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  • Maimônides: o homem que redefiniu o judaísmo
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1995
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1995
w95 1/3 pp. 20-23

Maimônides: o homem que redefiniu o judaísmo

“DE MOISÉS a Moisés ninguém surgiu igual a Moisés.” Muitos judeus reconhecerão esta descrição críptica como dito de admiração pelo filósofo, codificador e comentador judeu do Talmude e das Escrituras, do século 12, Moisés ben Maimon — também conhecido por Maimônides e por Rambam.a Hoje, poucos estão familiarizados com Maimônides, mas os seus escritos tiveram um grande impacto nos conceitos judaicos, muçulmanos e eclesiásticos dos seus dias. Ele redefiniu o judaísmo de forma fundamental. Quem era Maimônides, e por que é considerado por tantos judeus como “o segundo Moisés”?

Quem era Maimônides?

Maimônides nasceu em Córdoba, na Espanha, em 1135. Seu pai, Maimon, que lhe deu grande parte de seu primeiro treinamento religioso, era um renomado erudito duma distinta família rabínica. Quando os almóadas conquistaram Córdoba, em 1148, os judeus se viram confrontados com a escolha de se converter ao islamismo ou de fugir. Assim começou um longo período de peregrinação para a família de Maimônides. Em 1160, estabeleceram-se em Fez, no Marrocos, onde ele recebeu treinamento médico. Em 1165, sua família teve de fugir para a Palestina.

No entanto, a situação em Israel era instável. A pequena comunidade judaica enfrentava o perigo tanto dos cruzados da cristandade como das forças muçulmanas. Depois de menos de seis meses na “Terra Santa”, Maimônides e a família encontraram refúgio em Fustat, a Cidade Velha do Cairo, no Egito. Foi ali que os talentos de Maimônides foram plenamente reconhecidos. Em 1177, ele se tornou o chefe da comunidade judaica, e em 1185 foi nomeado médico da corte de Saladino, o famoso líder muçulmano. Maimônides reteve ambas essas posições até a sua morte em 1204. Sua perícia médica era tão renomada, que se diz que o Rei Ricardo Coração de Leão, da distante Inglaterra, fez tentativas para fazer de Maimônides seu médico particular.

O que escreveu?

Maimônides era um escritor prolífico. Enquanto fugia da perseguição muçulmana, escondido e como fugitivo, ele compilou a maior parte da sua primeira grande obra, Comentário da Míxena.b Escrito em árabe, elucidava muitos dos conceitos e termos da Míxena, às vezes passando para explanações da filosofia de Maimônides sobre o judaísmo. Na seção que explica o tratado Sanhedrin, Maimônides formulou 13 dogmas da crença judaica. O judaísmo nunca definira um credo formal, ou declaração de crenças. Os 13 Dogmas de Maimônides tornaram-se então o protótipo duma seqüência de formulações da crença judaica. — Veja o quadro na página 23.

Maimônides procurava definir a ordem lógica de todas as coisas, quer físicas quer espirituais. Ele rejeitava a fé cega, exigindo explicações para tudo à base do que ele considerava serem provas racionais e a lógica. Esta inclinação natural levou à escrita da sua obra-prima, Mishneh Torah.c

Nos dias de Maimônides, os judeus encaravam o termo “Tora” ou “Lei” como não se aplicando apenas às palavras escritas, registradas por Moisés, mas a todas as interpretações rabínicas desta Lei feitas no decorrer dos séculos. Essas idéias foram registradas no Talmude e em milhares de decisões e escritos rabínicos sobre o Talmude. Maimônides reconhecia que o mero volume e a desorganização de todas essas informações deixavam os judeus medianos incapacitados para fazer decisões que afetavam a vida diária. A maioria não estava em condições de fazer um estudo vitalício de toda a literatura rabínica, grande parte dela escrita em aramaico difícil. A solução de Maimônides foi editar estas informações, destacando as decisões práticas, e organizá-las num sistema ordeiro de 14 livros, divididos segundo o assunto. Ele escreveu isso num hebraico magistralmente claro e fluente.

Mishneh Torah era um guia tão prático, que alguns líderes judeus temiam que substituísse completamente o Talmude. No entanto, mesmo os objetores reconheciam a esmagadora erudição dessa obra. Este código, muito organizado, fora uma consecução revolucionária, dando nova vida a um sistema de judaísmo que o homem comum não podia mais reconhecer ou assimilar.

