Um Cântico Novo Para Todos os Homens de Boa Vontade
1. Que cântico é apropriado hoje, apesar de Provérbios 25:20? Que resulta de se entoar êste cântico?
UM PROVÉRBIO, que já tem cerca de três mil anos de idade, diz: “O que entoa canções junto ao coração aflito é como aquêle que se despe num dia de frio, e como vinagre sobre salitre.” (Pro. 25:20, Al) O mundo todo, hoje em dia, está de coração aflito, confrontado com a atualidade perturbadora e com o futuro amedrontador. As pessoas preocupadas talvez não tenham vontade de ouvir uma canção. Mas, há um cântico que pode realmente alegrar todas as pessoas, não importa a que nação pertençam. É um cântico novo, que as gerações anteriores não tiveram o privilégio de cantar. Se os homens forem de boa vontade para com o criador extraordinário deste cântico, então gostarão de ouvi-lo, ficarão acalentados e revigorados por ele e afastarão de si a sua aflição e sua atitude triste. Ao se familiarizarem com este cântico, eles também desejam participar em cantá-lo. Significará para eles saúde, salvação.
2, 3. (a) Por que talvez seja novo para alguns o nome do compositor do cântico? (b) Por que pôde êle dar-nos um cântico realmente novo? Que nos manda fazer com êste?
2 Êste cântico não somente mostrou ser novo para os que começaram a cantá-lo, mas, seu Autor será, sem dúvida, novo para muitos que o ouvem cantar. O Autor e Compositor é alguém cujo nome muitos homens destacados, em todo o mundo, têm tentado esconder e fazer que o povo não conheça. No entanto, o nome era conhecido ao primeiro homem que vivia há cerca de seis mil anos. É Jeová, o Criador não apenas do novo cântico, mas também dos céus e da terra. Qualquer cântico de nosso Criador deve ser considerado importante, e deve significar para nós uma vida infindável em felicidade. Êle diz, por intermédio de um dos Seus escritores inspirados: “Eu sou Jehovah; este é o meu nome: a minha glória não a darei a outrem, nem o meu louvor às imagens esculpidas. Eis que as primeiras coisas já se realizaram, e eu vos anuncio novas coisas: antes que sucedam, eu vos farei ouvi-las.” É por isso que êle nos pôde dar um cântico realmente novo, que nenhum outro cancionista poderia fornecer-nos, e é por isso que êle continua, dizendo aos homens de boa vontade:
3 “Cantai a Jehovah um cântico novo, cantai o seu louvor desde a extremidade da terra, vós os que desceis ao mar, e tudo quanto há nele, vós, ilhas e os que nelas habitam. Levantem a sua voz o deserto e suas cidades.” — Isa. 42:8-11.
4, 5. Em vista de Eclesiastes 1:9, 10, por que podemos perguntar de que modo êste cântico pode ser novo? Contudo, onde não há limitação de coisas novas?
4 Mas, como pode ser novo êste cântico? Podemos fazer esta pergunta ao nos lembrarmos que um governante sábio disse há milhares de anos: “O que tem sido, é o que há de ser; e o que se tem feito, é o que se há de fazer: nada há que seja novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se diz: Vê, isto é novo? ela já existiu nos séculos que foram antes de nós.” (Ecl. 1:9, 10) Até mesmo a terrível bomba de hidrogênio, pela primeira vez feita explodir em 1954, não é nada novo. Durante bilhões de anos antes de existir a humanidade, o grande Criador, Jeová, fazia explodir o hidrogênio dentro do sol, e são estas explosões de átomos de hidrogênio que nos fornecem luz nesta terra. Contudo, embora talvez não haja nada que seja novo debaixo do sol, isto não significa que não pode haver nada novo acima do sol, acima dêste domínio natural ou no domínio espiritual. Quando disse que não havia nada de novo debaixo do sol, o sábio Rei Salomão falou das coisas dêste mundo natural e dos assuntos comuns da humanidade, sobre a qual brilha o sol. Pouco antes, êle disse:
5 “Uma geração vai e outra geração vem, mas a terra permanece para tempo indefinido. E também o sol brilhou e o sol se pôs, e dirige-se arquejante para seu lugar, onde há de brilhar. . . . Todas as torrentes invernais correm para o mar, contudo, o próprio mar não está cheio. Para o lugar para onde correm as torrentes invernais, para lá tornam elas a correr. Todas as coisas são cansativas; ninguém pode falar disso. O olho não se satisfaz em ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.” — Ecl. 1:4-8, NM.
