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  • Vida no meio do tumulto na Irlanda
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1975
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  • FORMAÇÃO PROTESTANTE
  • MUDANÇA PARA A NEUTRALIDADE CRISTÃ
  • MANTER A PERSPECTIVA CERTA
  • FREQÜENTAR AS REUNIÕES CONGREGACIONAIS
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1975
w75 1/5 pp. 261-266

Vida no meio do tumulto na Irlanda

NO INVERNO de 1968-1969, as dificuldades que persistentemente afligiram a Irlanda irromperam novamente em conflito aberto. Desde então, tem havido um terrível derramamento de sangue e maciça destruição de propriedades. Mais de mil pessoas morreram nos atentados de bombas, tiroteios e assassinatos. Milhares de outros ficaram mutilados, deformados e feridos. Por quê?

Basicamente, deve-se às divergências religioso-políticas — entre protestantes e católicos romanos. Dum lado há os protestantes associados com o regime britânico e doutro lado há os católicos romanos vinculados com a luta pela independência da Irlanda. Lamentavelmente, mesmo depois de todas as lições da história, muitos acham que a violência é o meio de resolver as divergências.

FORMAÇÃO PROTESTANTE

Nasci em Belfast, na Irlanda do Norte, em 1917. Uma das grandes influências na minha vida foi a Ordem de Orange, uma sociedade devotada à causa do protestantismo. Ela tirou seu nome da famosa vitória do Rei Guilherme de Orange sobre o Rei Jaime II da Inglaterra, na batalha de Boyne, em 1690.

O destaque de cada ano para os orangistas é o grande desfile 12 de julho, para comemorar esta vitória. As paixões são estimuladas pela multidão de bandas de flautas e tambores, que dão colorido e emoção ao cortejo. Lembro-me bem de andar ao lado de meu pai, que era o tambor-mor numa das bandas. É uma verdadeira demonstração da força e ascendência protestante no norte da Irlanda, e, naturalmente, serve para aumentar as amarguras entre as comunidades.

MUDANÇA PARA A NEUTRALIDADE CRISTÃ

O ponto de virada na minha atitude veio em meados da década de 1950. Minha mãe, antes uma firme protestante, por muitos anos havia estado vagamente associada com as testemunhas de Jeová. No entanto, nenhum de nós jovens, imbuídos do espírito de nacionalismo e de superioridade protestante, prestávamos muita atenção ao que ela nos contava.

Tornei-me membro regular da Igreja da Irlanda, a maior igreja protestante no país. No entanto, as testemunhas eram muito persistentes, embora bondosas. Com o tempo, iniciaram um estudo bíblico com a minha esposa. Pouco depois, meu interesse ficou estimulado ao ponto de eu começar a assistir às reuniões delas. Por causa da boa instrução recebida, adquiri prontamente conhecimento da Bíblia e tanto minha esposa como eu fomos batizados pelas testemunhas de Jeová em 1956. Daí, em vez de minha atitude intolerante e odiosa, que havia assinalado meus anos anteriores, a verdade da Bíblia desenvolveu em mim um apreço das verdadeiras qualidades cristãs. — Gál. 5:22, 23.

As testemunhas de Jeová são estritamente neutras no que se refere às lutas facciosas que se desenvolvem em volta delas; negam-se a participar nos conflitos religioso-políticos que se travam. Portanto, desapareceram os dias em que, por exemplo, ameaçava enterrar meu martelo na cabeça dum colega de trabalho, católico romano, se abrisse novamente a boca para falar sobre o assunto da religião.

Mas, talvez pergunte como se pode permanecer neutro e lidar com as pressões que inevitavelmente se exercem sobre a pessoa? Como pode alguém manter a neutralidade cristã em face das fanáticas controvérsias religioso-políticas? Como afeta sua vida e a de sua família?

Examinando algumas das coisas que aconteceram à minha família e aos meus amigos responderá a estas perguntas.

MANTER A PERSPECTIVA CERTA

Trabalho num dos principais hospitais de Belfast, onde presencio de primeira mão as lamentáveis vítimas dos horríveis atentados com bombas. Tais tragédias ocorrem quase que diariamente, em especial nas cidades de Belfast e Londonderry.

