A renovação do espírito de abnegação
“Quem quiser ser meu companheiro, renuncie a si mesmo.” — Luc. 9:23, Roh.
1. O que disse Jesus, indicando que estava convidando outros a adotarem uma vida de abnegação?
O FUNDADOR do cristianismo disse certa vez: “Se alguém quer vir após mim, repudie-se a si mesmo e apanhe a sua estaca de tortura, dia após dia, e siga-me continuamente. Pois todo aquele que quiser salvar a sua alma, perdê-la-á; mas todo aquele que perder a sua alma por minha causa é o que a salvará. Realmente, de que proveito é para um homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a si próprio ou sofrer prejuízo? Porque todo aquele que ficar envergonhado de mim e das minhas palavras, deste o Filho do homem se envergonhará quando chegar na sua glória e na de seu Pai e dos santos anjos.” É evidente que Jesus estava convidando outros a empreenderem um proceder de abnegação, quando disse as palavras citadas, que se acham registradas na Bíblia Sagrada em Lucas 9:23-26.
2. Que perguntas se podem fazer a respeito deste convite?
2 Mas não é este convite um pouco antiquado? Por que estar interessado num proceder de abnegação, hoje em dia, quando ninguém se importa com os que o adotam e quando este mundo moderno tem tanto para oferecer e para se procurar obter? Por que deveria alguém ‘repudiar a si mesmo’, quando em toda a parte as pessoas fazem exatamente o contrário, impondo-se e exigindo cada vez mais liberdade? Querem mais das boas coisas que este mundo tem e acham que têm o direito de tirá-las à força, se não por outros meios. Por que não se deveria procurar “ganhar o mundo inteiro” ou pelo menos uma boa parte dele? É realmente verdade que a adoção dum proceder de abnegação, ‘por sua causa’, beneficiará a pessoa ao ponto de salvar a sua vida? A Bíblia e a história recente de verdadeiros cristãos fornecem algumas respostas muito encorajadoras. Mesmo a pessoa que esteja apenas ligeiramente interessada nas coisas espirituais não pode deixar de se interessar nas respostas a estas perguntas, em vista da falta de honra, integridade e abnegação no mundo atual.
3. Que espécie de mundo abandona aquele que adota o proceder de abnegação?
3 Mas, é este mundo tão ruim assim? É seu proceder tão mau, que é preciso manter-se afastado dele? Sim; e não deve surpreender a ninguém que o mundo, como um todo, está ficando cada vez mais comodista e materialista. Esta situação foi predita por um dos profetas mais fidedignos, o apóstolo Paulo, e sua profecia se acha registrada em 2 Timóteo 3:1-5: “Sabe, porém, isto, que nos últimos dias haverá tempos críticos, difíceis de manejar. Pois os homens serão amantes de si mesmos, amantes do dinheiro, pretensiosos, soberbos, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, desleais, sem afeição natural, não dispostos a acordos, caluniadores, sem autodomínio, ferozes, sem amor à bondade, traidores, teimosos, enfunados de orgulho, mais amantes de prazeres do que amantes de Deus, tendo uma forma de devoção piedosa, mostrando-se, porém, falsos para com o seu poder; e destes afasta-te.” Vemos claramente, em todo o redor de nós, como se cumpre agora esta profecia. De fato, dizer-se que as pessoas estão ficando mais comodistas e materialistas é expressá-lo de modo brando. O que realmente se vê em toda a parte é o espírito de rebeldia e de anarquia.
4. Quem está interessado na abnegação, e como se predisse isso?
4 Mas, preocupa-se alguém com o cultivo do espírito de abnegação? Sim, os verdadeiros servos de Jeová. Isto também foi predito. O Salmo 110:3 diz: “Teu povo se oferecerá voluntariamente no dia da tua força militar. Nos esplendores da santidade, da madre da alva, tens a tua companhia de homens jovens assim como gotas de orvalho.”
5. Que possuem estes, pelo qual vale a pena fazer sacrifícios?
5 Estes cristãos devem estar pensando em algo pelo qual vale a pena fazer hoje sacrifícios. E há tal coisa. Os verdadeiros cristãos sabem que o reino de Deus já foi estabelecido nos céus e que já está reinando por algum tempo. De fato, já avançamos muito no tempo do fim, e não resta muito tempo a este velho sistema de coisas. Quando Deus, pelo seu rei, Jesus Cristo, agir para livrar esta terra daqueles que não se interessam em fazer as coisas do Seu modo, será tarde demais para alguém sair para o lugar de segurança de Deus. Os eventos mundiais em cumprimento da profecia bíblica oferecem um forte indício de que restam apenas poucos anos a este arranjo iníquo de coisas. Como se poderia então encontrar algo mais digno de sacrifícios do que o reino de Deus por Cristo, que encoraja os que amam a justiça a tomar agora uma posição firme a favor deste reino? Não se poderia encontrar causa melhor!
