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  • Irrompem as águas da reforma

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  • Irrompem as águas da reforma
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1987
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1987
w87 1/10 pp. 22-25

Irrompem as águas da reforma

“DE SÚBITO, ouvi outro som, como que de um trovão, que vinha em nossa direção. Nossa família. . . começou a correr freneticamente para uma colina próxima. As águas espumantes nos sobrepujaram. Nadamos como nunca antes. Embora engolindo boa quantidade de água salgada. . . , conseguimos chegar a um lugar seguro.”

Foi assim que certo filipino descreveu a terrível experiência que mudou o seu mundo. Você provavelmente nunca foi atingido por um desastre natural, envolvendo água ou de qualquer outro tipo. Mas, uma olhadela na história revelará que milhões de vidas foram transformadas por cataclismas de um tipo ou de outro.

A religião também tem testemunhado várias tremendas convulsões, que mudaram completamente o quinhão diário de incontável número de pessoas. Estas têm incluído hindus, budistas, muçulmanos, judeus e cristãos. Foi a sua vida atingida por tal convulsão? É quase certo que sim, independente de onde viva. Ilustremos isto por voltarmos uns 400 anos no tempo, ao século 16. Primeiro, focalizaremos a nossa atenção na Europa, que fervia de dissenções, como um remoinho de água ganhando velocidade.

Uma Onda Crescente

Por séculos, acabando por levar ao que chamamos de a Reforma, a Igreja Católica Romana e os monarcas europeus haviam competido entre si, cada qual reivindicando autoridade sobre o outro e sobre a populaça. Um grupo de pessoas do continente ergueu a voz em protesto contra o que consideravam ser abusos da igreja.

Que tipo de abusos viam? Ganância, imoralidade flagrante e intromissão na política. O povo comum estava indignado diante de homens e mulheres que por um lado exigiam privilégios especiais em virtude de seus votos de pobreza e castidade mas que, ao mesmo tempo, violavam a lei por serem abertamente corruptos e imorais. Os nobres na Inglaterra estavam enfurecidos diante da estranha situação de ter de pagar tributo a um papa que então vivia na França e se aliara a ela, sendo esta inimiga da Inglaterra na guerra.

A corrupção dentro da Igreja Católica vinha desde o alto escalão. A historiadora Barbara W. Tuchman diz, no seu livro The March of Folly (A Marcha da Leviandade), que os seis papas que ocuparam o cargo de 1471 em diante praticaram “um excesso de venalidade, amoralidade, avareza e espetacularmente calamitoso jogo de poder”. Barbara Tuchman descreve adicionalmente como o papa Sisto IV, a fim de erguer e enriquecer a sua até então pobre família, nomeou cinco sobrinhos e um sobrinho-neto como cardeais, outro sobrinho-neto como bispo, e casou seis outros parentes com membros de famílias regentes. Alexandre VI, ao tornar-se papa, era conhecido como tendo várias amantes e sete filhos. Na sua determinação de ser eleito para o cargo, ele subornou seus dois principais rivais, um deles tendo recebido “quatro cargas de barras de ouro transportadas por mula”, escreve Barbara Tuchman. Mais tarde presidiu um banquete no Vaticano que ficou “famoso nos anais da pornografia”. O mesmo livro a seguir descreve como o famoso escultor Miguel Ângelo foi designado pelo papa Júlio II a modelar uma estátua sua. Ao ser perguntado pelo artífice se a estátua deveria representá-lo segurando um livro, o papa guerreiro respondeu: “Põe uma espada ali. Não entendo nada de letras.”

Uma Brecha na Represa

Os europeus comuns ainda desejavam orientação espiritual. Observando os vários escalões de poder presos a um frenesi de autogratificação, estes mais humildes recorreram a uma fonte alternativa de autoridade, que consideravam superior a todas as outras — a Bíblia. Segundo o autor Joel Hurstfield, a Reforma foi “no sentido mais profundo uma crise de autoridade”. Estarrecidos com a corrupção na igreja, pregadores e frades na Itália passaram a falar publicamente sobre a necessidade de reforma. Mas, em parte alguma estavam as águas do descontentamento sendo juntadas mais perigosamente do que na Alemanha.

