BIBLIOTECA ON-LINE da Torre de Vigia
BIBLIOTECA ON-LINE
da Torre de Vigia
Português (Brasil)
  • BÍBLIA
  • PUBLICAÇÕES
  • REUNIÕES
  • w84 1/10 pp. 21-25
  • Eu era sacerdote católico — por que deixei de sê-lo?

Nenhum vídeo disponível para o trecho selecionado.

Desculpe, ocorreu um erro ao carregar o vídeo.

  • Eu era sacerdote católico — por que deixei de sê-lo?
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1984
  • Subtítulos
  • Matéria relacionada
  • O REGIME DO SEMINÁRIO
  • MEDO DO INFERNO OU AMOR A DEUS?
  • TORNEI-ME SACERDOTE
  • AFLIGIDO POR DÚVIDAS
  • ENCONTREI A VERDADE
  • “PESSOAS QUE REALMENTE AMAM A DEUS!”
  • DEVERIA RENUNCIAR AO SACERDÓCIO?
  • NÃO VOLTEI ATRÁS
  • Momento decisivo numa carreira sacerdotal
    Despertai! — 1971
  • Do seminário católico para as Testemunhas de Jeová
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1964
  • O que aconteceu ao inferno de fogo?
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 2002
  • Por que um padre deixou a Igreja
    Despertai! — 2015
Veja mais
A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1984
w84 1/10 pp. 21-25

Eu era sacerdote católico — por que deixei de sê-lo?

Conforme narrado por Ferdinando Piacentini.

“A vida é curta, e nos aguarda a morte, sendo apenas sua hora incerta.

O que será de nós então, se perdermos nossa única alma? . . .

Esta vida findará em breve, mas a eternidade é infindável.”

ESTE hino simples que o pároco nos ensinou incitou em mim, desde os 13 anos, uma atração pela religiosidade e pela vida eterna. Portanto, foi assim, incentivado pela amizade de dois colegas de igual inclinação, que resolvi tornar-me sacerdote.

Nasci em 8 de janeiro de 1925, em Casala, um vilarejo nas montanhas, próximo à cidade de Montefiorino, na província de Módena, Itália. Eu era o quinto dos oito filhos homens de nossa família de classe média. Meu pai, um empreiteiro, opôs-se à idéia de me tornar sacerdote. Mas, uma de minhas irmãs, que era membro zelosa da Ação Católica e posteriormente tornou-se (e ainda é) freira, incentivou-me a seguir a carreira do sacerdócio.

O REGIME DO SEMINÁRIO

Em outubro de 1938, ingressei no seminário menor em Fiumalbo, cidade situada no alto dos Apeninos, próximo a Módena. Mais tarde cursei o semanário metropolitano superior em Módena. Como era a vida no seminário, é sua pergunta?

É orientada pelo sino, que o bom seminarista obedece. Quando o sino tocava às 6,30 da manhã, o prefeito (teólogo que supervisionava o dormitório) ligava as luzes. A regra era nos vestirmos de manhã e nos despirmos à noite sob os cobertores.

Tendo arrumado nossa cama, novamente ao soar do sino íamos à capela para a reza matutina. Consistia em algumas expressões lidas e recitadas em coro numa cadência especial. Seguia-se a isto meia hora de meditação, depois a Missa e o café da manhã. Após isso vinham o estudo, as lições, a recreação e uma caminhada.

Antes do jantar, havia a leitura espiritual dum livro sobre ascetismo. Isto era seguido pelo rosário e por um canto a Nossa Senhora. Após o jantar e um breve intervalo, voltávamos para a capela para a reza e o exame de consciência. Por fim, íamos dormir.

Os seminaristas tinham de se dirigir uns aos outros com o tratamento formal da terceira pessoa, nunca diretamente por nome. Éramos proibidos de falar com qualquer seminarista de outro dormitório. Outra regra proibia estritamente tocar em outro seminarista. Por exemplo, não podíamos apertar as mãos, ou colocar a mão no ombro de outra pessoa. Quando em casa, durante as férias, não devíamos sair com quaisquer moças, nem mesmo com nossas irmãs carnais.

MEDO DO INFERNO OU AMOR A DEUS?

