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  • Jeová, em quem confiei desde a minha mocidade

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  • Jeová, em quem confiei desde a minha mocidade
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1993
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1993
w93 1/8 pp. 21-25

Jeová, em quem confiei desde a minha mocidade

CONFORME NARRADO POR BASIL TSATOS

O ano era 1920; o lugar, as colinas de Arcádia, no lindo Peloponeso, na Grécia. Eu estava acamado, muito doente, com a temível gripe espanhola que assolava o mundo.

CADA vez que o sino da igreja tocava, eu sabia que anunciava a morte de mais uma vítima. Seria eu a próxima? Felizmente, recuperei-me, mas milhões de outros não o conseguiram. Embora eu tivesse então apenas oito anos de idade, esta amedrontadora experiência ainda está bem viva na minha memória.

Primeiras preocupações espirituais

Pouco depois faleceu meu avô materno. Lembro-me de que, depois do enterro, mamãe se juntou à minha irmã e a mim na sacada da nossa casa. Sem dúvida, tentando abrandar nosso pesar, ela disse calmamente: “Acontece, filhos, que todos nós temos de envelhecer e morrer.”

Embora ela expressasse isso de forma bem branda, suas palavras me perturbaram. ‘Quão triste! Quão injusto!’ pensei. Mas ambos nos animamos quando mamãe acrescentou: “Mas, quando o Senhor vier outra vez, ele vai ressuscitar os mortos e nós não morreremos mais!” Ah, que consolo!

Daí em diante fiquei vivamente interessado em descobrir quando é que viria este tempo feliz. Perguntei a muitas pessoas, mas ninguém me soube responder, nem parecia alguém interessado em falar do assunto.

Certo dia, quando eu tinha mais ou menos 12 anos, meu pai recebeu um livro do seu irmão que morava nos Estados Unidos. Intitulava-se A Harpa de Deus, publicado pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA). Examinei o conteúdo, e meus olhos brilharam quando vi o capítulo “A Volta de Nosso Senhor”. Li-o com muito interesse, mas fiquei desapontado por não se indicar nenhum ano para a volta. O livro, porém, mencionava que esta não estava longe.

Pouco depois comecei a cursar o segundo grau na escola e fiquei enfronhado nos estudos. De vez em quando, porém, meu tio na América enviava exemplares de A Sentinela, que eu gostava de ler. Também, todo domingo, eu freqüentava a escola dominical, aonde muitas vezes vinha o bispo para nos falar.

Certo domingo, o bispo estava muito agitado e disse: “Há visitantes enchendo nossa cidade com publicações heréticas.” Daí levantou um exemplar de A Sentinela e gritou: “Se vocês acharem publicações assim em casa, tragam-nas à igreja, e eu vou queimá-las.”

Seu tom de voz me perturbava, mas ainda mais o seu espírito vingativo. De modo que não acatei seu pedido. Todavia, escrevi ao meu tio e pedi que não mandasse mais publicações da Torre de Vigia. No entanto, continuei a pensar no assunto da volta de Cristo.

Aumenta meu apetite espiritual

Quando vieram as férias de verão, tirei minha mala para enchê-la com a minha roupa. Lá nos fundos dela havia três folhetos impressos pela Sociedade Torre de Vigia. De algum modo eu os tinha despercebido. Um deles chamava-se Onde Estão os Mortos?.

‘Isto parece interessante’, pensei. Embora me lembrasse do aviso do bispo, decidi ler os folhetos com cuidado para descobrir os erros que pensava que continham. Peguei um lápis e comecei cautelosamente a minha pesquisa. Para a minha surpresa, tudo no folheto parecia razoável, e cada declaração tinha textos bíblicos mencionados para que o leitor pudesse verificá-los na Bíblia.