6. Por que se deve estar interessado em aprender o conceito bíblico?
6 Portanto, existe uma verdadeira necessidade da renovação do espírito de abnegação. As boas novas a respeito deste reino precisam ser pregadas, e requer servos fiéis e zelosos de Deus para fazer isso. Ajudar-nos-á a continuar no proceder de abnegação se soubermos avaliar o que está envolvido na abnegação. A abnegação de modo algum é mero formalismo. Queremos compreender o verdadeiro espírito dela.
SACRIFICAR O QUÊ?
7. O que está incluído e o que não está incluído na abnegação?
7 Os sacrifícios da abnegação, de que falamos, não têm nada que ver com sacrificar outra pessoa ou alguma coisa que pertença a outro. Estamos falando do sacrifício de si mesmo. O ditador louco está disposto a sacrificar a vida de milhares para alcançar os seus próprios objetivos egoístas, muitas vezes convencido de que a sua causa é justa. Os que criam distúrbios nos países chamados “livres”, destruindo propriedade e vida, são culpados da mesma coisa. O mesmo se dá com os anarquistas e os revolucionários. Mas o verdadeiro cristão sacrifica a si mesmo, não envolvendo ou obrigando outros indevidamente.
8. (a) Quais são algumas das coisas a que é preciso renunciar, conforme se deve compreender claramente? (b) Por que não deve ser difícil renunciar a tais?
8 A abnegação tem que ver com a renúncia a coisas. Em grande parte tem que ver com renunciar a coisas de natureza material, que constituem um atrativo para a carne e que se interpõem no caminho do serviço completo e desimpedido prestado a Jeová. Alguns destes atrativos materiais ou desejos carnais podem levar ao excessivo comodismo da carne pecaminosa ou decaída, a algo que é diretamente condenado na Palavra de Deus ou contra o qual se dá forte conselho. Comer e beber em excesso cairia nesta categoria. A jogatina, ou ficar intimamente envolvido com arranjos de jogatina, seria outra de tais coisas. Associar-se muito com os do sexo oposto, quando não se está livre para fazer isso, ou fazê-lo de modo incorreto, é mais outra. Podemos facilmente compreender a necessidade de renunciarmos a algo a que não temos direito. Além disso, tal coisa é usualmente prejudicial para a saúde física ou mental. Abster-se de tais coisas não costuma ser difícil demais e é realmente básico para alguém tornar-se cristão.
9. Quais são algumas das coisas a que não é tão fácil de renunciar ou de gastar menos tempo com elas?
9 Mas que dizer dos prazeres que simplesmente constituem uma vida “normal”? Não está certo viver como outras pessoas na vizinhança ou no país? Afinal de contas, a Bíblia nos promete um paraíso terrestre, em que poderemos ter o prazer de fazer as coisas que humanos normais gostariam de fazer naturalmente. O que há de errado com ter um lar bastante grande para ser confortável, devotar algum tempo a passatempos educativos, a ver programas de televisão melhores e a manter-se forte e sadio por meio de coisas tais como nadar, remar, esquiar e viajar? Sem dúvida, usufruiremos estas coisas na nova ordem de Deus após o Armagedom, portanto, por que não usufruir tais coisas inocentes e sadias agora?
10. Se tais coisas não são em si mesmas erradas, então qual seria o perigo inerente nelas?
10 Estas coisas, em si mesmas, não são erradas. O assunto tem que ver com o que é melhor, em vez de com o que é permissível. Tais coisas, quando usufruídas corretamente, podem ser muito benéficas. É simplesmente uma questão de perspectiva. É questão de se aproveitar melhor o tempo remanescente. Precisa-se poder avaliar ou apreciar as coisas de modo a se julgar ou decidir o que realmente tem valor e é do máximo benefício, e especialmente o que constitui hoje atividade proveitosa. O que era proveitoso fazer nos dias de Noé? Mateus 24:38, 39 diz: “Porque assim como eles eram naqueles dias antes do dilúvio, comendo e bebendo, os homens casando-se e as mulheres sendo dadas em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não fizeram caso, até que veio o dilúvio e os varreu a todos.” Jesus não disse que todas as atividades deles eram em si mesmas erradas. Tratava-se simplesmente de que eles deviam ter escutado o que Deus lhes disse por meio de Noé, Seu “pregador da justiça”. Estas coisas “normais” da vida não deviam ter enchido a sua vida ao ponto de excluírem a vontade de Deus para aqueles dias. Do mesmo modo, Jeová tem para nós algo muito mais importante a fazer do que ficarmos excessivamente envolvidos nos empreendimentos normais do mundo. A renúncia a tais coisas constitui provavelmente uma das maiores provas da abnegação. — 1 Cor. 7:29-31.