6. Por que pode Jeová dar-nos um cântico novo? Assim, o que fez êle?
6 Não há necessidade de algo novo debaixo do sol, de modo natural. Mas, Jeová está acima do sol, pois êle é o Deus Altíssimo. Êle pode criar coisas novas acima do sol ou no domínio espiritual invisível, e também nos assuntos espirituais que se relacionam com a humanidade na terra. É neste sentido que êle nos pode dar os fatos para o tema dum cântico inteiramente novo, que nos fará vibrar com emoções irreprimíveis de alegria e êxtase, por causa do glorioso significado disso tudo. Visto que êle é todo-poderoso e é inesgotável no seu suprimento de maravilhosas coisas novas para nós, êle nos deu tal cântico.
7. Quando foi que o próprio universo precisava duma promessa de boa esperança, e por quê? De que mulher fez Jeová então menção?
7 Perto do início da existência do homem, Jeová Deus forneceu-nos o tema básico para o atual cântico novo. Foi num tempo em que o próprio universo necessitava duma promessa de boa esperança. Nosso primeiro pai humano acabara de pecar, embora estivesse no jardim do Éden, no paraíso de delícias, tendo todo o necessário para continuar para sempre a viver em perfeição humana e em liberdade, como filho de Deus. Sua esposa tinha sido induzida, por meio duma serpente, a comer do único fruto proibido. Ela induziu então seu marido a participar em comer do fruto e em violar a ordem de seu Pai celestial. Antes de pronunciar sentença de morte eterna sobre êles, por esta desobediência deliberada, Jeová Deus dirigiu-se à primeira causa disso tudo, ao grande tentador, Satanás, o Diabo. Deus falou-lhe como se fosse a serpente, dizendo: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente. Êle te ferirá na cabeça e tu o ferirás no calcanhar.” (Gên. 3:15, NM) A “mulher” de que Deus falava ali não era a pecadora Eva, na terra, esposa de Adão, mas era a santa mulher no céu, a organização universal de Deus, constituída de santos anjos, a esposa-organização de Deus, que podia dar à luz algo santo, segundo o propósito de Deus.
8. Por que foi algo novo a declaração de Deus à serpente? Que decidiram os membros leais da mulher de Deus observar?
8 A própria declaração de Deus à serpente era algo novo para esta terra. Era a primeira profecia de Deus proferida à humanidade. Predisse que, segundo a vontade de Deus, haveria guerra entre Satanás, o Diabo, e a organização-mulher celestial de Deus, entre a semente ou a descendência de Satanás, o Diabo, e a semente da mulher ou esposa fiel de Deus. Quem ganharia nesta guerra? Qual seria o golpe de vitória, ferir o calcanhar ou ferir a cabeça? O ferimento na cabeça traria a vitória. Em consequência disso, a semente da organização-esposa universal de Deus, embora primeiro ferida no calcanhar, seria o vencedor, em vindicação da primeira profecia que Deus deu à humanidade. Isto foi certamente de grande conforto para os membros angélicos da mulher simbólica de Deus, sua fiel organização angélica, casada com êle e sujeita a êle. Quem seria a semente da mulher, de que modo esta semente prometida seria produzida e como êle seria ferido no calcanhar e, contudo, feriria a cabeça do feridor diabólico, eram perguntas que suscitavam o interesse de todos os membros leais da mulher celestial de Deus. Puseram-se imediatamente a observar o resultado desta profecia edênica, a base para tôdas as outras profecias dadas à humanidade.
