Estudos das Escrituras Inspiradas e de Seu Fundo Histórico
Estudo número 9 — A arqueologia e o registro inspirado
Estudo das descobertas arqueológicas e dos documentos antigos da história secular que corroboram o registro bíblico.
1. Qual o significado de (a) arqueologia bíblica? (b) artefatos?
ARQUEOLOGIA bíblica é o estudo dos povos e dos eventos dos tempos bíblicos, por meio de escritos, utensílios, construções e outros vestígios encontrados na terra. A busca de vestígios antigos, ou artefatos, nos antigos locais da Bíblia envolve muita pesquisa e a remoção de milhões de toneladas de terra. Artefato é qualquer objeto que revele ser produto de mãos humanas e que dê evidência da atividade e da vida do homem. Artefatos podem incluir itens tais como cerâmica, ruínas de construções, tabuinhas de argila, inscrições, documentos, monumentos, e crônicas registradas em pedra.
2. De que valor é a arqueologia bíblica?
2 No princípio do século 20, a arqueologia já se tornara um campo de estudo meticuloso, e os principais museus e universidades na Europa e nos Estados Unidos patrocinavam expedições às terras bíblicas. Em conseqüência disso, os arqueólogos descobriram uma abundância de informações que lançam luz no modo como as coisas eram nos tempos bíblicos. Às vezes, as descobertas arqueológicas demonstraram a autenticidade da Bíblia, revelando a sua exatidão mesmo nos mínimos detalhes.
A ARQUEOLOGIA E AS ESCRITURAS HEBRAICAS
3. Que antigas ruínas e registros confirmam a existência de zigurates na antiga Babilônia?
3 A Torre de Babel. Segundo a Bíblia, a Torre de Babel foi uma enorme construção. (Gên. 11:1-9) Curiosamente, arqueólogos descobriram nas ruínas da antiga Babilônia e cercanias os sítios de vários zigurates, ou torres-templos com degraus, em forma de pirâmide, incluindo as ruínas do templo de Etemenanki, localizado dentro dos confins das muralhas de Babilônia. Registros antigos relacionados com tais templos freqüentemente contêm as palavras: “Seu topo atingirá os céus.” Relata-se que o Rei Nabucodonosor disse: “Ergui o topo da Torre escalonada em Etemenanki, de modo que seu topo se rivalizasse com os céus.” Certo fragmento narra a queda de um de tais zigurates nas seguintes palavras: “A construção deste templo ofendeu os deuses. Numa noite, derrubaram o que havia sido construído. Espalharam-nos por toda parte, e tornaram estranha a sua linguagem. Impediram seu progresso.”a
4. Que descobertas arqueológicas foram feitas em Giom, e que ligação talvez tenham com o registro da Bíblia?
4 Os Aquedutos na Fonte de Giom. Em 1867, na área de Jerusalém, Charles Warren descobriu um aqueduto que se iniciava na fonte de Giom, penetrava na colina e que possuía um poço que dava para a Cidade de Davi. Este, pelo que parece, foi o caminho usado pelos homens de Davi para penetrarem na cidade. (2 Sam. 5:6-10) Foi em 1909-11 que o inteiro sistema de túneis que se iniciavam na fonte de Giom foi desobstruído. Um túnel enorme, medindo em média 1,8 metro de altura, foi talhado por 533 metros através de rocha sólida. Ligava Giom ao reservatório de Siloé, no vale de Tiropeom (dentro da cidade), aparentemente sendo o construído por Ezequias. Uma inscrição em hebraico antigo foi encontrada na parede do estreito túnel. Reza, em parte: “E esta é a maneira em que foi perfurado: — Enquanto [. . .] ainda (havia) [. . .] machado(s), cada homem em direção ao seu companheiro, e quando ainda faltavam três côvados para serem perfurados, [ouviu-se] a voz dum homem chamando seu companheiro, pois havia uma sobreposição na rocha à direita [e à esquerda]. E quando o túnel foi aberto, os cavouqueiros cortaram (a rocha), cada homem em direção ao seu companheiro, machado contra machado; e a água fluiu da fonte em direção ao reservatório por 1.200 côvados, e a altura da rocha acima da(s) cabeça(s) dos cavouqueiros era de 100 côvados.” Que notável feito de engenharia para aquela época!b — 2 Reis 20:20; 2 Crô. 32:30.