11. O que se precisa para manter equilíbrio em tais coisas?
11 Precisa-se poder ver na verdadeira luz aquilo a que se renuncia agora, em comparação com a recompensa que se há de ganhar. Isto nos faz lembrar de Esaú. Ele não era bom juiz de valores. Estava disposto a renunciar à sua inestimável primogenitura em troca de um cozido. (Gên. 25:29-34) Jesus não tinha onde deitar a cabeça, mas apegou-se a um proceder de integridade e de abnegação para obter a recompensa que se lhe prometeu. Possuía perspectiva e um bom senso de valores. O apóstolo Paulo também tinha boa perspectiva. Ele escreveu em Filipenses 3:8: “Ora, neste respeito, considero também, deveras, todas as coisas como perda, por causa do valor superior do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele tenho aceitado a perda de todas as coisas e as considero como uma porção de refugo, para que eu possa ganhar a Cristo.”
12. (a) A que outra coisa terá de renunciar aquele que adota o cristianismo? (b) Como nos prepara o apóstolo Paulo para termos o conceito correto?
12 Há outra razão por que a vida do cristão é uma de abnegação. Esta tem que ver com o conceito que os do mundo formam de nós quando nos identificamos com o povo de Jeová. Todos gostam de gozar de bom conceito. Quem gosta de ser menosprezado, especialmente quando se faz isso de modo injusto? Mas aquele que se destaca como servo de Deus não aumentará com isso o seu destaque neste mundo. Há algo que terá de sacrificar. Ser menosprezado não é fácil de suportar; conforme descrito em 1 Coríntios 4:13, ‘temo-nos tornado como o refugo do mundo, a escória de todas as coisas, até agora”. Observe a descrição que Paulo faz do tipo de pessoa que normalmente aceita a verdade e o conceito que o mundo como um todo forma dos servos de Jeová: “Pois observais a vossa chamada da parte dele, irmãos, que não foram chamados muitos sábios em sentido carnal, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre estirpe; mas Deus escolheu as coisas tolas do mundo, para envergonhar os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo, para envergonhar as coisas fortes; e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo e as coisas menosprezadas, as coisas que não são, para reduzir a nada as coisas que são, a fim de que nenhuma carne se jacte à vista de Deus. Mas, é devido a ele que estais em união com Cristo Jesus, que se tornou para nós sabedoria de Deus, também justiça e santificação, e livramento por meio de resgate; para que fosse assim como está escrito: Quem se jactar, jacte-se em Jeová.’” — 1 Cor. 1:26-31.
NÃO É FÁCIL SER ABNEGADO
13. (a) Acham alguns difícil mudar? (b) Qual é o conceito melhor?
13 Alguns acham difícil realizar a mudança que fará que se destaquem como diferentes do mundo. Acham que é sacrifício demais. Não devia ser assim. Antes, aproveite a oportunidade para mostrar claramente por que é diferente. Trata-se de oportunidades, não de obstáculos! Os que são jovens e ainda estão na escola têm muitas oportunidades boas para defender aquilo que sabem ser direito, e dar assim um testemunho eficiente. Talvez tenha de abster-se de certos estilos da moda, das modas passageiras, de festinhas, da popularidade ou de cursar a universidade. Fazendo isso, fornecerá um exemplo revigorante para os que talvez estejam inclinados à justiça. As mães e as donas de casa talvez não sejam aceitas plenamente pela vizinhança, mas isto não é o importante. O importante é destacar-se intransigentemente a favor da verdade, não importa o que os outros possam pensar ou dizer. O mesmo se dá com os pais e os maridos nos seus lugares de emprego secular.
