BIBLIOTECA ON-LINE da Torre de Vigia
BIBLIOTECA ON-LINE
da Torre de Vigia
Português (Brasil)
  • BÍBLIA
  • PUBLICAÇÕES
  • REUNIÕES
  • g92 22/4 pp. 21-24
  • Minha luta para viver

Nenhum vídeo disponível para o trecho selecionado.

Desculpe, ocorreu um erro ao carregar o vídeo.

  • Minha luta para viver
  • Despertai! — 1992
  • Subtítulos
  • Matéria relacionada
  • A Primeira Batalha
  • Recomeça a Luta
  • A Terceira Cirurgia
  • A Luta Continua
  • A alegria de ter abundância de conhecimento exato
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1969
  • Como tratei o meu tumor cerebral
    Despertai! — 1976
  • A fé me ajudou a enfrentar a cirurgia cerebral
    Despertai! — 1990
  • Quando a vida não é fácil
    Despertai! — 1994
Veja mais
Despertai! — 1992
g92 22/4 pp. 21-24

Minha luta para viver

VINTE anos atrás, eu e minha esposa, Ingrid, criávamos nossos dois garotos, em Lima, Peru, levando uma vida plena e atarefada. Embora meu serviço secular envolvesse viajar a outros países da América do Sul, semanalmente reservávamos tempo para assistir às reuniões congregacionais das Testemunhas de Jeová e para partilhar verdades bíblicas com outros no ministério público.

Daí, em 1973, quando eu ainda não tinha 30 anos, comecei a sofrer de dores de cabeça e de crises de depressão. Tanto as dores de cabeça como a depressão pioraram nos dois anos seguintes, e tornaram-se mais freqüentes. Exigia constante esforço cuidar das coisas do dia-a-dia.

Lembro-me muito bem de uma viagem de negócios a Quito, Equador, que fica no alto na Cordilheira dos Andes. Ao descer do avião, minha cabeça foi invadida por uma dor tão insuportável que a única coisa em que pensei foi tomar o próximo avião de volta a Lima.

Consultei imediatamente o meu médico. Ele me tratava contra a tensão, achando ser esta a causa das minhas dores de cabeça. Mas, quando examinou o fundo dos meus olhos, ele observou vasos sanguíneos rompidos, de modo que fui internado.

Exames confirmaram a existência de um tumor no cérebro. Ainda mais devastadora, porém, foi a notícia de que o tumor era aparentemente tão grande e estava tão enredado no cérebro que era inoperável. Eu ficaria cego em um mês, disse o médico. Daí ficaria paralítico e morreria dentro de uns três meses.

A notícia foi um terrível choque para Ingrid, a quem primeiro se deu o prognóstico. Ela imediatamente contatou minha irmã, Heidi, em Los Angeles, Califórnia, EUA, a quem pediu que procurasse um cirurgião que consentisse em operar-me sem transfusões de sangue — um requisito primário para nós devido à nossa firme determinação de obedecer à ordem bíblica de abster-se de sangue. — Atos 15:28, 29.

Depois de apenas três dias bastante agitados, estávamos a caminho de Los Angeles. Ao sobrevoarmos o Caribe, Ingrid me disse: “Veja como são lindas aquelas ilhas, rodeadas de praias de areia branca!” Olhei para fora mas não vi nada. Eu já estava perdendo a visão!

A Primeira Batalha

Ao chegar a Los Angeles, fui logo internado no Centro Médico da Universidade da Califórnia (UCLA). Em 6 de outubro de 1975, o Dr. Walter Stern me operou. Quando acordei, nem mesmo a face radiante de Ingrid me dava uma idéia da boa notícia — haviam removido o tumor inteiro! Era aproximadamente do tamanho de uma bola de tênis, alojado no lobo frontal direito do cérebro. Mas estava envolto na sua própria membrana e saiu por inteiro.

O tratamento rápido evidentemente salvou a minha vida. “Alguns dias mais e você não estaria mais conosco”, disse o médico. Mas eu estava vivo e com as faculdades mentais intactas! Estávamos eufóricos!