5. Que evidência arqueológica encontrada em Carnac há da invasão de Sisaque e dos nomes de lugares bíblicos?
5 O Relevo da Vitória de Sisaque. Sisaque, rei do Egito, é mencionado sete vezes na Bíblia. Visto que o Rei Roboão abandonou a lei de Jeová, Jeová permitiu que Sisaque invadisse Judá, em 993 AEC, embora não para causar ruína completa. (1 Reis 14:25-28; 2 Crô. 12:1-12) Até há alguns anos, parecia que apenas a Bíblia registrava esta invasão. Daí, veio à luz um grande documento do Faraó que a Bíblia chama de Sisaque (Xexonque I). Este estava na forma de um imponente relevo em hieróglifos e figuras na parede sul de um enorme templo egípcio, em Carnac (antiga Tebas). Neste gigantesco relevo, há a representação do deus egípcio Amom segurando na mão direita uma espada em forma de foice. Ele traz ao Faraó Sisaque 156 prisioneiros palestinos agrilhoados, presos a ele por cordas amarradas a sua mão esquerda. Cada prisioneiro representa uma cidade ou aldeia, o nome de cada uma aparecendo em hieróglifos. Entre aquelas que ainda podem ser lidas e identificadas estão Rabite (Jos. 19:20); Taanaque, Bete-Seã e Megido (Jos. 17:11); Suném (Jos. 19:18); Reobe (Jos. 19:28); Hafaraim (Jos. 19:19); Gibeão (Jos. 18:25); Bete-Horom (Jos. 21:22); Aijalom (Jos. 21:24); Socó (Jos. 15:35) e Arade (Jos. 12:14). O documento também faz referência ao “campo de Abraão”, sendo esta a mais antiga menção de Abraão nos registros egípcios.c
6, 7. Qual é a história da Pedra Moabita, e que informações fornece esta sobre a guerra entre Israel e Moabe?
6 A Pedra Moabita. Em 1868, o missionário alemão F. A. Klein fez notável descoberta de antiga inscrição, em Dhiban (Díbon). Esta tornou-se conhecida como Pedra Moabita. Foi feito um molde da escrita, mas a própria pedra foi quebrada pelos beduínos, antes que pudesse ser transferida. Entretanto, a maioria dos pedaços foram recuperados, e a pedra acha-se atualmente preservada no Louvre, em Paris, havendo uma cópia no Museu Britânico, em Londres. Foi erigida originalmente em Díbon, em Moabe, e fornece a versão do Rei Mesa para sua revolta contra Israel. (2 Reis 1:1; 3:4, 5) Reza, em parte: “Eu (sou) Mesa, filho de Quemós [. . .], rei de Moabe, o dibonita . . . Quanto a Onri, rei de Israel, ele humilhou a Moabe por muitos anos (lit., dias), porque Quemós [o deus de Moabe] estava irado com a sua terra. E seu filho o sucedeu, e ele também disse: ‘Humilharei Moabe.’ No meu tempo ele falou (assim), mas eu triunfei sobre ele e sobre a sua casa, sendo que Israel pereceu para sempre! . . . E Quemós disse-me: ‘Vai, toma Nebo de Israel!’ De modo que fui de noite e lutei contra ele desde a alvorada até o meio-dia, tomando-o e matando a todos . . . E tomei dali os [vasos] de Yahweh, arrastando-os perante Quemós.”d Observe a menção do nome divino na última sentença. Este pode ser visto na ilustração acompanhante da Pedra Moabita. Está na forma do Tetragrama, no lado direito do documento, na linha 18.
7 A Pedra Moabita também menciona os seguintes locais bíblicos: Atarote e Nebo (Núm. 32:34, 38); o Árnon, Aroer, Medeba e Díbon (Jos. 13:9); Bamote-Baal, Bete-Baal-Meom, Jaaz e Quiriataim (Jos. 13:17-19); Bezer (Jos. 20:8), Horonaim (Isa. 15:5), bem como Bete-Diblataim e Queriote (Jer. 48:22, 24). Ela apóia assim a historicidade desses locais.
