Encare os obstáculos como desafio
HÁ UM velho ditado que diz: “Quem mal escreve culpa a pena.” E há muita verdade neste ditado. O que faz o homem mais provavelmente quando deixa de cumprir o que ele mesmo ou outros esperam dele? Não salienta ele os obstáculos que o impediram, culpando assim como que a pena?
É verdade que os obstáculos podem ter algo que ver com o seu fracasso, mas foram eles os únicos fatores, ou teve sua atitude mental algo que ver com isso? Desistiu ele muito depressa? Ficou logo desanimado? Deixou de se esforçar o bastante? Faltou-lhe expediente? É possível. É possível.
Quão grandes podem ser estes obstáculos e ainda ser vencidos? Como ilustração, lá em 1969, a companhia da Ópera Metropolitana de Nova Iorque abriu com a representação de “Aída”. Foi descrita como “grandiosa” e como espetáculo que “mostrou o que é profissionalismo”. Mas o que havia de notável neste acontecimento? O regente. Dois dias antes da representação, ele havia escorregado no gelo e quebrado o braço direito. Enfrentou o desafio por reger a ópera inteira apenas com o braço esquerdo, tendo o direito engessado. Venceu o obstáculo? Certamente que sim!
Não há dúvida de que a cegueira é um obstáculo sério; no entanto, alguns cegos vencem até mesmo este impedimento. Se certo estudante de direito, que nasceu cego, tivesse desistido ou terminado como último de sua classe, teria sido possível achar desculpas para ele. Mas ele não o fez. Dentre 970 estudantes formandos, foi o primeiro de sua classe.
E que dizer do fazendeiro na Carolina do Norte, cuja vista é tão ruim que quase não pode distinguir o dia da noite? Ele cuida de sua lavoura depois da meia-noite, porque então é sossegado. Ele tem uma fazenda de mais de cem hectares e diz que “o som e as pontas dos meus dedos são os meus olhos. . . . Meu único problema é que as pessoas que às vezes me ajudam tentam tomar conta, quando eu sei que posso fazê-lo melhor”. Ele pode levar quarenta e cinco cabeças de gado de um pasto para outro, pode alimentá-las e dar-lhes injeções, e pode até mesmo castrar touros. “Posso embarcar o gado mais depressa e com mais facilidade porque me conhece”, observou ele.
Entre outros obstáculos que as pessoas têm de enfrentar estão a falta de instrução formal, a pobreza e o preconceito racial. Embora alguns tivessem ficado desanimados por causa destes obstáculos, outros os encararam como desafios, que enfrentaram e venceram com bom êxito.
Ora, talvez nunca se tenha confrontado com tais obstáculos, com tais desafios, mas, nas atuais condições do mundo, forçosamente se confrontará com outras dificuldades. Por exemplo, outro obstáculo a que faça o melhor que pode talvez seja um mal-entendido ou um choque de personalidades. Este pode acontecer entre os membros duma família, entre o patrão e o empregado ou entre concristãos. O que deverá fazer em tal situação? Ficar amuado, lastimar-se ou ter ressentimento, e assim deixar de fazer o melhor que puder? Por que não encara isso como desafio? Esteja atento à ocasião propícia para levantar a questão e chegar a um entendimento com a outra pessoa. Se não puder resolver a situação, aprenda a não fazer caso dela. Crie como que pele dura.
Ou sofre porque outros não mostram apreço pelo que faz? Talvez seu cônjuge, seus pais ou seus filhos não expressem apreço do que faz. Embora as expressões de apreço sejam um verdadeiro estímulo, um incentivo para fazermos o melhor, ainda assim podemos fazer o melhor possível sem elas. Muitos dos profetas da antiguidade, tais como Jeremias e Ezequiel, receberam poucas ou nenhumas expressões de elogio dos seus contemporâneos, e ainda assim foram servos notáveis de Deus. Vemos nas cartas do apóstolo Paulo que ele às vezes sofria por causa da falta de apreço por parte de alguns, mas quão bom foi o exemplo que deu em zelo no ministério cristão! (2 Cor. 10:10-12; 11:5, 6) Mantenha seu amor-próprio e seu orgulho no seu trabalho. Também, continue a lembrar-se de que, assim como se deu com os servos fiéis de Deus no passado, também em nossos dias ele vê e aprecia seus esforços.
Especialmente adotar-se o verdadeiro cristianismo é uma questão de enfrentar o desafio de obstáculos. Na África há obstáculos tais como a poligamia, a intensa lealdade tribal e a adoração de fetiches. Embora o abandono destas práticas possa parecer como um obstáculo intransponível para muitos Africanos, ainda assim, literalmente centenas de milhares, naquele continente, encararam estas coisas simplesmente como desafios e venceram-nas para se tornarem testemunhas cristãs de Jeová. E quão gratos são que fizeram isso!
Em outras terras, o desafio a ser enfrentado pelos que querem tornar-se discípulos de Jesus Cristo inclui o alcoolismo, o vício dos entorpecentes a jogatina e diversas formas de imoralidade sexual. Ali, também, muitos milhares venceram estes obstáculos para se tornar testemunhas cristãs de Jeová Deus. — 1 Cor. 6:9-11.
Quando se adota o verdadeiro cristianismo, continua-se a enfrentar obstáculos que precisam ser encarados como desafios. Um deles é a oposição e a indiferença encontradas no ministério cristão. Tal oposição torna o ministério mais difícil, mas constitui algum motivo válido para se afrouxar a atividade ou para se desistir? Não, em vista dos muitos exemplos bons, na Bíblia, dos que perseveraram em servir a Deus apesar de tais obstáculos! — Heb. 12:2, 3.
O cristão talvez esteja ‘resolvido no coração’ a empenhar-se no ministério de campo na manhã seguinte ou a assistir a uma reunião da congregação naquela noite. Mas, de repente o tempo piora ou ele sofre uma ligeira indisposição física, coisas que ambas parecem ser desculpas plausíveis para não se cumprir a resolução. Mas seguir a lei do menor esforço significa perder uma bênção. De fato, ao se vencer um obstáculo inesperado, pode-se ter a certeza de bênçãos adicionais, mesmo que seja apenas pelo motivo de que o maior esforço feito resulta em maior satisfação.
Deveras, obstáculos não são coisas a ser evitadas, mas desafios a ser enfrentados e vencidos!
[Capa na página 161]
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