Contudo, o período de recuperação trouxe suas próprias preocupações. Primeiro, formaram-se coágulos de sangue numa perna, o que apresentava um dilema. Pois, embora eu necessitasse de anticoagulantes para dissolver os coágulos antes que se desprendessem e atingissem um órgão vital, eu necessitava também de coagulantes para reduzir ao mínimo a hemorragia no cérebro. Que alívio foi quando os médicos conseguiram achar um equilíbrio entre esses dois medicamentos contrastantes!

O trauma de 12 horas de cirurgia no lobo frontal direito — ligado às emoções — aparentemente foi o responsável por um período de euforia, um aceleramento de emoções, que a medicação não conseguia controlar. Por seis meses depois de ter retornado a Lima, eu não conseguia ser racional na avaliação do que eu era capaz de fazer, como se estivesse continuamente num estado de excitação mental. Em poucos meses isso passou, dando lugar a uma terrível depressão, tão grave que eu quase que constantemente pensava em suicídio. Felizmente, depois de um ano voltei ao normal, pronto para reassumir todas as minhas atividades.

Fui designado ancião na congregação cristã, e o desafio agora era equilibrar as responsabilidades congregacionais, familiares e profissionais. Sempre que eu não estava viajando a negócios, eu tirava um tempo para estar com os meninos. Nosso passatempo predileto era andar de motocicleta nas colinas arenosas e rochosas nas cercanias de Lima. Os nove anos seguintes aparentemente passaram voando, mal nos apercebendo de que haviam passado. Comecei a achar que a minha renovada saúde era um fato consumado.

Daí, em maio de 1985, Ingrid começou a notar que eu estava um tanto pálido e com uma incomum falta de vitalidade. Não suspeitávamos de que houvesse outro tumor no cérebro até certa noite em que tentei virar-me na cama mas não consegui. O lado esquerdo do corpo ficara paralisado. Desta vez os médicos me submeteram a uma forma avançada de Raio X, o tomógrafo CAT, e os resultados novamente nos levaram a Los Angeles.

Recomeça a Luta

Em 24 de junho de 1985, o Dr. Stern e sua equipe mais uma vez me operaram. O tumor voltara a crescer, desta vez estendendo-se para trás, na direção do lobo parietal — a área que controla os movimentos dos membros do corpo. Em resultado, meu braço e minha perna esquerdos ficaram paralisados. A cirurgia durou oito horas, deixando 25 por cento do tumor bem fundo no cérebro.

Meu braço e minha perna permaneciam parcialmente paralisados depois da cirurgia. Recebi tratamento de radiação com cobalto por algumas semanas, visando parar o crescimento do tumor. Mas daí, dois meses depois da cirurgia, passei a ter convulsões. Embora a medicação até certo ponto ajudasse, com o tempo as convulsões tornaram-se mais freqüentes e incontroláveis. Minha vida pública estava reduzida ao mínimo. Eu fazia algum serviço secular em casa, mas a ameaça de convulsões sempre pairava sobre mim como uma nuvem negra. Ser dominado por algo traiçoeiro dentro de mim era uma constante fonte de frustração.

Sem poder prever as crises, eu não mais me arriscava a dirigir reuniões no Salão do Reino. Mas com a ajuda de Jeová, podia partilhar conhecimento bíblico com pessoas que desejavam estudar em suas casas. Fazer isso com regularidade mantinha a minha mente fixa na Fonte de força, Jeová Deus, e parecia amenizar a aflição que a minha instável condição física provocava.

Por fim, em maio de 1988, tive uma forte convulsão que paralisou todo o meu lado esquerdo. No entanto, tomografias CAT sempre indicavam que tudo estava normal, que o tumor não aumentara. Concluiu-se que as convulsões, de certa forma, faziam parte do processo de cura. Contudo, decidimos voltar a Los Angeles para fazer exames mais completos.

