‘Julga, Jeová!’
“Jehovah administra justiça aos povos: Julga-me, Jehovah, conforme a retidão e integridade que há em mim.”—Sal 7:8.
1, 2. Sobre que criaturas profere Jeová agora sentença? Por quê?
HOJE em dia estamos vivendo num período de juízo. O grande Juiz está separando os justos dos iníquos. (Mal. 3:16-18) Os que mantêm a correção ou a integridade recebem sua aprovação. Os que não reconhecem a Deus e que não obedecem às boas novas a respeito de seu Filho entronizado, nosso Senhor Jesus, serão julgados adversamente. (2 Tes. 1:5-10; 1 Ped. 4:17) Descrevendo a falta de integridade entre o povo professo de Deus, seu profeta Oséias disse: “Ouvi a palavra de Jehovah, filhos de Israel; pois Jehovah tem uma contenda com os habitantes da terra, porque na terra não há verdade, nem misericórdia, nem conhecimento de Deus. Não há senão o jurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o adulterar; cometem violências, e homicídios sucedem a homicídios.” — Osé. 4:1, 2.
2 Estas palavras predizem uma condição que se está manifestando cada vez mais num grau alarmante em nossos dias. A hipocrisia de alcance mundial, a injustiça, a falsidade, o crime e a imoralidade predominam e aumentam. Os órgãos governamentais executivos e sociais, mesmo que sejam imaculados, vêem seus problemas aumentar constantemente. É verdade que há ainda no mundo algumas pessoas honestas, demasiadas vêzes, porém, os que ocupam cargos políticos cometem peculato, aceitam suborno e presentes. A integridade já foi quase que totalmente esquecida. Mas, há ainda pessoas na terra que apreciam o valor da integridade. Essas incluem pessoas tais como o médico que não está apenas interessado nos seus proventos, mas sim na saúde do seu paciente; o advogado que não luta apenas por grandes honorários, mas para que se faça justiça a seu constituinte; o funcionário ou o operário que não trabalha apenas pelo dinheiro, mas sim para render serviço que seja bom; e a pessoa que deveras ama a honestidade e que não a pratica apenas porque é mais conveniente. Animador como é ouvir-se falar de integridade entre homens, há ainda um ponto mais importante a considerar; este é, manter a integridade para com Deus. Manterem os escravos de Jeová tal integridade é louvável e é belo aos Seus olhos. Ele julgará, e, no devido tempo, recompensará os que a praticam.
3, 4. (a) Por que é essencial agora o conhecimento acurado das normas de Jeová? (b) De que modo podem as criaturas humanas exercer agora corretamente seu livre arbítrio?
3 Ao desviarmos a mente do proceder de degradação dos homens e das normas de conduta estabelecidas por êles, e considerarmos em vez disso o Criador infinito, ficamos maravilhados com a sua santidade, sua perfeição. A exatidão da sua justiça, a profundidade da sabedoria de Jeová, sua longanimidade e amor condescendente, e seu irresistível poder, fazem que a criatura compreensiva, de carne e sangue, fique maravilhada da revelação destes atributos do seu Criador. Tendo tido contato íntimo com seu Criador, Moisés escreveu a respeito dele: “Quem entre os deuses é semelhante a ti, ó Jeová? Quem é semelhante a ti, mostrando-se poderoso em santidade? Aquele que deve ser temido com cânticos de louvor, Aquele que faz maravilhas.” (Êxo. 15:11, NM) Foi êle quem criou o homem à sua própria imagem, com perfeita, liberdade de exercer seus próprios atributos de justiça, sabedoria, amor e poder, conforme a ocasião exigir, contudo orientado sabiamente no seu uso correto pela declaração da lei de Deus. Essa lei divina foi dada não para restringir o homem no exercício correto das suas liberdades, mas apenas para resguardá-lo do uso improprio dêsses poderes, para que não prejudicasse a outros nem a si mesmo.
