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  • Ajustei-me aos modos de agir de Jeová

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  • Ajustei-me aos modos de agir de Jeová
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1986
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1986
w86 1/3 pp. 21-25

Ajustei-me aos modos de agir de Jeová

Conforme narrado por Arthur Worsley

HAVIA três dias que não víamos o sol; o vento e o mar nos açoitavam. Estávamos ao largo do notório cabo Hatteras, na Carolina do Norte, EUA, a caminho de nossa designação de pregação nas Baamas. Era novembro de 1948. Nós quatro, três missionários formados na Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia e eu, começamos a nos perguntar se chegaríamos lá algum dia.

Eu estava no leme da escuna de 18 metros de comprimento, a Sibia, pertencente à Sociedade Torre de Vigia (dos EUA). Do estibordo vinha em intervalos um som similar ao de vazamento de vapor, quando grandes ondas caíam sobre nós, e ficávamos ensopados ao passo que nos atingiam. Havia amarras que passavam pelo meu cinturão e que estavam engatadas em cavilhas de arganéu no convés. Ao navegarmos a favor do vento, o cordame emitia um gemido sinistro, e, quando navegávamos contra o vento, este estrepitava ruidosamente.

Stanley Carter e Ron Parkin estavam terrivelmente enjoados no camarote principal abaixo do convés. E Gust Maki, de 50 anos, a quem eu acabara de substituir no leme, estava completamente exausto. Antes de assumir o leme, fiz uma gemada com conhaque e disse a Gust onde encontrá-la. Aquela foi a última vez que o vi por quase dez horas.

Nunca me esquecerei da solidão daquela noite, ouvindo o vento estrepitoso, domando o leme “rebelde” e esperando que as amarras que me prendiam me segurassem. Como vim a estar nessa situação?

Início da Vida na Inglaterra e no Canadá

Meu pai pertencia à Marinha Britânica, e eu sempre estava em contato com marinheiros e outros militares. Quando mamãe morreu repentinamente, fui enviado para servir como aprendiz no mar. Em 1923, aos 16 anos, fiz uma viagem em volta do mundo a bordo dum navio de treinamento.

Enquanto estava em Cingapura, fiquei sabendo por meio de meu irmão que papai casara-se novamente e que a família encontrava-se agora em Alberta, Canadá. Portanto, em 1924 juntei-me à família numa fazenda de 130 hectares perto de Lethbridge. A câmara de comércio referia-se ao lugar como a “ensolarada Alberta do sul, a terra dos cereais dourados”, o que era veraz.

Visita Que Modificou Minha Vida

Uma coisa que a câmara de comércio parecia ter esquecido de mencionar eram os invernos nas pradarias. A temperatura baixava às vezes até 34 graus centígrados abaixo de zero, e possivelmente até mais. Num dia desses, no inverno de 1926-27, um velho Ford Modelo T entrou no nosso quintal, soltando fumaça, e, num tranco, parou o mais próximo possível da casa. Convidado a entrar para café e uns biscoitos, o motorista explicou que a estrada ficara bloqueada por causa da neve, e não estava certo de onde estava. Bem, isso logo foi esclarecido; depois ele passou a falar-nos sobre a Bíblia. Dei-lhe um dólar em troca do livro Libertação e de sete folhetos.

Meus pais tinham ido à cidade fazer compras, de modo que meu irmão e eu folheamos um pouco as publicações. Depois, foram todas guardadas na estante de livros e esquecidas, visto que precisávamos cuidar dos animais. No entanto, algumas das coisas que eu lera persistiram em voltar à minha mente. Até mesmo acordava à noite pensando nelas. Por fim, resolvi ver de que se tratava.

Escolhendo a esmo, puxei o folheto A Volta de Nosso Senhor. Esperando até que todos fossem para a cama, li o folheto e examinei todos os textos na Bíblia da família. Surpreso e deleitado com as explicações, passei a dar “testemunho” à minha família na manhã seguinte, durante o café da manhã. Não ficaram de modo algum impressionados, mas isso não sufocou meu entusiasmo.

Esforços Para Pregar

Escrevi à Sociedade Torre de Vigia, enviando o nome e o endereço de fazendeiros vizinhos, e pedindo que lhes enviasse exemplares de A Volta de Nosso Senhor. Mais tarde, quando os visitei para saber se haviam gostado do folheto, fiquei surpreso diante de respostas hostis, tais como: ‘Ora, um jovem como você não devia envolver-se com essa gente’, ou, ‘Isso é russellismo. Nos Estados Unidos eles colocaram pessoas assim na cadeia’.