8. O que registra a Bíblia sobre Senaqueribe, e o que revelaram as escavações de seu palácio?
8 Prisma do Rei Senaqueribe. A Bíblia registra com muitos pormenores a invasão dos assírios sob o comando do Rei Senaqueribe no ano 732 AEC. (2 Reis 18:13–19:37; 2 Crô. 32:1-22; Isa. 36:1–37:38) Foi durante 1847-51 que o arqueólogo inglês A. H. Layard escavou as ruínas do grande palácio de Senaqueribe, em Nínive, no território da antiga Assíria. Descobriu-se que o palácio tinha cerca de 70 aposentos, com aproximadamente 3.000 metros de paredes revestidas de lajes esculpidas. Os relatórios anuais dos eventos, ou anais, de Senaqueribe eram registrados em cilindros de argila, ou prismas. A edição final desses anais, aparentemente feita pouco antes de sua morte, aparece no que é conhecido como Prisma de Taylor, preservado no Museu Britânico, mas o Instituto Oriental da Universidade de Chicago possui um exemplar ainda melhor num prisma descoberto perto do sítio da antiga Nínive, capital do Império Assírio.
9. O que registra Senaqueribe, em harmonia com a narrativa da Bíblia, mas o que deixa ele de mencionar, e por quê?
9 Nesses últimos anais, Senaqueribe fornece sua própria versão jactanciosa de sua invasão de Judá: “Quanto a Ezequias, o judeu, ele não se submeteu ao meu jugo, eu sitiei 46 de suas cidades fortes, fortificações muradas e inúmeras aldeias pequenas na sua vizinhança, e conquistei(-as) por meio de bem batidas rampas (de terra) e aríetes trazidos (assim) para perto (das muralhas) (junto com) o ataque dos soldados de infantaria, (empregando) minas, brechas, bem como o trabalho de sapadores. Eu desalojei (delas) 200.150 pessoas, jovens e idosos, homens e mulheres, cavalos, mulos, jumentos, camelos, gado grande e miúdo sem conta, e considerei(-os como) presa. A ele mesmo [Ezequias] fiz prisioneiro em Jerusalém, sua residência real, como a um pássaro numa gaiola. . . . As suas cidades, que eu saqueei, levei de seu país e dei-as a Mitinti, rei de Asdode, a Padi, rei de Ecrom, e a Sillibel, rei de Gaza. . . . O próprio Ezequias . . . enviou-me mais tarde, a Nínive, minha cidade senhorial, junto com 30 talentos de ouro, 800 talentos de prata, pedras preciosas, antimônio, grandes blocos de pedra vermelha, leitos (incrustados) de marfim, cadeiras-nimedu (incrustadas) de marfim, couros de elefante, ébano, buxos (e) todas as espécies de tesouros valiosos, suas (próprias) filhas, concubinas, músicos e músicas. A fim de entregar o tributo e prestar homenagem como escravo, ele enviou seu mensageiro (pessoal).”e Quanto ao tributo imposto por Senaqueribe sobre Ezequias, a Bíblia confirma os 30 talentos de ouro, mas menciona apenas 300 talentos de prata. Ademais, ela indica que isto ocorreu antes que Senaqueribe ameaçasse Jerusalém com sítio. No deturpado relato da história assíria feito por Senaqueribe, ele deliberadamente omite sua esmagadora derrota em Judá, quando, em uma só noite, o anjo de Jeová destruiu 185.000 de seus soldados, forçando-o assim a fugir de volta para Nínive como um cão chicoteado. Entretanto, este jactancioso registro escrito no prisma de Senaqueribe indica uma imensa invasão de Judá antes que Jeová fizesse os assírios recuar, após ameaçarem Jerusalém. — 2 Reis 18:14; 19:35, 36.
10, 11. (a) O que são as Cartas de Laquis, e o que elas retratam? (b) Como apóiam os escritos de Jeremias?