4 A obediência à lei expressa de Jeová foi a prova da integridade do homem.A apreciação do seu Criador devia ter impedido que o homem desse qualquer passo em falso, contrário às instruções de Deus, não importa qual a causa que o induziria a isso. Como o inferior perante o superior, o homem devia ao seu soberano Deus obediência, devoção e lealdade, sendo êste seu legislador e juiz. O descendente do Criador perfeito, de certo, devia refletir devidamente a perfeição do seu Criador. Fazer menos do que isso seria incoerente. Embora estivesse livre para agir em conformidade com a sua vontade, tão livre como seu Criador, o homem, em gratidão, devia usar sua liberdade para fazer apenas o que é correto; portanto, devia agir construtivamente e de acordo com a obra de seu Pai. Jeová não destrói maliciosa ou maldosamente sua própria criação boa. Êle não é Deus de confusão, mas de paz. (1 Cor. 14:33) Por que deveria o homem agir de modo prejudicial e destrutivo? Por que deveria causar confusão? Por que deveria introduzir efeitos maus e prejudiciais na obra primorosa de seu Pai? Tais calamidades seriam o resultado do fracasso do homem em manter correção, santidade, integridade — o fracasso do homem em dar atenção ao conselho do seu perfeito Legislador, o Juiz de tôda a terra. — Gên. 18:25.
5. Que curso seguem as pessoas prudentes? Com que resultado?
5 O próprio Jeová nos dá o exemplo de perfeita correção ou integridade. Êle cumpre sempre a sua palavra e pode-se sempre confiar nêle. No Monte Sinai, seu profeta Moisés informou os filhos de Israel, dizendo: “Sabes muito bem que Jeová, teu Deus, é que é o Deus, o Deus fiel, que guarda o pacto e a longanimidade no caso dos que o amam e dos que guardam seus mandamentos, até mil gerações.” (Deu. 7:9, NM) A nós, os que vivemos hoje na terra, êle manifesta ainda seu amor e sua fidelidade de inúmeras maneiras. “Justo é Jehovah em todos os seus caminhos, e benigno em todas as suas obras.” (Sal. 145:17) Em outras palavras corretas o profeta Davi escreveu a respeito da fidedignidade de Deus: “Quanto a Deus, perfeito é o seu caminho; a palavra de Jehovah é provada; ele é escudo para todos os que nele se refugiam. Pois quem é Deus a não ser Jehovah? E quem é rocha, senão o nosso Deus? O Deus que me veste de força, e torna perfeito o meu caminho.” (Sal. 18:30-32) É então apenas sábio e prudente que os homens dêem atenção à instrução de Deus, pois a sua palavra é fidedigna e de confiança, e todos os seus mandamentos são fiéis. Observar isso, fará com que a pessoa mantenha a integridade e assim seja julgada digna da recompensa de vida.
QUE É INTEGRIDADE?
6, 7. (a) Que é integridade? (b) Quais são algumas ilustrações da sua sublimidade?
6 “Integridade” é a tradução da palavra hebraica tōm e da sua forma feminina tum-mah, que ambas ocorrem nas Escrituras Hebraicas. Seu significado, conforme dado pelo Prof. James Strong (1890), é “inteireza, inocência (moral)”; e, conforme dado pelo Prof. Robert Young (1879), é “perfeição, integridade, simplicidade”. Estas definições significativas trazem à mente as palavras de Jesus ao fariseu versado na lei: “ ‘Tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua mente.’ Êste é o maior e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a êste, é: ‘Tens de amar a teu próximo como a ti mesmo.” (Mat. 22:37-39, NM) Ao jovem rico, Jesus disse também: “Se queres ser completo, vai e vende teus pertences e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu, e vem e sê meu seguidor.” (Mat. 19:21, NM) Nestas expressões de Jesus sentimos a profundidade do sentido que se dá à nossa palavra “integridade” — geralmente definida como ‘estado ou qualidade de ser completo, indiviso, ou não quebrantado; correção moral; retidão de qualidades; honestidade’. Embora a palavra “integridade” não apareça na Versão Autorizada inglêsa das Escrituras Gregas Cristãs, as referências acima mostram que a idéia principal não está de nenhum modo ausente, e a palavra ocorre, sim, em Tito 2:7 na Versão Brasileira, no Novo Testamento Revisado, nas versões católicas Soares, Figueiredo, Negromonte, e em outras, e é traduzida “incorrução” na Tradução do Novo Mundo. Sua importância para o sacerdócio real é trazida claramente à nossa atenção no peitoral usado sobre o coração pelo sumo sacerdote de Israel. Nêle se encontravam o urim e o tumim, sendo a palavra tumim o plural de tōm. Entende-se que a expressão “Urim e Tumim” significa “as luzes e as perfeições”, indicando que o sacerdócio tinha de ser constituído de portadores de luz, que mantivessem a integridade. — Êxo. 28:30, Al, margem.
