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  • Pode um cego “enxergar”?
  • Despertai! — 1985
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Despertai! — 1985
g85 22/6 pp. 24-26

Pode um cego “enxergar”?

Conforme narrado por Bernardo de Santana

“É LAMENTÁVEL, Bernardo. Antes você costumava trabalhar junto conosco; podia enxergar, mas agora . . . É assim que as coisas acontecem. Deus assim o quis, não é?”

“É isso mesmo, Germiro”, respondi, “é a vontade de Deus, de modo que não há nada que possamos fazer a respeito”.

Realmente, eu sentia que era devido à vontade de Deus que eu tinha perdido minha visão, mas em meu coração havia perguntas sem respostas. Aqui estava eu, com 32 anos de idade, solteiro, católico devoto, e em condições financeiras precárias. Perguntei-me: ‘Por que quis Deus que eu perdesse a visão? Como poderia algum dia cuidar dos meus pais?’ Assim que percebi que minha vista estava falhando, orei fervorosamente por ajuda à Santa Luzia, a “santa” da visão, ajoelhado perante a imagem dela no hospital que leva o seu nome. ‘Por que ela não me ajudou?’ perguntei-me.

Na época, eu ganhava a vida como verdureiro na Feira das Sete Portas, em Salvador, Bahia. Não era lucrativo, mas era um serviço estável. Desde quando eu tinha dez anos, trabalhava numa fazenda no Estado de Sergipe. Assim, quando nos mudamos para Salvador, era só natural que eu começasse a vender verduras.

Certo dia observei que minha visão diminuía. Um especialista comprovou que eu tinha cataratas, mas ele estava otimista de que uma cirurgia restauraria minha visão. Uma operação em meu olho direito, em 1960, melhorou um pouco minha visão, mas a segunda, no olho esquerdo, quatro anos depois, mostrou-se um fracasso. Daí para frente era apenas uma questão de tempo até que ficasse completamente cego. Embora soubesse já por anos que estava perdendo a visão, é difícil expressar meus sentimentos quando a escuridão tornou-se completa.

Continuei a trabalhar na feira, mas com certos ajustes. Minha família tinha de separar o dinheiro antes de eu sair para o trabalho, colocando notas de certo valor em bolsos separados. Isto me habilitava a dar o troco. Tinha de ficar constantemente alerta para não cometer erros. Meus colegas de trabalho eram compassivos e suas palavras bondosas ajudaram-me a não desanimar. Ao mesmo tempo, algumas de suas expressões, tais como as de Germiro, mencionadas no início, serviam apenas para suscitar questões em minha mente.

Comecei a “Enxergar”

Foi neste ponto na minha vida que um dos meus conhecidos, uma Testemunha de Jeová de nome Clovis, me falou acerca das promessas na Bíblia. Contou-me que Deus faria uma Nova Ordem em que os cegos enxergariam e os surdos ouviriam de novo. (Isaías 35:5) Suas palavras calaram profundamente em meu coração. Ansioso de aprender mais, eu o procurava constantemente para fazer-lhe perguntas. Observando meu interesse, ele me perguntou: “Bernardo, que acha de eu ir à sua casa numa tarde, a fim de falarmos mais sobre a Bíblia?” Aceitei avidamente. Este foi o começo de nossas palestras bíblicas semanais.

Apesar do meu impedimento, eu estava ansioso de aprender. Com a ajuda paciente de Clovis, não só fiquei sabendo o nome de Deus — Jeová — mas também dos Seus maravilhosos atos no passado. Estes afiançavam que Suas promessas quanto a uma justa terra paradísica seriam cumpridas. Nem mesmo existiriam mais deficiências físicas, tais como a minha. Não demorou muito até que eu me vi falando a outros sobre a minha nova esperança, até mesmo pregando de casa em casa. Finalmente, em 18 de novembro de 1973, fui batizado. Especialmente daí em diante, minha vida começou a assumir um objetivo real, tornando mais fácil lidar com a minha deficiência.

Aprendi de meu estudo da Bíblia que Deus não queria que eu ficasse cego. Antes, era como a Bíblia declara em Eclesiastes 9:11: “O tempo e o imprevisto sobrevêm a todos.” Assim como toda a humanidade, nasci de pais imperfeitos, que por sua vez tinham herdado o pecado e a imperfeição de nossos primeiros pais humanos, Adão e Eva. (Romanos 5:12) Ao invés de ser da vontade de Deus que eu perdesse minha vista, aprendi que Sua vontade é que eu veja de novo. Sob a regência do reino do Filho de Deus e à base de seu sacrifício de resgate, todas as imperfeições e deficiências serão removidas da humanidade crente, e isto no futuro próximo. Comecei a “enxergar” dessa maneira muitas coisas que não podia ver antes com vista boa.

Minhas orações agora eram dirigidas a Jeová, ao invés de à Santa Luzia e a outros “santos”. Ao invés de orar por uma cura milagrosa no tempo atual, orava sinceramente que ‘Sua vontade fosse realizada, como no céu, também na terra’. Incluía em minhas orações a petição de que algum dia pudesse encontrar uma “ajudadora” e “complemento”, uma esposa com a qual pudesse partilhar minhas alegrias e meus problemas.

Certo dia, ao oferecer literatura bíblica no setor comercial de Salvador, ouvi uma voz feminina dizer: “Eu também sou Testemunha de Jeová.” Parei para falar com ela. Ela era dona duma pequena banca de miudezas. Perguntei: “Seu marido também é Testemunha de Jeová?” Sua resposta foi: “Não tenho marido. Sou solteira.” Aquele encontro casual foi o começo de uma amizade que resultou em namoro, e, em 14 de junho de 1975, Ambrosina e eu nos casamos. Até hoje ela continua a ser uma excelente ajudadora e complemento para mim. — Gênesis 2:18.

