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  • Os tambores africanos “falam” mesmo?

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  • Os tambores africanos “falam” mesmo?
  • Despertai! — 1997
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g97 22/7 pp. 21-23

Os tambores africanos “falam” mesmo?

Do correspondente de Despertai! na Nigéria

DURANTE sua viagem pelo rio Congo no período de 1876-77, o explorador Henry Stanley quase não teve chance para refletir nos méritos dos tambores locais. Para ele e seus companheiros de viagem, a mensagem dos tambores poderia em geral ser resumida em uma só palavra: guerra. As batidas surdas que ouviam significavam que eles estavam para ser atacados por guerreiros ferozes armados de lanças.

Somente mais tarde, em tempos mais pacíficos, foi que Stanley descobriu que os tambores podiam transmitir muito mais do que uma convocação às armas. Descrevendo certo grupo étnico que vivia ao longo do Congo, Stanley escreveu: “Embora ainda não tenham adotado os sinais elétricos, eles possuem um sistema de comunicações igualmente eficaz. Seus enormes tambores percutidos em partes diferentes transmitem ao conhecedor uma linguagem tão clara quanto a linguagem falada.” Stanley deu-se conta de que os percussionistas transmitiam muito mais do que um sinal de guerra ou de uma sirene; os tambores podiam transmitir mensagens específicas.

Tais mensagens podiam ser retransmitidas de aldeia em aldeia. Alguns tambores eram ouvidos a uma distância de oito a onze quilômetros, especialmente se percutidos à noite, de uma balsa flutuante ou do alto de uma colina. Percussionistas distantes ouviam a mensagem, interpretavam-na e a retransmitiam a outros. O viajante inglês A. B. Lloyd escreveu em 1899: “Disseram-me que de uma aldeia a outra, uma distância de mais de 100 milhas [160 quilômetros], uma mensagem podia ser enviada em menos de duas horas, e eu tenho quase certeza que é possível que isso seja feito em muito menos tempo.”

Mesmo já no século 20, os tambores por muito tempo continuaram a desempenhar um papel importante em transmitir informações. O livro Musical Instruments of Africa (Instrumentos Musicais da África), publicado em 1965, declarou: “Tambores ‘que falam’ são usados como telefones e telégrafos. Envia-se todo tipo de mensagem: para anunciar nascimentos, mortes e casamentos; eventos esportivos, danças e cerimônias de iniciação; mensagens oficiais e guerra. Às vezes, os tambores transmitem fofocas ou brincadeiras.”

Mas como é que os tambores fazem comunicações? Na Europa e em outros lugares, as mensagens eram enviadas por impulsos elétricos por linhas telegráficas. Cada letra do alfabeto tinha o seu próprio código, de modo que palavras e sentenças podiam ser formadas, uma letra por vez. Os povos da África Central, contudo, não dispunham de linguagem escrita, de forma que os tambores não soletravam palavras. Os percussionistas africanos usavam um sistema diferente.

A linguagem dos tambores

Para se entender a comunicação por tambores é preciso compreender as próprias línguas africanas. Muitas línguas da África Central e Ocidental são essencialmente bitonais — cada sílaba de cada palavra falada tem um dos dois tons fundamentais: alto ou baixo. Mudando-se o tom, muda-se a palavra. Veja o caso, por exemplo, da palavra lisaka, da língua kele, do Zaire. Quando as três sílabas são emitidas num tom baixo, a palavra significa “poça ou pântano”; se pronunciadas em tom baixo-baixo-alto, significa “promessa”; e a entonação baixo-alto-alto dá o significado de “veneno”.

Os tambores africanos com ranhura, usados para transmitir mensagens, também produzem dois tons, alto e baixo. De forma similar, quando mensagens transmitidas são enviadas com tambores de pele de animais, usam-se dois tambores, um com tom alto e outro com tom baixo. Assim, um percussionista habilidoso comunica imitando o padrão tonal das palavras que compõem a língua falada. O livro Talking Drums of Africa explica: “Essa chamada linguagem dos tambores é essencialmente a mesma que a língua falada da tribo.”