Maimônides passou então a escrever outra grande obra, o Guia dos Perplexos. Em vista da tradução dos clássicos gregos para o árabe, mais judeus ficavam familiarizados com Aristóteles e com outros filósofos. Alguns estavam perplexos, achando difícil conciliar o sentido literal de termos bíblicos com a filosofia. No Guia dos Perplexos, Maimônides, que muito admirava a Aristóteles, procurava explicar a essência da Bíblia e do judaísmo duma forma que se harmonizasse com o pensamento e a lógica filosóficos. — Note 1 Coríntios 2:1-5, 11-16.

Além dessas grandes obras e de outros escritos religiosos, Maimônides escreveu com autoridade nos campos da medicina e da astronomia. Não se deve desperceber outro aspecto dos seus escritos prolíficos. A Encyclopaedia Judaica comenta: “As cartas de Maimônides marcam uma época na escrita de cartas. Ele é o primeiro escritor judeu de cartas cuja correspondência foi na maior parte preservada. . . . Suas cartas conseguiram apelar para a mente e para o coração dos seus correspondentes, e ele variava seu estilo para se ajustar a eles.”

O que ensinava ele?

Nos seus 13 Dogmas, Maimônides forneceu um esboço claro da crença, em parte baseado nas Escrituras. No entanto, os dogmas sete e nove contradizem a essência da biblicamente baseada fé em Jesus como o Messias.d Levando em conta os ensinos apóstatas da cristandade, tais como a Trindade, e a flagrante hipocrisia exemplificada pelo derramamento de sangue nas Cruzadas, não surpreende que Maimônides não se enfronhasse mais na questão do Messiado de Jesus. — Mateus 7:21-23; 2 Pedro 2:1, 2.

Maimônides escreve: “Pode haver uma pedra de tropeço maior do que [o cristianismo]? Todos os profetas falaram do Messias como redentor de Israel e seu salvador . . . [Em contraste, o cristianismo] fez os judeus serem mortos pela espada, seus remanescentes serem dispersados e humilhados, a Tora ser alterada, e a maioria do mundo errar e servir a outro deus, não ao Senhor.” — Mishneh Torah, “As Leis de Reis e Suas Guerras”, capítulo 11.

No entanto, apesar de todo o respeito que se lhe tem, muitos judeus preferem desconsiderar Maimônides em certas questões sobre as quais ele se expressou mais francamente. Em vista da crescente influência do judaísmo místico (Cabala), a astrologia ficava mais popular entre os judeus. Maimônides escreveu: “Quem se envolver em astrologia e planejar seu trabalho ou uma viagem à base do tempo fixado por aqueles que examinam os céus, está sujeito a ser açoitado . . . Todos esses assuntos são mentiras e engano . . . Quem crer nesses assuntos . . . é somente tolo e tem falta de bom-senso.” — Mishneh Torah, “Leis da Idolatria”, capítulo 11; note Levítico 19:26; Deuteronômio 18:9-13.

Maimônides criticava também duramente outra prática: “[Rabinos] fixaram para si exigências monetárias de pessoas e de comunidades, e fizeram o povo pensar, em absoluta tolice, que isso é obrigatório e correto . . . Tudo isso é errado. Não há nem uma única palavra, quer na Tora, quer nas declarações dos sábios [talmúdicos], que leve a crer nisso.” (Comentário da Mishnah, Avot 4:5) Em contraste com esses rabinos, Maimônides trabalhava estrenuamente como médico para se sustentar, nunca aceitando pagamento por serviços religiosos. — Note 2 Coríntios 2:17; 1 Tessalonicenses 2:9.

Como influiu no judaísmo e em outras crenças?

O Professor Yeshaiahu Leibowitz, da Universidade Hebraica, de Jerusalém, declarou: “Maimônides é o personagem mais influente na história do judaísmo, desde a era dos Patriarcas e dos Profetas até a presente.” A Encyclopaedia Judaica observa: “A influência de Maimônides sobre o desenvolvimento futuro do judaísmo é incalculável. . . . C. Tchernowitz . . . vai ao ponto de afirmar que, se não fosse por Maimônides, o judaísmo se teria desfeito em diversas seitas e crenças . . . Sua grande consecução foi unir as diversas correntes.”

