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  • g96 8/1 pp. 19-23
  • Estava sem rumo, mas encontrei um objetivo na vida

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  • Estava sem rumo, mas encontrei um objetivo na vida
  • Despertai! — 1996
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  • Tristes conseqüências do erro
  • Esforços de reabilitação
  • Continuei sem rumo na vida
  • A vida no mar como mercenário
  • Uma luz no fim do túnel
  • Decepção na volta ao lar
  • Artes dramáticas na Inglaterra
  • Por fim encontrei um rumo na vida
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Despertai! — 1996
g96 8/1 pp. 19-23

Estava sem rumo, mas encontrei um objetivo na vida

IMAGINE o meu susto e embaraço bem cedo numa manhã ao ser acordado por dois homens troncudos vasculhando o meu quarto. Minha mãe só ficou olhando, pálida e sem ação, em óbvio estado de choque. Os homens eram detetives.

Sabia de imediato o que eles estavam procurando. Embora não demonstrasse medo e tivesse um ar arrogante, lá no fundo eu estava apavorado. Senti que a polícia estava apertando o cerco para pegar nossa gangue juvenil de ladrões em New Jersey, EUA. Os detetives mandaram que eu me vestisse e daí me levaram para a delegacia de polícia para ser interrogado.

Como fui me meter nesta enrascada? Tudo começou quando era bem novo. No meio da adolescência, já me considerava um delinqüente juvenil endurecido. Nos anos 60 muitos jovens — inclusive eu — achavam bonito ser um rebelde sem causa. Assim, aos 16 anos, tendo sido expulso do 2.º grau, ia matar o tempo num salão de sinuca perto de casa. Foi ali que me envolvi com uma gangue de jovens assaltantes. Depois que participei de pequenos “trabalhos”, comecei a gostar da descarga de adrenalina e do suspense envolvido e achava cada “trabalho” bem emocionante.

Foi assim que começaram nove meses de assaltos. A nossa gangue visava principalmente escritórios, onde geralmente havia uma grande quantia de dinheiro vivo. Quanto mais assaltos praticávamos sem ser apanhados, mais ousados ficávamos. Até que decidimos assaltar a filial do banco do condado.

Pela primeira vez, as coisas começaram a dar errado. Embora conseguíssemos entrar no banco com facilidade, ficamos frustrados de passar uma noite inteira dentro do banco e só conseguirmos arrombar as caixas. O problema mais sério foi que o arrombamento do banco fez com que o FBI passasse a investigar o caso. Com o FBI atrás de nós, não demorou muito para sermos presos.

Tristes conseqüências do erro

Fui acusado de 78 assaltos com arrombamento e tive de passar pelo constrangimento de ouvir a leitura detalhada de cada caso no tribunal. Isto, mais toda a publicidade dada aos nossos crimes no jornal local, deixou os meus pais arrasados. Mas na época eu nem ligava muito para a humilhação e o constrangimento que causava a eles. Fui sentenciado a um termo indefinido num reformatório do estado, o que poderia ter significado ser mantido em custódia até completar os 21 anos. Mas, em grande parte devido ao trabalho de um bom advogado, fui transferido para uma escola reformatória especial.

Embora conseguisse evitar cumprir pena na prisão, foi estipulado que eu deveria ser retirado da comunidade e afastado de todos os meus anteriores companheiros. Para tanto, fui matriculado numa escola particular em Newark, especializada em jovens problemáticos como eu. Além disso, eu tinha de participar de sessões semanais com um psicólogo para receber ajuda profissional. Meus pais cumpriram todas essas condições com grande sacrifício financeiro.

Esforços de reabilitação

Sem dúvida em resultado da publicidade gerada pelo caso, o jornal de minha cidade publicou em editorial um artigo com o seguinte cabeçalho: “Em se poupando a vara . . .” O artigo criticava a impunidade e o tratamento brando dispensado à gangue. Os comentários do editorial, pela primeira vez, fizeram com que eu pusesse as mãos na consciência. Recortei aquele artigo e prometi a mim mesmo que algum dia, de alguma maneira, compensaria todo o sofrimento, constrangimento e despesa que havia causado aos meus pais.

