Observando o Mundo
Violência desce a um nível ainda mais baixo
Para os que acham que as lutas de boxe e os torneios de artes marciais não são suficientemente violentos, promotores de eventos do gênero, nos Estados Unidos, criaram uma nova opção chamada “luta extrema” ou “luta derradeira”. Segundo uma reportagem do The New York Times, a idéia é simples: “Dois homens lutam até que um deles se renda ou perca os sentidos.” Eles não usam luvas para diminuir o impacto dos golpes; não há rounds nem pedido de tempo; quase não há regras fora a proibição de morder ou de arrancar o olho do adversário. Os lutadores usam técnicas do boxe, do judô, do caratê, da luta romana ou de briga de rua — em geral, com muito derramamento de sangue. As lutas são realizadas diante de multidões de torcedores inflamados, que pagam até US$ 200 por ingresso; as lutas também são populares na TV a cabo e em forma de videocassetes alugados. Muitos estados norte-americanos já proibiram esses eventos.
Mulheres e o narcotráfico
“As mulheres estão se envolvendo cada vez mais no tráfico”, informa o Jornal da Tarde. “Elas começam a fumar crack ou a cheirar cocaína em festas com os amigos ou namorados. Quando o fornecedor desaparece, elas passam a roubar, furtar, a fazer de tudo para conseguir a droga”, diz Fernando Vilhena, diretor do Departamento Estadual de Narcóticos [Denarc]. O Estado de S. Paulo cita o delegado Antônio Vilela como dizendo: “É impressionante como tem aumentado o número de mulheres com a venda de drogas. E não tem idade, pois temos aqui garotas de 21 anos e senhoras de 50.” Em 1995, também dobrou o número de mulheres que cometeram crimes. Segundo o delegado Francisco Basile, “quando não participam dos roubos [elas] são usadas para levantamentos dos locais a ser atacados ou dirigem os carros nas fugas”.
Religião no “ciberespaço”
Quem usa o computador para explorar o “ciberespaço”, as redes de bancos de dados de computador interligadas, tem mais opções sobre religião hoje em dia. A World Wide Web tem agora “A Página de Maria”, onde os curiosos podem encontrar respostas às dez perguntas mais feitas sobre a Virgem Maria, como, por exemplo, por que ela é sempre representada com roupas azul-claras. É possível acessar dados sobre os amish, comunidade religiosa avessa a tecnologias tais como a eletricidade, no arquivo Pergunte aos Amish. Uma impressão das perguntas é retransmitida para eles, que as respondem à mão, e as respostas são transmitidas via computador — por um intermediário. The Christian Century comenta que há agora um “lugar” na Internet chamado “O Confessionário”, onde um padre digital pergunta “e o que é que você quer confessar?”. A resposta pode ser dada na linha seguinte na forma de múltipla escolha. “Eu cometi o seguinte pecado: (Assassinato) (Adultério) (Indolência) (Luxúria) (Avareza) (Engano) (Glutonaria) (Orgulho) (Ira) (Cobiça) (Prioridades Trocadas).”
Uma flor realmente grande e malcheirosa
A maior flor do mundo é realmente uma criação estranha. Chamada raflésia, tem quase o tamanho de um pneu de ônibus e demora para florescer o mesmo tempo que um humano leva se desenvolvendo da concepção ao nascimento. E seu tamanho não é a única razão pela qual ela não daria um bom buquê. Ela cheira mal. Para atrair as moscas necessárias para sua polinização, a raflésia exala um odor de carne podre. No passado, os aldeões da Malaísia, que moram na floresta tropical em que a raflésia cresce, a chamavam de tigela-do-diabo e passavam-lhe o facão assim que a viam. Conforme o South China Morning Post, porém, o parque estadual Kinabalu da Malaísia tomou medidas para proteger essa flor rara para que os cientistas possam estudá-la melhor. Os aldeões da região ganham agora dinheiro extra guiando na floresta turistas que querem fotografar raflésias. A maioria, sem dúvida, mantém uma distância prudente dela.
Lourdes italiana?
A alegação recente de que uma imagem de Nossa Senhora da cidade italiana de Civitavecchia teria chorado sangue provocou um afluxo de dezenas de milhares de observadores curiosos e peregrinos. Por causa disso, o prefeito Pietro Tidei, que diz não ter religião, viajou para a França junto com um prelado católico. Eles visitaram a cidade de Lourdes, famosa por seu santuário católico em que se alega ocorrerem “milagres”. A visita não foi uma romaria. Seu objetivo foi estudar o “milagre econômico” de Lourdes, evidentemente para colher idéias de como organizar e administrar Civitavecchia de forma lucrativa, como uma Meca para turistas e romeiros.