Visto que não possuíamos uma Bíblia, eu me perguntava se os textos não tinham sido mal aplicados para servir ao fim dos escritores. Por isso, escrevi ao meu tio e pedi-lhe que me enviasse um exemplar da Bíblia inteira. Ele o fez prontamente. Eu li toda ela duas vezes, e embora houvesse muito que não entendia, fiquei intrigado com os livros de Daniel e de Revelação (Apocalipse). Queria entender as coisas que prediziam, mas não havia ninguém por perto que pudesse ajudar-me.

Deixei a escola em 1929, e pouco depois meu tio na América me enviou novamente números de A Sentinela. Comecei a gostar dela cada vez mais, e pedi-lhe que a enviasse regularmente. Comecei também a falar a outros sobre a esperança para o futuro, que aprendi das revistas. Mas então a minha vida mudou dramaticamente.

Progresso espiritual na Birmânia

Os irmãos da minha mãe haviam imigrado na Birmânia (agora Mianmar), e a família decidiu que, se eu me juntasse a eles, aumentaria minha experiência e isso talvez também me oferecesse oportunidades comerciais. O Oriente sempre me fascinara, de modo que fiquei empolgado com a perspectiva de ir para lá. Na Birmânia, continuei a receber do tio A Sentinela, mas não conhecia pessoalmente nenhum dos Estudantes da Bíblia, como então se chamavam as Testemunhas de Jeová.

Certo dia fiquei emocionado ao ver na Sentinela o anúncio dos livros Luz, dois volumes que explicavam o livro bíblico de Revelação. Além disso, fiquei sabendo que as atividades dos Estudantes da Bíblia na Birmânia eram cuidadas pela filial indiana da Sociedade Torre de Vigia, situada em Bombaim. Escrevi imediatamente pedindo os livros Luz, e pedi também que Estudantes da Bíblia na Índia fossem enviados para pregar na Birmânia.

Os livros chegaram prontamente pelo correio, e mais ou menos uma semana depois, fui visitado por Estudantes da Bíblia birmaneses locais. Fiquei feliz de saber que havia um pequeno grupo deles onde eu morava, em Rangum (agora Yangum), capital da Birmânia. Convidaram-me a freqüentar sua classe regular de estudo bíblico e a participar também com eles na pregação de casa em casa. No começo, fiquei um pouco relutante, mas logo passei a gostar de transmitir conhecimento bíblico a budistas, hindus e muçulmanos, bem como a cristãos nominais.

A filial indiana enviou então a Rangum dois ministros de tempo integral (chamados pioneiros), Ewart Francis e Randall Hopley. Ambos eram naturais da Inglaterra, mas tinham servido por vários anos na Índia. Eles me incentivavam muito, e, em 1934, fui batizado em símbolo da minha dedicação a Jeová.

Uma Testemunha corajosa

Com o tempo, a filial indiana mandou mais pioneiros para a Birmânia. Dois deles, Claude Goodman e Ron Tippin, visitaram uma estação da estrada de ferro e falaram com Sydney Coote, o chefe da estação. Ele aceitou os livros, leu-os cabalmente e começou a escrever à sua irmã casada, Daisy D’Souza, em Mandalai. Ela também achou os livros interessantes e pediu mais.

Daisy, que havia sido católica praticante, era uma pessoa de coragem incomum. Ela começou a visitar os vizinhos e a falar-lhes sobre as coisas que aprendia. E quando foi visitada pelo pároco, que perguntou por que ela deixara de ir à igreja, mostrou-lhe que a Bíblia não apoiava as coisas que ele pregava, tais como o inferno de fogo.

Por fim, ele lhe perguntou: “Depois de todos esses anos em que lhes falei sobre o inferno de fogo, como posso agora dizer-lhes que não existe tal lugar? Ninguém viria mais à igreja.”

“Se o senhor for cristão honesto”, respondeu Daisy, “ensinará a eles a verdade, não importa quais as conseqüências”. Depois acrescentou: “Se o senhor não o fizer, eu o farei!” E ela fez mesmo.

Dick e Daisy, e suas duas filhas mais velhas, foram batizadas em Rangum na mesma ocasião que eu. Três anos depois, em 1937, casei-me com a segunda filha deles, Phyllis.

