Perguntas dos Leitores
● O que é o “lugar chamado em hebraico Har-Magedon” (Apo. 16:16, NM), e como se pode dizer que as testemunhas de Jeová estão atualmente reunidas nesse lugar, e desde quando?
Durante o antigo reino de Israel, quando no apogeu do seu domínio, desde o rio Eufrates, ao norte, até o vale da torrente do Egito, ao sul, nunca houve um lugar chamado Har-Magedon, ou Armagedon, nem houve desde então tal lugar. Mas existia um lugar chamado Magedo, uma cidade na planície de Jezreel, ao sudeste do Monte Carmelo. O rei de Magedo ou Megido foi derrotado por Josué quando Jeová introduziu seu povo na terra de Canaã e os ajudou milagrosamente a tomar posse da terra. (Jos. 12:7, 21) Todavia, não existia nenhum Monte Magedo, que é o significado da palavra grega Har-Magedon. Não havia literalmente tal lugar, nem mesmo nos dias do apóstolo João quando recebeu A Revelação (O Apocalipse). É evidente, então, que o “lugar” é simbólico, mas, parte de seu significado se deriva do nome Magedo ou Megido, junto com tudo o que se relacionava com ele até os dias de João.
Josué batalhou em Magedo e derrotou o rei desta. O Juiz Barão, acompanhado de Débora, a profetisa, derrotou “junto à águas de Magedo” as fôrças militares de Sísera, general do Rei Jabin. Em Magedo morreu o Rei Acazias de Judá, depois de ser mortalmente ferido por Jeú, rei ungido de Jeova. Faraó Necau do Egito batalhou em Magedo com o Rei Josias e o feriu mortalmente. (Jui. 5:19, So; 2 Reis 9:27; 23:29, 30) De modo que em Magedo se travaram batalhas decisivas, e ali se causou a morte de proeminentes autoridades públicas. O Har-Magedon, em Apocalipse 16:14, 16, está portanto apropriadamente associado com a batalha decisiva da vindoura “guerra do grande dia do Deus Todo-Poderoso”, e nesse lugar havia de ocorrer então grande mortandade, afetando a todos os governos nacionais deste mundo.
As três rãs simbólicas, ou os três proferimentos inspirados, que saem da boca do Diabo, da boca de sua agência governante bestial na terra e da boca da potência mundial anglo-americana, que faz às vezes de falso profeta, ajuntam os governantes visíveis desta terra e seus exércitos para o Har-Magedon. Por quê? Ora, os reis e os governantes são espertos demais para serem ajuntados a um mero lugar ou campo de batalha êrmo, só para marchar até chegar ali. Os governantes poderiam ser induzidos a ir com seus exércitos a um determinado lugar ou local, só se houver ali um objetivo para seu ataque unido. Os reis ou os governantes sabem a quem atacam; não é algo de imaginário ou simbólico. Os governantes mundanos são homens naturais e não discernem as coisas espirituais. De modo que deve ter ali inimigos visíveis e tangíveis para atacar. Quem são êstes?
O nome Magedo significa “reunião ou assembleia de tropas”. Har-Magedon significa, por conseguinte, “o monte da assembléia de tropas”. Isto explica por que os exércitos dos “reis do mundo inteiro” se dirigem para lá. Marcham para atacar as tropas que já estão reunidas no Monte Magedo. Magedo ficava na terra do povo escolhido de Jeová. De modo que o povo ou as tropas já reunidas ali tem de ser o restante dos seguidores ungidos de Jesus Cristo, neste tempo do fim do mundo, pois são o alvo do ódio de tôdas as nações do mundo e são o objetivo de seu ataque. (Mat. 24:9) Estão empenhados numa luta espiritual, ao passo que anunciam o reino de Deus, e estão revestidos da completa armadura de Deus. Essa é a razão pela qual tôdas as nações e seus governantes se sentem estimulados a atacá-los, a fim de fazer cessar a sua proclamação do Reino estabelecido de Deus. Os do restante do Israel espiritual de Jeová, restante dos seguidores ungidos das pisadas de Jesus Cristo, são assim identificados com o Har-Magedon. Com efeito, são representados por Har-Magedon, o lugar ou o Monte da Assembléia de Tropas. Não é o lugar que está sob ataque; é o povo que se acha no seu próprio território, o povo de Jeová. Esta é a razão pela qual o livro Luz, Tomo 2, publicado em inglês em 1939, dizia:
“O fato de que é Satanás e seus instrumentos impuros quem está fazendo o ajuntamento de todos os reis da terra para o Armagedon, dá a entender claramente que as tropas são as tropas de Jeová, e que já estão agora reunidas no monte ou na colina. João [o apóstolo] viu em visão a Cristo e os 144.000 reunidos no Monte Sião. (Apo. 14:1) Estas são as tropas do Senhor. (Miq. 5:1) O Armagedon, portanto, representa simbólicamente o monte de Deus, isto é, o Monte Sião, sua organização que ele edificou e em que está presente; portanto, Satanás dirige tôdas as suas fôrças contra a organização de Deus. É contra as tropas do Senhor que Satanás faz guerra; portanto, diz o Senhor: ‘Agora, reúne-te em tropas, ó filha de tropas; ele pôs cêrco a nós. — Miq. 5. 1. (Veja-se Watch Tower, 1928, pág. 376[§ 33].)” — Página 56.