Ver pessoas sem pernas e braços, ou de outro modo mutiladas, ser regularmente levadas ao hospital, pode ser uma experiência chocante. Muitas vezes produz terrível amargura nas pessoas, e é apenas por manter a mente firmemente fixa na promessa de Deus, duma nova ordem justa, que se pode manter a perspectiva certa. — 2 Ped. 3:13.

A ameaça à vida e à propriedade está sempre presente. Por exemplo, um de meus companheiros cristãos era zelador dum grande bloco de escritórios que se tornara alvo dos bombardeadores terroristas. Ele e sua família mal conseguiram sair do prédio antes de explodir uma bomba de quase cem quilos, destruindo o prédio e todos os seus bens.

Mas, não se pode permitir que tais coisas perturbem a pessoa. Depois de uma bala ter destroçado a janela de seu quarto de dormir, uma amiga na nossa congregação cristã disse a respeito de sua reação: “Eu ponho minha cama em outro quarto. Não vou perder o sono hoje à noite!” Em certa ocasião, meu irmão encontrou-se no meio dum tiroteio entre as forças de segurança e os terroristas. Em outra ocasião, roubaram-lhe o carro.

Certo dia, uma bomba de quase vinte e cinco quilos estourou no prédio logo defronte de nosso lar, a não mais de oito metros de distância. Causou grandes danos a muitos lares na vizinhança.

Naquela ocasião, nós nos estávamos preparando para ir a uma de nossas assembléias cristãs. Mas não permitimos que este incidente interferisse nisso. Depois de fazer consertos temporários, fomos à assembléia, deixando nossas dificuldades para trás. A folga e a esperança que nosso Criador, Jeová Deus, provê nos ajudam a suportar estas tempestades.

FREQÜENTAR AS REUNIÕES CONGREGACIONAIS

Parte de nossa adoração é freqüentar regularmente as reuniões cristãs. Mas a simples ida a elas pode ser uma experiência de abalar os nervos. Há o sempre presente perigo das bombas em carros. Os veículos são enchidos de explosivos e depois estacionados, prontos para explodir, num lugar escolhido para causar devastação. Certa vez, um carro explodiu sem aviso prévio a menos de quinze metros de nosso carro. É terrível ver o clarão da explosão duma bomba, com as pessoas sendo lançadas ao chão no meio dos destroços lançados ao redor!

Às vezes fazemos longos desvios em volta de áreas de perigo e locais conhecidos de dificuldades. Temos de estar preparados para longas demoras, enquanto o tráfego é desviado dum veículo suspeito. Também, as forças de segurança às vezes inspecionam os veículos cabalmente, à procura de explosivos. Temos de contar com tais coisas e sair bastante cedo para as reuniões, para termos a certeza de chegar lá na hora.

Os viajantes amiúde mostram sabedoria por se trancarem dentro de seus carros, para impedir que as portas sejam abertas por pretensos seqüestradores. Uma família, em caminho para uma reunião congregacional, teve de parar numa fila de carros, num semáforo. Ficaram horrorizados de ver terroristas correr velozmente dum carro para o outro, tentando apossar-se de veículos: Uma das fechaduras no seu carro estava quebrada! Felizmente, quando os terroristas se aproximaram, o sinal mudou e eles seguiram adiante. Nem se precisa mencionar que consertaram logo aquela fechadura.

Tais condições causaram muitas inconveniências, mas todas as nossas reuniões congregacionais, na região de Belfast, têm continuado como de costume. Ninguém sofreu dano ao assistir a elas.

VIGILANTES

Um desenvolvimento que nos causou consideráveis dificuldades em manter a neutralidade foi o surgimento dos movimentos de vigilantes, especialmente em Belfast e em Londonderry. Estes grupos são formados onde comunidades católicas romanas e protestantes confinam de perto. São os pontos de ignição de possíveis dificuldades. Os habitantes de tais áreas organizam-se em proteção contra incursões de extremistas resolvidos a assassinar e a destruir propriedades.

Muitas vezes, vizinhos bem intencionados exercem grande pressão sobre as testemunhas de Jeová para participarem na proteção da área. Por exemplo, um de meus irmãos cristãos se havia mudado recentemente para uma rua em que os vizinhos decidiram organizar-se em grupo de vigilantes. Todos os moradores foram convocados para uma reunião especial. É desnecessário dizer que a família das Testemunhas, única na rua que não participou na reunião, sentiu-se um pouco apreensiva. Várias famílias católicas romanas naquela rua já tiveram de mudar-se quando seus lares foram apedrejados.