7 Que bela qualidade é a integridade! Em Jeová, ela é comparável a uma grande montanha, inabalável, fidedigna, imutável. Nos humanos dos tempos passados, que guardavam a integridade, pode ser comparada a um penedo firme numa costa rochosa. As ondas do mar bravio podem lançar-se contra êle; as ondas e a espuma podem às vêzes cobri-lo totalmente; sujeira e escuma podem cercá-lo; contudo, permanece ali — incorruto, inabalável, firmemente ancorado no seu próprio lugar seguro. Os que têm integridade são semelhantes aos utensílios que adornam a rica mesa numa casa nobre. Em tal ambiente, um simples jarro de água pode servir a um bom propósito, se não estiver rachado; mas, se o jarro vazar, é tão inútil como a pessoa de maculada integridade. Conseqüentemente, Paulo admoesta: “Ora, numa grande casa, não somente há vasos de ouro e de prata mas também de madeira e de barro; e uns, na verdade, para honra, outros, porém, para uso vil. Se, pois, alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e útil ao Senhor, preparado para tôda boa obra.” —2 Tim. 2:20, 21, NTR.
8, 9. (a) De que modo prevaleceu o justo juízo de Jeová sobre o antiquíssimo desafio de Satanás? (b) Que excelências de Jeová podem ser proveitosamente copiadas para se obter aprovação?
8 Nossos primeiros pais humanos desviaram-se da justiça, e, assim, perderem êles a integridade estabeleceu a base para a acusação do infiel que se tornou Satanás — de que todos os adoradores de Jeová o servem apenas pela recompensa ou o suborno que lhes dá, e que, quando provados, todos se voltariam contra Jeová. A jactância dêste rebelde, perante os santos anjos do céu, era que até Jó, que mantinha a integridade, quando posto à prova, renunciaria a Deus na sua face. (Jó 1:8-11) Desde então, Satanás tem sido o acusador dos irmãos de Cristo e de todos os outros adoradores verdadeiros de Jeová. O verdadeiro Deus, tendo tomado a iniciativa, provocando e aceitando o desafio de Satanás, tem dado a Satanás ampla oportunidade de provar seu lado da questão, sabendo que, nesta questão da integridade, podia determinar-se a fidelidade e a infidelidade de todas as criaturas. À base desta prova, as criaturas leais podem ser separadas das que não observam lei, e a iniqüidade de Satanás fica claramente revelada. Nos tempos antigos, a questão ficou nitidamente definida. Por demonstrar seu amor e sua misericórdia, e com grande custo para si mesmo, Jeová propôs-se resgatar alguns dentre os descendentes pecaminosos de Adão, os quais, reconhecendo a questão envolvida, decidiriam manter sua integridade. (Apo. 1:4-6) Assim, servindo a Deus, não por lucro egoísta, mas de amor, estes apoiam Seu lado na questão. (Pro. 27:11) Por causa do seu bondoso arranjo de benignidade imerecida, Jeová julga finalmente a tais pessoas que mantêm a integridade como passíveis de aprovação.
9 O desafio da soberania de Jeová, por parte do rebelde, e o fracasso do homem em manter a integridade, não inquietaram nem perturbaram no mínimo o Criador. Êle possuía em si mesmo todo o poder necessário para lidar com qualquer situação. Podia reunir rapidamente em seu apoio sua organização celestial, sua mulher ou esposa, e realmente o fêz. Tomou o propósito de que um dentre esta organização seria a semente ou o instrumento, cujo calcanhar se permitiria ser ferido por Satanás, e que, por sua vez, esmagaria a cabeça da serpente. (Gên. 3:15) Decidiu selecionar dentre os homens 144.000 que mantivessem a integridade, os quais, por seguirem o exemplo desta semente, Cristo, demonstrariam ser merecedores de serem julgados dignos de viver e reinar com êle, como sua noiva, a esposa do Cordeiro. (Apo. 14:1-4) Êstes constituem a organização capital, os novos céus do novo mundo, que desfarão as obras de Satanás e restaurarão a paz na terra, para os homens de boa vontade. (Apo. 21:1-3) Selecionar, provar e finalmente julgar a tais que mantêm a integridade tem exigido um longo período de tempo, período em que os justos e os iníquos têm vivido lado a lado, êstes últimos tendo repetidas vêzes vituperado o nome de Jeová, em palavras e em atos. Isto exigiu grande paciência e longanimidade da parte de Deus; exigiu que se refreasse de destruir imediatamente os iníquos. O mesmo se deu com os que mantêm a integridade e odeiam o mal, as testemunhas de Jeová; mantiveram-se firmes, inabaláveis na sua devoção a Deus, “tendo sempre bastante para fazer na obra do Senhor”. (1 Cor. 15:57, 58, NM) Jó expressou-o aptamente: “Até que eu morra, não apartarei de mim a minha integridade.” (Jó 27:5) Será que Jeová o julgará como um dos que atualmente mantêm a correção, que mantêm a integridade?