Satanás, o Diabo, foi expulso do céu para esta terra por volta do ano de 1918. É depois deste evento que ele, com as suas expressões inspiradas, por intermédio de suas agências mundanas visíveis, ajunta todos os reis terrestres e seus exércitos para o Har-Magedon, a fim de atacar os que pregam as boas novas do reino de Deus e que, portanto, tomam o lado dêste reino estabelecido. Desde que o restante das testemunhas ungidas de Jeová foi restaurado do seu cativeiro babilônico para o seu lugar teocrático, no Seu ministério, em 1919, vem-se reunindo no lugar chamado Har-Magedon. Este ajuntamento da classe do restante continuou até 1931, em cumprimento de Mateus 24:31. Por volta daquele tempo, o restante havia sido reunido na íntegra ao Har-Magedon. Por causa da prosperidade espiritual e da expansão que usufrui o restante, tôdas as nações cedem a influência de Satanás para atacá-lo no Har-Magedon. Desde 1931, a mensagem do Reino tem-se espalhado cada vez mais, e devido a esta proclamação aumentada foram reunidas ao Har-Magedon, ao lado do restante, as “outras ovelhas” do Senhor, para se tornarem, junto com o restante, um só rebanho debaixo de um só Pastor. (João 10:19) Tôdas as nações ressentem-se de que alguns de seus cidadãos se congreguem ao Har-Magedon, junto ao restante espiritual. As nações deixam-se facilmente reunir mediante as expressões inspiradas que procedem de Satanás e de suas agências visíveis. Estas expressões inspiradas as reúnem ao Har-Magedon. O objetivo das nações é fazer os do restante e seus companheiros sofrer uma derrota no Har-Magedon, assim como o Faraó Necau do Egito fez o Rei Josias de Judá sofrer a derrota.
Não obstante, as nações é que sofrerão a derrota no Armagedon. O restante de Jeová e seus companheiros sairão do Monte da Assembléia de Tropas para se devotarem aos ofícios pacíficos do reinado milenar de Cristo. Eles não terão, então, que lutar “contra os governadores do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes”. O Armagedon atingirá o seu ponto culminante ao serem lançados no abismo aqueles diabos junto com suas maquinações iníquas. (Efé. 6:12, 13; Apo. 20:1-3) Então, a base de operação ou a posição de luta simbolizada pelo Har-Magedon deixará de existir para as testemunhas de Jeová na terra.
● Por que divergem as versões de Mateus e de Lucas quanto à genealogia de Jesus? Mateus 1:1-16 diz que Jacó “gerou a José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus”, ao passo que Lucas 3:23-38 diz que José era “filho de Heli”. — J. C., Estados Unidos.
Pelo menos duas autoridades apresentam como solução preferível disso a explicação de que Lucas segue a linhagem natural de Jesus através de sua mãe carnal, Maria, e os antepassados dela, ao passo que Mateus apresenta a linhagem legal de Jesus, através de José e dos antepassados deste. Ao começarmos com o nome mais antigo em cada relato genealógico, a compreensão do acima mencionado nos ajuda a entender porque se separam depois de Davi, sendo que o relato de Mateus passa através da linhagem de Salomão, filho de Davi, ao passo que Lucas a segue através de Natã, outro filho de Davi, e por que, depois de se encontrarem brevemente em Salatiel e Zorobabel, se separam mais uma vez e seguem linhagens diferentes. Mateus termina com Jacó como pai de José, e, segundo este entendimento, Lucas termina com Heli, que foi realmente pai da mãe carnal de Jesus, Maria. — The Westminster Dictionary oƒ the Bible (Edição Revista de 1944, página 198, coluna 1); Cyclopedia de McClintock e Strong (1882, Tomo III, página 773, coluna 2).