9. O que não podia nenhuma criatura fazer então quanto àquela profecia? Como se espalhou o interêsse nela entre os homens?
9 Visto que é uma regra divina que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação”, Adão e Eva não podiam entender e interpretar a profecia de Jeová. Nem podia fazê-lo Satanás, o Diabo, embora fôsse poderosa criatura espiritual, superior ao homem em existência, poder e inteligência. (2 Ped. 1:20, 21) Depois de Adão e Eva terem sido punidos, sendo expulsos do paraíso do Éden para morrerem, êles começaram a ter filhos. Tendo interêsse egoísta na promessa de Deus a respeito da semente de uma mulher, Adão e Eva contaram-na aos seus filhos. Assim se difundiu entre os homens o interêsse na profecia.
10. Como afetou possivelmente esta profecia a matança de Abel por parte de Caim?
10 Houve homens egocêntricos que se apresentaram como a semente prometida, na esperança de ganhar poder e posição acima dos outros pela pretensão de serem a semente genuína. Caim foi o primogênito da raça humana. Quando Abel, segundo filho de Adão e Eva, obteve a aprovação de Deus ao sacrifício que lhe oferecia, tirado do seu rebanho de ovelhas, não um produto sem vida, da horta, Caim matou Abel, para impedir que seu irmão o pudesse substituir como a possível semente. “Pela fé ofereceu Abel a Deus mais excelente sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho quanto a seus dons; e por ela, estando ele morto, ainda fala.” Assim, Abel ainda fala a nós como primeira testemunha humana fiel de Jeová, pois a própria Palavra escrita de Deus chama Abel assim. — Heb. 11:4 e 12:1.
11, 12. (a) Que ligação teve Enoc com a Semente prometida? (b) Por que não foi Enoc para o céu quando Deus o transladou?
11 A primeira profecia de Deus, dada por intermédio dum homem, veio por Enoc, o sétimo homem da linhagem de Adão. Enoc era homem de fé em Jeová Deus e tornou-se, assim, testemunha de Jeová. Enoc tornou-se também antepassado da Semente prometida, em quem estava interessado. Antes da sua morte, Enoc foi inspirado por Jeová a dar testemunho do Seu propósito de punir ou executar juízo sobre todos os ímpios, a semente da grande Serpente, Satanás, o Diabo, ocasião em que a Serpente seria ferida na cabeça. (Jud. 14, 15) Não se permitiu aos inimigos de Enoc que o matassem, assim como Caim matou Abel, pois o próprio Deus tirou Enoc da cena terrestre, de modo-que êle “não foi achado”. Por quê? Porque “antes da sua trasladação teve o testemunho de haver agradado a Deus”. (Heb. 11:5) Deus não o levou ao céu, pois o caminho não havia sido ainda aberto para homens nascidos no pecado de Adão irem ao céu.
12 O “caminho novo e de vida”, para se entrar nos céus santíssimos, só foi aberto 3.072 anos depois de Enoc. De modo que até então se aplicava que “ninguém subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu, a saber, o Filho do homem”. (João 3:13; Heb. 9:6-8; 10:19-22) O mistério ou segrêdo sagrado de como isto se deu foi revelado ao entendimento humano gradativamente, ao passo que o propósito de Deus progredia grandiosamente depois do desaparecimento do profeta de Jeová, Enoc.
A LINHAGEM DA SEMENTE PROMETIDA
13. Que relação teve Noé com a Semente prometida? Que surgiu nos dias de Noé em lugar da Semente?
13 O décimo homem descendente de Adão e ascendente da Semente prometida foi Noé, neto de Matusalém, homem que viveu mais tempo que qualquer outro na terra, 969 anos, apesar de ter nascido em pecado e sob a condenação da morte. (Gên. 5:25-32) Noé esperava em fé a vinda da Semente prometida da mulher de Deus. Esta semente não veio nos dias de Noé, mas o que veio foi a grande execução do juízo de Deus sobre a semente do inimigo da mulher de Deus, sobre a semente da grande Serpente, Satanás, o Diabo. O ato de execução foi um dilúvio global, que resultou da queda das águas que até então tinham rodopiado muito acima da terra, cobrindo-a feito abóbada. Elas caíram ininterruptamente por quarenta dias e quarenta noites. O velho mundo antediluviano foi assim destruído, mas Noé e sua família justa, temente a Deus, sobreviveram ao fim daquele mundo iníquo.