10. Por que é agora da mais alta importância a obrigação do dedicado para com Jeová?
10 Sem integridade é impossível obter um julgamento de aprovação de Deus. Mas, talvez pergunte, como posso tornar-me testemunha de Jeová que mantenha a integridade? Arrependendo-se do seu anterior proceder errado, exercendo fé no sacrifício resgatador de Cristo e daí dedicando-se a Jeová, para servi-lo exclusiva e eternamente. Significa negar-se a si mesmo, pondo de lado suas escolhas e preferências pessoais e, em vez disso, adotar as de Deus — seguindo a Cristo continuamente em fazer a vontade de Deus, conforme revelada na sua Palavra escrita. Isto é andar segundo o novo mundo, um caminho muito feliz, um caminho contrário a este velho sistema corruto de coisas. Por andarem neste caminho, muitos passaram a ser libertos do poder de Satanás, pelo espírito e pela organização de Deus, em provas que carne e sangue não poderiam ter vencido sozinhos. Tendo feito este voto de dedicação, a pessoa tem de cumpri-lo, pois Deus não se agrada de tolos que quebram pactos. “Quando fizeres um voto a Deus, não tardes em o cumprir; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é não fazeres voto, do que fazê-lo sem o cumprir.” (Ecl. 5:4, 5) Está maravilhado? Está inclinado a perguntar: “Sendo assim, quem pode ser salvo?” A uma pergunta similar, Jesus respondeu: “Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível.”. (Mat. 19:26, ARA) Não podemos permitir que os requisitos desta obrigação se desvaneçam da nossa mente. Qualquer que seja a esfera de atividade em que nos empenhamos, quaisquer os compromissos que possamos ter, quaisquer as ambições que talvez tentemos satisfazer, o direito legítimo de Jeová, sim, seu direito primário à nossa devoção exclusiva, tem de ser tomado em consideração. Concordemente, seu direito primário sobre nós tem de limitar ou anular os outros empreendimentos. Mantermos a integridade perante ele, segundo o modo de êle nos julgar como exclusivamente devotados a êle, deve ter o primeiro e principal lugar em nossas vidas.
11. A aprovação de Cristo Jesus, depois da prova, por parte de Jeová, indica o que para os seguidores de Jesus?
11 Para guiar-nos do seu modo correto e alegre, pela causa do seu nome, Jeová admoesta-nos amorosamente: “Filho meu, sê sábio, e alegra ao meu coração, para que eu responda aquele que me vitupera.” (Pro. 27:11) A prova de que a acusação de Satanás é falsa e que êle é mentiroso pode ser estabelecida apenas pelo proceder de integridade de cada um de nós. Somente então pode Jeová julgar-nos dignos da sua aprovação. Será que se oferecerá de bom grado como prova, por permanecer fiel a Deus? Cristo Jesus, nosso exemplo, o fêz; e êle torna possível que cada um de nós faça o mesmo. Êle amava a justiça; odiava a iniqüidade ou o que é sem lei; por isso, Deus o ungiu com óleo de alegria acima dos seus companheiros. (Sal. 45:7) Poderá também ter alegria, obtendo agora o julgamento de aprovação de Deus por manter a integridade. Sem a Sua aprovação não há alegria. Não há alegria em deixar de manter a integridade, “senão uma certa expectação terrível do juizo”. (Heb. 10:27) Pela alegria que lhe foi proposta, Jesus suportou a estaca de tortura, desprezando a vergonha, e assentou-se à destra de Deus no seu trono. (Heb. 12:2) Alegrou o coração de seu Pai; o Pai alegrou também o coração de Jesus. A partir do tempo da sua dedicação, quando se lhe abriram os céus e o espírito de Deus desceu sôbre êle como pomba, êle foi alegrado pelas palavras de confirmação: “Este é meu Filho, o amado, a quem tenho aprovado.” (Mat. 3:17,NM) Pouco depois disso, quando Jesus foi tentado pelo Diabo para praticar perante êle apenas um ato de adoração, a resposta de Jesus — “Vai-te, Satanás! Pois está escrito: a Jeová, teu Deus, que precisas adorar, e somente a êle precisas prestar serviço sagrado’ ” — deve ter alegrado muito o coração de Jeová. (Mat. 4:10, NM) Durante todo seu ministério, Jesus podia dizer a seu Pai: “Quanto a mim, tu me sustens na minha integridade, e me colocas diante da tua face para sempre.“ — Sal. 41:12.