Uma maneira, pensei, de provar aos meus pais que eu poderia mudar seria formar-me no segundo grau, junto com meus ex-colegas de classe. Comecei a estudar como nunca havia feito na minha vida. O resultado foi que no fim do ano letivo, quando compareci acompanhado do assistente social perante o juiz que me havia aplicado a pena, o seu semblante sério abriu-se num sorriso ao observar que eu havia conseguido manter uma boa média de notas em todos os períodos letivos. Com isso pude voltar para o colégio onde estudava antes e me formei no ano seguinte.

Continuei sem rumo na vida

Já era então o ano de 1966, e enquanto muitos da minha classe estavam indo para a guerra no Vietnã, eu entrei na Faculdade Concord na Virgínia do Oeste. Na faculdade aprendi a usar drogas, envolvi-me em manifestações pela paz, e conheci uma cultura inteiramente nova, que me levou a questionar os valores tradicionais. Eu estava à procura de alguma coisa, mas não sabia exatamente o quê. No feriado do Dia de Ação de Graças, em vez de ir para casa, peguei carona e fui em direção ao sul, para a Flórida, atravessando os Blue Ridge Mountains.

Como nunca havia viajado muito antes, achei o máximo conhecer tantos lugares diferentes — isto é, até o Dia de Ação de Graças, quando fui parar na cadeia de Daytona Beach por vadiagem. A vergonha era tanta que eu não tive coragem de contatar os meus pais, mas as autoridades carcerárias contataram. Mais uma vez, meu pai pagou uma boa multa para que eu não ficasse preso.

Depois disso saí da faculdade. Com uma única mala na mão, e um recém-descoberto anseio de viajar, saí pela estrada afora, pegando carona sem rumo definido, indo para todos os cantos da costa leste dos Estados Unidos e fazendo bicos para me sustentar. Meus pais quase nunca sabiam onde eu estava, embora de vez em quando eu fosse visitá-los. Para a minha surpresa, parece que eles sempre ficavam contentes de me ver, mas eu não conseguia me estabilizar num lugar.

Por ter saído da faculdade, perdi a minha classificação de estudante, a qual me permitia adiamento de incorporação no serviço militar. Passei à condição de reservista, e era só uma questão de tempo até ser convocado. Para mim, estava fora de cogitação servir no exército e perder a minha recém-adquirida liberdade. Assim, decidi deixar o país de navio. Nisso, abriu-se uma oportunidade de entrar numa nova carreira. Seria este finalmente o meu verdadeiro objetivo na vida?

A vida no mar como mercenário

Um velho amigo da família era comandante de um navio mercante dos Estados Unidos. Ele me falou sobre um novo programa de treinamento para maquinistas navais. Fui prontamente aceito num curso intensivo de dois anos, que oferecia a dupla vantagem de adiar a incorporação no serviço militar, e a perspectiva de fazer carreira como maquinista naval. Diplomei-me em 1969 e fiz meu primeiro contrato como maquinista naval de terceira classe com um navio em San Francisco. Imediatamente partimos para o Vietnã com uma carga de munição. A viagem foi sem maiores eventos, e eu desfiz o contrato com o navio quando chegamos a Cingapura.

Em Cingapura assinei contrato com uma nau capitânia que contratava mão-de-obra não-sindicalizada nas docas. Este navio era usado para navegar a costa do Vietnã, da baía de Cam Ranh no sul, para Da Nang, no norte, perto da zona desmilitarizada. Ali o retumbar dos incessantes bombardeios era uma constante. Mas, financeiramente falando, esta rota era boa: com a compensação pelo risco de guerra, mais a indenização especial sempre que ficávamos sob a mira direta do fogo inimigo, eu chegava a ganhar mais de US$35.000 por ano como mercenário de guerra. Apesar dessa nova afluência, eu ainda estava sem rumo e ficava pensando no sentido da vida: o que estava procurando?

Uma luz no fim do túnel

Após termos sido alvo de um ataque inimigo especialmente assustador, Albert, que cuidava das caldeiras no meu turno, começou a me falar sobre como Deus em breve traria paz na Terra. Aquela informação incomum chamou minha atenção. Quando voltamos a Cingapura, Albert me disse que ele tinha sido Testemunha de Jeová, mas que agora estava afastado. De modo que juntos tentamos localizar as Testemunhas de Jeová em Cingapura. Parecia que ninguém sabia informar onde encontrá-las, mas, na noite anterior à nossa partida, Albert encontrou uma revista Sentinela no saguão de um hotel, com um endereço carimbado nela. Não tivemos tempo de procurar o endereço pois na manhã seguinte partimos para Sasebo, no Japão, onde o navio ficaria em dique seco por duas semanas.

