BIBLIOTECA ON-LINE da Torre de Vigia
BIBLIOTECA ON-LINE
da Torre de Vigia
Português (Brasil)
  • BÍBLIA
  • PUBLICAÇÕES
  • REUNIÕES
  • g90 22/10 pp. 20-23
  • Quando se guarda segredo sobre o câncer

Nenhum vídeo disponível para o trecho selecionado.

Desculpe, ocorreu um erro ao carregar o vídeo.

  • Quando se guarda segredo sobre o câncer
  • Despertai! — 1990
  • Subtítulos
  • Matéria relacionada
  • Por Que não Me Informaram Antes
  • Confinada a um Hospital
  • Minha Resolução de Servir a Deus
  • A Questão do Sangue
  • A Cirurgia e a Cobaltoterapia
  • Alcançando Meu Alvo na Vida
  • Filhos com câncer
    Despertai! — 2011
  • Câncer — como pode mostrar seu apoio?
    Despertai! — 1986
  • Poderá derrotar o câncer?
    Despertai! — 1986
  • Câncer — que esperança há duma cura permanente?
    Despertai! — 1975
Veja mais
Despertai! — 1990
g90 22/10 pp. 20-23

Quando se guarda segredo sobre o câncer

UM DIA, em maio de 1987, eu peguei o exemplar de 8 de junho de 1987 de Despertai! e comecei a ler a coluna “de Nossos Leitores”. De imediato, notei um item do Japão, que rezava:

“Desejamos agradecer-lhes os artigos publicados sobre o câncer. (8 e 22 de outubro de 1986) No ano passado, nossa filha, que jamais ficara doente um dia sequer em 16 anos, recebeu subitamente o diagnóstico de tuberculose, e foi hospitalizada por seis meses. Daí, visto não ter sido encontrado nenhum bacilo da tuberculose, obteve alta.”

‘Surpreendente!’, pensei eu. ‘Aqui está uma jovem que passou pela mesma experiência que eu.’ Continuei a ler:

“Mas, no mês seguinte, ficamos sabendo que ela tinha câncer da tireóide e que ocorrera a metástase do câncer para os pulmões dela. Ela foi submetida de imediato a uma operação para a remoção de sua tireóide e dos gânglios linfáticos adjacentes, e sofreu a remoção parcial dos pulmões. Está sendo submetida agora ao tratamento de cobalto.”

Fui submetida à mesma cirurgia. Fiquei meio suspeitosa. ‘Será que falava de mim?’, fiquei imaginando. ‘Mas eu não tenho câncer, será que tenho?’ Meu coração batia forte, enquanto meus olhos percorriam o restante do item.

“Sua operação teve êxito, e ela leva uma vida normal. Mas, como pais, ficamos continuamente ansiosos e preocupados de como ajudar nossa filha. Através de seus artigos, sentimo-nos confortados e conseguimos recuperar nossa paz mental. Tais artigos forneceram boas orientações a respeito de como encorajar nossa filha no futuro. — H. K., Japão.”

Ora, estas são as iniciais do papai! Então eu sou essa jovem? Corri para falar com minha mãe. “Você logo viu que se tratava de você, não viu?”, disse ela, com um sorriso. Ela tentava muito ler o que havia por trás da minha face. Foi assim que eu soube, pela primeira vez, que tinha câncer.

Por Que não Me Informaram Antes

No Japão, não é costumeiro contar a um paciente, quando se diagnostica que ele tem câncer. Meus médicos orientaram meus pais a seguir com tal orientação. Na realidade, mamãe se inclinava a me contar, mas papai não concordava. Ele se preocupava que eu possivelmente ficasse desesperada, e hesitava. Assim, eles estavam indecisos se deviam informar-me ou não da doença.

Daí, uma série de artigos sobre o assunto do câncer foi publicada na Despertai! de 8 e 22 de outubro de 1986. Meus pais, depois de lê-los, decidiram que, numa ocasião apropriada, eles me contariam sobre o câncer. Primeiro, porém, meu pai escreveu uma carta de apreço pelos artigos à congênere da Sociedade Torre de Vigia no Japão. Quando sua carta foi publicada em Despertai!, meus pais sentiram que a mão de Jeová, o Deus da Bíblia, estava por trás desse acontecimento. Foi uma forma bondosa de me informarem sobre o câncer, visto que a surpresa de ver a carta de meu pai naquele momento sobrepujou todas as outras emoções.

Meus sentimentos não eram de temor, pois eu creio sinceramente no ensino da Bíblia sobre a condição dos mortos. Esta diz que eles “não estão cônscios de absolutamente nada”. (Eclesiastes 9:5) Confio, também, na promessa da Bíblia de que “todos os que estão nos túmulos memoriais” retornarão numa ressurreição. — João 5:28, 29.