Liberação distorcida
Por que jovens de “boas famílias” se tornam dependentes de drogas? “Os jovens são rebeldes e contam com a tolerância dos pais”, explica o delegado Fernando Vilhena. “Depois de praticar pequenos furtos em casa para comprar a droga, o jovem tenta conseguir dinheiro nas ruas e comete crimes.” O Jornal da Tarde cita também o psicoterapeuta Ivan Tadeu Couto Rojas como dizendo: “Na sociedade atual, perderam-se valores como moral, ética e religião. Os pais que hoje têm 40 anos e filhos adolescentes foram os jovens dos anos 60, uma época de rupturas em que foram jogados fora alguns valores que deveriam ter sido preservados.” Segundo Rojas, “os pais deixaram seus filhos à deriva. Como muitos desses pais já não têm alguns valores, não podem passá-los para os filhos. O que vemos são as conseqüências de uma liberação distorcida e exagerada”.
Justiceiros assassinam na África
Na África do Sul, um grupo suspeito de roubar veículos foi arrancado de casa por uma turba irada, cortado até morrer e coberto de tinta. O jornal Saturday Star comentou que o aumento de incidentes desse tipo é “um sintoma de uma sociedade que perdeu a fé na polícia e está obcecada e histérica com o crime”. Sem desculpar esse comportamento, os criminologistas vêem o ato de pintar as vítimas depois de mortas como significativo. O objetivo foi dar um aviso a outros possíveis criminosos. Uma criminologista comentou: “Ao que tudo indica, a situação está completamente fora de controle e o público perdeu a capacidade de lidar com a idéia de que está cercado de criminosos.”
Problemas com condores adolescentes
O condor da Califórnia [Gym- nogyps californianus] — uma ave necrófaga gigante, quase extinta neste século — apresenta desafios especiais para os preservacionistas que tentam devolver à natureza condores criados em cativeiro. As aves, soltas quando adolescentes, estão “na fase exploratória em que querem experimentar tudo”, diz certa conservacionista citada na New Scientist. A falta de medo de humanos e de cabos de eletricidade custou a vida ou a liberdade de vários condores. Portanto, os conservacionistas inventaram novas táticas para criar os filhotes de condor. Dão pequenos choques na ave para ensiná-la a evitar cabos de eletricidade. Para que elas aprendam a ser ariscas, os criadores ficam fora da vista do condor, exceto quando ocasionalmente várias pessoas correm de repente em sua direção, capturam a ave e a seguram com as costas no chão. “Os condores odeiam isso”, comenta a New Scientist, e acabam aprendendo a evitar as pessoas. Até o presente, a idéia tem tido certa medida de êxito.
Hipótese para o mistério do túnel
Os arqueólogos há muito se perguntam por que o túnel de Ezequias, escavado durante o oitavo século AEC, para evitar que Jerusalém ficasse sem água durante o sítio do exército assírio, seguiu um percurso tão sem rumo e tortuoso. Uma rota reta, mais eficiente, teria exigido apenas 320 metros de escavação, em vez dos 533 metros que o túnel exigiu. Uma inscrição em hebraico antigo foi encontrada na parede do túnel em 1880. Ela explica como dois grupos de trabalhadores começaram a cavar nas extremidades opostas do túnel aberto na rocha e se encontraram no meio. Isso levantou outra pergunta: como eles conseguiram fazer isso, considerando-se a rota tortuosa do túnel? Os geólogos acreditam agora que acharam a resposta. Segundo Dan Gill, do Instituto de Pesquisas Geológicas de Israel, os trabalhadores seguiram e alargaram canais naturais formados pela água que atravessava a rocha nos pontos onde havia rachaduras causadas pela tensão sísmica ou onde diferentes camadas se juntavam. Com o passar do tempo, esses canais talvez tenham se alargado bastante em certos pontos, o que talvez explique o motivo de a altura do túnel variar de 1,7 metro a até 5 metros, e também como os trabalhadores, usando lâmpadas a óleo, tinham ar suficiente. Os trabalhadores também eram hábeis, pois o êxito da escavação dependia de fazerem um declive suave de meros 31,5 centímetros no curso inteiro.