Nos tempos do paganismo as tribos germânicas tinham uma tradição no sentido de que o dinheiro podia ser usado para o efeito de livramento da punição por crimes. Com a expansão da fé romana, o costume encontrou guarida dentro da igreja em forma de indulgências. Isto permitia a um pecador comprar do papa o valor dos méritos de “santos” falecidos e aplicá-los contra penalidades temporais para os pecados cometidos. Sob pressões financeiras causadas por guerras contra a França e por extensivas construções em Roma, o papa Leão X autorizou a venda de indulgências oferecendo total remissão de penalidades temporais pelo pecado. O indignado Martinho Lutero expôs as suas agora famosas 95 teses a respeito dos falsos ensinamentos da igreja. O movimento pela reforma, que havia iniciado como um fio de água algumas gerações antes, tornara-se uma torrente, à medida que cada vez mais pessoas davam o seu apoio.

No século 16, indivíduos como Lutero, na Alemanha, Zwingli e Calvino na Suíça, e Knox, na Escócia, tornaram-se pontos de agrupamento para muitos que viam a oportunidade de purificar o cristianismo e retornar aos valores e padrões originais da Bíblia. Cunhou-se um termo na Alemanha para descrever aos que se recusavam a reconhecer as restrições impostas à fé por príncipes católicos romanos, e que votavam lealdade a Deus acima de qualquer outro. Este termo mais tarde passou a incluir todos os que apoiaram o movimento da Reforma. O termo era “protestante”.

O protestantismo alastrou-se pela Europa com estupefadora rapidez, refazendo o cenário religioso, traçando novos limites teológicos. A Alemanha e a Suíça saíram na frente, rapidamente seguidas pela Escócia, Suécia, Noruega e Dinamarca. Houve movimentos reformadores na Áustria, na Boêmia, na Polônia, na Transilvânia, nos Países-Baixos e na França.

Na Inglaterra, o descontentamento vinha aflorando por mais de um século, desde os dias de João Wycliffe e dos lolardos. Mas, quando por fim veio o rompimento com a Igreja Católica, isto se deu por razões mais seculares. O rei resolveu mudar, não de religião, mas sim de esposa. Em 1534, Henrique VIII declarou-se chefe da nova Igreja da Inglaterra (Igreja Anglicana). As suas motivações eram diferentes das dos dissidentes continentais, mas a sua ação não obstante abriu as comportas para que as águas de mudança religiosa fluíssem para a Grã-Bretanha. Por toda a Europa, estas águas rapidamente se envermelharam com o sangue de milhares dos que foram supliciados no cavalete da polarização religiosa.

Onde quer que a ânsia de reforma se instalava, as propriedades e os bens da Igreja atraíam o olho. Em apenas quatro anos, a Coroa Britânica confiscou 560 mosteiros, alguns tendo grandes rendas. Em outros países, reis, bem como leigos, se apoderaram de terras da Igreja. Quando a própria Roma foi saqueada, a crueldade não conhecia limites. “A ferocidade e a sede de sangue dos atacantes ‘teriam comovido uma pedra’”, é como Barbara Tuchman o descreve. “Gritos e gemidos enchiam todos os bairros; o [rio] Tibre estava repleto de cadáveres.” Minorias, tanto católicas como protestantes, eram brutalmente perseguidas. Na Boêmia, os protestantes foram expropriados, ao passo que na Irlanda foi a vez dos católicos. Os protestantes franceses huguenotes foram acossados, como também os presbiterianos escoceses e os puritanos ingleses. Parecia que uma insensata roda de matança fora acionada, e que a religião era o principal lubrificante. Será que as atrocidades jamais terminariam?

A igreja não tinha nenhuma proposta de paz para oferecer. Mas, os monarcas, cansados do desgaste da guerra civil, chegaram a acordos que formalizaram as fronteiras entre as crenças opostas. A Paz de Augsburgo, em 1555, e a Paz de Vestfália, em 1648, levaram as fronteiras religiosas e nacionais a uma unicidade, permitindo que o príncipe local decidisse qual a crença que o seu povo devia seguir. A Europa entrou assim numa nova época, que havia de durar cerca de 300 anos. Não foi senão depois do fim da Segunda Guerra Mundial que a influência na Europa foi totalmente redefinida pelos então vitoriosos Aliados.

A ânsia de liberdade e reforma religiosas havia acumulado pressão por trás da represa de coibição das igrejas. Após séculos de inflexível coibição, as águas finalmente irromperam, cascateando pelos vales da Europa, deixando no seu rastro um cenário devastado. Quando a onda se aquietou, a orientação em assuntos de crença em países protestantes havia sido usurpada do clero e encalhara nas mãos de poderes seculares. A Europa estava ainda banhada pela intolerância religiosa, porém, e refugiados fugiam de um país para outro. O continente não podia mais conter as águas libertadas. Logo começaram a transbordar para o além-mar. O século 17 supriu um canal para o trasbordamento. O Novo Mundo estava sendo colonizado.