Supero a Deficiência

Desde que me batizei, era meu desejo falar a outros do que havia aprendido da Bíblia. Estava feliz de que minha deficiência não me impedia de fazer isso. Maravilhava-me por observar que minhas faculdades auditivas e do tato propendiam a compensar a perda de minha vista. Que senso de realização senti na primeira vez que fui de casa em casa sozinho! Perguntei-me se não poderia devotar mais tempo a essa obra. Um discurso proferido por um superintendente viajante das Testemunhas de Jeová ajudou a responder à minha pergunta. Ele citou vários exemplos de pessoas com deficiências, algumas piores do que a minha, que efetivamente serviam como pregadores de tempo integral das boas novas, chamados pioneiros. Animado, preenchi minha petição para servir como pioneiro auxiliar.

Por causa da minha cegueira, eu tinha algumas dificuldades em trabalhar de pioneiro, mas com a ajuda de irmãos amorosos na congregação, estas foram vencidas. Por exemplo, nos dias chuvosos eu precisava de três mãos. Numa das mãos carregava minha pasta e na outra a minha bengala. Mas, e o guarda-chuva? Quanto apreciava a “terceira mão” oferecida por irmãos que me acompanhavam no ministério! Surgiam dificuldades, também, ao trabalhar territórios cujas ruas me eram desconhecidas, mas, novamente, irmãos compreensivos ajudavam-me.

Como achava eu meu rumo no território em que pregava? Usualmente, não tinha problemas, visto que fizera um curso especial para ajudar cegos a locomover-se. Aprendi como fazer melhor uso de minha bengala, a treinar minha audição e o senso do tato, a subir e a descer dos ônibus, e a subir e descer escadas. O curso ajudou-me a aprender muitas coisas pequenas a que antes eu não atentava. Memorizava os nomes de ruas e daí as contava ao atravessá-las. Aprendi também a manter um registro mental de cada casa na rua, e deste modo sou capaz de fazer revisitas a pessoas interessadas em estudar a Bíblia. Ademais, apesar de morarmos cerca de dois quilômetros e meio distante do Salão do Reino, não tenho dificuldades em chegar lá por minha própria conta.

Neste respeito, ouviu-se o comentário dum superintendente viajante em visita: “Ao visitar a congregação, fiquei deveras impressionado quando trabalhei com Bernardo. Ele conhece as ruas e até mesmo as casas, pode subir escadas, e subir e descer morros. Fiquei surpreso de ver como ele localiza as casas das pessoas com quem dirige estudos bíblicos. Fomos a um estudo no quarto andar de um prédio de apartamentos, e ele nos levou sem qualquer dificuldade.”

Preparação e Esforços Recompensados

Meu ministério de casa em casa requer preparação especial. Eu decoro de antemão os textos bíblicos que vou usar, bem como as páginas da Bíblia onde eles se encontram. Nas portas, eu peço ao morador que leia os textos, citando o número da página, mas, se o morador prefere não fazê-lo, então cito os textos de memória.

Ao dirigir estudos bíblicos, animo o estudante a preparar-se bem. Daí, deixo-o ler primeiro a pergunta em meu benefício, então o parágrafo e finalmente a pergunta outra vez. Isto me ajuda a determinar se ele responde à pergunta corretamente. Com este método, tenho ajudado duas pessoas até a dedicação e o batismo. Também, dirijo estudos com mais três famílias.

Já por anos tenho participado na Escola do Ministério Teocrático de nossa congregação. Em preparação para meus discursos, peço que alguém leia em voz alta a matéria para mim, gravando-a ao mesmo tempo. Daí escuto a gravação e formo um esboço mental de meu discurso, decorando também os textos bíblicos a serem incluídos. Então estou pronto para proferir meu discurso. Pelo menos nunca sou aconselhado por depender demais de anotações escritas! Seguir o mesmo proceder habilita-me a comentar regularmente no estudo de A Sentinela na congregação.

O ano de 1977 foi um marco na minha vida qual cristão dedicado. Fui designado pioneiro regular, servo ministerial e dirigente de Estudo de Livro de Congregação, privilégios que desfruto até o presente momento. Sigo o mesmo proceder no Estudo de Livro de congregação como com os meus estudantes da Bíblia.

Em conclusão: Pode um cego “enxergar”? Posso ver o cumprimento de tantas profecias nos nossos dias, e, por isso, compreender a necessidade de ajudar outros a aprender a verdade que conduz à vida eterna. (João 17:3) Em sentido espiritual, cumpriu-se em mim o texto de Isaías 35:5: “Naquele tempo abrir-se-ão os olhos dos cegos.” Estou plenamente confiante em que, no tempo devido de Jeová, esta profecia se cumprirá literalmente em milhares de pessoas que, como eu, perderam a vista. No ínterim, meu desejo é continuar a fazer a vontade Dele do melhor modo possível, para ser achado digno de viver na Sua Nova Ordem de justiça.

[Destaque na página 25]

“Contou-me que Deus faria uma Nova Ordem em que os cegos enxergariam e os surdos ouviriam de novo.”

[Foto na página 26]

Para o meu ministério de porta em porta, eu decoro os textos bíblicos que vou usar, bem como as páginas da Bíblia onde eles se encontram.

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