Perguntas dos Leitores
● O que queria dizer o apóstolo Pedro quando afirmou que “nenhuma profecia da Escritura procede de qualquer interpretação particular”? — E. M., E. U. A.
O apóstolo Pedro escreveu, com referência às profecias: “Sabeis primeiramente isto, que nenhuma profecia da Escritura procede de qualquer interpretação particular. Porque a profecia nunca foi produzida pela vontade do homem, mas os homens falaram da parte de Deus conforme eram movidos por espírito santo.” — 2 Ped. 1:20, 21.
O escritor não considerava a aplicação, o significado ou a interpretação de profecias anteriormente escritas. O contexto mostra que considerava a certeza da palavra profética, a razão pela qual os cristãos podem confiar nela. (2 Ped. 1:16-19) Daí, indica que podem ter confiança nas profecias registradas nas Escrituras porque sua fonte não era a imaginação do homem, mas o próprio Jeová Deus.
Por exemplo, os humanos poderiam, por si mesmos, observar as condições políticas ou sociais em algum pais e, à base de sua própria interpretação dos dados, fazer alguma predição para o futuro. Tal interpretação particular e a profecia subseqüente não seria inspirada por Deus. Isto ocorreu com os quatrocentos falsos profetas durante o reinado do Rei Acabe de Israel. Quando inquiridos se Acabe e Josafá pelejariam contra Ramote-Gileade, os profetas profissionais profetizaram o êxito para os dois reis. (2 Crô. 18:4-11) Essa profecia foi o resultado de sua interpretação pessoal da situação.
Em contraste, o profeta de Jeová, Miquéias, predisse que Acabe não retornaria em paz. Será que essa foi uma profecia que surgiu de sua interpretação pessoal? Não, antes de falar com Acabe, Miquéias disse: “O que o meu Deus me disser, isso falarei.” (2 Crô. 18:13-27, Al) A morte de Acabe em batalha provou inegavelmente que a predição dos falsos profetas se baseava apenas em seu próprio arrazoamento humano imperfeito. Por outro lado, o profeta de Jeová, Miquéias, não fez nenhuma interpretação particular dos eventos, mas Jeová foi quem fez a decisão no tocante aos assuntos; por conseguinte, a profecia que Ele deu, por meio de Miquéias, foi exata e se cumpriu.
Assim, conforme explicado em 2 Pedro 1:20, 21, podemos ter confiança nas profecias registradas nas Escrituras, porque não se baseiam na interpretação humana dos assuntos, mas se originam de Deus. Ele é Aquele que, por meio do espírito santo, moveu seus servos a proferi-las e registrá-las.
● Visto que Judas 7 mostra que Sodoma e Gomorra se tornaram “exemplo de aviso por sofrerem a punição judicial do fogo eterno”, não impede isso que os habitantes daquelas cidades tenham ressurreição? — A. C., E. U. A.
Lendo apenas esse versículo, sem levarmos em consideração o que o restante da Bíblia tem a dizer sobre o assunto, a pessoa talvez tire tal conclusão. Mas, outros tentos apresentam fatos adicionais que não podem ser ignorados, se havemos de chegar a uma conclusão razoável.
Por exemplo, em Mateus 11:23, está escrito: “Se as obras poderosas que ocorreram em ti tivessem ocorrido em Sodoma, ela teria permanecido até o dia de hoje.” Obviamente, isto não significa que as mesmas pessoas que viviam em Sodoma, naquele tempo de sua destruição, teriam permanecido vivas por mais de 1.900 anos, até o tempo em que Jesus proferiu tais palavras, mas que a cidade teria permanecido como área habitada.
Então, o versículo seguinte se refere ao Dia de Juízo, dizendo: “Conseqüentemente, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma do que para ti.” (Mat. 11:24) Semelhantemente, em Mateus 10:15, acham-se registradas as palavras de Jesus: “Deveras, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma e Gomorra do que para essa cidade”, em que as pessoas rejeitariam a mensagem levada pelos discípulos de Jesus. Para que fosse “mais suportável para a terra de Sodoma e Gomorra” do que para outros, seria mister que os anteriores habitantes daquela terra estivessem presentes no Dia de Juízo. Não é a terra literal, o solo, que há de ser julgado. Revelação, capitulo 20, mostra que serão as pessoas levantadas dentre os mortos que ficarão “diante do trono”. Nem será proferido o julgamento sobre elas como grupos, como anteriores habitantes de certas terras, mas serão ‘julgadas individualmente segundo as suas ações’ durante o tempo de julgamento. Portanto, aparentemente, as pessoas que costumavam viver naquela terra serão ressuscitadas. — Rev. 20:12, 13.
O que é, então, que sofreu “a punição judicial do fogo eterno”? Ao passo que os habitantes das cidades foram certamente destruídos, aparentemente não foram as pessoas, mas as próprias cidades que foram eternamente destruídas. Não foram reconstruídas até os dias atuais. De forma notável, J. Penrose Harland escreveu: “Tem-se demonstrado que Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim estavam situadas, sem dúvida, na área agora coberta pelas águas da parte meridional do Mar Morto.” — The Biblical Archaeologist Reader (1981), página 59; veja-se também Isaías 13:19, 20.
O que aconteceu aos habitantes de Sodoma e Gomorra, no tempo em que Jeová fez chover fogo e enxofre sobre eles desde o céu, se destaca como aviso a todos, para que evitem a conduta imoral, tal como a levada a efeito naquelas cidades.
● Trabalho para uma grande companhia que anualmente dá um abono de Natal a todos os seus empregados como dádiva. Devemos nós, como testemunhas de Jeová, aceitar tais dádivas? — R. K., E. U. A.
Não seria biblicamente errado um cristão aceitar um presente ou abono que lhe é dado pelo seu empregador durante a época de Natal. Algumas firmas comerciais dão um abono anual a todos os seus empregados (não para as pessoas de fora, em geral) e simplesmente escolhem esta época do ano para fazer isso. Portanto, a aceitação não significaria que o recebedor celebrava o Natal, pois um abono é aquilo que é pago a um empregado além de seu salário regular. É reconhecimento de ter sido empregado pelo seu patrão por um período de tempo, e isso com lucro para o empregador. Naturalmente, se a consciência duma pessoa a perturba ao pensar em aceitar o abono, pode bondosa e jeitosamente declinar recebê-lo e assim manter consciência tranqüila. — 1 Ped. 3:18.
Exige-se biblicamente que os cristãos comemorem, não o nascimento do bebê Jesus, mas apenas a morte de Cristo. (Luc. 22:19, 20) Visto que a Refeição Noturna do Senhor é a única observância anual biblicamente obrigatória quanto a eles, aqueles que aderem de perto à Bíblia não celebram o Natal ou outros feriados. (Gál. 4:9-11) Não assistem a festas de feriados nem enviam cartões nem presentes nos feriados mundanos. Por isso, se uma das testemunhas de Jeová aceitar um abono ou dádiva durante tal época, sem dúvida quereria desassociar qualquer expressão de agradecimentos do próprio feriado. Também, quando for apropriado, poderá esclarecer com jeito a sua posição bíblica a respeito do Natal ou outros feriados, para o benefício de seu patrão.