Embora desapontado, não desisti. Solicitei todas as publicações que a Sociedade Torre de Vigia produzia, inclusive exemplares extras que eu pudesse emprestar a alguém. Lia em todas as oportunidades, pensando em como transmitir a outros o que aprendia. A Sociedade informou-me de que a congregação ou “eclésia” mais próxima distava cerca de 160 quilômetros, em Calgary, que ficava longe demais para eu freqüentar.

Em 1928, saí de casa para trabalhar por conta própria, acabando por cultivar um lote de terra de 65 hectares, pelo qual concordei em dar aos proprietários um quarto da produção anual. Em dezembro de 1929, eu tinha direito a umas férias, de modo que fui visitar meu pai e minha madrasta, que se haviam mudado para Vancouver, na Colúmbia Britânica. Alguns dias depois de eu chegar, uma senhora bateu à porta, oferecendo publicações da Sociedade Torre de Vigia. Descobri por meio dela onde os Estudantes da Bíblia (atualmente chamados Testemunhas de Jeová) se reuniam, e, no domingo seguinte, sob forte tempestade de chuva, percorri oito quilômetros a pé para assistir à reunião.

Foi deleitoso assistir a uma reunião junto com outros que compartilhavam meu interesse na Bíblia. Na semana seguinte, juntei-me ao grupo no trabalho de pregação de casa em casa, bem como toda semana dali em diante. Daí, chegou A Sentinela de 15 de janeiro de 1930 com um convite para colaborar no trabalho na sede da Sociedade Torre de Vigia em Brooklyn, Nova Iorque, EUA, chamada Betel. Ofereci meus préstimos, e, para minha surpresa, fui convidado. Levou um pouco de tempo para eu resolver meus assuntos, e nesse ínterim fui batizado. Por fim, cheguei a Betel em 13 de junho de 1930.

Servir em Betel

Designado a trabalhar na encadernação, acabei operando a grampeadora, que colocava grampos no dorso dos folhetos. Que emoção era trabalhar com A Volta de Nosso Senhor, o mesmo folheto que modificara minha vida! Logo eu estava grampeando o novo folheto O Reino, a Esperança do Mundo.

A primeira assembléia a que assisti, em Columbus, Ohio, EUA, em julho de 1931, foi deveras memorável. Jamais esquecerei os estrondosos aplausos quando se anunciou que dali em diante seríamos conhecidos pelo nome de Testemunhas de Jeová. Daí foi lançado o folheto O Reino, a Esperança do Mundo. Este explicava por que este nome estava sendo adotado. Após isso, entregamo-lo a todas as autoridades militares, políticas, comerciais e religiosas, sendo eu designado pessoalmente a fazer isso nas proximidades de Betel, em Brooklyn Heights e na Ilha do Governador.

O porto de Nova Iorque fica bem na porta de Betel, e, visto que eu estava familiarizado com navios, a frente marítima tornou-se meu território de pregação. Certo dia o capitão duma barcaça protestou: “Ora, não tente vender-me esses livros. Eu tenho o único livro que realmente diz a verdade sobre a Bíblia.”

“Por favor, mostre-me o que o senhor tem”, eu disse.

Ele apresentou um exemplar estragado do livro Governo, explicando: “Pesquei-o do rio e o sequei. É o melhor livro que já li.”

Após mostrar-lhe na página dos editores que os livros que eu oferecia procediam da mesma editora, o resto foi ‘maré mansa’. Passamos momentos maravilhosos palestrando!

Havia relativamente poucos que pregavam naqueles dias, de modo que tentávamos de tudo para transmitir as boas novas às pessoas antes do Armagedom. A cidade de Nova Iorque tinha apenas uma congregação. Agora há na cidade mais de 300 congregações e uns 30.000 publicadores, e muitos territórios são trabalhados todo mês!

Rutherford — Trabalhador Incansável

Joseph F. Rutherford, presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA) durante meus primeiros 11 anos em Betel, costumava surpreender-me com a enorme quantidade de trabalho que realizava. Ele não só escrevia a maior parte de nossas publicações bíblicas, proferia muitos discursos e travava batalhas legais, mas também tinha interesse pessoal nos assuntos da família de Betel, que naquele tempo totalizava quase 200 pessoas.