Por reorganizar o pensamento judaico para se ajustar às suas próprias idéias de ordem e de lógica, Maimônides redefiniu o judaísmo. Tanto os eruditos como as massas acharam prática e agradável esta nova definição. Até mesmo seus opositores, por fim, aceitaram grande parte da maneira de Maimônides encarar os assuntos. Embora seus escritos se destinassem a livrar os judeus da necessidade de recorrer a infindáveis comentários, escreveram-se logo extensos comentários sobre as suas obras.

A Encyclopaedia Judaica comenta: “Maimônides foi . . . o mais significativo filósofo judeu da Idade Média, e seu Guia dos Perplexos é a obra filosófica mais importante produzida por um judeu.” Embora escrito em árabe, o Guia dos Perplexos foi traduzido para o hebraico ainda na vida de Maimônides, e pouco depois, para o latim, tornando-o disponível para estudo em toda a Europa. Em resultado disso, a síntese ímpar que Maimônides fez da filosofia de Aristóteles com o pensamento judaico penetrou logo na corrente do modo de pensar da cristandade. Eruditos da cristandade, daquela época, tais como Alberto Magno e Tomás de Aquino, muitas vezes citam os conceitos de Maimônides. Eruditos islâmicos também foram influenciados. O modo filosófico de Maimônides influenciou posteriores filósofos judeus, tais como Baruch Spinoza, a romper completamente com o judaísmo ortodoxo.

Maimônides talvez possa ser considerado como homem da Renascença que viveu antes dela. Sua insistência em que a crença seja coerente com a razão ainda é um princípio válido. Este princípio induziu-o a expressar-se veementemente contra a superstição religiosa. No entanto, o mau exemplo da cristandade e a influência filosófica de Aristóteles muitas vezes impediram-no de chegar a conclusões em plena harmonia com a verdade bíblica. Embora nem todos concordariam com o comentário inscrito no túmulo de Maimônides — “De Moisés a Moisés ninguém surgiu igual a Moisés” — deve-se admitir que ele redefiniu o rumo e a estrutura do judaísmo.

[Nota(s) de rodapé]

a “Rambam” é um acrônimo hebraico, nome formado pelas letras iniciais das palavras “Rabi Moisés ben Maimon”.

b A Míxena é uma coleção de comentários rabínicos, baseada no que os judeus consideram ser a lei oral. Foi assentada por escrito no fim do segundo e no começo do terceiro século EC, constituindo o início do Talmude. Para obter mais informações, veja a brochura Haverá Algum Dia um Mundo sem Guerra?, página 10, publicada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.

c O nome Mishneh Torah é um termo hebraico derivado de Deuteronômio 17:18, significando cópia ou repetição da Lei.

d Para obter mais informações sobre a evidência de Jesus ser o prometido Messias, veja a brochura Haverá Algum Dia um Mundo sem Guerra?, páginas 24-30, publicada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.

[Quadro na página 23]

OS 13 DOGMAS DE MAIMÔNIDESe

1. Deus é o Criador e o Governante de todas as coisas. Somente ele fez, faz e fará todas as coisas.

2. Deus é um só. Não há nenhuma unidade que seja de algum modo assim como a dele.

3. Deus não tem corpo. Conceitos físicos não se aplicam a Ele.

4. Deus é primeiro e último.

5. É correto orar somente a Deus. Não se pode orar a outro ou a outra coisa.

6. Todas as palavras dos profetas são verdadeiras.

7. A profecia de Moisés é absolutamente verídica. Ele foi o principal de todos os profetas, tanto antes como depois dele.

8. Toda a Tora que agora temos é aquela que foi dada a Moisés.

9. A Tora não será mudada, e nunca haverá outra dada por Deus.

10. Deus conhece todos os atos e pensamentos do homem.

11. Deus recompensa aqueles que guardam Seus mandamentos e pune os que transgridem contra Ele.

12. O Messias virá.

13. Os mortos serão trazidos de volta à vida.

[Nota(s) de rodapé]

e Maimônides definiu esses dogmas no seu Comentário da Míxena, (Sanhedrin 10:1). O judaísmo adotou-os mais tarde como credo oficial. O texto acima é uma condensação de como ocorrem no livro de orações judaico.

[Crédito da foto na página 21]

Jewish Division / The New York Public Library / Astor, Lenox, and Tilden Foundations

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