Observando o Mundo
Crianças deprimidas
As meninas apresentam maiores índices de depressão do que os meninos, informa a revista brasileira Claudia. Segundo a Comunidade Terapêutica D.W. Winnicott, de Porto Alegre, RS, ‘mais do que se pensa, crianças e adolescentes são vítimas desse mal, que em estágios avançados, exige tratamento profissional. Ele se manifesta em sentimentos de culpa, tristeza, desamparo, pouco interesse por atividades externas, como brincar e passear’. Baixo rendimento escolar, irritação, sobretudo em crianças menores que não conseguem expressar seus sentimentos, desejo de ficar sozinha, falta de concentração, fadiga, alterações de sono e de apetite, baixa auto-estima, supervalorização de erros e desprezo dos acertos, e queixas de males físicos também podem ser sinal de depressão.
Armas ou desenvolvimento?
Cem dólares americanos podem comprar um rifle AK-47 ou uma quantidade suficiente de cápsulas de vitamina A, para prevenir cegueira em 3.000 crianças da idade de um ano. Cem milhões de dólares podem comprar dez milhões de minas terrestres ou vacinas para imunizar 7,7 milhões de crianças contra seis doenças infantis mortíferas. Oitocentos milhões de dólares podem comprar 23 caças F-16 ou iodar sal suficiente para dez anos, protegendo 1,6 bilhão de pessoas de distúrbios causados pela falta de iodo, como o retardamento mental. Cerca de 2,4 bilhões de dólares comprariam um submarino nuclear ou instalações hídricas e sanitárias para 48 milhões de pessoas. Quais são as prioridades do mundo? Segundo o The State of the World’s Children 1996, as vendas de armas para os países em desenvolvimento totalizaram, só em 1994, US$ 25,4 bilhões, dinheiro que poderia ter sido gasto em prol do desenvolvimento.
Perigo de alces que atravessam estradas
Por que o alce atravessa a estrada? Para os biólogos que estudam os animais selvagens, para os motoristas de Terra Nova e para os milhares de turistas que usam as rodovias da província, essa pergunta não é nenhuma piada. “Por ano, ocorrem cerca de 300 colisões de carro com alce nas rodovias de Terra Nova, várias das quais resultam na morte do motorista”, diz o jornal The Globe and Mail. “Um alce de até 450 quilos pode bater no teto do carro como se fosse uma rocha grande, matando ou aleijando.” Simplesmente reduzir a população atual de 150.000 alces na ilha pode não adiantar, diz Shane Mahoney, do Departamento de Recursos Naturais, porque em várias regiões onde a densidade populacional de alces é baixa, há um número elevado de acidentes. Analisando o movimento das manadas, os cientistas esperam aprender por que o alce, que normalmente se assusta com o trânsito, decide atravessar a estrada.
Atletas de ponta pagam caro
“O atleta de alto nível usa e abusa do corpo constantemente, sem se importar com o futuro distante”, diz o brasileiro Joaquim Cruz, medalha de ouro nos 800 metros na Olimpíada de 1984. “É estressando o corpo de forma controlada nos treinamentos que conseguimos resultados positivos. Às vezes o corpo simplesmente quebra. Mas, com uma dose formidável de paciência e perseverança, ele acaba se adaptando ao tipo de agressão.” O ortopedista Mark Brodersen diz: “Quase todos os atletas responderam sim à pergunta se aceitariam submeter-se a treinamentos e até tomar alguma droga nova legal que lhes proporcionasse desempenho acima do normal, mesmo que isso lhes prejudicasse a saúde a longo prazo.” Segundo a revista Veja, o “esporte de alta competição não é atividade física para aumentar o bem-estar e a saúde”. O Dr. Victor Matsudo acrescenta: “A máquina humana não foi projetada para correr e saltar com tanta intensidade. O natural é caminhar.”
Difícil situação de Nauru
Nauru, a menor e mais isolada república do mundo, já foi famosa por sua beleza tropical. Os navegadores europeus que descobriram a ilha de 20 quilômetros quadrados, no século 18, a chamaram de ilha Agradável. Agora, porém, somente uma estreita faixa costeira é habitável, e Nauru se tornou “a nação com o meio ambiente mais devastado da Terra”, informa o The New York Times. Por quê? Mineração a céu aberto. Por 90 anos, fosfatos, o produto do excremento das aves durante milhares de anos e de microorganismos marinhos, foram minerados, “deixando para trás uma paisagem lunar esburacada e fantasmagórica de pináculos de calcário cinza, alguns com 22 metros de altura”. O calor que emana dos quatro quintos da ilha já explorados até o esgotamento afetou também o clima, afastando as nuvens de chuva e trazendo para o país o flagelo da seca. Acredita-se que os últimos depósitos de fosfato serão extraídos dentro de cinco anos. Muitos nauruanos acham que a única solução é abandonar Nauru, usar sua riqueza para comprar uma nova ilha e mudar-se para lá.