Fuga para a Índia

As forças japonesas invadiram a Birmânia durante a Segunda Guerra Mundial, e Rangum caiu em 8 de março de 1942. Os civis estrangeiros se viram obrigados a sair apressadamente para a Índia. Centenas deles tentaram fazer isso atravessando a selva, mas muitos morreram em caminho. Acontece que eu conhecia o funcionário encarregado da evacuação, de modo que consegui passagens num dos últimos cargueiros a partir de Rangum para Calcutá. Deixar para trás nossa casa e a maior parte dos nossos pertences com tanta pressa foi um momento triste para todos nós. A Birmânia ficou ocupada pelos japoneses de 1942 a 1945.

Nossos recursos financeiros eram poucos quando chegamos à Índia, e não era fácil achar emprego. Isto resultou numa prova de fé. Cheguei a conhecer um oficial britânico que me ofereceu um lucrativo emprego não-combatente, mas envolvia servir como parte do estabelecimento militar. Com a ajuda de Jeová, pude rejeitar esta oferta e assim manter limpa a consciência cristã. (Isaías 2:2-4) Também em outros sentidos percebemos a mão amorosa de Jeová.

Estabelecemo-nos em Nova Délhi, capital da Índia, onde era quase impossível conseguir acomodações. Não obstante, encontramos um apartamento espaçoso bem no centro da cidade. Tinha uma grande sala de estar com entrada independente, e esta sala serviu nos próximos anos como Salão do Reino para a Congregação Délhi das Testemunhas de Jeová. Todavia, por causa da proscrição imposta em 1941 na Índia a todas as publicações da Sociedade Torre de Vigia, não podíamos obter publicações bíblicas.

Como a proscrição foi levantada

Certo domingo, em 1943, os presentes nos ofícios nas igrejas de Délhi receberam uma folha volante assinada por 13 clérigos de igrejas diferentes. Advertia: “CIDADÃOS DE DÉLHI, CUIDADO COM AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ.” A acusação dizia que fôramos proscritos na Índia por motivos políticos.

Com a aprovação da filial em Bombaim, imprimimos e distribuímos rapidamente uma folha volante que expunha os clérigos. Visto que eu era o superintendente presidente, meu nome e endereço estavam impressos ao pé da folha, cujo texto era fraseado em linguagem forte. Pouco depois, quando a polícia encontrou Margrit Hoffman e a mim distribuindo exemplares desta folha, fomos presos e encarcerados. Mas, logo fomos soltos sob fiança.

Mais tarde, no decorrer do seu ministério, Margrit visitou a residência de Sir Srivastava, bem-conhecido ministro no gabinete do vice-rei da Índia. Sir Srivastava recebeu-a hospitaleiramente, e durante a palestra ela lhe disse que nossas publicações tinham sido injustamente proscritas na Índia. Naquele dia aconteceu também que Margrit se encontrou com um membro do parlamento, do estado de Madras. Ele estava na cidade para uma reunião do parlamento. Ela lhe mencionou a injustiça da proscrição imposta às nossas publicações, e ele prometeu levantar a questão numa vindoura reunião.

Naquela época, eu trabalhava como fisioterapeuta num hospital local. Pois bem, acontece que Sir Srivastava sofreu um ferimento, e o hospital mandou-me ver se a fisioterapia podia ajudá-lo. Achei que Sir Srivastava era uma pessoa amável, e enquanto conversávamos mencionei casualmente que a Senhorita Hoffmann e eu tínhamos sido libertados da prisão sob fiança. Expliquei que foi por causa da pressão dos clérigos que nossas publicações bíblicas foram proscritas por motivos políticos, mas que nós éramos absolutamente apolíticos. Nosso superintendente de filial, Edwin Skinner, prossegui dizendo, tinha feito solicitações para uma entrevista a fim de explicar nossa posição, mas fora indeferido.