Por outro lado, o que me deixava deprimida era a idéia: ‘Se eu morrer, quão desolados ficarão meus pais, enquanto aguardam a minha ressurreição.’ Sabem, sou filha única. ‘Jeová definitivamente sustentará meus pais através dos anos de sua tristeza’, raciocinei eu, e pus de lado aquela idéia deprimente.

Confinada a um Hospital

Em abril de 1985, exatamente dois anos antes de pegar a Despertai! com a carta de meu pai, comecei a cursar a escola secundária. Tinha apenas 15 anos. Depois de fazer um exame médico geral, recebi um aviso em maio, que me dizia: “Bronquiectasia — Precisa dum exame completo.”

Embora eu não sentisse nenhum problema de saúde, aquela palavra comprida me deixou pensativa. Eu nunca tinha tido uma doença grave, e todos me julgavam uma jovem saudável. Todavia, fui a um hospital local fazer um exame completo. Ali diagnosticaram que eu sofria de tuberculose e fui imediatamente hospitalizada.

A vida numa enfermaria de tuberculosos era tudo, menos agradável. Por seis meses, não se permitiu a visita de ninguém de fora do hospital, a não ser meus pais. Cartas de amigos cristãos e fitas gravadas das reuniões cristãs me fortaleceram e me ajudaram a combater a tristeza. Além disso, ler publicações da Sociedade Torre de Vigia também me impedia de me tornar egotista em meu modo de pensar. Mais do que tudo, porém, meu relacionamento pessoal com Deus ajudou-me a manter uma perspectiva positiva.

Minha Resolução de Servir a Deus

Bem, meus pais começaram a estudar a Bíblia comigo quando eu tinha quatro meses, e eles me criaram de modo a aceitar como verdade os ensinos da Bíblia. Quando fiquei mais velha, graças ao treinamento dado por meus pais, vim a prezar meu relacionamento com Jeová, e cultivei fé nele, por iniciativa própria. Dediquei-me a Jeová e simbolizei minha dedicação pelo batismo em água em 4 de dezembro de 1982, aos 13 anos.

Bem, depois de quase seis meses no hospital, recebi alta em outubro de 1985. Pela primeira vez na vida, compreendi quão doce é o ar quando a pessoa pode gozar da liberdade de movimentos. Para demonstrar meu apreço, decidi servir como ministra temporária de tempo integral, ou pioneira auxiliar. Assim, tanto em novembro como em dezembro, gastei 60 horas no serviço cristão voluntário. Em dezembro, contudo, fiquei sabendo que tinha de ser hospitalizada de novo para ser operada da tireóide. Chorei só em pensar na internação.

A Questão do Sangue

A Palavra de Deus instrui os cristãos a ‘persistir em abster-se de sangue’, e, como serva dedicada de Jeová, eu queria fazer tudo que agradasse a ele. (Atos 15:29) Visto que eu devia sofrer uma operação, conversei com meu médico e expliquei por que não podia aceitar transfusões de sangue. Ele respeitou minha posição e disse que eu não precisava me preocupar com isso.

No entanto, no dia anterior à cirurgia, fui levada a um gabinete de hospital onde mais de uma dúzia de médicos esperavam por mim. Estes cirurgiões, que eu não conhecia, deveriam presenciar minha operação. Meu coração batia mais ligeiro, ao me ver diante de tantos médicos.

“Gostaríamos de considerar a cirurgia de amanhã com você”, começou o médico encarregado. “Nós iremos abrir seus pulmões, bem como a tireóide. Bem, segundo o que você disse sobre transfusões de sangue, está mesmo segura de que quer que façamos exatamente aquilo que disse, mesmo que surja alguma emergência imprevista?”

“Sim, estou inteiramente segura”, respondi, enquanto os médicos ouviam com toda a atenção. “Por favor, ajam conforme eu solicitei aos senhores.”

Daí, alguns começaram a fazer perguntas, tais como: “Por que vocês não aceitam transfusões de sangue?” “É exatamente assim que você pensa?” Todos eles ouviram respeitosamente quando eu respondi às suas perguntas. Minha tensão inicial foi gradualmente desaparecendo, e expliquei como eu tinha vindo a aceitar o conceito de Deus sobre o sangue. Também esclareci que era o meu próprio apreço pela lei de Deus, e não qualquer pressão exercida por meus pais, que me movera a solicitar a cirurgia isenta de sangue. Os médicos bondosamente respeitaram minha atitude e me incentivaram a não ficar preocupada, uma vez que se preparariam muito bem para a operação.

A Cirurgia e a Cobaltoterapia

A cirurgia envolvia abrir meu pescoço e retirar a tireóide, os gânglios linfáticos e parte dos pulmões. Os médicos descobriram que aquilo que eles inicialmente diagnosticaram como tuberculose era, na realidade, tumores cancerosos que tinham crescido como metástases da tireóide. No entanto, jamais me disseram que a operação confirmara que eu tinha câncer.