14. O que acontece com alguns com relação à abnegação?
14 Alguns, de fato, não só acham difícil, mas o acham impossível fazer tal mudança. Estudam por bastante tempo com uma das testemunhas de Jeová e depois param. Reconhecem que, sem dúvida, se trata da verdade, mas eles vêem quão abnegados terão de ser e acham que não podem fazer isso. Outros deram até mesmo o passo da dedicação e do batismo, servindo por algum tempo fielmente, e depois se desviaram. Neste proceder de abnegação exige-se fidelidade, se se quer avançar à madureza. O apóstolo Paulo perdeu assim um dos seus companheiros de viagem. “Pois Demas me abandonou, porque amava o atual sistema de coisas.” (2 Tim. 4:10) Que lástima que isso aconteça quando se fez um progresso tão bom!
15. É desculpável que alguém se desvie do proceder de abnegação?
15 Mas a quem cabe realmente a culpa quando alguém se desvia do proceder cristão de abnegação para voltar ao proceder mundano do comodismo? Certamente não a Deus. Ele não permite que as tentações se tornem tão grandes, ao ponto de que o desvio seja inevitável. Ao contrário, 1 Coríntios 10:13 salienta: “Não vos tomou nenhuma tentação exceto a que é comum aos homens. Mas Deus é fiel, e ele não deixará que sejais tentados além daquilo que podeis agüentar, mas, junto com a tentação, ele proverá também a saída, a fim de que a possais agüentar.” Jeová ajuda, ele não estorva. Não há dúvida de que há muitas coisas que servem de tentação para desviar a pessoa do proceder de abnegação de volta para o mundo materialista. Mas, quando isso acontece, a culpa não cabe a Deus.
16. (a) Quando deve começar o treinamento na abnegação? (b) Que pensam alguns pais sobre isso, mas qual é o melhor conceito?
16 Em que idade se deve começar o proceder de abnegação? Quanto mais cedo, tanto melhor. A infância é o melhor tempo. Os pais que mantêm seus filhos ocupados em tarefas meritórias, dentro e em volta da casa, obtêm os melhores resultados. Deve ser um trabalho significativo, que contribui algo para o arranjo familiar, e assim se aprende a assumir responsabilidades. Alguns pais acham que, porque eles mesmos tiveram de trabalhar arduamente na sua mocidade, vão cuidar de que as coisas não sejam assim para os seus filhos. Dizem que seus filhos não ficarão privados das coisas assim como eles mesmos ficaram. Eles, na sua própria mocidade, tiveram de usar roupa inferior, tiveram pouco ou nada para se recrear ou divertir, e tiveram comida muito simples, junto com muitas horas de trabalho árduo. Mas, lembre-se de que não é necessário mudar tudo isso para beneficiar seu filho. Forneça-lhe a roupa necessária, seja razoável quanto à recreação, dê-lhe comida sadia; mas por que eliminar o trabalho? Ter tempo de folga demais não é nada bom para a criança. Constitui péssimo treinamento e péssima formação para uma vida vigorosa de abnegação e de atividade produtiva como servo de Jeová, quando crescer. Não é fácil vencer hábitos arraigados, e a preguiça certamente pode tornar-se hábito. E o resultado? “O próprio anelo do preguiçoso o entregará à morte, pois as suas mãos se negaram a trabalhar.” — Pro. 21:25.
17. (a) O que pensam agora muitos pais a respeito de terem levado uma vida parca na mocidade? (b) Qual é talvez a melhor coisa que o pai ou a mãe podem legar ao seu filho?
17 Na realidade, muitos dos pais que tiveram de trabalhar arduamente e que tiveram de passar sem algumas coisas quando cresceram estão bastante ansiosos de falar disso. Isto se dá porque sabem agora que grande parte disso era bom para eles e estão satisfeitos de que tiveram tal espécie de treinamento e condicionamento. Provérbios 22:6 exorta: “Educa o rapaz segundo o caminho que é para ele; mesmo quando envelhecer não se desviará dele.” Disciplinar seus filhos e suas filhas num proceder de abnegação pode muito bem ser uma das coisas mais valiosas que herdarão de sua pessoa. E lembre-se, seu exemplo os fará compreender a instrução verbal que dá.
18. (a) De que advertiu Deus os israelitas? (b) O que podemos aprender disso?