JULGADOS DIGNOS DE VIVER
12, 13. (a) Como demonstraram as testemunhas pré-cristãs de Jeová seu merecimento da vida? (b) Que questão estava envolvida na prova de Abel, e como foi decidida esta questão no caso dele?
12 Desde muito cedo na história da humanidade têm vivido homens que mereceram a aprovação de Jeová por terem mantido a integridade. A prova dêles não tinha a finalidade de determinar se os homens dedicados eram perfeitos em palavras ou atos, ou na personalidade. Aquela prova era para determinar se estavam completa e imutàvelmente devotados a Jeová e ao seu govêrno teocrático, ou não. Os homens e mulheres fiéis, mencionados no capítulo onze de Hebreus, mantiveram a integridade quando postos à prova, embora muitos dêles sofressem horrível punição. O mundo não era digno dêles. Vemos nas suas vidas exemplos ilustrativos de integridade.
13 Há cêrca de 6.000 anos, o primeiro dêles, Abel, foi bem sucedido na prova, obtendo um julgamento de aprovação da parte de Deus. Vemos no breve relato registrado da vida de Abel que a questão envolvida era a da adoração pura. Tanto Caim como Abel trouxeram ofertas para Deus, mas, visto que as suas ofertas eram diferentes, podemos deduzir razoàvelmente que havia desacordo entre os dois irmãos quanto a que constituía o modo correto de adorar. Deus decidiu a disputa por aceitar a oferta de Abel e rejeitar a de Caim. Mero formalismo, adulação — de fato, tudo que não seja fé verdadeira — nunca são aceitáveis a Deus e impedem a pessoa de reconhecer Seus justos requisitos. A pessoa pode aproximar-se de Deus apenas por intermédio do reconhecimento duma vítima sacrificial como expiação dos pecados, e pela fé correta naquela vida sacrificada. (Heb. 9:19-22) Abel, inocente de qualquer iniqüidade, manteve a sua integridade por meio da adoração correta; enquanto que seu irmão, por meio da religião falsa, tornou-se fratricida. Satanás estava determinado a fazer de Abel um exemplo para os outros, mostrando-lhes o que podiam esperar se recusassem submeter-se a êle. Jeová aprovou Abel por causa da sua adoração pura, e foi por isso que êle sofreu a morte às mãos do seu enfurecido irmão. “Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício de mais valor que Caim, pela qual fé se lhe deu testemunho de que era justo, Deus dando testemunho quanto aos seus dons, e por meio dela, embora morto, ainda fala.” (Heb. 11:4, NM) Visto que os antigos sacrifícios de animais, sacrifícios tais como o de Abel, eram apenas típicos de coisas maiores e melhores no futuro, Deus não exige hoje sacrifícios de animais. Antes, agrada-se do “sacrifício de louvor, isto é, o fruto de lábios que fazem declaração pública do seu nome”. — Heb. 13:1, 5, NM.
14, 15. (a) Em prova da sua integridade, que conduta exemplar marcou a carreira de Enoc? (b) A de Noé?