Ali pagamos a tripulação, e Albert foi embora. Apenas uma semana mais tarde, fiquei surpreso de receber um telegrama dele, dizendo-me que no próximo fim de semana haveria um congresso das Testemunhas de Jeová em Sasebo. Decidi ir para ver que tipo de congresso era esse.

Aquele dia, 8 de agosto de 1970, ficará para sempre gravado na minha memória. Cheguei ao local do congresso de táxi, e me vi no meio de centenas de japoneses, todos impecavelmente vestidos. Embora a maioria não soubesse falar nada em inglês, parecia que todos queriam me dar a mão e cumprimentar. Nunca tinha visto nada igual antes, e, apesar de não entender uma palavra do programa em japonês, resolvi voltar no dia seguinte, só para ver se teria a mesma acolhida de novo, e tive!

Contratamos uma nova tripulação, e uma semana depois nos fizemos ao mar de novo, em direção à Cingapura. A primeira coisa que fiz ao chegar foi pegar um táxi para ir ao endereço carimbado na Sentinela. Uma senhora amável veio me atender, e quando lhe mostrei o endereço na Sentinela, ela imediatamente me convidou para entrar. Foi assim que conheci também o marido dela e soube que eles eram missionários procedentes da Austrália. O nome deles era Norman e Gladys Bellotti. Expliquei-lhes como havia conseguido o endereço. Eles me trataram muito bem e responderam a muitas das minhas perguntas, e eu saí com uma sacola cheia de publicações bíblicas. Nos próximos meses, ao navegar pela costa do Vietnã, li muitos daqueles livros, inclusive A Verdade Que Conduz à Vida Eterna.

Foi então que, pela primeira vez, comecei a ter um senso de objetivo e direção na vida. Na próxima viagem de volta a Cingapura, desfiz o contrato com o navio.

Decepção na volta ao lar

Pela primeira vez, também, senti realmente vontade de voltar para casa. De modo que algumas semanas depois, cheguei em casa todo empolgado, ansioso de contar aos meus pais tudo o que havia aprendido com as Testemunhas de Jeová. Eles não ficaram nem um pouco entusiasmados. Isto era compreensível, pois meu comportamento não ajudava. Fazia apenas algumas semanas que eu havia chegado em casa quando, num acesso de ira, destrocei tudo num clube noturno local. Quando voltei a mim, estava numa cela de prisão.

A essa altura eu já estava começando a achar que eu nunca conseguiria mudar ou controlar o meu temperamento violento. Talvez eu estivesse destinado a ser um rebelde sem causa para sempre. Senti que não podia ficar mais em casa. Tinha de ir embora. Assim, em poucos dias, reservei uma passagem num navio cargueiro norueguês com destino à Inglaterra.

Artes dramáticas na Inglaterra

Gostava da Inglaterra, mas o problema era arrumar emprego. Assim, decidi fazer teste em várias escolas dramáticas, e, para a minha surpresa, fui aceito na Escola de Artes Dramáticas de Londres. Os dois anos que passei na Inglaterra foi bebendo bastante, me socializando, e, como não podia deixar de ser, usando todos os tipos de droga.

Um dia, de repente, resolvi visitar de novo a minha família lá nos Estados Unidos. Mas pode imaginar como a minha aparência esdrúxula os assustou desta vez? Eu vestia uma capa preta com duas cabeças de leão douradas unidas com uma corrente de ouro no pescoço, um colete de veludo vermelho e calça de veludo preto com detalhes de couro, enfiada numa bota de cano alto. Não seria difícil de imaginar que meus pais não ficaram nem um pouquinho impressionados com aquilo e eu me senti um peixe fora d’água naquele ambiente conservador. De modo que eu voltei para a Inglaterra onde, em 1972, recebi um diploma em artes dramáticas. Agora tinha alcançado outro alvo. Mas volta e meia aquela pergunta ainda me incomodava: Para onde estou indo? Ainda sentia necessidade de ter um objetivo real na minha vida.

Por fim encontrei um rumo na vida

Não muito tempo depois disso, comecei enfim a encontrar um pouco de estabilidade na minha vida. Tudo começou com uma amizade com uma vizinha chamada Caroline. Ela era professora, procedente da Austrália, e era uma pessoa convencional, estável — exatamente o contrário de mim. Permanecemos amigos por dois anos sem nenhum envolvimento romântico. Então Caroline foi para os Estados Unidos por três meses, e por causa da nossa boa amizade, arrumei hospedagem para ela na casa dos meus pais por várias semanas. Eles provavelmente ficaram imaginando como é que uma pessoa como ela teria amizade com um sujeito como eu.