10 As Cartas de Laquis. A famosa cidade-fortaleza de Laquis é mencionada mais de 20 vezes na Bíblia. Localizava-se a 44 quilômetros ao oeste-sudoeste de Jerusalém. As ruínas foram amplamente escavadas. Em 1935, na sala da guarda da casa do portão duplo, foram encontrados 18 óstracos, ou cacos de cerâmica com inscrições (outros 3 foram achados em 1938). Estes revelaram ser um grupo de cartas escritas em caracteres do hebraico antigo. Esta coleção de 21 óstracos é atualmente conhecida como Cartas de Laquis. Laquis foi uma das últimas fortalezas de Judá a resistir a Nabucodonosor, sendo reduzida a um monte de escombros queimados durante o período de 609-607 AEC. As cartas retratam a urgência dos tempos. Parecem ter sido enviadas dos postos avançados restantes das tropas judaicas a Yaosh, comandante militar em Laquis. Uma delas (número IV) reza, em parte: “Que YHWH [Tetragrama, “Jeová”] faça que meu senhor ouça hoje mesmo boas novas. . . . estamos vigiando os sinais de fogo de Laquis, segundo todos os sinais que meu senhor der, porque não vemos Azeca.” Esta é uma impressionante comprovação de Jeremias 34:7, que menciona Laquis e Azeca como as duas últimas cidades fortificadas restantes. Esta carta pelo que parece indica que Azeca caíra. O nome divino, na forma do Tetragrama, aparece com freqüência nas cartas, mostrando que o nome Jeová era de uso cotidiano entre os judeus naquela época.
11 Outra carta (número III) inicia da seguinte maneira: “Que YHWH [isto é, Jeová] faça que meu senhor ouça notícias de paz! . . . E foi relatado ao teu servo, dizendo: ‘O comandante do exército, Conias, filho de Elnatã, desceu a fim de ir ao Egito e a Hodavias, filho de Aijá, e mandou seus homens obter dele [suprimentos].’” Esta carta parece confirmar que Judá desceu ao Egito para pedir ajuda, violando o mandamento de Jeová, o que resultou em sua própria destruição. (Isa. 31:1; Jer. 46:25, 26) Os nomes Elnatã e Osaías, que aparecem no texto completo desta carta, também são encontrados em Jeremias 36:12 e Jeremias 42:1. Três outros nomes mencionados nas cartas também são encontrados no livro bíblico de Jeremias. São: Gemarias, Nerias e Jaazanias. — Jer. 32:12; 35:3; 36:10.f
12, 13. O que descreve a Crônica de Nabonido, e por que é de especial valor?
12 A Crônica de Nabonido. Na última metade do século 19, escavações próximo a Bagdá resultaram na descoberta de muitas tabuinhas e cilindros de argila que lançaram ampla luz na história da antiga Babilônia. Uma delas foi o valiosíssimo documento conhecido como Crônica de Nabonido, que agora está no Museu Britânico. O Rei Nabonido, de Babilônia, era o pai de seu co-regente, Belsazar. Sobreviveu ao filho, que foi morto na noite em que as tropas de Ciro, o persa, tomaram Babilônia em 5 de outubro de 539 AEC. (Dan. 5:30, 31) A Crônica de Nabonido, um notavelmente bem-datado registro da queda de Babilônia, ajuda a estabelecer em que dia ocorreu este evento. A seguinte citação é a tradução de pequeno trecho da Crônica de Nabonido: “No mês de tasritu [tisri (setembro-outubro)], quando Ciro atacou o exército de Acade, em Ópis, à margem do Tigre . . . no dia 14, Sipar foi tomada sem batalha. Nabonido fugiu. No dia 16 [11 de outubro de 539 AEC, juliano, ou 5 de outubro, gregoriano], Gobrias (Ugbaru), o governador de Gutium e o exército de Ciro entraram em Babilônia sem batalha. Mais tarde, Nabonido foi capturado em Babilônia quando retornava para (lá). . . . No mês de arahshamnu [marchesvã (outubro-novembro)], no dia 3 [28 de outubro, juliano], Ciro entrou em Babilônia, raminhos verdes foram espalhados diante dele — o estado de ‘Paz’ (sulmu) foi imposto à cidade. Ciro enviou saudações a toda Babilônia. Gobrias, seu governador, instalou (sub-)governadores em Babilônia.”g
13 Pode-se notar que Dario, o medo, não é mencionado nesta crônica, e até hoje nenhuma menção deste Dario foi encontrada em inscrições não-bíblicas, nem é ele mencionado em qualquer documento secular histórico anterior a Josefo (historiador judeu do primeiro século EC). Alguns, portanto, sugerem que ele deve ser o Gobrias mencionado na narrativa acima. Embora as informações disponíveis relacionadas com Gobrias pareçam ser paralelas às de Dario, tal identificação não pode ser considerada conclusiva.h De qualquer modo, a história secular definitivamente estabelece que Ciro foi importante personagem na conquista de Babilônia e que depois disso reinou ali.