14 Até Enoc, “o sétimo homem em linha desde Adão”, fêz destemidamente tal declaração pública aprovada. Recusou deixar-se afastar do seu curso de integridade pelo temor, apesar do aumento da adoração falsa nos seus dias. Andar êle com o verdadeiro Deus, Jeová, é o primeiro caso registrado de tal ação fiel. Enoc profetizou do juízo de Jeová que vem sobre todos os ímpios: “Vê! Jeová veio, com suas santas miríades, para executar juízo contra todos e condenar todos os ímpios com respeito a todos os seus feitos ímpios que fizeram de modo ímpio e com respeito a tôdas as coisas chocantes que pecadores ímpios falaram contra êle.” (Jud. 14, 15, NM) Assim se focaliza o requisito de proclamar o aviso de Jeová quanto ao vindouro juízo. Visto que os iníquos recusam dar ouvidos, por confiar nêle, recebendo seu conselho, cooperando em alcançar seus objetivos e participando alegremente na vindicação do seu santo nome.
15 Assim como Enoc, “Noé andava com o Deus”. A respeito dele está escrito: “Noé era homem justo. Ele provou ser irrepreensível entre seus contemporâneos.” (Gên. 6:9, NM) Noé agiu de acordo com Jeová na execução dos propósitos de Jeová, servindo como sua testemunha, seu amigo e companheiro leal. Com o passar do tempo tornou-se mais destacada a linha de demarcação entre os que adoravam de modo falso e os que adoravam de modo verdadeiro. O que se destacava na carreira de Noé era o fato de que por muitos anos antes do dilúvio ele era pregador da justiça. (2 Ped. 2:5) No meio duma geração de zombadores, ele demonstrou a sua fé pela grande obra de construir a arca, conforme Jeová mandara. Ela forneceu, da parte de Jeová, a salvação para Noé e sua família. Imediatamente depois do dilúvio, Noé estabeleceu a adoração verdadeira. (Gên. 8:15-20) É possível que Noé se expressasse freqüentemente em palavras similares aos do Salmo 26:11: “Quanto a mim, porém, andarei na minha integridade; resgata-me, e compadece-te de mim.” Jeová julgou Noé digno de misericórdia, preservando-o através do dilúvio, no qual destruiu os ímpios.
16, 17. (a) Quanto a Abraão, em que se baseava o julgamento de Jeová? (b) De que modo ilustra a carreira de Sara ainda mais o grande valor de se manter a integridade?
16 A seguir consideremos novamente o julgamento de aprovação de Abraão, por parte de Jeová. “Pela fé, Abraão, quando foi provado, quase que ofereceu Isaac, e o homem que recebera alegremente as promessas tentou oferecer seu filho unigênito.” (Heb. 11:17, NM) Abraão nunca vacilou na obediência. Deixou obedientemente sua pátria e andou errante num país estranho. Obedientemente, tentou prontamente oferecer seu próprio filho, por meio de quem se haviam de cumprir as promessas de Deus. Instruiu sua família obedientemente na adoração verdadeira.
17 A esposa de Abraão, Sara, foi também julgada por Jeová como tendo exercido fé de poder triunfante. Portanto, ela também foi distinguida entre a ‘grande nuvem de testemunhas que nos cerca’. (Heb. 12:1, NM) Satanás tentou profaná-la, para que estivesse desqualificada para dar à luz a semente prometida. Considerando que Jeová, quem tinha feito a promessa, era fiel, ela manteve a sua integridade por observar a relação teocrática correta para com seu marido, e, junto com êle, tornou-se triunfantemente herdeira do favor de vida infindável.
18. Que lições podemos tirar da paciência de Jó?
18 O homem que melhor conhecemos como tendo sido julgado aprovado por Jeová é Jó, da terra de Uz, cujo nome significa “odiado, atormentado, perseguido”. Embora não pertencesse à linhagem carnal direta da semente prometida, Jó temia a Deus e evitava o mal. Satanás pensava provàvelmente: ‘Se eu fizer a mulher dele virar contra Jó, ele desistirá assim como Adão; deste modo, Jeová terá de condenar a Jó, assim como condenou Adão. Mas não, Jó era diferente. Quando Satanás, com a tolerância de Jeová, despojou a Jó de toda a sua rica propriedade terrestre, até mesmo de seus amorosos filhos, e fez que sofresse intenso padecimento físico e angústia mental, e que fosse vituperado pela sua esposa e atormentado pelos seus três amigos, Jó se manteve firme na sua integridade. Sem temor, lançou a falsa acusação de Satanás de volta na sua face, provando que Satanás era mentiroso. Jó manteve-se fiel àquilo que acreditava ser correto, não importando as influências externas sobre êle. Insistiu na sua própria inocência com respeito à qualquer transgressão deliberada e ainda manteve a sua fé no Criador, Jeová, e a sua devoção a êle. Jeová recompensou a Jó com saúde renovada, com duas vêzes tanta riqueza e com uma família tão grande quanto antes e a elevada estima dos anteriores críticos e perseguidores, dos quais Jeová exigiu então que viessem a Jó para que fizesse intercessão perante Jeová para obter-lhes perdão. Que exemplo de perseverança! Não é de admirar-se que Tiago escreveu: “Vede! Nós pronunciamos felizes os que perseveraram.’’ (Tia. 5:11, NM) Adão, em contraste com Jó, tinha recebido tudo e não tinha sido privado de nada, quando Jeová provou a integridade de Adão, no que êste falhou.