Durante os primeiros anos no seminário, eu estava obsedado pelo desejo de purificar-me dos pecados cometidos durante minha infância. Portanto, confessava-me com freqüência. Mas, devo dizer que estava mais influenciado pelo medo do inferno do que pelo amor a Deus. Este medo era constantemente fomentado em minha mente pela meditação diária exigida do livro Apparecchio alla morte (Preparação para a Morte), de S. Alfonso de Liguori. Trechos desse livro ecoavam repetidas vezes em minha mente, especialmente as palavras da Consideração XXVI:

“O inferno foi expressamente criado por Deus para atormentar a alma condenada. . . . Ela será imersa em fogo assim como o peixe na água, contudo o fogo não somente a engolfará, mas também penetrará em suas entranhas para atormentá-la. Seu próprio corpo se tornará uma chama, de modo que suas entranhas arderão dentro de seu ventre, seu coração dentro de seu tórax, seu cérebro dentro de sua cabeça, seu sangue em suas veias e até mesmo o tutano em seus ossos; toda alma condenada se tornará ela própria uma fornalha de fogo.”

Pode entender por que os pensamentos a respeito do tormento eterno do inferno me torturavam dia e noite? Procure colocar-se no lugar dum adolescente impressionável que fora constantemente assustado com o conceito dum Deus que se parece mais a um tirano do que a um pai amoroso. Eu estava confuso. Ora, havia ocasiões em que duvidava da própria existência de Deus! Quando confidenciava aos meus superiores, eles diziam: “Meu filho, esses são testes que Deus envia para provar aqueles a quem ele ama. Mesmo os grandes santos tiveram suas dúvidas.”

TORNEI-ME SACERDOTE

Os anos se passaram lentamente, e aproximava-se a época em que teria de tomar a decisão final quanto a meu futuro. Comecei a pensar cada vez mais em deixar o seminário. Decidi conversar sobre isso com o reitor.

“Se você não seguir em frente com sua vocação”, retrucou ele rapidamente, “perderá a chamada divina, assim como o jovem rico, e correrá o sério perigo de ir para sempre para o inferno!” Nem é preciso dizer que suas palavras sobre o inferno realmente me assustaram!

Após muita angústia mental, chegou o dia em que tive de manifestar minha decisão. Naquele mesmo dia um de meus companheiros, que estava prestes a tornar-se diácono, desmaiou em frente ao altar e teve de ser levado para fora. Talvez estivesse tão perturbado quanto eu. Ele deixou o seminário, e, embora de certa forma eu o invejasse, permaneci. Resolvi seguir minha vocação.

O desejo de me tornar um bom sacerdote motivava-me. Queria fazer o bem por ajudar outros a adorar a Deus. Portanto, em 3 de setembro de 1950, aos 25 anos, fui ordenado em Módena pelo arcebispo de Módena, Mons. Cesare Boccoleri. Nos próximos sete anos servi como capelão, o assistente do pároco.

Em 1957, fui designado pároco em Casine de Sestola, um vilarejo no norte dos Apeninos italianos. Fui pároco ali durante os próximos 17 anos. Creio que as pessoas me consideravam um bom sacerdote. De minha parte, porém, não estava satisfeito. Talvez pareça absurdo, mas o caso era que eu não tinha base para minha fé. É verdade que durante os 12 anos de seminário tive de estudar a Bíblia. Mas isso era considerado de importância secundária em comparação com outras matérias, tais como Ética, Teologia Dogmática e Lei Canônica.

AFLIGIDO POR DÚVIDAS

Com o tempo, passei a ler e ouvir a respeito de inovações produzidas pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). Minha confusão aumentou ainda mais. Havia agora idéias contrastantes quanto a que era o inferno. Alguns sustentavam agora que Deus não mandaria ninguém para o inferno, ao passo que os tradicionalistas intransigentes sustentavam que seria culpa do clero se o crime aumentasse, pois sem a crença num inferno as pessoas não mais seriam tementes a Deus como antes. Minhas dúvidas aumentaram ainda mais.

No início de 1973, assinei para diversas revistas religiosas, inclusive algumas que criticavam a Igreja Católica Romana e seus ensinos. Então, certas incoerências ficaram ainda mais evidentes para mim. Por exemplo, num certo período era proibido comer carne na sexta-feira. Quando este ensino religioso foi alterado, pensei: ‘De acordo com esse ensino, os que comiam carne na sexta-feira cometiam um pecado mortal. Por um pecado mortal, a pessoa pode ser punida com o inferno — uma punição irreversível. Mas, se houver no inferno alguns que não se arrependeram de ter comido carne na sexta-feira, o que deverão estar pensando agora?’

