Observando o Mundo
Adultos equilibrados
Embora os pais queiram o melhor para os filhos, estes talvez sejam “exigentes, desobedientes e mimados”, diz a revista Claudia. Mas, segundo o psiquiatra brasileiro Haim Grünspun, “as crianças precisam ser cerceadas em alguns momentos da vida para se tornarem adultos saudáveis”. Ele diz ainda que “filhos criados por pais que abrem mão da autoridade podem ter uma vida adulta arriscada”, talvez estando inclinados a fazer apostas, sofrer acidentes em corridas de carro ou viver repetidas aventuras amorosas. No entanto, a revista dá as seguintes sugestões: “Explique as razões de sua ordem ou proibição. Dê exemplos de pessoas que sofreram conseqüências negativas devido a atitudes como a que você quer proibir. Evite ceder à chantagem das lágrimas. Deixe claro que a imposição do limite não significa falta de afeto.”
Terremoto mortífero na Índia
“Com cabeça de elefante e corpo de um homem barrigudo, Senhor Ganesa é uma das mais queridas deidades do hinduísmo, um deus dos novos começos e da boa sorte”, diz a revista Time. Mas, poucas horas após o encerramento de uma festividade de dez dias em honra desse deus da boa sorte, a região sudoeste da Índia foi assolada por um terremoto que destruiu casas em mais de 50 povoados e pequenas cidades. A destruição no povoado de Killari, o mais próximo do epicentro do terremoto, que marcou 6,4 graus na escala Richter, chegou a 90%. Alguns cálculos indicam que o número de mortes ultrapassou 20.000, o que o torna o pior terremoto no subcontinente indiano em 58 anos. Atribui-se a maior parte das mortes, não à força do terremoto, mas à construção primitiva da maioria das casas, feitas de barro batido ou de alvenaria, que ruíram e sepultaram os moradores. O terremoto de São Francisco poucos anos atrás, por exemplo, marcou 6,9 graus na escala Richter. No entanto, relatou-se a morte de apenas 67 pessoas, incluindo as que morreram de ataque cardíaco.
Problemas de instrução básica no Canadá e nos Estados Unidos
Um estudo de quatro anos sobre instrução básica nos Estados Unidos, realizado pelo governo federal, mostrou que “quase metade dos 191 milhões de cidadãos adultos da nação não tem suficiente domínio do inglês para escrever uma carta sobre um erro numa cobrança ou calcular a duração de uma viagem de ônibus à base de uma tabela de horários”, diz o jornal The New York Times. Isso significa que eles enfrentam dificuldades em assuntos do dia-a-dia, como entender corretamente informações publicadas num jornal, preencher um depósito bancário, ler uma tabela de horários de ônibus ou determinar, pelo rótulo do medicamento, a dose certa a dar a uma criança. Um estudo oficial semelhante, no Canadá, salientou que “a leitura de 16% dos canadenses adultos é limitada demais para lhes permitir compreender a matéria escrita com que se depara no dia-a-dia” e que outros 22% só conseguem ler matéria em letras de imprensa que delineie claramente uma tarefa simples e num contexto conhecido, de acordo com o jornal The Globe and Mail. Baixa produtividade, erros e acidentes por causa de deficiências na habilidade de ler e escrever custam bilhões de dólares às empresas.
Cai a imagem dos clérigos junto ao público
“Todo ano desde 1988, as pesquisas Gallup mostram que mais pessoas acreditam que a religião está perdendo influência do que que seu poder está aumentando”, comenta o jornal Los Angeles Times. Um motivo disso é os clérigos, como classe, estarem perdendo a estima do público. Há oito anos, o auge de 67% dos americanos considerava a honestidade e os padrões étnicos dos clérigos como ‘elevados’ ou até ‘muito elevados’. Uma pesquisa realizada em 1993 revelou uma queda para 53%. Por quê? Escândalos de má conduta sexual de televangelistas, pastores protestantes e sacerdotes católicos têm denegrido a imagem do clero, como fizeram também controvérsias sobre alegações de levantar fundos. Em 1988, os farmacêuticos ganharam o lugar dos clérigos com o mais alto conceito de ética aos olhos do público. Outra pesquisa chegou a mostrar que microempresas, bem como computadores e tecnologia, gozavam de um conceito mais elevado do que as igrejas como influências para o bem. Mas o público ainda acha que os clérigos são mais honestos do que políticos e jornalistas.