14. O que está registrado no Cilindro de Ciro?
14 O Cilindro de Ciro. Algum tempo após começar a reinar sobre a Potência Mundial Persa, a captura de Babilônia por parte de Ciro em 539 AEC foi registrada num cilindro de argila. Este notável documento também está preservado no Museu Britânico. Segue-se uma parte do texto traduzido: “Eu sou Ciro, rei do mundo, grande rei, rei legítimo, rei de Babilônia, rei da Suméria e de Acade, rei das quatro extremidades (da terra), . . . devolvi a [certas cidades anteriormente mencionadas] cidades sagradas, do outro lado do Tigre, cujos santuários ficaram arruinados por longo tempo, as imagens que (costumavam) viver neles, e estabeleci para elas santuários permanentes. Eu (também) reuni todos os seus (anteriores) habitantes e devolvi(-lhes) suas habitações.”i
15. O que revela o Cilindro de Ciro a respeito de Ciro, e como isso se harmoniza com a Bíblia?
15 O Cilindro de Ciro revela assim a política do rei de restaurar os povos cativos nos seus lugares anteriores. Em harmonia com isto, Ciro emitiu seu decreto para que os judeus retornassem a Jerusalém e reconstruíssem a casa de Jeová ali. Curiosamente, com 200 anos de antecedência, Jeová mencionara profeticamente Ciro como aquele que tomaria Babilônia e que efetuaria a restauração do povo de Jeová. — Isa. 44:28; 45:1; 2 Crô. 36:23.
A ARQUEOLOGIA E AS ESCRITURAS GREGAS CRISTÃS
16. O que a arqueologia trouxe à luz em conexão com as Escrituras Gregas?
16 Assim como se dá com as Escrituras Hebraicas, a arqueologia trouxe à luz muitos artefatos interessantes que apóiam o registro inspirado contido nas Escrituras Gregas Cristãs.
17. Como é que a arqueologia apóia a argumentação de Jesus sobre a questão do imposto?
17 Denário com a Inscrição de Tibério. A Bíblia mostra claramente que o ministério de Jesus ocorreu durante o reinado de Tibério César. Alguns opositores de Jesus tentaram enlaçá-lo perguntando sobre a questão de pagar o imposto por cabeça a César. O registro reza: “Percebendo a hipocrisia deles, disse-lhes: ‘Por que me pondes à prova? Trazei-me um denário para ver.’ Trouxeram-lhe um. E ele lhes disse: ‘De quem é esta imagem e inscrição?’ Disseram-lhe: ‘De César.’ Jesus disse então: ‘Pagai de volta a César as coisas de César, mas a Deus as coisas de Deus.’ E começaram a maravilhar-se dele.” (Mar. 12:15-17) Os arqueólogos acharam um denário de prata com a efígie de Tibério César! Foi posto em circulação por volta de 15 EC. Isto harmoniza-se com o período do reinado de Tibério como imperador, que começou em 14 EC, e acrescenta apoio à declaração de que João, o Batizador, iniciou seu ministério no 15.º ano de Tibério, ou na primavera (setentrional) de 29 EC. — Luc. 3:1, 2.
18. Que descoberta foi feita relacionada com Pôncio Pilatos?
18 Inscrição de Pôncio Pilatos. Foi em 1961 que se fez o primeiro achado arqueológico relacionado com Pôncio Pilatos. Tratava-se de uma laje de pedra localizada em Cesaréia, que trazia o nome Pôncio Pilatos em latim.
19. O que ainda existe em Atenas que confirma o cenário de Atos 17:16-34?
19 O Areópago. Paulo proferiu em Atenas, na Grécia, em 50 EC, um dos seus mais famosos discursos registrados. (Atos 17:16-34) Isto ocorreu quando certos atenienses agarraram Paulo e o conduziram ao Areópago. O Areópago, ou Colina de Ares (Colina de Marte), é o nome de uma colina rochosa e escalvada, com cerca de 113 metros de altura, logo ao noroeste da Acrópole de Atenas. Degraus cortados na rocha conduzem ao cume, onde ainda podem ser vistos bancos toscos, talhados na rocha, formando três lados de um quadrado. O Areópago ainda existe, confirmando o cenário registrado na Bíblia para o discurso histórico de Paulo.