19. Como se demonstrou a fidelidade sem transigência na vida de Moisés?
19 Por fim, neste estudo nosso, o julgamento de Moisés, da parte de Jeová, exige um exame mais detido. A filosofia de Satanás é que cada homem tem o seu preço. Mas, nem as riquezas do Egito podiam comprar a Moisés. Ao ficar maior, êle recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado com o povo de Deus antes do que gozar temporáriamente do pecado. “Pela fé deixou ele o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme como quem vê aquele que é invisivel.“ (Heb. 11:24- 27) Demonstrar êle fidelidade no serviço, arriscando até a própria vida perante Faraó e conduzindo um povo obstinado, sem fé, durante quarenta anos, no meio de muitas provocações, obteve para Moisés a aprovação de Jeová, nas seguintes palavras: “Meu servo Moisés . . . a ele está sendo confiada toda a minha casa. . . . Por que, então, não temestes falar contra meu servo, contra Moisés?” “Aquele que construiu todas as coisas é Deus. E Moisés, como assistente, era fiel em toda a casa deste, como testemunho das coisas que haviam de ser faladas depois.” (Núm. 12:7, 8; Heb. 3:4, 5, NM) Também atualmente, a fidelidade no serviço, sem transigência, acha-se entre os elementos da devoção exclusiva que Jeová, o Juiz de tôda a terra, exige corretamente de todos os seus servos dedicados.
20. Que sete qualidades desejáveis foram demonstradas perfeitamente em que única pessoa?
20 Agora, ao resumirmos estas qualidades desejáveis, a saber, a prática da adoração pura, andar com o verdadeiro Deus, servir como uma das testemunhas de Jeová, obedecer às suas instruções, exercer fé de poder triunfante, mostrar perseverança sob pressão e fidelidade sem transigência, pensamos corretamente que todas elas se manifestam perfeitamente em uma só pessoa, Cristo Jesus. Não há igual a êle entre as criaturas de Jeová. A provisão do sacrifício resgatador para os humanos fiéis não exigiu em si mesma que Jesus sofresse vitupério e perseguição, e que falecesse finalmente em desgraça, igual a um criminoso condenado, um sedicioso e blasfemo. Esta parte da poção no cálice foi derramada nêle pelo Pai, a fim de provar até o limite a integridade dêste Filho de Deus e provar assim que o Diabo é mentiroso na sua acusação contra o Filho de Deus, e para mostrar o apoio inabalável que Jesus dava à soberania universal de seu Pai.
21. Como e por que passaram os primitivos seguidores de Cristo Jesus a prova da integridade?
21 Os fiéis apóstolos de Cristo Jesus e outros cristãos primitivos seguiam nos seus passos. Provaram a Jeová que também são fidedignos. Foram expostos a vitupérios, tribulações, encarceramentos e saque, mas não esqueceram que tinham posses permanentes no novo mundo de Jeová. A perseverança em manter a integridade trará em breve recompensas a todos os que estão agora na sociedade do Novo Mundo.
JULGADOS DIGNOS DE MORRER
22. A deslealdade do principal inimigo de Jeová e dos seus associados espirituais fornece-nos que exemplos admoestadores?