14. Por que devemos nós hoje mostrar fé na libertação de Noé e de sua família da destruição durante aquêle dilúvio?
14 O Deus Todo-poderoso preservou-os, junto com espécimes de muitas espécies de famílias de animais e aves, numa arca ou grande balsa, semelhante a um caixão, que Noé tinha construído em fé e em obediência ao mandamento de Jeová. Diz-se que esta arca ainda descansa no Monte Ararat, na Turquia, onde tocou em terra quando as águas do dilúvio baixaram. (Gên. 6:1 a 8:4; Heb. 11:7; 1 Ped. 3:20) Mostremos hoje fé no fato dêste dilúvio, assim como Noé, pois a sua libertação, junto com sua família, da destruição durante o fim daquele mundo ímpio, foi registrado como quadro de como homens de boa vontade, que vivem atualmente, serão preservados vivos, pelo poder protetor de Deus, através do iminente fim do atual velho mundo iníquo e para o novo mundo justo de Deus. — Mat. 24:36-42.
15. Qual dos filhos de Noé foi escolhido como antepassado da Semente? Que descendente especial seu chegou Sem ainda a ver durante sua vida?
15 A quem dos três filhos de Noé, que sobreviveram junto com êle ao fim do mundo, escolheu Jeová Deus para prover os antepassados da semente prometida da Sua mulher celestial? A Sem; e em prova disso, êle mereceu a bênção especial de Deus, por meio de seu pai Noé: “Bendito seja Jeová, Deus de Sem, e torne-se Canaã [filho de Cam] escravo dêle.” (Gên. 9:18-26, NM) Sem viveu ainda centenas de anos depois do Dilúvio, vendo aquêle especial dos seus descendentes, por meio de quem viria a Semente prometida entre os homens, e por meio de quem viria uma bênção sobre homens de boa vontade dentre todas as famílias e nações da terra. É possível que Sem até proferisse a bênção de Deus sôbre êste homem de fé, chamado Abraão.
16. De que promessa da parte de Jeová tornou-se Abraão herdeiro? O que deve induzir-nos a acompanharmos a história dos seus descendentes?
16 Deus escolheu a êste semita, Abraão, por causa da sua fé no único Deus vivo e verdadeiro. Êle provou a fé de Abraão e disse-lhe que abandonasse sua pátria, a fim de ir para um país, mais para o sudoeste, para o qual Deus o conduziria. Quando Abraão fêz isso, sob a orientação de Deus, e entrou na antiga Palestina, êle tornou-se herdeiro digno da promessa de Jeová: “Eu farei de ti uma grande nação, e te abençoarei, e farei grande o teu nome; e prova que és uma bênção. E eu abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei aquêle que invocar o mal sôbre ti, e tôdas as famílias da terra abençoar-se-ão certamente por meio de ti.” (Gên. 12:1-3, NM) Nosso desejo de participação eterna nesta bênção deve fazer que desejemos acompanhar a história dos descendentes de Abraão, indiferente ao fato de que Abraão era semita e hebreu. O que vale é que Abraão provou ser fiel a Deus, o Pai da Semente prometida, e por isso se daria que a vida terrestre da Semente prometida seria provida por intermédio dum neto bem distante de Abraão.
17. Como se prefigurou, nos dias de Abraão, que a Semente prometida morreria? O que podemos, assim, fazer por meio da semente de Abraão?