20. O que continua a atestar o Arco de Tito, e como?
20 O Arco de Tito. Jerusalém e seu templo foram destruídos pelos romanos liderados por Tito, em 70 EC. No ano seguinte, em Roma, Tito comemorou seu triunfo junto com seu pai, o imperador Vespasiano. Setecentos prisioneiros judeus selecionados foram obrigados a marchar na procissão triunfal. Carregamentos dos despojos da guerra também foram conduzidos no desfile, inclusive tesouros do templo. O próprio Tito tornou-se imperador, atuando como tal de 79 a 81 EC, e após a sua morte, um enorme monumento, o Arco de Tito, foi terminado e dedicado ao divo Tito (ao deificado Tito). Sua triunfante procissão está representada em baixo-relevo, talhado em ambos os lados da passagem pelo arco. Num dos lados, estão retratados soldados romanos segurando lanças sem ponta, coroados de louros, carregando a mobília sagrada do templo de Jerusalém. Esta inclui o candelabro de sete hastes e a mesa dos pães da proposição, na qual podem-se ver as trombetas sagradas. O relevo, no outro lado da passagem, exibe o vitorioso Tito de pé numa carruagem puxada por quatro cavalos e conduzida por uma mulher que representa a cidade de Roma.j Todo ano milhares de turistas contemplam este triunfal Arco de Tito, que ainda está de pé em Roma como testemunha silenciosa do cumprimento da profecia de Jesus e da terrível execução do julgamento de Jeová sobre a rebelde Jerusalém. — Mat. 23:37–24:2; Luc. 19:43, 44; 21:20-24.
21. (a) Como tem a arqueologia trabalhado lado a lado com a descoberta de manuscritos? (b) Qual a atitude correta a ter quanto à arqueologia?
21 Da mesma forma que a descoberta de antigos manuscritos ajudou a restaurar o texto puro e original da Bíblia, a descoberta de numerosos artefatos tem, com freqüência, demonstrado que as informações declaradas no texto bíblico são histórica, cronológica e geograficamente verídicas, mesmo nos mínimos detalhes. No entanto, seria um erro concluir que a arqueologia concorda com a Bíblia em todos os casos. Deve-se lembrar que a arqueologia não é um campo de estudo infalível. As descobertas arqueológicas estão sujeitas a interpretações humanas, e algumas de tais interpretações mudam de tempos a tempos. A arqueologia tem, às vezes, fornecido apoio dispensável para a fidedignidade da Palavra de Deus. Ademais, conforme declarado pelo falecido Sir Frederic Kenyon, diretor e bibliotecário-chefe do Museu Britânico por muitos anos, a arqueologia tem tornado a Bíblia “mais inteligível mediante um conhecimento mais pleno do seu fundo histórico e de seu ambiente”.k Mas a fé deve respaldar-se na Bíblia, não na arqueologia. — Rom. 10:9; Heb. 11:6.
22. Que evidência será considerada no próximo estudo?
22 A Bíblia contém dentro de si mesma uma incontestável evidência de que é deveras a autêntica “palavra do Deus vivente e permanecente”, conforme veremos no próximo estudo. — 1 Ped. 1:23.
[Nota(s) de rodapé]
a Bible and Spade, 1938, de S. L. Caiger, página 29.
b Ancient Near Eastern Texts, 1974, J. B. Pritchard, página 321; Estudo Perspicaz das Escrituras, “Ezequias”, “Giom”.
c Light From the Ancient Past, 1959, J. Finegan, páginas 91, 126.
d Ancient Near Eastern Texts, página 320.
e Ancient Near Eastern Texts, página 288.
f Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 1, página 200; Light From the Ancient Past, páginas 192-5.
g Ancient Near Eastern Texts, página 306.
i Ancient Near Eastern Texts, página 316.
j Light From the Ancient Past, página 329.
k The Bible and Archaeology, 1940, página 279.
[Fotos na página 333]
A Pedra Moabita
Ampliação do Tetragrama, que aparece em caracteres antigos, na linha 18, à direita
[Foto na página 334]
Prisma do Rei Senaqueribe
[Foto na página 335]
A Crônica de Nabonido
[Foto na página 336]
Denário com a efígie de Tibério
[Foto na página 337]
O Arco de Tito
[Créditos das fotos na página 337]
Créditos das ilustrações do Estudo 9:
página 333: Museu do Louvre, Paris;
página 334: cortesia do Instituto Oriental, Universidade de Chicago;
página 335: foto tirada por cortesia do Museu Britânico;
página 336: copyright do Museu Britânico;
página 337: Soprintendenza Archeologica di Roma