerra civil tinha de ser santificada como uma “guerra santa”, uma “cruzada” em defesa do cristianismo.

O Cardeal Gomá, arcebispo de Toledo e primaz da Espanha, escreveu: “É a guerra na Espanha uma guerra civil? Não. É a luta dos sem Deus. . . contra a verdadeira Espanha, contra a religião católica.” Ele chamou o General Franco, o líder dos insurgentes, de “instrumento dos planos de Deus na Terra”. Outros bispos espanhóis expressaram sentimentos similares.

Naturalmente, a verdade não era tão simples assim. Muitos do lado republicano do conflito também eram católicos sinceros, especialmente na região basca, tradicionalmente um reduto católico. Assim, a guerra civil presenciou católicos lutando contra católicos — tudo pela causa do catolicismo espanhol, segundo a definição do conflito, feita pelos bispos.c

Quando as forças de Franco por fim dominaram as Províncias Bascas, elas executaram 14 sacerdotes e encarceraram muitos outros. Jacques Maritain, filósofo francês, escrevendo sobre as atrocidades cometidas contra os católicos bascos, comentou que “a Guerra Santa odeia os crentes que não servem a ela mais fervorosamente do que os descrentes”.

Após três anos de mútuas atrocidades e derramamento de sangue, terminou a guerra civil, com a vitória das forças de Franco. Morreram de 600.000 a 800.000 espanhóis, muitos deles devido às duras represálias das forças vitoriosas. d Impassível, o Cardeal Gomá asseverou, numa pastoral: “Ninguém pode negar que o poder que decidiu esta guerra foi o próprio Deus, sua religião, seus estatutos, sua lei, sua existência, e sua influência recorrente em nossa História.”

Desde a instalação da Inquisição, no século 15, até a Guerra Civil Espanhola (1936-39), com poucas exceções, a Igreja e o Estado andaram de braços dados. Sem dúvida, esta aliança profana serviu aos seus interesses mútuos. Todavia, cinco séculos de poder temporal — e os acompanhantes abusos — tinham seriamente minado a autoridade espiritual da igreja, como mostrará nosso próximo artigo.

[Nota(s) de rodapé]

a A última vítima foi um desafortunado mestre-escola enforcado em Valência, em 1826, por ter usado a frase “Louvado seja Deus”, em vez de a “Ave Maria”, nas orações escolares.

b Segundo um informe da igreja, feito pelo cônego Arboleya, em 1933, o operário considerava a igreja uma parte intrínseca da classe rica e privilegiada que o explorava. Arboleya explicou: “As massas fugiram da Igreja porque acreditavam ser ela seu maior adversário.”

c Alguns sacerdotes católicos realmente lutaram nos exércitos de Franco. O pároco de Zafra, Estremadura, destacou-se especialmente por sua brutalidade. Por outro lado, alguns sacerdotes protestaram heroicamente contra a morte de suspeitos de simpatizar com os republicanos — e, pelo menos um deles foi executado por este motivo. O governo de Franco obrigou o Cardeal Vidal y Barraquer, que tentou manter uma posição imparcial durante todo o conflito, a permanecer no exílio até sua morte, em 1943.

d É impossível obter os totais exatos, e os cálculos são aproximados.

[Quadro na página 8]

A Guerra Civil Espanhola — As Declarações dos Bispos

Logo depois do início da guerra civil (1936), o Cardeal Gomá descreveu o conflito como uma luta entre “a Espanha e a anti-Espanha, a religião e o ateísmo, a civilização cristã e a barbárie”. La Guerra de España. 1936-1939, página 261.

O bispo de Cartagena disse: “Benditos sejam os canhões, se o Evangelho floresce nas brechas abertas por eles.” La Guerra de España, 1936-1939, páginas 264-5.

Em 1.º de julho de 1937, os bispos espanhóis publicaram uma carta coletiva delineando a posição católica sobre a guerra civil. Entre outras coisas, ela declarava o seguinte:

“A igreja, apesar de seu espírito pacífico,. . . não poderia ficar indiferente à luta. . . . Na Espanha, não havia outro modo de reconquistar a justiça, a paz e os benefícios derivados delas, senão por meio do Movimento Nacional [as forças fascistas de Franco].”

“Cremos ser apropriado o nome de Movimento Nacional, primeiro, por causa de seu espírito, que reflete o modo de pensar da ampla maioria do povo espanhol, e é a única esperança de toda a nação.” Enciclopedia Espasa-Calpe, suplemento 1936-1939, páginas 1553-5.

Em outros países, os bispos católicos deram pronto apoio a seus colegas espanhóis. O Cardeal Verdier, arcebispo de Paris, descreveu a guerra civil como “uma luta entre a civilização cristã e. . . a civilização do ateísmo”, ao passo que o cardeal Faulhaber, da Alemanha, exortou todos os alemães a orar a favor dos que “defendem os direitos sagrados de Deus, para que Ele possa conceder a vitória aos que combatem [nesta] guerra santa”. Enciclopedia Espasa-Calpe, suplemento 1936-1939, páginas 1556-7.

[Foto na página 7]

Deste complexo de mosteiro-palácio de San Lorenzo del Escorial, Filipe II governou seu império, “no qual o sol jamais se punha”.

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