Perguntas dos Leitores
◼ O parto é um processo natural. Portanto, seria errado uma cristã exercer a profissão de parteira, apesar de não satisfazer os requisitos estatais de licença ou certificado?
É verdade que o parto é um processo natural, uma maravilha que se deve ao nosso Dador da Vida, Jeová. (Gênesis 1:27, 28; 49:25) E desde os tempos antigos, parteiras experientes assistiram muitos partos. (Êxodo 1:15-20) A OMS (Organização Mundial de Saúde) informa que as tradicionais assistentes de parto, ou parteiras, ajudam em 60 a 80 por cento dos partos nos países do Terceiro Mundo. Mesmo em alguns países desenvolvidos, há crescente aceitação de partos rotineiros feitos em maternidades ou em casa, sob os cuidados diretos de assistentes de parto treinadas.
A história bíblica indica, porém, que durante o parto podem ocorrer complicações, causando até mesmo a morte da mãe, da criança, ou de ambas. (Gênesis 3:16; 35:16-19) A OMS relata que “umas 500.000 mulheres morrem anualmente em decorrência de complicações de parto”. Assim, muitas autoridades sanitárias têm incentivado os partos em hospital ou onde haja a presença dum médico. Têm oferecido também programas de treinamento para parteiras, concedendo então certificados ou licenças para as habilitadas.
Naturalmente, há preferências, afirmações e métodos conflitantes: Deve-se dar preferência ao parto em casa, nos casos em que não se prevê nenhuma complicação; qual é a posição de parto mais fácil para a mãe; sair-se-á melhor o bebê se nascer num ambiente suave, até mesmo sob a água; deve-se usar normalmente a anestesia; quando se deve cortar o cordão umbilical?
A congregação cristã não adota nenhuma posição oficial em tais assuntos, pois são pessoais. Tampouco insta as mulheres a buscar os serviços dum obstetra em vez dos duma parteira, ou vice-versa. Isso também cabe à pessoa decidir. Mas, o marido e a esposa devem estar interessados no que acreditam ser melhor para a mãe e a criança.
Os programas de concessão de licença para pessoas assistirem partos destinam-se a cuidar de que a mãe e a criança tenham à disposição serviços competentes. A lei do país talvez até mesmo prescreva que apenas pessoas que possuem licença ou certificado podem exercer a prática de assistentes de parto. Quem desrespeita leis conhecidas nesse sentido poderia correr o perigo de ser processado como transgressor e poderia incorrer na culpa de sangue, caso o descuido ou a incompetência resultasse em morte. — Romanos 13:1-4.
No que diz respeito a buscar ou prover cuidados de saúde, quer seja sobre parto, quer sob outras formas de tratamento, os cristãos devem ter em mente a declaração de Jesus: “Pagai de volta a César as coisas de César, mas a Deus as coisas de Deus.” — Mateus 22:21.
◼ Deve-se chamar de “capítulos” as divisões do livro bíblico de Salmos?
A Bíblia é costumeiramente dividida em 66 livros, sendo Salmos um deles. Capítulo é uma divisão principal de qualquer livro, dum livro de história, de romance ou até mesmo dum livro da Bíblia. Por isso dizemos comumente Gênesis, capítulo 1, capítulo 2, e assim por diante. Deste ponto de vista, as 150 principais divisões costumeiras, do livro de Salmos também poderiam ser chamadas de capítulos.
Entretanto, o título português “Salmos” deriva-se da Septuaginta grega, que chama o livro de Psalmoi. Este título grego refere-se a cânticos entoados com acompanhamento musical. Evidentemente, os diversos escritos poéticos que compõem o nosso livro de Salmos eram originalmente cantados, talvez ao acompanhamento de harpa. De fato, o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, Caldas Aulete, define “salmo” como “cântico sagrado. [Diz-se particularmente dos que compõem o livro da Bíblia chamado dos Salmos.]”
Portanto, embora não seja errado ou impróprio dizer, por exemplo, “Salmos, capítulo 100”, é mais correto e descritivo dizer “Salmo 100”, ou “o 100.º salmo”. De fato, essa é a maneira usada pelo discípulo Lucas ao escrever Atos, pois ele menciona uma citação, dizendo: “escrito no segundo salmo”. — Atos 13:33.