Depois de encerrada a reunião especial, alguém bateu na porta da frente. Duas senhoras estavam coletando alimentos e outros suprimentos para os vigilantes. A família explicou sua posição de neutralidade, como testemunhas de Jeová, e as mulheres foram embora, sem causar dificuldades. — João 17:15, 16.

No entanto, o fervor dos vigilantes se espalhou e os pedidos de ajuda material se multiplicaram. Pediu-se dinheiro para roupa quente, para os que montavam guarda durante as noites frias de inverno. Também se fez a coleta de dinheiro para um fundo, a fim de retirar mulheres e crianças daquela área, caso as dificuldades aumentassem. Cada vez que se fizeram tais pedidos, explicou-se a atitude cristã das testemunhas de Jeová.

Ao passo que aumentavam as tensões e a destruição de lares e de outras propriedades não conhecia mais limites, também aumentava a pressão para se enquadrar. É preciso ver a enorme devastação que se causou em grandes partes de Belfast para se apreciar plenamente quão crítica é a situação e o desespero da população, para se proteger. A Testemunha nesta rua explica:

“Os vigilantes ficaram cada vez mais impacientes com a nossa atitude de neutralidade. Explicaram que cada um desempenhava um papel na proteção naquela área, enquanto eu dormia a sono solto na minha cama quente, abrigado sob a proteção deles.

“Fui informado que tudo o que eu tinha de fazer era andar em volta do quarteirão algumas horas por noite e relatar tudo o que fosse suspeito. Tentaram fazer parecer que eu não era cristão, visto que o ministro local fazia a sua parte. Embora os sentimentos contra a minha atitude se acalorassem muito, expliquei novamente por que minha consciência não me permitia participar em tal atividade.

“Quando eu mencionei os princípios bíblicos envolvidos, começaram a sair um por um. No entanto, advertiram que, se a minha casa ficasse incendiada em resultado da atividade terrorista, não me ajudariam.

“Pude explicar ao único vigilante remanescente que os primitivos cristãos não participaram no conflito no tempo da destruição de Jerusalém, no primeiro século. Não lutaram nem pelos exércitos imperiais de Roma, nem pelas forças judaicas nacionalistas, mas ficaram inteiramente neutros, embora lhes trouxesse a condenação de seus vizinhos. Salientei que não era o caso de os cristãos do primeiro século não se importarem com os seus conterrâneos — Jesus chorou diante da perspectiva do que ia acontecer a Jerusalém — mas de darem sua lealdade ao reino de Deus e se negarem a se envolver nas lutas políticas do mundo.

“Depois duma palestra sobre estes e outros pontos, o único remanescente disse que agora entendia nossa atitude. Nunca mais fomos perturbados.” — João 18:36.

Isto salienta a forte pressão a que se precisa resistir se o verdadeiro cristão quiser evitar que este sistema o comprima no seu molde.

BARRICADAS

De tempos em tempos, as pessoas locais fazem justiça por conta própria e fecham a área onde moram. Erigem-se barricadas para proteção e nega-se passagem aos considerados indesejáveis.

Em certa ocasião, houve muitos tiroteios e mortes na área onde mora meu genro com sua família. Prevaleciam os sentimentos de ódio, e aumentavam a ira e a fúria virulenta. Erigiram-se barricadas.

Uma destas barricadas bloqueava completamente a entrada lateral da casa de meu genro. Deslocando-a por alguns metros lhe teria poupado muitas inconveniências. Por isso ele decidiu tentar fazer com que os construtores da barricada a deslocassem. No entanto, eles não estavam dispostos a conversar razoavelmente. Um deles salientou irado que meu genro não tinha direito de se queixar, visto que não participava na defesa da área.

Em face de sua hostilidade, ele decidiu que não valia a pena discutir. Agüentou a inconveniência.

PALESTRAS FAMILIARES

Uma coisa que ajudou nossa família a manter a correta conduta cristã e evitar dificuldades desnecessárias são as palestras familiares, regulares. Falamos sobre qual a ação que devemos tomar corretamente para enfrentar diversas circunstâncias surgidas durante as atuais condições turbulentas. Ter bem em mente qual seria o proceder sábio e biblicamente aprovado certamente tem sido de ajuda.