Uns dois dias depois, Sir Srivastava disse-me: “O Sr. Jenkins [a autoridade governamental que fora desfavorável à nossa obra] vai aposentar-se dentro de poucos dias, e seu cargo será ocupado por Sir Francis Mudie. Peça ao Sr. Skinner que venha, e eu o apresentarei a Sir Francis.”

Sir Srivastava providenciou a reunião conforme prometera. Durante ela, Sir Francis Mudie disse ao irmão Skinner: “Não lhe posso prometer nada, mas examinarei este assunto.” Visto que o parlamento ia abrir em poucos dias, o irmão Skinner ficou para ver o resultado. Fiel à sua palavra, o parlamentar de Madras levantou-se e perguntou: “É verdade que as publicações da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados foram proscritas por motivos políticos?”

“Não, a proscrição foi imposta por precaução”, respondeu Sir Francis Mudie, “mas o governo decidiu agora rescindir a proscrição”.

Quão emocionante foi para nós sabermos desta notícia! Uma semana depois, a filial em Bombaim recebeu uma carta confirmando o fim da proscrição.

De volta à Birmânia assolada pela guerra

A Birmânia voltou ao domínio britânico depois da Segunda Guerra Mundial, e dez de nós Testemunhas voltamos a Rangum alguns meses depois. Alegramo-nos de ver novamente as poucas Testemunhas locais remanescentes. O país encontrava-se num estado lastimável. Os serviços públicos, inclusive eletricidade e transportes públicos, não estavam disponíveis. De modo que compramos do exército um jipe e fizemos bom uso dele, transportando pessoas às reuniões que organizamos logo depois da nossa volta.

Um homem interessado ofereceu-nos um terreno, e com a ajuda de pessoas bondosas da região construímos um Salão do Reino de bom tamanho. Foi construído com fortes estacas de bambu, esteiras de bambu como paredes e teto de sapé. Ali, em abril de 1947, Nathan H. Knorr, então presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), e seu secretário, Milton G. Henschel, proferiram discursos durante a sua visita a Rangum. Naquela época, em toda a Birmânia, havia 19 Testemunhas. Mas 287 pessoas assistiram ao discurso público do irmão Knorr, realizado no Novo Teatro Excelsior!

Estabelecemo-nos na Austrália

Em 4 de janeiro de 1948, a Grã-Bretanha concedeu a independência à Birmânia, e a maioria dos europeus achou melhor deixar o país. Depois de considerar isso com oração, Phyllis e eu decidimos imigrar com nossa filha na Austrália. Estabelecemo-nos em Perth, capital da Austrália Ocidental.

Deixar a Birmânia novamente, e esta vez para sempre, foi um momento muito triste para nós. De vez em quando recebemos notícias de nossos queridos irmãos ali, e sentíamo-nos felizes de saber que a obra do Reino continuava a progredir firmemente naquele país.

A partir de 1978, durante quatro anos, tivemos o prazer de servir todas as congregações de língua grega nas principais cidades da Austrália. Isto significou extensas viagens, visto que da costa oeste até a costa leste deste grande país são mais de 4.200 quilômetros. Após um tempo, o clima, que varia muito de um estado para outro, contribuiu para o declínio da nossa saúde. De modo que nos estabelecemos novamente em Perth, onde continuo a servir como ancião numa das 44 congregações da cidade.

Com o passar dos anos, minha vista tem ficado mais fraca, e a leitura tem ficado difícil. No entanto, apesar dos problemas de saúde, nosso coração ainda é jovem. Ambos aguardamos confiantemente o dia feliz em que todos os que temem a Jeová verão o sol do Seu favor ‘brilhar com cura nas suas asas; e nós realmente sairemos e escarvaremos o solo como os bezerros cevados’. — Malaquias 4:2.a

[Nota(s) de rodapé]

a Em 13 de dezembro de 1992, enquanto se preparava esta história da sua vida, o irmão Tsatos adormeceu na morte.

[Foto na página 24]

Minha família junto com os irmãos Henschel e Knorr na Birmânia (Mianmar), em 1947

[Foto na página 25]

Basil Tsatos e sua esposa, Phyllis, na Austrália

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