17 Dentre todos os filhos de Abraão, a escolha de Deus para a linhagem dos descendentes recaiu sobre seu único filho pela sua legítima esposa Sara. A fim de prefigurar que a semente da mulher de Deus seria ferida no calcanhar pela grande Serpente e sua semente, Jeová ordenou que Abraão sacrificasse este filho Isaac, que recebera milagrosamente. Antes que Abraão pudesse executar este sacrifício, Jeová parou a faca sacrifícial de Abraão e disse: “Por mim mesmo jurei, diz Jehovah, porque fizeste isto e não me negaste teu filho, que deveras te abençoarei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar. Ela possuirá a porta dos seus inimigos, e por tua semente se abençoarão todas as nações da terra.’7 (Gên. 22:15-18) Queremos abençoar-nos para sempre na Semente prometida de Jeová? Então, temos de estar alegres e gratos de aceitá-lo, ao se nos solucionar o mistério ou segredo sagrado a, respeito de quem é a Semente, mesmo que descendesse necessariamente de Abraão, o hebreu da linhagem de Sem.
18. A qual dos filhos de Isaac conferiu Jeová a bênção? Como foi a bênção do Reino conferida a certo neto dêle?
18 Dos gêmeos de Isaac, foi Jacó quem demonstrou fé verdadeira e ardente em Jeová Deus e na sua preciosa promessa. Jeová apareceu, por isso, em visões a Jacó e prometeu-lhe que a bênção de tôdas as nações viria por meio de seus descendentes. Jeová não ficou desorientado pelo fato de que Jacó teve doze filhos, mas, por meio dêles, Êle produziu as doze tribos de Israel, sendo Israel o novo nome de Jacó que Deus lhe dera. Mas, por qual das doze tribos viria a Semente? Jeová fêz que Jacó, no seu leito de morte, proferisse esta bênção sobre seu quarto filho, Judá: “Judá é um leãozinho. . . . O cetro não se desviará de Judá, nem o bastão de comando dentre seus pés, até que venha Siló, e a êle pertencerá a obediência do povo.” (Gên. 49:9, 10, NM) Esta foi uma bênção referente a um reino. Assegurava que a tribo de Judá forneceria o governante real, que branderia o cetro e manteria o bastão de comando, e êle seria o Leão da tribo de Judá. (Apo. 5:5) A êle pertenceria o direito de que todas as famílias e nações da terra lhe obedeçam. Portanto, êste seria a Semente.
19. Como veio Davi a ser o rei por meio de quem viria a Semente prometida?
19 Foi 293 anos depois que o moribundo Jacó, ou Israel, proferiu esta bênção sobre Judá, que Jeová Deus conduziu as doze tribos de Israel à terra que prometera a seu antepassado, Abraão. Centenas de anos depois, a pedido dos israelitas, Deus estabeleceu sobre êles um reino. O primeiro rei foi da tribo de Benjamim. Depois da morte dêste rei, Deus cumpriu a bênção e pôs um membro da tribo de Judá sobre o trono do reino de Israel, o ungido chamado Davi. Embora Davi, como rei ungido, fosse um messias ou cristo, não era a Semente prometida a Abraão, ou a semente da mulher de Deus. Davi não descendera da esposa celestial de Deus, da sua organização espiritual, universal. Mas, visto que Davi promovia zelosamente a adoração pura e era, portanto, testemunha fiel de Jeová, Deus jurou a Davi que a há muito esperada Semente viria por intermédio de sua linhagem real, fazendo-o nestas palavras: “Suscitarei depois de ti a tua semente, que procederá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Ele edificará uma casa para o meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. . . . Será estável para sempre deante de mim a tua casa e o teu reino; será estabelecido para sempre o teu trono.” — 2 Sam. 7:12-16.
20. Quando Jerusalém caiu, em 607 A.C., que se tornou evidente quanto ao reino da Semente prometida, para a supresa dos judeus?