Dracunculose está sucumbindo
“Depois da varíola, parece que a dracunculose (doença provocada pelo verme-da-guiné) será a segunda doença humana a ser erradicada”, declara a The Economist. “O número de casos notificados no mundo, que já beirou os 900.000 ainda em 1989, caiu para 163.000 no ano passado e, na maioria dos países, vem encolhendo pela metade todos os anos.” Uma exceção é o Sudão, “o que prova que guerra e doença andam de mãos dadas”. Parasita transportado pela água que começa a vida como uma larva microscópica, o verme-da-guiné já foi erradicado da Ásia Central, do Paquistão e de vários países africanos. Os órgãos de saúde conseguiram controlar a doença usando produtos químicos que purificam a água, ensinando as pessoas a filtrar com um pano a água usada para beber, e impedindo que os infectados se banhassem ou vadeassem em fontes de água potável. Uma vez ingerido, os vermes machos morrem depois do acasalamento, e as fêmeas podem chegar a um metro de comprimento antes de sair lentamente, durante várias semanas, de bolhas dolorosas na perna da vítima, às vezes aleijando e danificando músculos.
Recém-nascidos abandonados
Na Itália, a mãe pode recusar legalmente seu bebê recém-nascido, deixando para o juizado de menores a responsabilidade de encontrar um casal que queira adotá-lo. Em 1995, chegou a 600 o número de crianças abandonadas ao nascer, “muitas em latas de lixo, outras perto de igrejas ou centros de saúde”, diz o jornal italiano La Repubblica. O fenômeno ocorre tanto nas regiões mais industrializadas e prósperas do país como nas mais pobres e menos desenvolvidas. De acordo com Vera Slepoj, presidente da Sociedade Italiana de Psicologia, isso é “sinal de um senso de morte” que permeia a sociedade.
Sede não basta
“Se a pessoa beber água só quando está com sede, não vai beber o suficiente”, diz o Dr. Mark Davis, professor de fisiologia desportista. Muitas pessoas ficam num estado ligeiramente desidratado, porque a sensação de sede ocorre só depois que o nível de fluidos do corpo já está baixo. E à medida que se vai envelhecendo, o mecanismo da sede vai ficando menos sensível. Conforme reportagem do The New York Times, precisamos de mais água quando está quente ou extremamente frio e seco; quando fazemos exercícios ou dieta; e quando contraímos qualquer doença acompanhada de sintomas como diarréia, febre e vômito, que provocam perda de fluidos. Os que fazem dietas ricas em fibra também precisam de mais líquido para manter a fibra em movimento no intestino. Embora as frutas e as verduras contenham alta porcentagem de água, a maior parte das nossas necessidades de líquido é satisfeita com bebidas. O melhor é beber água, porque ela é absorvida rapidamente pelo organismo. Quanto mais doce a bebida for, mais tempo levará para ser absorvida. Os refrigerantes podem aumentar a sede, porque o corpo precisa de líquido para digerir o açúcar. Visto que a cafeína e o álcool são diuréticos, podem levar à perda de água se a pessoa depender deles para se hidratar. “Os adultos devem beber pelo menos oito copos de água, de 240 mililitros, por dia”, diz o Times.
Aberta tumba egípcia famosa
A tumba de Nefertari, no Vale das Rainhas, em Luxor, fechada por muitos anos, foi restaurada e reaberta ao público. “‘Esta tumba é a mais fascinante da margem oeste de Luxor, ou mesmo de todo o Egito’, disse Mohammed el-Soghayer, chefe da filial de Luxor, do Conselho Supremo de Antiguidades. ‘Foi obviamente feita pelos artistas mais talentosos da época de Ramsés II, que construiu esse monumento real por causa do grande amor que tinha por Nefertari. Ele queria que ela tivesse a melhor tumba possível.’” Porém, os 430 metros quadrados de pinturas delicadas e de cores vivas foram quase destruídos por enchentes, por lama e por cristais de sal que se infiltraram na tumba. Em 1986, depois de anos de consulta, uma equipe internacional começou o delicadíssimo serviço de juntar os fragmentos dos murais usando fotos tiradas pelo egiptólogo italiano Ernesto Schiaparelli, que descobriu a tumba. O número de visitantes, porém, é controlado devido a preocupações com a umidade. Nefertari também foi honrada por Ramsés II quando ele lhe dedicou um dos templos em Abu Simbel.