Naturalmente, uma língua bitonal em geral tem muitas palavras com tons e sílabas idênticos. Por exemplo, na língua kele, cerca de 130 substantivos têm o mesmo padrão de tom (alto-alto) que a palavra sango (pai). Mais de 200 palavras têm o mesmo padrão (baixo-alto) que nyango (mãe). Para evitar confusão, os percussionistas colocam tais palavras dentro de um contexto, numa frase curta e bem conhecida, com variação suficiente para que o ouvinte saiba do que se trata.

A “fala” dos tambores com ranhura

Certo tipo de tambor usado na comunicação é o tambor de madeira com ranhura. (Veja foto na página 23.) Esses tambores são feitos por se escavar um pedaço de tronco. Eles não dispõem de membrana de pele nas extremidades. Embora o tambor da foto tenha duas ranhuras, muitos têm apenas uma ranhura. Percutir uma beirada da ranhura produz um tom alto; percutir a outra beirada produz um tom baixo. Os tambores com ranhura em geral têm cerca de um metro de comprimento, embora possam ter apenas meio metro, ou então medir até dois metros. O diâmetro pode variar, de 20 centímetros a um metro.

Esses tambores eram usados para mais do que simplesmente enviar mensagens de aldeia em aldeia. O autor Francis Bebey, de Camarões, descreveu o papel desses tambores em competições de luta. Ao passo que dois grupos adversários preparavam-se para o confronto na praça da aldeia, os campeões dançavam ao ritmo dos tambores com ranhura enquanto que os tambores louvavam os participantes. O tambor de um dos lados talvez proclamasse: “Campeão, já encontrou um adversário à altura? Quem pode ser páreo para você, diga-nos, quem? Essas pobres criaturas . . . pensam que podem derrotá-lo com alguma pobre [alma] que chamam de campeão . . . , mas ninguém jamais poderá derrotá-lo.” Os músicos do campo oponente entendiam essas gozações bem-humoradas e davam o troco tocando um rápido dito proverbial: “O macaquinho . . . o macaquinho . . . quer subir na árvore, mas todos acham que vai cair. Mas o macaquinho é teimoso, não vai cair da árvore, vai subir lá no topo, o macaquinho.” Os tambores continuavam a animar durante toda a luta.

Os tambores imbatíveis na comunicação

Os tambores de pressão vão mais além. O que se vê na foto à direita é chamado de dundun; é o famoso tambor que fala, dos iorubas, da Nigéria. Com formato de relógio-de-areia, esse tambor tem duas membranas, uma em cada extremidade, feitas de fino couro curtido de cabrito. As membranas são unidas com tiras de couro. Quando as tiras são apertadas, a tensão na membrana aumenta de modo que pode produzir notas com um alcance de uma oitava ou mais. Usando uma baqueta curva e mudando a freqüência e o ritmo dos sons, o percussionista habilidoso consegue imitar a modulação da voz humana. Os percussionistas podem dessa forma “conversar” com outros percussionistas que conseguem interpretar e transmitir a linguagem dos tambores.

Em maio de 1976 a notável habilidade dos percussionistas que se comunicam por meio de tambores foi demonstrada por músicos da corte de um chefe ioruba. Voluntários da assistência cochicharam uma série de instruções para o mestre percussionista que, por sua vez, transmitiu instruções por meio de tambor para outro músico que estava longe do pátio. Seguindo as instruções transmitidas por tambor, o músico se movia de um local a outro e fazia qualquer coisa que lhe fosse solicitada.

Não é fácil aprender a enviar uma mensagem pelo tambor. O escritor I. Laoye observou: “A comunicação mediante os tambores dos iorubas é uma arte complexa e difícil, que requer muitos anos de estudo. O percussionista não somente precisa ter grande habilidade manual e noção de ritmo, mas também boa memória para a poesia e a história da cidade.”

Em décadas recentes os tambores africanos não “falam” tanto quanto no passado, embora ainda tenham um papel importante na música. Diz o livro Musical Instruments of Africa: “Aprender a enviar mensagens por meio de tambores é extremamente difícil; assim, essa arte está desaparecendo rapidamente na África.” O especialista em mídia Robert Nicholls acrescenta: “Os enormes tambores do passado, cujas vozes viajavam milhas de distância e cuja única função era transmitir mensagens, estão fadados à extinção.” A maioria das pessoas hoje em dia acha mais fácil pegar o telefone.

[Foto na página 23]

Tambor com ranhuras

[Foto na página 23]

Tambor ioruba usado para comunicação

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