Mercado de trabalho infantil
Calcula-se que oito milhões de crianças ocupam o mercado de trabalho no Brasil, diz o jornal O Estado de S.Paulo. Esses menores talvez realizem as mesmas funções que um adulto, mas, por muitas vezes serem mal pagos, contribuem pouco para a renda da família. Sem instrução adequada, é provável que esses trabalhadores mirins permaneçam semi-analfabetos e tão pobres quanto os pais. O jornal atribui a Luiz Cláudio de Vasconcelos, do Ministério do Trabalho, a declaração: “O menor que trabalha elimina postos de trabalho de outros pais de família ao se sujeitar a receber um terço da renda dos adultos.” Segundo o jornal, “cada criança desemprega dois adultos — pais de outras crianças, que serão forçadas a entrar mais cedo no mercado de trabalho. Uma lógica cruel”.
Relatório sobre a saúde no mundo
Apresentando um quadro desanimador da luta contra as doenças no mundo todo, a Organização Mundial da Saúde, em seu oitavo relatório sobre a situação da saúde no mundo, diz: “As doenças tropicais parecem estar atacando com toda a sua fúria, com a cólera atingindo as Américas pela primeira vez neste século, as epidemias de febre amarela e dengue atingindo números ainda maiores e o problema da malária agravando-se . . . A pandemia de AIDS está se disseminando por todo o globo . . . os casos de tuberculose pulmonar estão aumentando . . . No mundo em desenvolvimento, pela primeira vez o número de casos de câncer ultrapassou o dos países desenvolvidos. Os casos de diabetes estão aumentando em todo lugar.” Abrangendo o período de 1985-90, o relatório mostra que 46,5 milhões dos 50 milhões de mortes todo ano ocorrem por causa de doenças e que quase 4 milhões dos 140 milhões de bebês que nascem por ano morrem horas ou dias após o nascimento. Sete milhões de novos casos de câncer ocorrem todo ano, e mais de um milhão de pessoas por ano contraem o vírus HIV, da AIDS. Por outro lado, certas doenças infantis, como sarampo e coqueluche, estão diminuindo, e a expectativa de vida aumentou entre um e dois anos. A média global agora é de 65 anos.
Diminuem nos Estados Unidos as mortes relacionadas com o fumo
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos anunciou um declínio no número de mortes relacionadas com o fumo — o primeiro desde que se começou a manter registros em 1985. O número de americanos que morrem todo ano por causa do fumo sofreu uma diminuição de 15.000, registrando-se 419.000 em 1990, primariamente por causa de uma redução nas doenças cardíacas causadas pelo fumo. Uns 42,4% dos adultos americanos fumavam, em 1965. Em 1990, o índice era de 25,5%. No entanto, o fumo ainda é a maior causa de doenças e mortes evitáveis e aumenta os custos de cuidados com a saúde em uns 20 bilhões de dólares por ano. Ao passo que o governo gasta cerca de 1 milhão de dólares por ano em publicidade antifumo, as indústrias tabagistas gastam 4 bilhões de dólares em promoções e anúncios para aumentar o hábito de fumar. O fumo causa uma redução na expectativa média de vida de cinco anos por fumante, diz o CDC.
Desesperança e o coração
“Persistente desespero e aflição emocional aumentam acentuadamente as chances de a pessoa apresentar uma doença cardíaca e morrer de suas conseqüências”, diz a revista Science News. “A desesperança e a tristeza que duram anos, mas que não chegam a ser ‘depressão profunda’, podem enfraquecer as funções cardíacas”, dizem os pesquisadores. Os investigadores estudaram 2.832 adultos, de 45 a 77 anos de idade, pelo período médio de 12 anos. Todos começaram sem doenças cardíacas e outras doenças crônicas. As descobertas mostraram que as mortes por doenças cardíacas eram quatro vezes mais comuns entre os participantes que se queixavam de grave desesperança do que entre os que não tinham histórico de desesperança e que casos de doenças cardíacas não fatais também eram mais freqüentes entre os que sofriam de depressão. O índice de mortes por doenças cardíacas foi expressivamente maior mesmo entre aqueles que sofriam de depressão branda e de desesperança moderada em comparação com aqueles que não se queixavam de desesperança.
Nenhum fim à vista
Em 1989, Craig Shergold, um menino britânico de sete anos, tinha um tumor cerebral e corria grave risco de vida. Seu desejo era bater o recorde mundial por receber o maior número de cartões com votos de recuperação. Com o apoio da mídia e da Fundação Internacional de Atendimento a Desejos de Crianças, sediada em Atlanta, o recorde foi batido em alguns meses. Mais de 16 milhões de cartões foram recebidos no primeiro ano, 33 milhões até 1992. Ainda estão sendo recebidos ao índice de 300.000 cartões por semana, embora se tenham feito apelos há mais de dois anos para não mais serem enviados. A contagem foi interrompida quando se chegou a 60 milhões. “Temos um depósito de 900 metros quadrados abarrotado até o teto de correspondência que ainda não foi aberta”, diz Arthur Stein, o presidente da fundação. Com a ajuda de um benfeitor, Craig foi submetido a uma cirurgia em princípios de 1991, e 90% do tumor foi removido.