20 No ano 607 antes da Era Cristã, o reino da tribo de Judá e da família de Davi, de modo extraordinário, foi derrubado e a cidade real de Jerusalém caiu. Até estes nossos dias, nunca mais se estabeleceu em Jerusalém um reino que tivesse no trono um homem da família de Davi. Será que fracassou o pacto juramentado que Deus fez com o Rei Davi, com respeito a um reino eterno? Não; mas o Deus Todo-poderoso estava preparando algo surpreendentemente novo, absolutamente diferente daquilo que os homens esperavam. Por meio disso pavimentou-se o caminho para que todos os homens de boa vontade, hoje vivos, cantem o novo cântico de indizível alegria. Do modo como Deus dirigia as coisas tornava-se evidente, com o tempo, que o reino eterno da semente prometida da Sua mulher seria celestial, muito acima do reino de Davi na Jerusalém terrestre. No entanto, por seiscentos anos depois da destruição do reino terrestre da família de Davi, os israelitas fiéis esperavam que o reino davídico fôsse restabelecido em Jerusalém. Mas, algo surpreendentemente novo os aguardava.
COISAS MIRACULOSAMENTE NOVAS
21. Através de que linhagem terrestre tinha de vir a Semente prometida? Contudo, por que tinha de ser êle realmente um filho de Deus?
21 Para que a Semente real prometida nascesse da família de Abraão e da linhagem do Rei Davi, era necessário que nascesse hebreu e duma mulher da linhagem real de Davi. Ao mesmo tempo, para que; fôsse a Semente da mulher de Deus, ele tinha de vir dos membros celestiais da organização espiritual, universal, de Deus. Isto significava algo novo na história universal. Significava que a Semente tinha de descer do céu, vir do domínio invisível das pessoas espirituais. Tinha de ser filho de Deus em sentido bem real, sim, de modo bem direto, porque nenhum homem na terra podia casar-se com a mulher celestial ou esposa de Deus e tornar-se pai da Semente prometida. Somente Deus podia ser o pai da Semente.
22. Por que não se resolveria o problema, de êle ser da linhagem de Abraão e de Davi, se um filho de Deus, do céu, se materializasse?
22 Como desceu, então, a Semente do céu para a terra, a fim de se tornar homem? Fêz-se isso por um dos filhos espirituais de Deus materializar-se ou encarnar-se como homem? Não; isto não seria nada de novo, nada diferente, nada que satisfizesse as exigências do caso. Desde o tempo em que Adão e Eva foram expulsos do paraíso do Éden, para morrerem pelo seu pecado, diversos filhos espirituais de Deus tinham-se materializado ocasionalmente. Os querubins, que Deus pôs ao leste do jardim do Éden para guardar o caminho para a árvore da vida lá dentro, materializaram-se pela encarnação. Quer dizer, revestiram miraculosamente suas personalidades invisíveis com carne visível e tangível. Mas, só porque esses querubins assumiram carne humana, segundo o propósito de Deus, o Juiz, não os fazia filhos de Adão e Eva. Êstes querubins materializados não obtiveram sua carne e sangue de Adão e Eva. No decorrer do tempo, havia também anjos que se materializaram e apareceram a Abraão e ao Rei Davi, mas não obtiveram seus corpos carnais de Abraão ou de Davi, para se tornarem a semente carnal de Abraão e de Davi. Não, a materialização ou encarnação dum filho de Deus do céu não solveria o problema. O que, então, o solveria?
23. De que modo levou Gabriel a mensagem a Maria, a respeito da iminente maternidade dela?
23 Perto do fim do ano 3 antes da Era Cristã, Gabriel, anjo de Deus, materializou-se ou encarnou-se. Apareceu nesta forma a uma môça judaica, solteira, de nome Maria, da linhagem real de Davi. Explicou a Maria a coisa nova que ocorreria sem que houvesse casamento humano dela, dizendo: “Vê! conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, e lhe darás o nome de Jesus. Êste será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e êle será rei sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.“ “Como sucederá isto, desde que não estou tendo relações com um homem?” perguntou Maria. Gabriel explicou: “Espírito santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá. Por esta razão, também, o que nascer será chamado santo, Filho de Deus.” Maria concordou que Deus a usasse deste modo miraculoso, dizendo: “Vê! a escrava de Jeová! Que suceda comigo de acordo com a tua declaração.” (Luc. 1:26-38, NM) Mas, como?