O Trasbordamento É Canalizado Para o Além-Mar

“Uma das causas primárias da primitiva migração para a América”, escreveu A. P. Stokes em Church and State in the United States (A Igreja e o Estado nos Estados Unidos), “foi o desejo de liberdade religiosa”. O povo estava cansado da fustigação. Batistas, quáqueres, católicos romanos, huguenotes, puritanos, menonitas e outros se dispunham a enfrentar os rigores da viagem e a mergulhar no desconhecido. Stokes cita um deles como tendo dito: “Eu ansiava um país em que eu fosse livre para adorar a Deus segundo o que a Bíblia me ensinou.” A medida de intolerância que esses emigrantes deixaram para trás pode ser avaliada pelas durezas que estavam dispostos a suportar. Segundo o historiador David Hawke, em The Colonial Experience (A Experiência Colonial), a dolorosa partida da terra natal era provavelmente seguida por “dois, três, ou quatro meses passados na expectativa diária de ondas tragadoras e cruéis piratas”. Depois disso, o viajante abatido pelas intempéries “aportaria entre índios bárbaros, famosos apenas pela sua crueldade. . . [e permaneceria] numa condição esfaimada por um longo tempo”.

Os indivíduos procuravam a liberdade, as potências coloniais, a riqueza. Independente da motivação, os colonizadores levaram consigo a sua própria religião. A Alemanha, a Holanda e a Grã-Bretanha fizeram da América do Norte uma fortaleza protestante. Especialmente o governo britânico queria “impedir que o catolicismo romano. . . conseguisse a supremacia na América do Norte”. O Canadá veio a ficar sob a influência tanto da França como da Grã-Bretanha. A diretriz do governo francês era “manter a Nova França na fé católica romana”, até mesmo recusando-se a permitir que huguenotes emigrassem para Quebec. O sul da África e partes da África Ocidental vieram a ficar sob a influência protestante. Esta influência aumentou com o passar do tempo, à medida que a Austrália, a Nova Zelândia e muitas ilhas do Pacífico foram acrescentadas ao redil protestante.

A Espanha e Portugal já estavam catolicizando as Américas do Sul e Central. Os franceses e os portugueses hastearam a bandeira católica na África Central. Na Índia, Goa estava sob influência portuguesa, de modo que o catolicismo criou raízes ali.

A Companhia de Jesus (os jesuítas) foi formada no século 16 para promover a causa católica. Em meados do século 18 havia mais de 22.000 jesuítas trabalhando em todo o globo, e eles até mesmo solidificaram a influência católica na China e no Japão.

O Novo Panorama

A água não domada tem tremenda força, como testificou a testemunha citada no início deste artigo. Nivela terrenos, esculpe novos vales e ravinas, esmaga obstáculos no seu caminho. Uma torrente furiosa não respeita senhor algum, não pode ser controlada ou direcionada. Foi exatamente isto o que aconteceu com o dilúvio da Reforma.

“O que aconteceu. . . foi, pois, não tanto o triunfo de uma nova fé separatista”, diz G. R. Elton em The Reformation Crisis (A Crise de Reforma), “mas a geral e gradual aceitação de uma cristandade dividida que ninguém havia intencionado”. A cristandade foi dividida, atingida pela tormenta, teve solapada a sua força. A lealdade passou a ser mais intimamente ligada a monarcas locais e a igrejas nacionais menores. O há muito estabelecido governo a partir de Roma havia sido minado. O nacionalismo criou raízes no encharcado terreno do protestantismo. A Grã-Bretanha e os Estados Unidos, firmemente nas mãos de líderes protestantes, juntos formaram a sétima potência mundial da história bíblica, assumindo a direção do leme no século 18.

Contudo, o movimento da Reforma não fez exatamente aquilo que se esperava que fizesse. De que se tratava? Com o passar do tempo, doutrinas básicas de igrejas protestantes, quer de igrejas nacionais, quer de outras, harmonizaram-se grandemente com as de Roma. Primitivos reformadores haviam sonhado com um retorno aos padrões bíblicos, para o cristianismo puro. À medida que a onda de apoio aumentou em tamanho e ímpeto, a confusão quanto a que direção tomar simplesmente atirou água fria sobre tais sonhos.

O movimento das águas da Reforma deixou valas até mesmo em nosso século 20. Pode identificar algumas delas? Ainda mais importante, estamos no limiar de uma final convulsão religiosa mundial. O passado da religião vai cobrar os seus frutos. Sobreviverá você para divisar o novo horizonte? Estas perguntas serão respondidas numa edição de novembro desta revista.

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