Pouco depois que Caroline partiu, eu disse a meus amigos que eu também estava indo de volta para casa, e eles me deram uma grande festa de despedida. Mas em vez de voltar para os Estados Unidos, só fui até South Kensington, em Londres, onde aluguei um apartamento de porão e telefonei para a filial das Testemunhas de Jeová em Londres. Eu já sabia que rumo teria de dar à minha vida. Em uma semana um casal simpático me visitou e imediatamente combinamos um estudo bíblico regular. Por causa das publicações das Testemunhas que eu já havia lido, eu estava agora ávido por aprender mais, e pedi para estudar duas vezes por semana. Vendo meu entusiasmo, Bob logo me convidou para o Salão do Reino, e não demorou muito eu estava assistindo a todas as reuniões semanais.

Quando soube que as Testemunhas de Jeová não fumam, decidi largar o fumo de imediato. E a minha aparência? Não querendo mais me sentir um peixe fora d’água, comprei terno e gravata e uma camisa social. Logo eu me habilitei para participar no ministério de casa em casa, e, embora no começo ficasse bastante nervoso, tomei gosto por esta atividade.

Caroline vai ter uma surpresa e tanto quando voltar, pensei comigo. Multiplique isso por mil! Ela não podia crer que eu tivesse mudado tanto em tão pouco tempo: no meu visual e em tantos outros sentidos. Eu expliquei a ela como o estudo da Bíblia tinha me ajudado, e a convidei também a estudar a Bíblia. Ela ficou apreensiva no início, mas por fim concordou, na condição de que estudaria só se fosse comigo. Eu fiquei maravilhado de ver a rapidez com que ela assimilava as coisas, e não demorou muito para ela reconhecer e aceitar a verdade da Bíblia.

Depois de alguns meses, Caroline decidiu voltar para a Austrália, e ela reiniciou o estudo da Bíblia em Sydney. Eu permaneci em Londres até me batizar, o que aconteceu sete meses depois. Agora eu queria voltar para casa novamente, e ver toda a minha família. Mas desta vez eu estava decidido a fazer as coisas direito.

A volta que fez diferença

Meus pais, atônitos, queriam saber o que estava acontecendo desta vez. Eu tinha uma aparência tão respeitável! Mas eu estava feliz, agora, de me sentir realmente em casa! Embora meus pais naturalmente se surpreendessem com a minha mudança drástica, eles usaram de tato e me trataram com sua costumeira bondade e tolerância. Nos meses que se seguiram, tive o privilégio de estudar a Bíblia com eles. Comecei a estudar também com minhas duas irmãs mais velhas, que sem dúvida também se sentiram motivadas pela mudança no meu estilo de vida. De fato, agora podia dizer que estava mesmo voltando ao lar!

Em agosto de 1973, fui para a Austrália, onde estava Caroline, e tive a felicidade de vê-la ser batizada no congresso internacional das Testemunhas de Jeová, junto com mais 1.200 pessoas. Casamo-nos no fim de semana seguinte em Camberra, capital da Austrália. Desde então, já por 20 anos estou no serviço de tempo integral nesta cidade, e sou ancião na congregação por 14 anos.

Com a cooperação de minha esposa, criei três filhos: Toby, Amber e Jonathan. Embora tenhamos os problemas que toda família normal tem, participo na pregação por tempo integral como pioneiro e ao mesmo tempo cuido das necessidades materiais da família.

Hoje em dia, lá nos Estados Unidos, meus pais são servos dedicados de Jeová, e, embora ambos estejam agora na casa dos 80, ainda participam na proclamação pública do Reino. Meu pai é servo ministerial na congregação que ele freqüenta. Minhas duas irmãs mais velhas também são zelosas no serviço de Jeová.

Quanta gratidão sinto por Jeová de que os muitos anos que andei sem rumo na vida são agora águas passadas! Ele não só me ensinou a melhor maneira de usar a minha vida mas também me deu a felicidade de ter uma família unida e amorosa. — Conforme narrado por David Zug Partrick.

[Foto na página 23]

David com a esposa, Caroline

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