Então, por que omite Lucas a menção de Maria e alista José como “filho de Heli”? Diz a Cyclopedia mencionada, na página 773, coluna 2: “É bem conhecido que os judeus, ao prepararem suas árvores genealógicas, calculavam inteiramente pelos varões, rejeitando o nome da filha quando o sangue do avô era transmitido ao neto por uma filha, e contando o marido da filha em lugar do filho do avô materno. (Números 26:33; 27:4-7).” Em harmonia com esta regra, o nome de José substitui o de Maria no relato de Lucas, embora a genealogia fosse seguida através da linhagem de Maria. A Cyclopedia vê na própria fraseologia do relato de Lucas uma confirmação deste pensamento, dizendo, na página 774, coluna 1: “O evangelista Lucas fêz criteriosamente uma distinção entre a genealogia REAL e a LEAL por uma observação entre parênteses: ‘Jesus sendo filho (como se julgava) de José, (mas em realidade) filho de Heli’, ou neto dêle, pelo lado de sua mãe.” — Luc. 3:23.
Mas, por que apresentar duas genealogias quando uma era suficiente e quando a diferença entre as duas podia causar confusão? Por um lado, os primitivos leitores de Mateus e de Lucas certamente conheciam os pormenores mencionados e, portanto, não ficariam confusos, assim como tampouco o leitor moderno precisa ficar confuso quando conhece os pormenores. Por outro lado, as genealogias, embora monótonas e enfadonhas para alguns, servem muitas vêzes um propósito bem importante e vital. Certamente, a genealogia do Messias ou Cristo teria importância especial, pois as profecias a respeito dele são bem definidas quanto a sua descendência dos patriarcas favorecidos, Abraão, Isaac, Jacó e o amado Rei Davi. Experimentando os fariseus judaicos sobre este ponto, Jesus perguntou-lhes: “Que idéia fazeis do Cristo? de quem é filho? Eles responderam: “De David.” (Mat. 22:42) O messiado de Jesus tinha de ter prova genealógica!
Portanto é razoável afirmar-se que os dois escritores, Mateus e Lucas, sob a direção do espírito de Jeová, se certificassem duplamente de fixar a descendência do Messias. Mateus mostrou zelo em indicar profecias cumpridas em Jesus, conforme se vê da leitura de apenas alguns versículos, de Mateus 2:1 a 18. E quando Lucas veio dirigir seu relato ao “excelentíssimo Theophilo“, não foi com o objetivo de fazer uma repetição sem finalidade. Lucas foi muito meticuloso e “depois de haver investigado tudo cuidadosamente desde o começo. . . fêz por escrito uma narração em ordem”, para que Teófilo pudesse ter a plena certeza das coisas que lhe foram ensinadas oralmente. (Luc. 1:1-4) Como poderia atingir este objetivo senão por complementar o relato de Mateus, que apresentava a descendência legal de Jesus através de seu pai adotivo, José, com outro relato, mostrando a sua descendência de modo natural ou carnal através da virgem Maria, especialmente quando ambos os relatos genealógicos de Jesus passavam através de Abraão, Isaac, Jacó e o todo-importante Davi? Os dois relatos se erguem como “duas testemunhas”, tornando duplamente certo o messiado de Jesus. — Deu. 19:15.
Uma comparação, lado a lado, dos dois relatos genealógicos pode ser encontrada no livro “Está Próximo o Reino”, páginas 39-42.
● Quem foi o pai de Salatiel? O relato bíblico em Mateus 1:12 diz que seu pai foi Jeconias, ao passo que Lucas 3:27 diz Neri. Como se podem harmonizar estas duas genealogias? — H. H., Estados Unidos.
Na página 667 da Sentinela de 1º. de novembro de 1959 acha-se corretamente declarado: “Mas antes de se fundirem finalmente no Rei Davi, as linhagens ancestrais de José e de Maria encontram-se em Zorobabel e em seu pai Salatiel.” Conforme Mateus diz, Salatiel foi o filho direto do Rei Jeconias ou Jeoiaquim. Como, então, foi ele filho de Neri? Êle foi também filho de Neri porque se casou com a filha de Neri e se tornou na realidade o genro de Neri. Os hebreus, porém, falavam do genro como filho, assim como José, filho direto de Jacó, é mencionado por Lucas como filho de Heli, por que José se casou com a filha de Heli, Maria. — Luc. 2:23.
É interessante notar neste respeito que o manuscrito de Beza de Cambridge, designado pelo símbolo internacional “D”, reza em Lucas 3:27: “filho de Jeconias”, não Neri.