A repetição destes assuntos é vital, visto que fazer a coisa certa pode salvar a vida. Por exemplo, algumas das coisas que recapitulamos de vez em quando incluem: Não deixar de se afastar imediatamente de qualquer ponto de dificuldade quando explode a violência e não esperar para ver o que está acontecendo. Também, durante as dificuldades, ficar portas adentro e longe das janelas. Balas que ricocheteiam e estilhaços de vidro não respeitam pessoas!

PREGAÇÃO DE CASA EM CASA

O que tem também grande destaque nas nossas palestras é a melhor maneira de realizarmos nossa atividade de visitas de casa em casa para ajudar as pessoas a obter um conhecimento exato dos propósitos de Deus. Precisa-se de muito tino e discrição para fazer a pregação no meio do tumulto atual.

As pessoas, naturalmente, suspeitam muito e temem os estranhos. Houve muitas ocasiões em que uma batida à porta, em Belfast, pressagiou um bando assassino. Pessoas foram fuziladas na sua própria porta!

É preciso considerar que em certas áreas de Belfast nem mesmo as forças de segurança têm acesso livre e seguro. Em alguns casos, agentes secretos fingiram ser pessoas que vão de casa em casa; por isso, suspeita-se de todos os que não são bem conhecidos na vizinhança.

Em alguns casos, as testemunhas de Jeová foram obrigadas pelas ameaças de extremistas a abandonar certas áreas, inclusive bairros católicos romanos e protestantes. Não paramos para discutir, mas saímos depressa, em vez de esperar que irrompa violência. Às vezes, evitamos certas localidades inteiramente, mas depois começamos novamente a visitar as pessoas nestes bairros. No entanto, temos de usar de grande cautela ao fazer isso.

É importante que usemos de sabedoria prática. Assim, quando as dificuldades estão no auge, reduzimos drasticamente grande parte de nossa atividade pregadora à noitinha. Achamos também conveniente levar conosco algum meio de identificação positiva. Isto não só é útil quando as forças de segurança fazem uma verificação, mas também ajuda a acalmar os temores de alguns moradores.

Muitos aqui têm dificuldade em reconhecer que alguém pode ser cristão, crente na Bíblia, sem ser católico romano ou protestante. No entanto, cada vez mais pessoas começam a reconhecer que as testemunhas de Jeová são diferentes, que são neutras e realmente estão separadas de tudo o que é político, católico romano ou protestante.

EFEITOS DA VERDADE BÍBLICA

Gosto especialmente de trabalhar na pregação pública entre meus vizinhos católicos romanos. Atualmente, tenho uma regular palestra bíblica, domiciliar, com um jovem casal católico romano, que aprecia as maravilhosas verdades da Bíblia e sua promessa de genuína paz e segurança. Depois de um ano de associação feliz, é emocionante ver como a verdade bíblica pode vencer barreiras que separaram as pessoas por séculos e causam tanto tumulto.

Agora aguardo a nossa próxima assembléia cristã, quando o primeiro membro desta família anteriormente católica planeja simbolizar pelo batismo em água sua dedicação a fazer a vontade de Jeová. Um dos meus companheiros observou quão grandioso é ver a amizade íntima que temos entre nós, um antes fervoroso católico romano e o outro antes protestante intolerante.

Embora as piores dificuldades periodicamente diminuam, o tumulto ainda existe. A situação aqui é muito tensa, fervendo como um vulcão, e pode produzir grande tensão mental e emocional. Agradeço a Deus que, embora minha família e eu vivamos no meio do tumulto aqui na Irlanda do Norte, não fazemos parte dele. — Contribuído.

[Destaque na página 262]

‘Com a devida instrução da Bíblia, a atitude intolerante dos meus primeiros anos cedeu ao apreço das verdadeiras qualidades cristãs.’

[Destaque na página 263]

‘Muitas vezes, vizinhos bem intencionados exercem grande pressão sobre as testemunhas de Jeová para apoiarem os vigilantes.’

[Destaque na página 264]

‘A lealdade dos primitivos cristãos era para com o reino de Deus, e eles se negaram a se envolver nas lutas políticas do mundo.’

[Destaque na página 265]

‘As pessoas começam a reconhecer que as testemunhas de Jeová são diferentes, que estamos realmente separados de tudo o que é político, católico romano ou protestante.’

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