O Dr. Stern, que realizara as duas primeiras cirurgias sem usar sangue, se aposentara. Mas ele bondosamente nos encaminhou ao Dr. Donald Becker, chefe do Departamento de Neurocirurgia do UCLA. O Dr. Becker concordou em operar, se isso fosse necessário, e, também, levar em conta o nosso respeito pelo sangue, baseado na Bíblia, por não me dar transfusão de sangue.

Começaram os já conhecidos testes. Desta vez, porém, além das imagens do tomógrafo CAT e um angiograma do cérebro, foi usada uma nova e desconhecida técnica chamada MRI (imagens por ressonância magnética). Ficou estabelecido que, de fato, havia tumores — três ao todo!

Antes do dia marcado para a cirurgia, descobriu-se algo assustador — meu sangue não coagulava! Os medicamentos que eu tomava para controlar as convulsões estavam destruindo as plaquetas no sangue. Assim, nas duas semanas e meia seguintes, este medicamento foi aos poucos substituído por outro que não causava tal efeito colateral adverso. A mudança foi traumática, pois no fim desse processo eu já sofrera uma série de fortes convulsões.

A Terceira Cirurgia

Por fim chegou o dia da cirurgia, 1.º de agosto de 1988. Às 6 horas da manhã, Ingrid e eu nos despedimos emocionados. Minutos depois eu estava na sala de cirurgia. Foi só depois de 12 longas horas que o Dr. Becker saiu para informar a Ingrid de que haviam removido todos os tumores — até mesmo a parte que sobrara da segunda operação realizada três anos antes — e que eu perdera apenas um pouco mais de uma xícara de sangue!

“Mas algo ainda me preocupava”, diz Ingrid. “Qual seria o estado mental de Hans depois que voltasse a si? Será que me reconheceria como sua esposa?” Na manhã seguinte, os médicos permitiram que Ingrid me visse. Ao abrir os olhos, eu disse: “Schatzi”, um termo carinhoso que eu sempre usava. E, como disse ela, “foi o começo de um novo dia!”

A Luta Continua

Todavia, meu período de recuperação parecia nunca ter fim. Dois anos depois, verificou-se que novos tumores prejudicavam o meu restabelecimento. Assim, em 26 de novembro de 1990, tive uma quarta cirurgia cerebral. Foram removidos mais dois tumores. Voltei à cadeira de rodas, e uma vez mais meus dias eram cheios de dolorosos exercícios para as pernas a fim de estimular o cérebro a lembrar como me fazer andar de novo.

Contudo, os tumores logo voltaram, e, desta vez, o diagnóstico indicou que eram malignos. Minha mais recente cirurgia foi em 16 de julho de 1991; mas vários tumores eram inoperáveis. Fui submetido a um tratamento especial de radiação, numa tentativa de que se encolham e se dissolvam. Esperamos que isto aconteça, mas minha terapia de reabilitação ficou ainda mais difícil.

Considerar perspectivas futuras à base da minha condição física só pode levar à frustração. A única coisa sensata a fazer é concentrar-se em valores espirituais. Como se fosse escrita especialmente para mim, a Bíblia diz: “O treinamento corporal é proveitoso para pouca coisa, mas a devoção piedosa é proveitosa para todas as coisas, visto que tem a promessa da vida agora e daquela que há de vir.” — 1 Timóteo 4:8.

A vida que há de vir é a vida eterna no novo mundo de Deus. As evidências indicam que este novo mundo está próximo, sim, que em breve poderei ‘correr e pular como um veado’. (Isaías 35:6) E, se eu morrer antes de esse novo mundo chegar, resta a certeza da ressurreição para os que foram fiéis a Jeová. A vida eterna não será obtida por meio de algum poder de nossa parte, mas por servirmos fielmente ao nosso Deus, Jeová. — Conforme narrado por Hans Augustin.

[Foto na página 23]

Com minha esposa, Ingrid.

    Publicações em Português (1950-2025)
    Sair
    Login
    • Português (Brasil)
    • Compartilhar
    • Preferências
    • Copyright © 2025 Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania
    • Termos de Uso
    • Política de Privacidade
    • Configurações de Privacidade
    • JW.ORG
    • Login
    Compartilhar