22 Nenhuma pessoa compreensiva deseja quebrar os laços de amizade com seu Criador. Mas, alguns fizeram isso com resultados desastrosos para si mesmos. Destacam-se nisso o principal rebelde do céu e sua longa carreira de traição. Êle abandonou a posição honrosa que lhe foi designada, a de louvar o Altíssimo, e preferiu vituperar a Jeová e conduzir o homem à rebelião e à destruição. No papel que êste principal rebelde decidiu desempenhar não há amor, nem alegria, nem paz. Aspirou exaltar-se acima dos seus associados, mas será em breve lançado no abismo — na inatividade total, semelhante à morte, por mil anos — “as extremidades do abismo”. (Isa. 14:15; Apo. 20:1-3) Seus atos desleais foram seguidos pelo primeiro casal humano. O ato infiel de Eva, seguido pelo ato deliberado de Adão, trouxe-lhes desapontamento, sofrimento e morte, e acumulou aflições sobre seus descendentes. Os quebrantadores da integridade têm o seu preço, e êste talvez seja tão baixo como um pouco de gratificação dos próprios desejos. Trazendo à mente os dias anteriores ao Dilúvio, encontramos que alguns dos santos anjos de Jeová materializaram-se em forma humana, desejando relações sexuais com carne humana, contrário à lei de Deus. Êste foi o golpe de mestre de Satanás. Agora teria super-homens produzidos pelos “filhos de Deus”. Êstes anjos materializados casaram-se com as filhas dos homens e estas lhes deram filhos chamados nefilins ou gigantes. Êstes descendentes híbridos contribuíram muito para encher a terra de violência, no tempo de Noé. Aquela geração falhou em manter a integridade. Jeová expressou contra eles seu julgamento adverso. Satanás viu ali seu magnífico plano frustrado quando as comportas do céu se abriram e sua civilização na terra foi levada pela água.
23, 24. Que exemplos adicionais do quebrantamento da integridade estão em vivo contraste com os exemplos de outros que mantiveram a integridade?
23 Quase treze séculos depois, Saul, filho de Cis, era candidato a muitos privilégios quando Deus o escolheu para governar como primeiro rei de Israel. Naquele tempo, Saul considerou-se bastante indigno, pois disse que vinha da menor das tribos e que a sua família era a menor de todas as famílias de Benjamim. Devia ter-se lembrado das palavras do homem de Deus à casa infiel de Eli: “Honrarei aos que me honram, e os que me desprezam serão tidos em pouca conta.” (1 Sam. 2:30) Mas, o Rei Saul era desobediente às instruções e deixou de manter a integridade, voltando-se para o demonismo. Perdeu seu reino e sua vida. Um dos doze apóstolos originais de Jesus abandonara tudo para seguir o Mestre. Mas, embora Judas Iscariotes tivesse tido muitos privilégios, ele permitiu que Satanás entrasse no seu coração, entregando-se à iniqüidade e tornando-se traidor. Por não manter a integridade, êle perdeu sua alegria e suicidou-se.
24 “A integridade dos retos os guiará; mas a perversidade dos ímpios os destruirá.” (Pro. 11:3) Em vista disso, considere: Vale a pena obter o julgamento de Jeová para os que mantêm a integridade? Todos os que têm quebrantado a integridade tiveram um fim triste. Certamente não gostaria de ser julgado como alguém que seguiu nos passos dêles. Compare então os exemplos mencionados dos que mantiveram a integridade com os exemplos dos que quebrantaram a integridade. Abel, que morreu por causa da adoração pura, será ressuscitado; mas Satanás, que originou a adoração falsa, será destruído. Enoc, pela fé, andou com Deus; mas Adão, que ouvia a voz de Deus, abandonou o caminho de Jeová. Abraão foi obediente sob severa prova; mas o Rei Saul foi desobediente até numa coisa pequena. Sara exerceu fé triunfante, Eva, porém, não demonstrou nenhuma. Jó apegou-se à sua integridade apesar de perder todas as coisas, mas Judas desprezou a integridade em prol de lucro egoísta. Moisés rejeitou os prazeres do Egito e serviu no meio de dificuldades; mas os “filhos de Deus”, rebeldes, espirituais, cederam a desejos desnaturais e abandonaram sua designação celestial. Que ninguém de nós seja culpado por Jeová de ter quebrantado a integridade, sendo condenado à morte por quebrar o pacto. Antes, estimemos muito o glorioso tesouro de serviço, tendo sempre em mente que Jeová julga, segundo disse Davi, “conforme a retidão e integridade que há em mim”. — Sal. 7:8.