QUITIM
Quitim é alistado como um dos quatro “filhos” de Javã, embora este nome só apareça na forma plural, em todas as referências bíblicas. (Gên. 10:4; 1 Crô. 1:7) Depois disso, tal nome é utilizado para representar um povo e uma região.
Josefo [Antiquities of the Jews (Antiguidades Judaicas), Livro I, cap. VI, par. 1] referiu-se a Quitim como “Cetimus”, e declarou que ele “possuía a ilha Cetima: é agora chamada de Chipre; e é a partir dela que todas as ilhas, e a maior parte das costas marítimas, são chamadas de Cetim pelos hebreus: e existe uma cidade em Chipre que tem conseguido preservar sua denominação; tem sido chamada de Cítio por aqueles que utilizam a linguagem dos gregos, e não tem, pelo emprego desse dialeto, escapado do nome de Cetim”. Os antigos fenícios se referiam ao povo de Chipre como Kitti.
Que Quitim (“Cetim”, BJ; BV; CBC; MC, ed. 1982; So) pode abranger outras áreas, além da ilha de Chipre, é indicado pela declaração de Josefo a respeito do emprego hebraico desse termo como abrangendo outras ilhas e regiões costeiras do Mediterrâneo, Chipre sendo apenas a mais próxima (da Palestina) das terras de Quitim. Isto parece ser comprovado pelas referências às “ilhas” ou “litorais” de Quitim, em Ezequiel 27:6 e Jeremias 2:10. Alguns comentaristas consideram que Quitim é também empregado neste sentido mais amplo em Números 24:24, onde o profeta Balaão, que era contemporâneo de Moisés, predisse que “navios da costa de Quitim” afligiriam a Assíria e Éber, mas que o atacante finalmente pereceria. Este ponto de vista daria margem a que tal ataque se originasse, talvez, da região costeira da Macedônia, país do qual avançou Alexandre Magno, conquistando a terra de “Assur” (Assíria-Babilônia), junto com o Império Medo-Persa; outros sugerem que os atacantes eram romanos, das regiões costeiras e mediterrâneas da Itália. O Targum e a Vulgata empregam ambos “Itália” em lugar de “Quitim” em determinado texto (Núm. 24:24, Vg; 1 Crô. 1:7, Targum); ao passo que o livro apócrifo de 1 Macabeus (1:1, BV) emprega Quitim (“Cetim”) para representar a terra da Macedônia.
No pronunciamento de Isaías contra Tiro, Quitim (provavelmente Chipre) é o ponto em que os navios de Társis, destinados ao oriente, recebem as notícias da queda de Tiro, e Jeová manda a “filha virgem de Sídon” que ‘atravesse para a própria Quitim’, num vão esforço de encontrar refúgio. (Isa. 23:1, 11, 12) Isto se harmoniza com a evidência histórica relativa às colônias fenícias em Chipre, na época da profecia de Isaías (c. 778-732 AEC), bem como depois dela. Uma inscrição de Esar-Hadom relata a fuga do Rei Luli, de Sídon, para Chipre, em resultado do ataque do Assírio. Similarmente, muitos de Tiro evidentemente procuraram abrigo em Chipre, durante o sítio de Tiro, efetuado durante treze anos por Nabucodonosor, em cumprimento da proclamação feita por Isaías.
A menção final de Quitim (por tal nome) ocorre na profecia de Daniel sobre a rivalidade entre os enigmáticos “rei do norte” e “rei do sul”, onde um ataque do “rei do norte” é frustrado pelos “navios de Quitim”. — Dan. 11:30; veja CHIPRE.