Quem é o arcanjo Miguel?
AS TESTEMUNHAS de Jeová crêem que o arcanjo Miguel é Jesus Cristo, e não estão absolutamente sozinhas em pensarem assim. Hengstenberg, um dos principais eruditos bíblicos alemães do século dezenove, argumenta extensivamente neste sentido na sua Cristologia e no Comentário Sôbre o Apocalipse. Um forte caso a favor dêste conceito apresenta-se também no Imperial Bible Dictionary, editado pelo erudito bíblico britânico Fairbairn. E Clarke, no seu Comentário, em inglês, afirma que, pelo menos certas vêzes, Miguel refere-se a Jesus Cristo.
Quanto ao testemunho bíblico, note-se em primeiro lugar o próprio significado do nome “Miguel”, a saber: “Quem é semelhante a Deus?” Não há ninguém mais a quem êste nome se aplicaria de modo tão apropriado como a Jesus, quer antes de êle vir à terra, quer depois de sua ascensão. Somente êle é descrito como sendo “a imagem de Deus”, “a reflexão da sua glória e a representação exata do seu ser” e “a imagem do Deus invisível”. — 2 Cor. 4:4; Heb. 1:3; Col. 1:15, NM.
Além disso, note-se seu título “arcanjo”. Êste têrmo ocorre apenas duas vêzes nas Escrituras, em 1 Tessalonicenses 4:16 e em Judas 9. O prefixo “arce” significa “preeminente, principal, grande”. Certamente, tanto antes da sua vinda à terra como homem, como depois de sua volta ao céu, êle é a preeminente ou principal de tôdas as criaturas espirituais ou anjos de Deus. Os trinitaristas talvez achem que isso seja um rebaixamento da “Segunda Pessoa da Trindade”, mas, se aceitarmos o testemunho bíblico de que Jesus era “o principio da criação de Deus” e “o primogênito de toda a criação”, não teremos nenhuma hesitação em aplicar a êle o têrmo arcanjo. — Apo. 3:14; Col. 1:15.
Dentre as cinco referências ao príncipe espiritual ou arcanjo Miguel — há também dez referências a tantos homens diferentes que tinham êste nome — as primeiras duas se encontram em Daniel 10:13, 21.
Ali se mostra que êle é um poderoso anjo que livrou das garras de um dos príncipes demoníacos de Satanás a um anjo de Jeová Deus, que fora enviado a Daniel com uma mensagem de confôrto. Ali se fala também de Miguel como sendo o príncipe de Daniel, assim como se fala dêle em Daniel 12:1 (So) como sendo “o grande príncipe Miguel, que é o protetor dos filhos do teu povo”. Isso está em harmonia com Êxodo 32:34 e outros textos similares que falam de Deus designar seu anjo para guiar Israel. Isto esclarece também porque “Miguel, o arcanjo, teve uma diferença com o Diabo e disputou acêrca do corpo de Moisés”. A plena fôrça da condenação dos rebeldes por parte de Judas, torna-se, incidentalmente, aparente quando notamos que nem mesmo Jesus Cristo, a mais alta entre tôdas as criaturas de Deus, atreveu-se a proferir juízo abusivo contra o Diabo, mas disse: “Que Jeová te repreenda.” — Jud. 9, NM; Zac. 3:2.
E finalmente temos Apocalipse 12:7, 8, onde lemos: “Houve no céu uma guerra, pelejando Miguel e seus anjos contra o dragão. O dragão e seus anjos pelejaram, e não prevaleceram.” O contexto fala do nascimento do reino de Deus, cujo rei é Jesus Cristo, e identifica o dragão como sendo Satanás, o Diabo. Certamente seria Jesus, como Rei, quem tomaria ação por ocasião do nascimento do Reino, assim como Davi tomou ação contra os inimigos ao tornar-se rei. Não declarou Jesus, por ocasião de sua ressurreição, que lhe fôra dado todo o poder no céu e na terra? Não lhe ordena o Salmo 110:1, 2, que dominasse no meio dos seus inimigos? E não mostra o apóstolo Paulo, em Hebreus 2:14, que é Jesus quem destruirá o Diabo, identificando-se assim como o anjo de Apocalipse 20:1, que prenderá a Satanás?
Todo o testemunho bíblico relacionado une-se para provar que Miguel não é outro senão Jesus Cristo, tanto antes de se tornar homem, conforme indicam Daniel 10:13, 21 e Judas 9, como depois de sua ascensão ao céu, conforme indicam Daniel 12:1 e Apocalipse 12:7.