24. Que coisa nova ocorreu no céu, para que Maria pudesse conceber o Filho de Deus em seu ventre virgem?
24 Deu-se então algo estranhamente novo nos céus invisíveis, muito acima do sol, muito acima de nosso domínio material. O Filho primogênito ou unigênito de Jeová desapareceu dentre as fileiras dos filhos celestiais de Deus. O que tinha acontecido? Deus fizera que êste Filho principal abandonasse o seio de Sua mulher, ou organização universal celestial, e o enviara do céu para a terra, a fim de nascer como criança humana da virgem Maria. (João 3:16, 17) O Filho amado de Deus esvaziou-se de toda a sua glória e poder celestial, renunciando até a seu glorioso corpo celestial, sua forma semelhante a Deus. (Fil. 2:5-8) Deus transferiu, então, a força vital de seu Filho desde o céu para o ventre virgem de Maria. Maria concebeu, assim, no seu ventre, sob a operação do espírito santo ou força ativa de Deus, e não por qualquer relação sexual com um homem.
25. Que era o Filho de Deus, conforme nasceu do ventre de Maria?
25 Foi tempo depois de se manifestar a gravidez de Maria que José, que era carpinteiro, mas da linhagem real de Davi, obedeceu à ordem de Deus e tomou Maria como sua esposa, para a proteção dela. Assim foi que, ao se cumprir o tempo de Deus para isso, nasceu um filho santo, “o Filho de Deus”, que era da Sua mulher celestial, ou espôsa. Nasceu como verdadeira criatura-humana, tendo por mãe humana Maria, e na linhagem real de Davi, como herdeiro de Davi. Visto que tinha sido o porta-voz ou Verbo do Deus Todo-poderoso lá no céu, o que ocorria então milagrosamente é descrito dêste modo: “O Verbo foi feito carne, e habitou entre nós, (e nós vimos a sua glória, a glória como do unigênito do Pai,) cheio de graça e de verdade.” — João 1:14, RJ.
26. Por que, então, não era o Filho de Deus tuna encarnação enquanto estava na terra?
26 Esta descrição não diz que o Filho de Deus ainda possuía seu corpo celestial e apenas se materializara, ou encarnara, ou revestira de carne. Não; diz que o Filho celestial de Deus “foi feito carne”. Tornou-se apenas homem, mas homem santo, tendo um Pai celestial sem pecado, permanecendo assim Filho de Deus sem pecado. Por isso lemos: “Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, feito da mulher.” (Gál. 4:4, So) “Acerca de seu Filho (que veio da descendência de David quanto á carne, e que foi com poder declarado Filho de Deus quanto ao espírito de santidade. . .), Jesus Cristo nosso Senhor.” — Rom. 1:3, 4.
27. (a) Como suscitou Deus testemunhas do nascimento de seu Filho? (b) Como se mostrou que estas eram também boas novas para o céu? Para o cumprimento de que colocou isso o alicerce?
27 Isto foi algo gloriosamente novo, também uma expressão inigualável do amor de Deus para com homens de boa vontade. Para que esta importante e miraculosa coisa nova — o nascimento dum menino perfeito, sem pecado, duma virgem — não passasse despercebida, e para que houvesse testemunhas deste evento de boas novas, Deus enviou seu anjo aos pastores perto de Belém, no mesmo local onde o próprio Davi costumava ser pastor, para dizer-lhes: “Vos trago novas que serão de grande alegria para todo o povo: É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, ó Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Era também boas novas para o céu, e assim foi que uma multidão da hoste celestial apareceu aos pastores e louvou a Deus, dizendo: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade [ou: entre os homens a quem ele aprova, NM margem].” (Luc. 2:10-14, NTR) Êste evento nunca será repetido entre os homens. O herdeiro legítimo do reino e trono de Davi tinha nascido sem pecado, e isto colocou o alicerce para a realização de outras gloriosas coisas novas.