Recordo-me do pronunciamento oficial do papa por ocasião de certa Páscoa. Com referência aos que deixavam o sacerdócio, ele disse: “Casos individuais talvez sejam diferentes, mas, como um todo, os que deixam o sacerdócio lembram-nos de Judas e sua traição.” Fiquei muito ofendido — não, indignado! O que via ocorrer na igreja, junto com o que lia, estava minando minha fé em Deus. Daí, um encontro inesperado mudou completamente a minha vida.

ENCONTREI A VERDADE

Visitei um amigo que era sacerdote na paróquia de Roncoscaglia de Sestola, na província de Módena, uns 13 quilômetros de Casine, onde ficava minha paróquia. “Imagine só!”, disse meu amigo. “Há em nosso vilarejo uma família de Testemunhas de Jeová que é muitíssimo respeitada.”

Não cheguei a conhecer a família naquela ocasião, mas obtive algumas de suas publicações bíblicas, inclusive o livro A Verdade Que Conduz à Vida Eterna. Li-o imediatamente e fiquei impressionado com sua simplicidade. A consideração a respeito do inferno ajudou-me a entender que o inferno é simplesmente a sepultura comum da humanidade morta. Por fim, começava a tomar forma um conceito diferente sobre Deus — de amor, não de tormento! Mais de uma vez fiquei arrepiado diante da sensação que isso me dava de finalmente estar livre!

Minha sede da verdade da Bíblia aumentou. Ao receber o convite de iniciar palestras bíblicas com as Testemunhas, fiquei um tanto hesitante, e, sem me esquecer da posição religiosa que ocupava, disse a mim mesmo: ‘Você está iniciando realmente uma aventura!’

Nos sete meses que se seguiram, tive seis palestras bíblicas com as Testemunhas. Devido à distância, não era possível nos encontrarmos com mais freqüência. Giordano Morini, a Testemunha que estudava comigo, morava em Formigine, província de Módena, uns 71 quilômetros distante. Entretanto, nesse ínterim eu lia as publicações que ele me dava, juntamente com minha versão católica da Bíblia. Agora a Bíblia era fonte de idéias religiosas novas e lógicas que me tranqüilizavam intimamente.

Nesse período, li um artigo de A Sentinela que me impressionou muito. Intitulado “Organizados Para Louvar a Deus”, explicava que C. T. Russell, o primeiro presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), quando tinha seus vinte e poucos anos, ficara perturbado com a doutrina do inferno, assim como eu. Por estudar a Bíblia, ele também conseguiu entender que o inferno de fogo não existe. O que aconteceu com Russell aumentou meu desejo de continuar a adquirir conhecimento exato da Bíblia.

“PESSOAS QUE REALMENTE AMAM A DEUS!”

Quando pela primeira vez assisti a uma reunião no Salão do Reino das Testemunhas de Jeová em Sassuolo, estava muito apreensivo. Embora tivesse sido acolhido de forma bem calorosa, isso não superou meu embaraço. Para ser bem sincero, senti-me como um peixe fora d’água.

Mesmo assim, fiquei profundamente impressionado com muitas coisas que observei. Vi na tribuna pessoas que não passavam de trabalhadores comuns. À medida que falavam, pensei: ‘É assim que devem ter sido Pedro, Paulo e os demais apóstolos’. Quando vi crianças na tribuna, lembrei-me da zelosa necessidade que Jesus tinha de falar a respeito de seu Pai celestial quando tinha apenas 12 anos.

Fiquei também impressionado ao ver todas aquelas pessoas procurarem em suas Bíblias os textos citados. Numa ocasião posterior, disse a outros eclesiásticos: “Nos locais de reunião das Testemunhas de Jeová o sacerdote pode encontrar tudo o que sempre sonhou encontrar, isto é, pessoas que realmente amam a Deus!”

Mas, dificuldades, oposição e mal-entendidos haviam de surgir logo. Entende, eu não ocultava minhas pesquisas bíblicas. Em Casine, falava abertamente sobre isso em minha igreja e na escola local onde dava aulas de religião. Tornou-se impossível continuar a ensinar na escola, visto que o diretor e os professores interrompiam continuamente as aulas. Assim, em vez disso, eu convidava as crianças a ir à minha casa junto com os pais. Mas, isto suscitou ainda mais oposição!

DEVERIA RENUNCIAR AO SACERDÓCIO?

