Perguntas dos leitores
●Lutou o apóstolo Paulo com feras, na arena, como parece provável de 1 Coríntios 15:32 (ARA): “Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso?” - M. H., Estados Unidos.
“A Sentinela” de março de 1945 comentou sôbre este texto do seguinte modo: “Não há razão para pensar outra coisa que durante os anos que o apóstolo Paulo passou em Éfeso foi preso pelos seus inimigos e posto na arena para combater com as feras e que foi liberto miraculosamente pelo Senhor, assim como Daniel foi salvo dos leões.”
De Éfeso, Paulo escreveu aos coríntios: “Parece-me que Deus tem pôsto a nós, apóstolos, por último em exibição, como homens destinados à morte, porque nos temos tornado para o mundo um espetáculo teatral, tanto para os anjos como para os homens.” (1 Cor. 4:9, NM) Havia um estádio em Éfeso e na sua arena os gladiadores lutavam enquanto milhares de pessoas olhavam. Homens destinados a morrer foram às vezes postos em exibição por se fazer que enfrentassem feras na arena, sendo deste modo executada a sentença de morte contra eles, enquanto as multidões assistiam ao espetáculo sangrento dos assentos do teatro ou estádio. É bem possível que o apóstolo Paulo tivesse de passar por tal provação, exceto que ele foi miraculosamente liberto das feras, assim como em outra ocasião ele foi liberto do dano causado por uma cobra que o mordeu, e assim como Daniel foi liberto da cova dos leões. - Atos 28:3-6.
Muitos sustentam que Paulo falou em figuras quando se referiu a lutar contra feras em Éfeso, pretendendo que ele se referiu aos seus conflitos com os homens brutos e bestiais que se opunham à sua obra de pregação. Eles dizem que um cidadão romano, tal como Paulo era, seria dificilmente lançado na arena. Também, que, se tivesse ocorrido tal evento notável como a libertação da arena, Paulo o teria mencionado mais especificamente e Lucas teria dado os pormenores nos atos dos apóstolos. Existe a possibilidade de que Paulo falou figuradamente e que as feras de que falou eram seus opositores humanos.
No entanto, o mero silêncio da parte de Lucas não refuta a libertação literal, e dificilmente pode-se sustentar que Paulo não a mencionou, em vista das suas palavras em 1 Coríntios 4:19, e mais especificamente no seu comentário posterior em 15:32. Pode não ter dado os pormenores nesta epístola, porque outros relatos pormenorizados talvez tenham chegado aos coríntios. É certo que Paulo passou por alguma prova notável em Éfeso, e os coríntios pareciam saber disso, pois Paulo se referiu a esta experiência aflitiva, sem dar os pormenores dela, ao escrever pouco depois novamente aos coríntios: “Não queremos que sejais ignorantes, irmãos, da tribulação que nos sobreveio na província da Ásia, que nos achávamos sob extrema pressão, além da nossa fôrça, de modo que estávamos até muito incertos quanto à nossa vida. De fato, sentimos em nós que tínhamos recebido a sentença da morte. Isto se deu para que confiássemos não em nós próprios, mas no Deus que ressuscita os mortos. Desta morte tão provável ele nos livrou, e nos livrará; e, nossa esperança está posta nele, de que também continuará a nos livrar.” - 2 Cor. 1:8-10, NM. .
Estas palavras podem certamente aplicar-se a uma luta com feras na arena e à libertação por parte de Jeová. Parecem demasiado fortes para descrever ou se referir à populaça incitada por Demétrio, o ourives de prata, conforme alguns sustentam. De qualquer modo, naquela ocasião a pressão estava mais sôbre seus companheiros de viagem, Gaio e Aristarco, e sôbre Alexandre, do que sôbre Paulo. Paulo, embora disposto, nem mesmo foi ao teatro, pois seus discípulos não lhe permitiam que se arriscasse. (Atos 19:23-41) Paulo não era daqueles que exageram a perseguição que sofrem. Ele menciona de passagem muitas provações, sem entrar em detalhes, entre os quais “próximo à morte muitas vezes”. Uma destas ocasiões em que estava próximo à morte pode ter sido a da luta com as feras na arena de Éfeso. - 2 Cor. 11:23-27.