Por exemplo, em 1932 ele decidiu que devíamos produzir mais do nosso próprio alimento, especialmente carne. Portanto, providenciou que se construíssem alguns galinheiros no sítio de 6 hectares da Sociedade, em Staten Island. De algum modo ele descobriu que eu entendia um pouco de criação de galinhas. Isto resultou em eu passar meus fins-de-semana junto com ele, projetando galinheiros e medindo o terreno, a fim de construí-los.

Numa dessas visitas, o irmão Rutherford parecia bem preocupado com alguma coisa. Pouco depois criei coragem para perguntar se havia algo de errado e se eu podia fazer qualquer coisa para ajudar. Ele comentou algo sobre eu não poder ajudar. Mas, à medida que continuamos a caminhar em direção à horta, ele disse: “Até agora nunca vi isso falhar. Sempre que estou trabalhando num assunto importante surge algum problema, e agora mesmo estou trabalhando num dos mais importantes artigos em anos.” Fiquei realmente surpreso por ele ter até mesmo mencionado isso a mim, alguém relativamente novo em Betel.

Poucas semanas depois, o povo de Jeová recebeu as edições de 15 de agosto e de 1.º de setembro de 1932 da Sentinela (em inglês), contendo o artigo de duas partes intitulado “A Organização de Jeová”. Esses artigos expunham o sistema de eleger anciãos como antibíblico. Causaram considerável conturbação, mas constituíram mais um passo rumo à completa supervisão teocrática.

Naqueles dias o irmão Rutherford enfrentou grande oposição por parte dos que tentavam impedir seus programas de rádio. Mas ele era batalhador e nunca desistiu diante de seus oponentes religiosos.

Aumentam as Pressões, Rutherford Morre

A perseguição aumentou durante os anos 30. Na Alemanha nazista, muitos eram enviados aos campos de concentração e mortos por causa de sua fé. Até mesmo nos Estados Unidos pessoas jogaram piche e penas em alguns irmãos; outros foram forçados a engolir óleo de rícino. Propriedades foram destruídas e crianças foram expulsas da escola.

Durante 1941, a saúde do irmão Rutherford começou a fraquejar, mas ele ainda possuía tremenda força de vontade e exercia infalível liderança. Para aqueles de nós que o conheciam bem, sua saúde deteriorante era muito óbvia. Ele perdera tanto peso, que suas roupas ficaram folgadas nele. Embora seu corpo estivesse decaindo, sua mente era alerta e seu entusiasmo pela verdade e pela proclamação do nome de Jeová nunca diminuiu.

Após certo café da manhã, no fim do outono de 1941, ele confidenciou à família que teria de se submeter a uma séria operação. Falou animadoramente à família por algum tempo, concluindo: “Portanto, se for da vontade de Deus, eu os verei novamente. Se não, sei que vocês continuarão a luta.” Não havia um membro da família que não tivesse lágrimas nos olhos, e nunca mais o vimos. Ele partiu naquele dia para a Califórnia, onde morreu em 8 de janeiro de 1942.

Houve no decorrer dos anos muitos ataques odiosos contra o irmão Rutherford, mas tais ataques não representavam nada para nós, que trabalhávamos com ele e quase que diariamente o ouvíamos prover instrução espiritual na adoração matinal. Nós o conhecíamos pelo que ele era — uma Testemunha de Jeová. Que mais se poderia dizer?

Novas Designações

Não muito depois de Nathan H. Knorr tornar-se presidente, ele chamou alguns de nós para o seu escritório, delineou os planos para restabelecer as visitas de representantes da Sociedade às congregações e perguntou se gostaríamos de participar. Aceitei e iniciei o trabalho de viajante em 1942. Fomos denominados “servos para os irmãos”, nome este mudado mais tarde para “servo de circuito”.

Em maio de 1948, num congresso de distrito em Houston, Texas, o irmão Knorr convocou-me ao seu escritório. Após algumas indagações sobre a obra na região e minha saúde, ele perguntou: “Está pensando em se casar?”

Bem, eu não podia dizer verazmente que não, e, da mesma forma, não podia dizer que sim. De modo que respondi: “Irmão, tenho pensado nisso desde os cinco anos de idade.” Isso ainda me deixou numa espécie de posição neutra. O irmão Knorr explicou então que a Sociedade adquirira uma escuna, e perguntou se eu gostaria de ingressar no serviço missionário no barco.