Logo me dei conta de que tinha uma decisão a tomar — deveria abandonar definitivamente a Igreja Católica? Nunca trabalhara fora e não tinha onde morar. Tinha também de combater amigos e parentes que queriam que eu fosse examinado por um psiquiatra, convencidos de que havia enlouquecido completamente! Seria eu capaz de vencer esses numerosos obstáculos? Passei esses dias difíceis orando constantemente, ao passo que contemplava uma das decisões mais importantes da minha vida. — Salmo 55:1-7, 16-18, 22.

Daí, recebi uma visita inesperada do representante do bispo e do conselheiro clerical da região. Alguém havia contado a eles o que eu contemplava. Por estranho que pareça, nunca antes tiveram tanta pressa em me visitar, embora eu muitas vezes tivesse ficado doente. Apesar do que tinham a dizer, informei-lhes de minha decisão. No dia seguinte, 19 de março de 1974, aos 49 anos, abandonei o sacerdócio.

NÃO VOLTEI ATRÁS

Não foi fácil achar trabalho e um lugar para morar. Houve momentos difíceis, mas não voltei atrás. Por exemplo, a primeira casa em que morei era bem precária; não tinha eletricidade e nem água encanada. Entretanto, com a ajuda amorosa das Testemunhas locais, finalmente encontrei uma casa mais confortável em Castelnuovo Rangone, província de Módena.

Por fim, encontrei serviço numa olaria. Isso foi um tanto difícil para alguém como eu, não acostumado a trabalho braçal árduo. Os novatos sempre recebiam o serviço mais difícil, e permaneci “novato” durante os próximos seis meses!

O Deus por quem me esforçara durante tanto tempo a conhecer deu-me forças para perseverar e progredir no conhecimento exato. Nove meses após deixar o sacerdócio, tomei a mais importante decisão da minha vida. Dediquei minha vida a Jeová Deus e simbolizei isso pelo batismo em água em 12 de janeiro de 1975.

Agora sou realmente feliz. Encontrei a verdade. Não mais sou perturbado por conceitos errôneos e por ensinos que vituperam a Deus! Não mais vou aos lares das pessoas para mendigar uvas, cereais, ovos e lenha! Não mais faço as rondas para abençoar casas e estábulos, recitando as palavras rituais de bênção, ao passo que as donas-de-casa rebuscavam diligentemente suas carteiras para dar-me uma oferta. Não, agora minhas visitas aos lares das famílias em que costumava ir como pároco são ocasiões felizes e dignas. Vou para partilhar a coisa mais preciosa que possuo — o conhecimento exato das boas novas do Reino de Deus!

Tive ainda a alegria de me casar com uma zelosa Testemunha cristã. Imagine que a cerimônia foi realizada na mesmíssima cidade em que eu fora capelão! Quando fui fazer o requerimento para o casamento, o funcionário responsável perguntou: “Deseja casar-se à noite?” Evidentemente, ele temia o embaraço causado pelo casamento do ex-capelão da cidade. (No entanto, realmente nos casamos de dia!) Atualmente, eu e minha esposa nos associamos com a Congregação Mazanello, na província de Módena, onde tenho o privilégio de servir qual ancião designado.

Na atividade de pregação, eu e minha esposa temos tido o prazer de estudar a Bíblia com diversas famílias às quais eu anteriormente ensinara catecismo. Até o momento, sete ex-paroquianos, ou parentes deles, já dedicaram a vida a Jeová!

Quando o presente é tão alegre e o futuro tão promissor, as dificuldades do passado tornam-se insignificantes. Agora, como servo do verdadeiro Deus, Jeová, encontrei realmente paz e tranqüilidade. É por isso que dou graças a Jeová nas palavras do profeta Isaías: “Eis Que Deus é minha salvação. Confiarei e não ficarei apavorado; porque Já Jeová é minha força e meu poder, e ele veio a ser minha salvação.” — Isaías 12:2.

[Foto na página 25]

Não mais vou aos lares das pessoas para mendigar uvas, cereais, ovos e lenha. Vou agora para distribuir gratuitamente as boas novas do Reino de Deus.

    Publicações em Português (1950-2025)
    Sair
    Login
    • Português (Brasil)
    • Compartilhar
    • Preferências
    • Copyright © 2025 Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania
    • Termos de Uso
    • Política de Privacidade
    • Configurações de Privacidade
    • JW.ORG
    • Login
    Compartilhar