18 Não é difícil tornar-se novamente comodista. Deus sabia que a tendência natural do homem imperfeito era para a decadência. Por isso, para a proteção de seu povo, os israelitas, ele os advertiu de antemão do que lhes poderia causar eles terem abundância material na “terra que mana leite e mel”. Após as dificuldades da peregrinação de quarenta anos no ermo, foi-lhes dito: “Quando tiveres comido e te tiveres fartado, então terás de bendizer a Jeová, teu Deus, pela boa terra que te deu. Guarda-te para que não te esqueças de Jeová, teu Deus, de modo a não guardares seus mandamentos e suas decisões judiciais, e seus estatutos que hoje te ordeno, para não acontecer que comas e deveras te fartes, e construas boas casas e deveras mores nelas, e tua manada e teu rebanho aumentem, e acumules para ti prata e ouro, e aumente tudo o que for teu, e teu coração deveras se enalteça e deveras te esqueças de Jeová, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa dos escravos.” (Deu. 8:10-14) Sim, os que se tornam materialmente ricos podem facilmente esquecer-se de Deus. Podem começar a confiar em si mesmos, em vez de em Jeová, e começar a declinar, ao ponto de se verem fora da verdade. Esta é uma das coisas que Jesus teve em mente quando disse: “Deveras, eu vos digo que será difícil para um rico entrar no reino dos céus. Novamente, eu vos digo: É mais fácil um camelo passar pelo orifício duma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus.” (Mat. 19:23, 24) É necessário ser extremamente cuidadoso com respeito à adquisição de riquezas materiais, quando se quer continuar a servir fielmente a Jeová. A posse de tais riquezas materiais geralmente não contribui para o cultivo do bom espírito cristão da abnegação, assim como Deus disse aos israelitas.
19. O que constitui bom equilíbrio com respeito aos bens materiais?
19 Tem-se apenas certo tempo e certa energia à disposição. Usarem-se estas duas coisas para o acúmulo ou a administração de bens materiais simplesmente elimina as coisas espirituais. Não somente se gastam tempo e energia com tais coisas materiais, mas a mente, durante este tempo, está sendo ocupada sem proveito. A espiritualidade é edificada apenas quando a mente se ocupa com assuntos espirituais. Ter menos dos bens deste mundo, tendo ao mesmo tempo o necessário, pode ser uma bênção em muitos sentidos. (Pro. 30:8) Permite usualmente que mais de nosso tempo, de nossas energias e de nossos pensamentos sejam ocupados com os interesses do Reino.
20, 21. O que indica e o que não indica o fato de se ter sugerido maior flexibilidade nos arranjos de serviço?
20 Mas, não recomendou a Sociedade, em anos recentes, maior flexibilidade em nossa tabela de serviço congregacional e em outros assuntos de serviço, dizendo que as congregações não precisam fixar regras ou arranjos rígidos para os publicadores, mas que os irmãos, em vez disso, podem empenhar-se no serviço quando pessoalmente decidem ser melhor para eles? Não se esclareceu, por exemplo, que está certo fazer revisitas e dirigir estudos bíblicos domiciliares nas manhãs de domingo, em vez de se aderir firmemente a um horário de trabalho de casa em casa como primeira coisa domingo de manhã? Não indica tudo isso que não precisamos forçar-nos a nos empenhar no serviço quando não sentimos vontade para isso, e que a obra de pregação e de ensino será feita de qualquer maneira, e que não precisamos esforçar-nos vigorosamente?
21 Quando se verifica isso cuidadosamente, vê-se que aquilo que se sugeriu não foi afrouxar as mãos, mas, antes, que as coisas podem ser arranjadas de tal modo, que sejam mais convenientes para o publicador individual, para que possa realmente fazer mais, se pessoalmente quiser fazer isso. Permite maior iniciativa no serviço de Jeová, e Paulo diz: “Pois sabeis que é de Jeová que recebereis a devida recompensa da herança.” (Col. 3:23, 24) Muitos servos de Deus, compreendendo o espírito das sugestões, aumentaram grandemente tanto o tempo que gastam no serviço de campo, como também a sua eficiência. Vemos assim que a necessidade de nos esforçarmos como cristãos dedicados num proceder de abnegação ainda está presente; de fato, a necessidade é realmente maior.
22. A que conclusão chegamos com respeito à abnegação?
22 O proceder de abnegação não é fácil. Exige trabalho árduo e vigilância. Mas, reconhecendo quem é que nos convida a tal proceder e também as recompensas que nos aguardam, concordamos que realmente é proveitoso nos empenharmos nele. Terem o conceito correto sobre isso e reconhecerem a necessidade disso aumentará as bênçãos daqueles que evitam hoje a vereda do comodismo.
[Foto na página 45]
A infância é o melhor tempo para se começar o proceder de abnegação. As crianças devem ter tarefas proveitosas para fazer no lar.