Foi assim que vim a estar, em novembro de 1948, no leme da Sibia durante aquela noite extremamente tempestuosa ao largo do cabo Hatteras.

Dar Testemunho nas Ilhas

Dentro de poucos dias chegamos às Baamas, onde encontramos pessoas muitíssimo hospitaleiras e famintas da verdade da Bíblia. Demos testemunho em todas as ilhas maiores, visitando algumas delas diversas vezes durante os sete meses em que estivemos lá. Depois rumamos para as ilhas Virgens, dando testemunho em todo esse arquipélago.

Certa noite em S. Martinho, o prefeito, ou comissário da ilha, chegou-se a mim e disse: “Até duas semanas atrás, andando pela cidade, só se ouvia falar em brigas de galo e em mulheres. Agora, onde quer que eu vá, ouço falarem sobre Jeová e a Bíblia. Vocês, rapazes de Jeová, fizeram um excelente trabalho, e agradeço-lhes por isso.”

Tive a honra de proferir o primeiro discurso de Comemoração em S. Vicente. Após o discurso, uma senhora observou: “O Sr. Brown apreciaria muito ter ouvido esse discurso, mas ele mora muito distante.” Informaram-me mais ou menos a direção, e cedo na manhã seguinte saí à procura da aldeia.

Não havia estradas, apenas trilhas. Andei horas, indagando de vez em quando quanto à direção. Completamente exausto, por volta das duas horas da tarde, cheguei a uma pequena clareira com algumas choupanas espalhadas. Resolvi dirigir-me a uma delas e descansar. Ao aproximar-me, vi escrito acima da porta: “Salão do Reino das Testemunhas de Jeová.” Meu cansaço desapareceu.

Logo um homem se aproximou e perguntou se podia ajudar-me. “Como posso entrar em contato com as pessoas que construíram este pequeno Salão?”, perguntei.

“Eu sou uma delas”, disse ele.

Eu lhe disse que era da Sibia, mas isso parecia não significar nada para ele. Portanto, eu disse: “Não conhece? O barco de Jeová.” Daí, de tão feliz que ficou, mal conseguia manter os pés no chão. Logo fiquei sabendo como o salão veio a ser construído.

“Quando vou a Trinidad”, explicou, “as pessoas ali me falam sobre a verdade. Daí retorno e o relato às demais pessoas aqui.” Perguntou se eu gostaria de proferir um discurso.

“Seria um prazer”, eu disse. Assim, ele soprou uma concha e logo o pequeno salão estava lotado e havia gente em pé, do lado de fora das janelas. Proferi o discurso e depois foi realizado o estudo da Sentinela muito bem dirigido! Depois de tudo isso, o irmão convidou-me à sua casa para uma refeição. O sol estava baixando, e eu lhes disse que tinha de ir. Eles me levaram de volta por um caminho bem mais curto. Depois que me deixaram, eu ainda tinha mais alguns quilômetros a percorrer até o barco, mas era uma noite muito bonita.

De Volta a Betel

O primeiro grande congresso no Estádio Ianque foi realizado em 1950. Nós, da equipe da Sibia, fomos convidados a assistir a ele. Enquanto estava em Nova Iorque, fui novamente designado viajante nos Estados Unidos. Após alguns anos, adoeci e fui chamado outra vez para Betel em 1956. Aos poucos minha saúde melhorou, mas permaneci em Betel.

Certa vez, quando o irmão Knorr falava sobre a necessidade de mais missionários na África, sugeri que ele me enviasse. No entanto, ele me lembrou minha idade e o número de vezes que eu fora internado no hospital, e disse-me que seria melhor eu permanecer onde pudesse receber alguma atenção, se necessário.

Atualmente, aos 79 anos e com quase 56 anos de serviço de tempo integral para recordar, é uma alegria saber que ingressei nesse serviço durante minha juventude. Muitas vezes, depois de retornar das reuniões ou do trabalho, sento-me no meu confortável quarto em Betel e reflito nos acontecimentos dos últimos 60 anos. Realmente, fui abençoado por me ajustar aos modos de agir de Jeová.

[Foto na página 23]

Pregando em Alabama em 1934, eu trocava publicações bíblicas por galinhas.

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