Perguntas dos Leitores
● Estou anexando um recorte dum jornal. É uma fotografia de pastores jordânicos que estão levando seus rebanhos para pastarem nas montanhas perto de Jerusalém. É uma foto da United Press, e parece desmentir o argumento de que o nascimento de Cristo não se deu no inverno. — B. B., Estados Unidos.
Foram recebidas também outras cartas com observações similares, as quais dizem que, devido ao clima da Palestina, o fato de as ovelhas estarem fora durante a noite não pode ser tomado como prova de que Jesus não poderia ter nascido em 25 de dezembro. Note-se, porém, que, embora se possa levar o rebanho para fora, a fim de pastar durante a época da chuva na Palestina, quando o tempo o permite, todavia, isto não pode aplicar-se às condições descritas em Lucas 2:8, a saber, que os pastôres estavam fora vigiando os seus rebanhos à noite; isto é, estavam a uma distância do curral das ovelhas e ficavam com as ovelhas no campo aberto, dia e noite. Isto não se poderia dar durante á época da chuva, quando o tempo é incerto. Com respeito a isto, o Dr. Clarke declara:
“Era costume entre os judeus enviar suas ovelhas para os ermos, por volta da páscoa, e trazê-las de volta no comêço da primeira chuva: durante o tempo em que ficavam fora, os pastôres vigiavam-nas dia e noite. Visto que a páscoa ocorria na primavera, e a primeira chuva começava em princípios do mês de Marchesvan, que corresponde a partes dos nossos meses de outubro e de novembro, vê-se nisso que as ovelhas eram deixadas no campo aberto durante o verão inteiro. E visto que êsses pastôres ainda não haviam trazido de volta seus rebanhos, é um argumento presumível dizer que o mês de outubro ainda não tinha começado, e, por conseguinte, nosso Senhor não nasceu no dia 25 de dezembro, tempo em que não havia rebanhos nos campos; tampouco podia ter nascido depois de setembro, visto que os rebanhos ainda estavam nos campos durante a noite. Nesta base, a natividade em dezembro deve ser rejeitada. Apascentar as ovelhas durante a noite nos campos é um fato cronológico, que lança considerável luz sôbre êste ponto debatido.” (Commentary de Clarke, Vol. 5, página 370). A Cyclopoedia de McClintock e Strong apresenta um argumento similar e faz a observação adicional de que o recenseamento, não a taxação, “que tornou necessário empreender viagem (Lucas 2:2 sq.), não podia ter sido ordenado nessa estação”. — Vol. 4, página 877.
De modo que o fato de as ovelhas pastarem na Palestina durante os meses do inverno, não prova de modo algum que Jesus nascesse em dezembro, pois, no caso aqui, trata-se também de rebanhos e pastôres permanecerem fora, noite e dia. Entre os fatos que ajudam a fixar o nascimento de Jesus como ocorrido em l.° de outubro, há o fato de o pai de João Batista, sacerdote segundo a linhagem de Abia, ter-se tornado pai dêle cêrca de seis meses antes de Jesus nascer, e o fato de Jesus tornar inválidos os sacrifícios do antigo pacto da lei, por meio da sua morte na metade da setuagésima semana, predito na profecia de Daniel 9:24-27. Vejam-se pormenores em The Watchtower (A Sentinela) de 1954, páginas 382, 383; “Isto Significa Vida Eterna”, capítulo 8.
● Por que as testemunhas de Jeová contam o tempo profético na base de “um dia por cada ano”, enquanto que em outras vêzes os dias são interpretados literalmente? — W. A., Estados Unidos.
O fato de existir a regra de “cada dia por um ano”, conforme registrada em Ezequiel 4:6, não quer dizer que podemos aplicar arbitrariamente tal regra a cada contexto através da Bíblia. Não devemos confundir um quadro ou profecia bíblicos com um outro. O contexto, em cada caso, indicará se se trata de um período de tempo no sentido figurado ou literal. Por exemplo, o contexto de Daniel, capítulo 4, concernente aos “sete tempos” ou “sete anos” mostra que, no seu cumprimento cabal, tôdas as coisas preditas não aconteceriam em 2.520 dias literais. No fim dos 2.520 dias literais Jeová não empossou sôbre os reinos dos homens Aquêle que escolhera, Cristo Jesus. Segue-se, então, que se tratava de um período de tempo mais extenso. A regra exarada em Ezequiel 4:6 fornece a medida maior, e os 2.520 dias tornam-se 2.520 anos, que se esgotaram em 1914 E. C. Mas, quando se fala de 1.260 dias em Apocalipse 11:1-4, é evidente que não poderia ser um período de 1.260 anos, porque o que está sendo comentado ali deve realizar-se no período limitado do “tempo do fim”. Portanto, os dias, ou os quarenta e dois meses de trinta dias cada, entendem-se como sendo dias literais. Queira ver o livro Light I (Luz), páginas 189-200.