Uma vez que, no decorrer da operação, os médicos tinham mexido em minhas cordas vocais, eles avisaram meus pais de que eu talvez tivesse de sofrer outra operação para poder falar. Assim, os médicos, bem como meus pais, ficaram supercontentes quando voltei a mim e perguntei: “Os senhores não usaram sangue, usaram?”

Graças aos esforços sinceros dos médicos, a operação foi um sucesso, e mantive uma consciência cristã limpa. Os médicos, contudo, contaram a meus pais: ‘Ela talvez só tenha quatro anos de vida. Poderá até mesmo morrer dentro de um ano. Por fim, ela terá dificuldades de respirar e morrerá de forma agonizante. Daqui para a frente ela perderá peso, não importa quanto coma. Por favor, preparem-se para enfrentar tais conseqüências.’ Naturalmente, eu não sabia nada sobre tal prognóstico sombrio. Mas meus pais ficaram chocados e sua tristeza era imensa.

Depois da cirurgia, em janeiro de 1986, fui hospitalizada para receber a cobaltoterapia em fevereiro, e, de novo, em novembro do mesmo ano. O médico que entrava na sala de terapia trajava um avental e luvas especiais. Ele retirava duas cápsulas de um pequeno receptáculo circular de metal e me dava para engolir. Eu ingeri material radioativo, que devia ter ação interna em mim. Assim, eu emitia radiação, de modo que precisava ficar confinada a um quarto particular durante uma semana por vez. Excetuando as enfermeiras que vinham alimentar-me, eu não tinha nenhum contato com pessoas de fora.

Devo dizer que fiquei surpresa de ver todos os preparativos elaborados e assustada com a gravidade do tratamento. Todavia, como é costumeiro no Japão, o fato de eu ter câncer foi mantido como um segredo bem guardado de mim.

Visto que o quarto era meio subterrâneo e construíra-se uma barreira para impedir a saída da radiação, não havia muito que eu pudesse ver através das janelas. Quão animador era quando amigos cristãos me visitavam e acenavam para mim! Eu sentia o amor deles, o que me sustentou durante meu isolamento.

Alcançando Meu Alvo na Vida

Enquanto me submetia à cobaltoterapia, uma enfermeira me perguntou o que me mantinha tão alegre. Disse-lhe que estudar a Bíblia me trouxera paz mental. (Salmo 41:3) Esta conversa suscitou o interesse dela e ela começou a estudar a Bíblia.

Falar com outros sobre meu Deus sempre me deixou feliz. Assim, desde meus tenros anos, meu alvo era tornar-me ministra de tempo integral das Testemunhas de Jeová. Para alcançar este alvo, tinha de equilibrar meus deveres escolares e meu ministério com minha luta contra o câncer. Quão feliz fiquei de ser designada ao ministério de tempo integral como pioneira regular logo que concluí meus estudos, em março de 1988!

Naturalmente, não fiquei totalmente curada de minha doença. Embora não me sinta agora especialmente fraca, tenho de baixar ao hospital de tempos a tempos para exames gerais. Mas mesmo hospitalizada, consigo conversar com médicos, enfermeiras e com outros pacientes sobre a esperança que Deus oferece, de vida eterna num novo mundo. — Revelação (Apocalipse) 21:3, 4.

Certa vez um funcionário do hospital disse a meus pais: “Com pulmões afetados desse jeito, ela devia estar respirando com muita dificuldade e ficar ofegante, agonizando enquanto respira e apenas ficar sentada, sem fazer nada. Mas Rie está andando por toda a parte. Não consigo entender. Será que é sua religião que a torna tão ativa e animada?”

Certamente, eu deveras possuo um segredo que me sustenta, de modo que não fico entristecida. É o meu relacionamento com Jeová Deus. Ele me concede poder, de modo que não me curvo diante da minha doença. (Filipenses 4:13) É por isso que, embora afligida de câncer, conservo minha paz mental e não perco as esperanças. Naturalmente, eu gostaria de continuar vivendo até o novo mundo criado por Jeová, onde “nenhum residente dirá: ‘Estou doente’”. (Isaías 33:24) Mas, aconteça o que acontecer, mesmo que a morte me leve, estou confiante de que Jeová não se olvidará de mim, se eu continuar agradando a ele. — Conforme narrado por Rie Kinoshita.

[Foto na página 23]

Sirvo como ministra de tempo integral desde março de 1988.

    Publicações em Português (1950-2025)
    Sair
    Login
    • Português (Brasil)
    • Compartilhar
    • Preferências
    • Copyright © 2025 Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania
    • Termos de Uso
    • Política de Privacidade
    • Configurações de Privacidade
    • JW.ORG
    • Login
    Compartilhar